terça-feira, maio 31, 2005


Não olhe para trás.

E como aquele que desiste do que quer e muda de idéia com um novo pensamento, dispondo a começar tudo outra vez (...)tua alma está ferida. Pelo espanto, que ataca o homem, a tal ponto que o afasta de uma empresa honrosa, do mesmo modo que uma simples sombra às vezes faz retroceder a fera que caminha no escuro. Mas escuta: a misericórdia de Deus protege, e não me mancham, assim vossas misérias não me vão queimar. Mas não te comove a luta que sustenta aquele que tanto te amou? não ouves as suas tristes lamentações? Não vês acaso a morte que o ameça naquele rio mais impetuoso até que o próprio mar? "

[Dante, A divina Comédia}

Livro do Desassossego:.

"Existir é renegar. Que sou hoje, vivendo hoje, senão a renegação do que fui ontem? Existir é desmentir-se. Não há nada mais simbólico da vida do que aquelas notícias dos jornais que desmentem hoje o que o próprio jornal disse ontem. Querer não é poder. Quem pôde, quis antes de poder só depois de poder. Quem quer nunca há-de poder, porque se perde em querer. Creio que estes são princípios fundamentais."

Depois de ler isso, por Fernando Pessoa, fiquei pensando nos encaixes de nós dois. Opostos? Não sei, ambos com coração e tremendamente éticos. ambos com caráter e honra. E isso o que importa para mim. Assim, eu posso te dizer que te farei feliz. E que vou te amar pra vida inteira. Na verdade diria que tudo o que temos é o mistério de ambos. E nossas próprias sensações. Antes de querer, eu posso...

.:Dicionário Ambulante:.

"Girassol é Helianto". Descobri há pouco que não sei tudo, e alguém no mundo ama mais dicionários do que eu. "Além de ser uma flor marcante, eis que dificilmente alguém não se encanta com o girassol. De cor vibrante, uma de suas características é seguir durante o dia a trajetória do sol. Inclusive seu outro nome é helianto, a flor do sol". Será que dou conta de ser girassol para o meu Sol? Posso e vou tentar, fazer de tudo pra dar certo, lembrando sempre que o girassol também é considerado comida sagrada, portanto, não seja leviano comigo. Por aqui reina um Moralismo inacreditável: A rainha da Ética e da Moral. Você sabe disso. Além de saber que existe um sonho e um amor, e este não é você. Sei que necessito de um Sol Intenso. E você prova todos os dias o quanto deve ser companheiro, querido, amigo. Mas "condigno" eu ainda não tenho em mente o que seja. O dicionário ficou em casa. Então, não esqueças, não te enganes: quando disse que nunca amei, foi pra enfatizar que não é você meu grande amor. Você tem razão, acho que mais do que tudo, a intenção é o que vale. E se for pra ser, vai ocorrer. Com precisão Absoluta. Obrigada por regar todos os dias meu jardim com água. Sem nada ser em excesso. Eu, que não acreditava mais em pessoas, me vejo sorrindo... pra Você.

Resposta:.

As pessoas deveriam se conter em momentos de raiva e ira. Inclusive eu! Todas as respostas que buscamos estão dentro de nós, assim como nossa história. Em razão disso, não entendo porque sair alardeando, justificando, e provando algo que não interessa a ninguém mais, além das duas pessoas envolvidas. Tenho o seguinte dito como lema: "Se a ofensa não te atinge, se não é verdade, e você tem consciência plena disso, esquece. Não vale a pena o stress de se explicar, a gente que não quer ver nada, além do que já colocou. Porque essas pessoas, quando resolvem ir para a guerra, esquecem tudo: sentimentos, história vivida, emoções, terminando por levar para a frente de combate somente mentiras, mágoas e deturpações risíveis. Acredite, há ainda coisa pior: colocam no Estandarte a frase "Pela justiça, pelo que é Meu". Qual justiça? A sua? A minha? A Justiça de Deus ordena "que se saiba calar e falar quando o tempo for". Realmente, uma pena quando tudo acaba mal. Quanto ao resto, a história de Nós Dois, às perguntas inconvenientes, respondo apenas: "Não era Amor". Mas pode ser uma pacifíca convivência, gosto de pessoas inteligentes. Adianto que "Nenhuma vírgula, após esse post" será acrescentada a história. Como Clarice Lispector, depois que a gente coloca no papel, pariu o filho. Aí é começar a luta por outro. E eu quero viver a felicidade presente que tenho: o sorriso de meus filhos, as palavras de um amigo, as esperanças (e o Sonho) de um Amor pra vida inteira. Mais? Sabe que aquele cachorro voltou a aparecer? Mas quem falava era um amigo, numa corrida, sobre "O homem-dos-meus-sonhos". Imagino você rindo abertamente sobre isso, talvez eu seja "a escrutinada" no jantar. No fundo, sei que isso é mero subterfúgio: eu e você acreditamos em Deus e Destino. E na frase do FP, que diz que "não se pode comer um bolo, sem o perder".

.:Santa Ximena:.

Mulher Bruxa, Fera em seu manancial de sabedoria. Traçou retas, diretrizes e colocou sua assinatura embaixo do alvo: é seu, ninguém tasca, ninguém tira. Tudo o que você quiser, terá. Você só terá que esperar. E garanto que, em dois meses, o nó se desata, e o laço se forma. Porque ninguém deve meter a mão no destino de ninguém. E quem usa de má-fé ao fazer isso, não tem retorno, tem apenas a Queda diante de Si.

Regra de Ouro: Não faça ao próximo aquilo que não deseja que faça a si mesmo. Não seja leviana com seu coração. Lute pelo seu Amor, Sempre - ele, mais do que ninguém merece ser feliz. Não seja passiva: não deixe que lhe tirem o que é seu por direito e por missão. É seu caminho, é seu dever percorre-lo. Para melhorar esse mundo, a gente deve parar de ser tão acomodado.

Já basta sermos taxados disso por políticos - acomodados brasileiros que se contentam com essa péssima situação. Você tem agora a chance de transformar tudo: inclusive de prosseguir naquilo que mais deseja. Não olhe para os lados, nem se preocupe com a tempestade atrás de si. Antes de uma grande alegria, a Eterna Escuridão tenta nos afungentar dali... Se você mirar seus olhos para frente, seu sorriso será imenso. Além de tudo, o que você vê? Um amor para sempre. Um Prazer Alcançado na Profissão. E um desejo Realizado.

Fiquei meio assim, passional. Sei lá, acabei de reler A hora da Estrela, vai que agora, ao sair do trabalho, sou atropelada por um gringo? bem, como eu confio no meu taco, no meu caminho e essencialmente no meu caráter...

Bem...Bola pra frente, que o jogo está terminando, e não tem prorrogação. Quero tudo: exigo de mim o máximo, e o mesmo deve ocorrer na minha vida. É hora de Ser Feliz. É hora de amar. Para sempre, por um triz, eu quase acreditei que tudo estava perdido... Oração da Semana: Help me always to speak the truth quietly, to listen with an open mind when others speak, and to remember the peace that may be found in silence. Em português: Ajude-me sempre a falar a verdade calmamente, a ouvir com uma mente aberta quando outros falam, e a lembrar a paz que pode ser encontrada no silêncio..."

O silêncio vale Ouro.

segunda-feira, maio 30, 2005


Uma história de quase Amor:.

Quando é que a gente percebe que estamos "apaixonados"? E por quais razões isso ocorre? Quais são os porquês? Não sei mesmo. Ando meio distraída, desatenta a estas explicações, está tão bom vivenciar a história. Meu gatinho é lindo. Mandão, bravo e com unhas afiadas. Gosto assim: do jeitinho que ele é. Mais, não conto: gatos tem sempre 7 segredos que lhe custam vidas... Apesar do Amor ser um Cachorro, no presente é um gato que ilumina meus passos.

Eu adoro Pinturas:.

Como aqui é uma árvore-blog com duas raízes, e a outra parte de mim parece estar temporariamente submersa, faço a proposta: vamos mudar um pouco? Deixa eu andar à meia-altura, pra você vir nadar em pleno oceano enfurecido? Preciso de um descanso merecido, em águas calmas, límpidas e que não tentem me derrubar... Aceita, Fada Encantada? Porque o Azul do Vale Encantado está dessa maneira, e precisamos colocar ordem na casa.

Nós...
F. Pessoa se dividia em dezenas de personagens literários, que se contradiziam uns aos outros, e mesmo a si próprios. Se ele pode, todos podem... Nestas impressões sem nexo, nem desejo de nexo, narro indiferentemente a minha autobiografia sem fatos, a minha história sem vida. São as nossas confissões, e se nelas nada dizemos, é que nada temos a dizer...

Dali, por nós...
"E assim somos nós, futeis e sensíveis, capazes de impulsões violentas e absorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca de um sentimento que subsista..."


cada gelada que a gente se mete!
"...Há uma impaciência da alma consigo mesma, como com uma criança inoportuna; um desassossego sempre crescente, e igual. Tudo me interessa, e nada me prende. Atendo a tudo sonhando sempre (...) Sou dois, e ambos têm a distância - irmãos siameses que não estão pegados".

Leão nada!
"Assim como lavamos o corpo, deveríamos lavar o destino, mudar de vida como mudamos de roupa - não para salvar a vida, como comemos e dormimos, mas por aquele respeito alheio por nós mesmos, a que propriamente chamamos asseio".


Citações são todas do Grande Fernando Pessoa.

Descrição Surreal:.

Fotos... eu detesto tirá-las; talvez dentro de mim, ainda há o mito de que cada instantâneo possa roubar minha'lma. Crenças a gente não discute: aceitamo-las. Mas eu posso dizer como sou, de outras formas. Que tal dessa maneira? Tenta me ver com os olhos de seu coração...

Eu amo gatos...
Eu sou uma gata!

Se eu fosse um animal...
A loba que mora em mim.

Se eu fosse uma flor...
Amo girassóis. E orquídeas. E gosto de você.

Minha foto...
Renoir me pintou meio cheinha. Peraí: já estou malhando pra você!!!

mais de mim...
Sou apenas uma menininha quase-perdida, que espera por ti.

Eu sou tudo isso, e aquilo que você revela em mim. E o que eu posso te dizer, além de agradecer por alegrar minha segunda-feira, e por poder sorrir, ao pensar em você?

domingo, maio 29, 2005


Assovio no Escuro.

"(..)Não tenho medo nem de chuvas tempestivas
nem das grandes ventanias soltas,
pois eu também sou o escuro da noite.
Embora não aguente bem ouvir um assovio no escuro,
e passos. Escuridão? (...)
jamais se esquece a pessoa com quem se dormiu.
O acontecimento fica tatuado em marca de fogo na carne viva
e todos os que percebem o estigma fogem com horror. (...)
Meu coração se esvaziou de todo desejo,
e reduz-se ao próprio último ou primeiro pulsar.
O fato é que tenho nas minhas mãos um destino
e no entanto não me sinto com o poder de livremente inventar:
sigo uma oculta linha fatal.(...)
Pensar é um ato. Sentir é um fato.

Clarice Lispector, A hora da Estrela - passagens diversas.

O que eu preciso é da segurança de que você não desistirá de mim,
mesmo quando se deparar com os fantasmas de meu armário,
ou der de cara com minhas imperfeições.
Porque sou toda feita do verbo amar, e
não suporto mais me abrir e me fechar,
feito a flor dama-da-noite.
Fui feita pra permanecer desabrochada em alguma estação,
tal girassol, a olhar para o seu Amor.
Venha, encontre-me em alguma esquina desta minha vida,
me conduz pela mão, me faz feliz...
Que te dou carinho e todo o meu coração.
Dizem que quando a felicidade chega,
devemos puxar a cadeira, e dar boas-vindas.
Abra a porta, e deixe eu te fazer sorrir pra vida inteira.
Sento-me assustada: tenho antecedentes de sobra,
e quero ser seu destino.
O jeito? começar de repente,lançando-se às águas gélidas do mar.
"Mas preparado estou para sair discretamente pela saída
da porta dos fundos." Porque sei que um meio de obter
é não procurar, um meio de ter é o de não pedir;
e somente acreditar que o silêncio
é a resposta ao nosso mistério.

Para Sempre, Cinderela

O Lobo Mau que costuma andar pela minha floresta encantada ousou me sussurrar que "não há nada para sempre", o amor não existe. O que há - e isso é sua teoria!; são uma série de pequenos amores, travestidos em muitas mulheres. Quando uma bate a porta, já logo se instala por ali outra, devotando também amor a seus pés. Por acepção da essência da história, ele - o animal bruto, não ama a pessoa, mas ama o amor que vem de qualquer ser que lhe devote algo. Antes, e com tal zelo, porque adora se sentir Amado, ama enfurecer multidões com sentimentos desvairados. Mas permanece sempre à parte - como se, para se proteger, depois que teve seu navio surrupiado por alguém em quem tanto confiou e cegamente amou, precisasse ficar a deriva, sobrevivendo... Suas palavras não me deixam dúvidas, somos os dois diferentes e com caminhos distantes. O meu sonho de "amor pra vida inteira" é muito real para botar pra fora. Pra sair, e começar a dar ouvidos a fera-medrosa que pode morar dentro de mim, ou virar eterna solitária, em carta-de-vinhos experimentando amores. Eu sei que existe - porque já vi na TV, em livros, e na vida real. E uma parte de mim outrora já viveu, em alguma vida - senão não carregava (aqui, dentro de mim) tão forte impressão. Mesmo não sendo teimosa, com sonhos e desejos eu sou instransigente. Pra não dizer depois que "não aproveitei", e esqueci de comer os morangos com chantilli, pela ausência de esperança em plantar e colher tal fruta fora da estação. Ainda acredito nas flores, e no cachorro de olhos negros (azeviche, como na poesia). Ilustrando, "por favor, afaste essa tentação de viver à penumbra, sem nunca sofrer... eu da vida quero sabor e mistérios".

Amor-perfeito:.

O amor-perfeito [flor] tem como nome cientítico viola tricolor, e na linguagem das flores, estão ligados às recordações e aos pensamentos. Também se chama «erva-da-trindade», em homenagem à Santíssima Trindade, talvez porque suas cores são três, como as entidades da Santíssima Trindade. Na França, amor-perfeito diz-se «pensée» ou seja, pensamento, daí que as mulheres dos marinheiros, na Bretanha, tinham por costume sempre oferecer um pouco de terra dos amores-perfeitos aos seus maridos, para que não se esquecessem delas e da família. Em Inglês, chama-se pansy, significando "o mensageiro da correspondência sentimental", e costumava aparecer nos cantinhos dos postais ou então em cestas que lindas meninas do campo carregavam serenamente. Na Mitologia Grega, é o símbolo da glorificação do trabalho e, por isso mesmo, está dedicado à Deusa Minerva.

Muitos significados - a mim interessa que me foi ofertado como surpresa. Pra escolher, fico com a alternativa das esposas dos marinheiros: essa lenda me encanta... E mesmo longe de ser minha flor predileta, não acreditando em amor-perfeito [literalmente], foi uma das coisas mais lindas que recebi.

quinta-feira, maio 26, 2005


Devaneios Confidenciais

Já ouviram falar em três atenções? Coisa do Castaneda, que diz que "guerreiros devem sempre estar concentrados na primeira atenção (o presente), manter controle sobre a segunda atenção, e não deixar o que vai na terceira atenção nos surrupiar do momento que estamos vivendo". Bem, é assim que eu entendo. E pra finalizar o dia, final de semana esperando, um momento na minha mente - absurdos de Chapeleiro Maluco.

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Primeiro Momento, Atenção Primária
Meu pensamento vai e volta, diversos interesses, inúmeros devaneios. Conversando com uma amiga, e abrindo essa página, baixando emails, tentando abrir o orkut, pra poder acessar as comunidades dele... Sempre com, no mínimo, quatro janelas abertas, todas trabalhando ao mesmo tempo... Caos exige concentração máxima, stress... Uma janela se fecha. A conexão cai, Beatriz puxa o fio do cabo - já aprendeu como exigir atenção. Paro tudo, atendo a mocinha, retorno pra completar o download da nova versão e pra ver os emails da pós - mudanças no horário das aulas. Não preciso fazer o trabalho no feriado, boa notícia. Longe, meu irmão chega com coisa boa - muita felicidade, pra ele. E pra mim, pois adoooooooro meu irmão, mesmo que a princípio fique quieta, ouvindo-o falar correndo, querendo contar todos os detalhes em um só minuto. Pode aceitar, embarca, aposta tudo: ele é o máximo, "se eu fosse homem, queria ser ele". Gargalhadas.


Enquanto isso, na Segunda camada
Uma pergunta: "Por que?" O que? Quem foi ou o que foi? Qual foi o erro? De quem é a culpa? Silêncio, e novo emaranhado de perguntas.


Nas profundezas da Terceira Atenção
No âmago de mim, uma vontade imensa de saber e direcionar o rumo... De deter o presente, pra poder visualizar o passado. Preciso de conselho, guia, orientação. Um mapa, uma rota com cartas de tarot - quem sabe não abra o baú hoje? Não. Devo cumprir a promessa, e não tentar, antes da hora, misturar meu presente com o futuro. Porque eu sei, e tenho que aprender a confiar. A lição de uma vida. Demora pra Ele surgir e me ajudar? Talvez, enfim, seja eu que tenha que agir. Finais felizes pertencem as mulheres.

quarta-feira, maio 25, 2005


Controvérsias de Mim.

Olha aqui, Olhos de Azeviche [num claro copião rasgado de Lucinda], quer por favor, me devolver minha paz, minha alma, minhas cartas e meus comprovantes? Quer devolver minha lucidez, e também mandar aquela rádio Cultura idiota parar de Tocar Leãozinho toda manhã??? Eu que necessito tanto de colo, de carinho, de amor... ando com essa poesia encravada dentro de mim - com trilha sonora de Caetano. Ninguém merece isso. Será que dura para sempre esse saxdoer do meu coração? Até o meu ouvido entrou em parafuso - está zumbindo de aflição. Queria poder enfiar todos os palavrões do Nick Hornby, e colocá-los aqui, mas minha educação de menina normalista não permite. Eu também não esqueci seu comentário sobre o bico de meu sapato. Como saio agora, se toda vez que olho pra baixo, me vêm a mente essa frase de doer? "Bicos Finos como os de uma bruxa..."

A ficha caiu.

Quando ele falou que eu ia "ter uma surpresa" enorme na segunda-feira, esperei por algo "sui generis". E nada... Pensei "de repente na terça, pra aumentar a expectativa". Fiquei a ver navios. Acho que era essa a surpresa: "a surpresa de não ter nada". Não gostei nadica da brincadeira: e pra mentalizar bem - eu, quando sou boa, sou ótima...Mas sendo má, sou explendorosamente maravilhosa. Minha parte leonina exige vingança. Fria, pra combinar com o tempo. Ainda bem que sou toda pisciana, se fosse escorpião...(risos).

Cansada.

Estou como o meu time: cansada de nadar e morrer na praia. Ou chegar sempre no quase... Ter aquele contentamento "momentâneo" de espírito, que só os que já compraram dois DVDs, investindo dinheiro próprio e suado, em milhões de prestações, sentem, quando são atingidos duas vezes pelo mesmo problema: raio. E aí... mais um foi pro Hades; Beatriz chora o dia inteiro pela Morte Prematura da Xuxa (já que ela não consegue ver os seus DVDs); a franquia da seguradora é o preço de um novo... Aí o que é que a gente faz? Fico cansada. De ter que resolver "n" coisas, e mais uma agora: sair pra comprar outro, porque a mocinha, gripadíssima, chora muuuuuuuuito pedindo a Santa Xuxa. O que eu fiz para merecer tanto raio? Fui cigana em outra encarnação, e joguei pedra na cruz. Não, não se apavorem, minha lucidez é enorme, e como é pacificado, não sou de churumelas, nem de fantasias. A questão é de esquina, o problema é com o final da rua.

terça-feira, maio 24, 2005


Vontade de fazer listas.

Corrente que se passa, blog por blog

Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
Chocolate, de Joanne... Se fosse pra viver uma fantasia, que fosse a da andarilha, que sabia fazer doces explendidos, meio feiticeira ou maga, onde numa cidadezinha, encontra o amor, amigos e sentido para permanecer em algum lugar, deixando o vento passar, sem ela precisar lhe acompanhar...A verdade é que jamais terminei de ler Fahrenheit 451, e pra mim isso suscita aquele perfume clássico, do qual tenho pavor.


Alguma vez ficaste apanhadinho(a) por um personagem de ficção?
Scarlett O'Hara, principalmente na cena final - "Por Tara". Quisera eu ter a perseverança que há no ato dela segurar a terra e olhar o horizonte.


Qual foi o último livro que compraste?
Ui, pergunta difícil, porque foram muitos. Adoro Sebos - e para minha sorte, sempre me deparo com livrarias em SP contendo o que procuro em promoção. Alguns: "Um olhar amoroso" - os três (não gostei!); Na corda Bamba, Um grande garoto, cozinha confidencial, Não é sopa...", fora os jurídicos - de praxe.


Qual o último livro que leste?
Que livros estás a ler?
Uns dez, todos ao mesmo tempo. Desde direito penal, até cozinha confidencial, passando por mitologia e best-sellers, para delírio da mente.


Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
AQueles que quero comprar e ainda não li: Cozinhando na polenta, outro do Bourdain (amei suas aventuras gastronômicas), Joanne Harris ... Hum... faltam dois. Ah, Nicholas Sparks (edição portuguesa, tem dois que não li); e algum de história e geografia, pra me orientar nesse mundo (porque mesmo com bússola, ainda me perco).


COISAS QUE VOCÊ...
***Acreditava e continua acreditando:
amor pra vida inteira, alma-gêmea, espiritismo.

***Acreditava e não acredita mais:
Um dia acreditei no ditado que diz "a gente sempre se arrepende de algo". Isso é hoje Mentira para mim, eu não me perco em retalhos do passado. "O que passou, é passado". Zé-fi-ni.

***Não acreditava e acredita agora:
Nunca acreditei em sentimento que se origina do meio virtual. Hoje, quem sabe? Probabilidade de arrumarmos amigos... É, ainda sou desconfiada e prudente demais (risos).

***Não acreditava e continua não acreditando:
Não acredito no engodo da pessoa que se mostra "toda boazinha". São as piores! Como diria um amigo, "faca nas costas" é o que são.

***Deveria acreditar, mas ainda teima em contrariar:
Tem gente que diz que "quem pergunta o que quer, ouve o que não quer". Eu teimo em dizer que gosto da verdade. Pergunto sempre... mesmo que a resposta me faça chorar. Pelo menos, não há ilusão ou mentira na cena.

***Abomina e não tolera:
cobranças em demasia, gritos quando acordo, mentira. Barulho excessivo.

***Crê, sem explicação:
Em Deus e Deusa, numa força maior, junção das duas. Magia. Sonho com um homem pré-destinado. Vidas passadas (com racional fé).

Endereça seu sonho pra qual Santo?
Santo Agostinho de Hippo, que dizia: "tudo o que vc faz com amor, cria e engrandece." São Francisco, que é amigo-confidente do varão, e Santo Expedito, porque certas causas são quase impossíveis.

Para acalmar...


Depois de Frida e sua profusão de emoções, Monet. Para suavizar todos os percalços que insistem em se tornarem imensos no meu caminho. Eu não quero mais "amorFrida", é um desacato, faz mal a minha saúde. Muita dor, pra quem não aguenta nem com sangue. Quero um amorMonet, suave, expressivo, em tons pastéis, que me torture de desejo quando eu estiver provocante e sedutora. Que consiga ver em meus olhos o exato momento do abraço, para me dizer: "tudo vai ficar bem".

Mudar para Renovar.

silêncio

Nada me lembra mais mudanças do que Frida Kahlo. Uma tempestade de almas, atravessando meu olhar, e adentrando profundamente no âmago de mim. Daí que hoje revendo algumas de suas telas me lembrei de um momento de minha vida.

Eu me lembro uma vez ter perdido o chão - e continuado a andar. Como se fosse há séculos, uma noite encontrei alguém, que instantaneamente se transformou em uma profundidade imensa. Naquele momento, ele estava passando por turbulências, e sua vida estava 'decolando', há mil... Havia um caldeirão de suculentas frutas para ele saborear, e eu já estava retornando da cozinha. E foi depois de um encontro que durou semanas, que nos separamos. Eu não olhei para trás, e sequer ouvi suas argumentações muito tempo depois. Ele se saciou - fartamente, e após, quis o que nunca mais iria ter...

Não houve muito tempo entre nós, mas foi um dos períodos mais dolorosos de minha vida. Perdi completamente de vista meu caminho; emudeci, pois simples palavras me faziam chorar. Mesmo assim, continuei saindo, curtindo e "não deixei que jamais alguém por ventura imaginasse o tamanho de minha dor. Era tanta, e tão imensa, tão incrompeendida por mim, que não conseguiria explicá-la...

Neste episódio de dor, não perdi minha autoestima, vaidade, ou deixei de me amar. Também não deixei de viver: sempre fui muito orgulhosa, uma leonina feroz. Confesso, porém, que em muitas tardes, eu me sentia tão mergulhada em uma maré de lágrimas, todas no recôndido de mim, que me ausentava só para poder soltá-las ao Oceano além... Não houve mudança, nem renovação - só uma tristeza incomensurável, que ficou ensimesmada e carrego-a até hoje, sem saber o porquê.

segunda-feira, maio 23, 2005


Duas coisas que Abomino.

Me dá mais uma chance...

A frase dita por alguém: "Ah, mas se eu fosse você, seria outra coisa. Tudo mais fácil. Porque sendo eu, quase impossível..." Como se pudessem sentir o que é ser, e passam a vida inteira se lamuriando, imaginando que, se estivessem na pele de outro, tudo correria maravilhosamente bem. Essa coisa de querer culpar o mundo por tolices que cometeram, ou imbuir culpa a outros, por não suportar carregar o fardo seu, é insuportável. Gosto de pessoas que se responsabilizam pelo que fizeram, pelas merdas que cometeram, e seguem adiante, de cabeça erguida. E a leva de idiotas que teimam em "jogar confete" ou "sacrilégios", dizendo que "ah, consegue porque é filhinho de papai", "consegue viver assim porque tem isso ou aquilo", fica ladrando atrás... Esses, o máximo que a vida disponibiliza, com certeza, é uma morte irrelevante. Daquelas que, fechado o caixão, da memória se apaga o resquício do cidadão.

Outra dita que costuma me enfurecer: "Porque você não chora, não sabe o valor da dor". Disse e repito: o drama feito por lágrimas é inóquo perto daquele que se tange no silêncio. A maior dor é aquela que se tranca no armário. E como tem gente estúpida, que por medo de amar, está sorrindo, teimando em esquecer alguém... Idiotas ao Cubo, que preferem não correr o risco de serem "novamente" apunhalados, e passam os dias tentando colocar na mente que "amor não existe", e o sentimento se cria, através da convivência. Lá se vai um ano, e continua a mesma filosofia - um dia ele vai emergir das brumas...

Não adianta: o amor acontece num momento de "cruzar os olhos". Naquele instante, quando você virou-se e esperou pela outra pessoa. E percebeu que, prosseguir sem ela, seria perder parte de si. Eu iria até o inferno para resgatar meu amor. Como em "Amor além da Vida", na Tragédia Grega de Orfeu...Ou mesmo Dantes, em busca de sua Beatriz.

Mas não dou um passo na direção do outro, enquanto ele não se abrir e dizer com todas as letras: "Eu confesso, Amo você". Porque a lealdade e Sinceridade devem fazer parte do Amor. E o outro deve se render ao sentimento, antes de tentar seguir em frente, sem olhar para trás.

Não quero mais princípes.


Tudo o que eu preciso é de alguém que sempre seja sincero.
E que tenha sabor de ternura, possua caráter,
e cumpra todas as suas palavras...
E já imagino me revelando pra você...Devagarinho...
Você me espera? Você saberá me guardar?
Mais: saberá me valorizar?

Me forneça Asas.

não largue minha mão

E prometo me arriscar a voar contigo.
Sempre segurando sua mão.
Junto da minha.
Você vêm?

Levei um escorregão.

choro?

Não queiram saber como detesto situações assim: que me passem uma rasteira, sem que eu tenha chance de pular por cima. Pois bem, tem sempre a primeira vez pra tudo. Como não sou tão boazinha... lógico que tem troco - mas que a vida se encarregue disso. Eu não tenho tempo.

Ah, e todas as afirmações que fiz agora me parecem horrorosas... Pior, chegam a me assustar!!! Será que o melhor é parar de "querer se apaixonar"? Ou de "tentar esquecer um Grande Amor?"

Reforço a minha teoria: Claro que não. Eu quero correr riscos. Ciente, sempre, dos revezes. Não faço a menor idéia de quem descobriu que, para fazer foie gras, tem que se entupir o ganso de comida por tempo suficiente para o fígado do bicho inflar - e essa aventura de saber o sabor disso não é minha. Gosto da descoberta de novos sabores: boca, beijo, língua e cheiro de cabelo. Pêlos, muitos.... afundar minha cabeça em um ombro gostoso, sentindo a respiração atrás de mim...

Agora esse negócio de sair por aí, comendo de tudo, como se meu corpo fosse um parque de diversões - não há nenhuma possibilidade... Não sirvo pra ser chef de culinária; mas adoro ler as aventuras em "cozinha confidencial" do maluco beleza.

domingo, maio 22, 2005


Aprendendo...


silêncio

Da Arte de Saber Calar-se
Ele: "eu tomo o cuidado de somente perguntar
aquilo que eu possa ouvir a resposta".

Eu ouvi o que não gostei, e grátis, ganhei ainda adicional para poder percorrer o meu caminho sem em machucar. Pois é, eu pergunto tudo, e muitas vezes! - como agora, fico com a resposta entalada. Mas eu coloco que é - pelo menos para mim - milhões de vezes melhor ouvir algo, do que o silêncio da minha imaginação. Palavras ofendem, e muito. Mas eu sou uma pessoa que se ofende muito mais com o silêncio, a indiferença e a mentira. Com aquilo que ficou entrelinhas, e não foi explicitamente dito. Nenhum insulto ou resposta dada me feriu tão profundamente, quanto a ternura que esperei e não mais recebi. "Ninguém jamais se arrependeu tão amargamente de uma indiscrição pronunciada, como das coisas que deixou de dizer".

Lição pra vida inteira
Quero lembrar sempre disso: do quanto eu sei, por correr o risco de perguntar. Do quanto já fui longe, porque ousei fazer uma pergunta. Uma resposta contém muitas vezes o "dom" de fazer com que sentimentos perdurem, tempestades continuem ou novelas mexicanas se prorroguem por mais tempo. Desce o pano, porque o que tinha pra ser dito, ocorreu. O que ficou em silêncio, prescreveu. No final a gente descobre quem se arrependeu.

Uma imagem.

"Conheço em mim uma imagem muito boa, e cada vez que eu quero eu a tenho,e cada vez que ela vem ela aparece toda. É a visão de uma floresta, e na floresta vejo a clareira verde, meio escura, rodeada de alturas, e no meio desse bom escuro estão muitas borboletas, um leão amarelo sentado, e eu sentada no chão tricotando. As horas passam como muitos anos, e os anos se passam realmente, as borboletas cheias de grandes asas e o leão amarelo com manchas - mas as manchas são apenas para que se veja que ele é amarelo, pelas manchas se vê como ele seria se não fosse amarelo. O bom dessa imagem é a penumbra, que não exige mais do que a capacidade de meus olhos e não ultrapassa minha visão.

E ali estou eu, com borboleta, com leão. Minha clareira tem uns minérios, que são as cores. Só existe uma ameaça: é saber com apreensão que fora dali estou perdida, porque nem sequer será floresta ( a floresta eu conheço de antemão, por amor), será um campo vazio (e este eu conheço de antemão através do medo) - tão vazio que tanto me fará ir para um lado como para outro, um descampado tão sem tampa e sem cor de chão que nele eu nem sequer encontraria um bicho para mim.
Ponho apreensão de lado, suspiro para me refazer e fico toda gostando de minha intimidade com o leão e as borboletas; nenhum de nós pensa, a gente só gosta.(...)

De modo que, como eu ia sentindo e dizendo, lá estamos. E estamos muito bem. Para falar a verdade, nunca estive tão bem. Por quê? Não quero saber por quê. Cada um de nós está no seu lugar, eu me submeto bem ao meu lugar. Vou até repetir um pouco mais porque está ficando cada vez melhor: o leão amarelo e as borboletas caladas, eu sentada no chão tricotando, e nós assim cheios de gosto pela clareira verde.

Nós somos contentes.
Lispector, A descoberta do Mundo.
Entrelinhas, entrelinhas e mais entrelinhas...

sábado, maio 21, 2005


Canções & emoções.

Ela, a Fada desse Mundo Encantado, me pede porque, eu que sempre fui tão segura e racional, não usei a cabeça, e deixei de lado a tal da emoção. Qual é o sentimento? Por que esta fixação em "de-repente-só-penso-e-quero-ele"? Trabalho, Ebó, Macumba? Não é fácil, com palavras, dizer o que eu sinto. Mas vou tentar..pra poder te colocar a par dessa surreal e inusitada situação.
"Fica combinado, esta canção
vai durar só três minutos
de maneira que, vá lá:
olhos enxutos..."

Ah, Fada, se você ouvisse ou falasse com ele, saberia sem precisar pedir porquês. Inteligentíssimo... Eu preciso discorrer sobre minha admiração por ele? Sua segurança em saber o que quer, e como chegar lá, além de falar mais de um idioma, ter uma profissão, educado, especial, calmo, sorridente etc, e blá-blá-blá? Você, mais do que ninguém, sabe que o que me atrai 'tem qualidades' - às vezes até demais.

E mesmo sendo "assim" especial, consegue ser humilde, querido (demais!), e principalmente - não mente jamais! Também sabe voltar atrás quando erra; e da mesma maneira que é compreendido nessas situações, com o tempo também compreende e perdoa os erros alheios. Sabe dizer o que sente, com sinceridade e honestidade. Valoriza o que tem - como amigos e família. Tem um beijo... faz carinho de um jeito... tem uma boca, um sorriso... Ele é do tamanho exato dos meus braços, feito sob medida para minha estatura. Mais? Adora chuva e frio, e milhões de outras pequenas coisas, como eu. Além de tudo, compartilha do horror a Senhor dos Anéis... e gosta do Harry Potter. Isso não é quase um milagre? Encontrar alguém ao acaso, e pra vida inteira imaginar que pode ficar ao seu lado, porque não vão faltar assuntos pra compartilhar, bem como carinho pra dividir?

Chego agora ao ponto que você anseia: "O que deu errado?" Numsei. Numsei mesmo!!! Quem sabe eu esteja neste refrão da nossa música: "Eu sei que vou chorar ... A cada ausência tua eu vou chorar... Mas cada volta tua há de apagar... O que essa ausência tua me causou... Eu sei que vou sofrer ... A eterna desventura de viver... À espera de viver ao lado teu... Por toda a minha vida". E o que me restou foi descobrir o "beco que me encontro... e porta-a-porta, sair perguntando a quem me viu... se ali morei, se eu era a mesma, e em que ponto o meu desejo fez as malas e fugiu". Porque eu já nem sei mais se foi sonho ou vidaminha. Alguém certa vez disse que um relacionamento, pra durar, tinha que ter música, apelido e rebelião... Tinha de tudo. Acho que eu sou horrível, um monstro que... Está bem, paro de tergiversar...e volto a falar... quantos minutos ainda me restam?

Fico aqui pensando, Fada, no que faltou.
O que precisa um amor para dar certo?
Sempre achei que mais do que palavras - mais do que "Eu te Amo".
Acho que precisa do medo que eu tenho de perde-lo,
principalmente quando o olhei dormindo tão tranqüilo ao meu lado,
ou quando ele demorou a ligar depois de uma briga,
ou quando pintou aquele olhar de desânimo...
Precisa daquela mão que Ele sempre oferece
pra apertar nas fases difíceis...

Precisa de muita fé em si mesmo,
no que há entre nós dois e em algo maior.
E de muita, muita coragem pra enfrentar
o que tiver ocorrido contra as certezas...

Precisa de humildade pra admitir que errou;
pra admitir que falou demais naquela hora,
que o outro tinha razão naquele dia,
que sente saudade e precisa de uma outra chance...

Já estou achando mais: que muitas vezes
o Amor exige e necessita de sacrifício.
Precisa de muito, muito perdão:
pedir e dar - por ter se atrasado tanto,
por ter sido sarcástico e ferino,
por não ter feito o necessário,
por ter criticado agressivamente
o que ele fez com tanto carinho e esforço.
Depois disso, precisa de superação.
Muita. É... Nada fácil.

Mas tem o principal: um amor precisa de diálogos.
Os dois precisam falar o que está engasgado,
aprender a ouvir sem fugir,
e a não deixar de dizer nada,
mas não necessariamente dizer gritando ou xingando.
Precisa-se fechar os olhos pra alguns defeitos do outro.
E paciência para aturar as manias que todo mundo tem...
e certamente, precisa-se entender que o tempo seu
nem sempre é o tempo do outro...
e saber esperar.

O principal: Um amor pede e Precisa de muita perseverança pra insistir quando tudo parece dar errado, pra ir atrás, pra pedir "não me deixe", pra dizer "preciso de você aqui", pra suplicar "me salve", e ainda lembrar de fazer tudo isso com dignidade e elegância; e depois disso tudo, insistir mais um pouco e só desistir quando sentir o ponto final calando lá dentro.

Um "eu te amo" real traz implícito tudo isso, para mim... E deve ser por isso que, pela primeira vez, essa frase me saiu tão completa, tão senhora de si de dentro de mim. Porque eu sempre soube que o amor precisava de muito mais do que frases... Mais que um encontro feliz. Mais que inspiração e bons desejos. Mais que um começo arrebatador. Ele precisava de alguém disposto sinceramente a fazer o outro feliz.

Por tudo isso, tenho certeza que o meu "eu te amo" pode mudar o curso de uma história, e acho que pode apagar os momentos sofridos... Porque as palavras dele conseguem ainda manter o brilho dos meus olhos... Porque eu estou disposta a vê-lo e fazê-lo feliz. E isso tudo está aqui. Dentro de mim.

Fada, compreende agora quando digo
que "é grande o que eu sinto"?
Do tamanho disso está o vazio dentro de mim...
Agora me passa a cura, pra essa doença que me consome.

quarta-feira, maio 18, 2005


Meu coração:.

Meu coração pulou
Você chegou, me deixou assim
Com os pés fora do chão
Pensei: Que bom!
Parece, enfim, acordei
Pra renovar meu ser
Faltava mesmo chegar você
Assim, sem me avisar
Pra acelerar
Um coração que já bate pouco
De tanto procurar por outro
Anda cansado
Mas quando você está do lado
Fica louco de satisfação
Solidão nunca mais
Você caiu do céu
Um anjo lindo que apareceu
Com olhos de cristal
Me enfeitiçou
Eu nunca vi nada igual
De repente
Você surgiu na minha frente
Luz cintilante
Estrela em forma de gente
Invasora do planeta amor
Você me conquistou
Me olha, me toca
Me faz sentir
Que é hora, agora
Da gente ir!

Maré Cheia & Lua Nova:.

"Ando navegando numa maré incerta, que ora se enche e ora vaza, sem que eu tenha o menor controle sobre o seu movimento. Eu gosto de controle, com tanta intensidade, talvez por abominar a insegurança. E para aprender a me soltar ao destino, e confiar nos deuses e na minha intuição, minha vida invariavelmente me leva em uma direção onde me exige sempre uma entrega completa ao fluxo. Ao movimento. "Cair para trás, de olhos fechados..."

Começo a ceder, e vou deixando a vida me levar... Controlo agora só as coisas possíveis:a louça, as roupas, meu peso, e a minha bagunça externa. Abri mão do controle dos canais de tv quando Beatriz cresceu: agora a xuxa e seus dvds imperam. Aprendi com um ex a controlar as luzes acesas e a tampa do vaso sanitário aberta. A dobra dos tapetes do banheiro e o cesto de roupa suja.

Estou aprendendo a controlar minha raiva diante do quebra-cabeça que todos os dias começo a montar. Beatriz decidiu brincar com as pecinhas, e a cada volta ao lar, tenho que recomeçar tudo novamente. Porque ela se encarrega de desmontar o que já tinha iniciado. Eterno aprendizado o de uma mãe que está aprendendo a ser "buda" com sua pequena fadinha terrorista de um ano e oito meses. Ficha pequena então segurar palavrões e palavras estúpidas para quem não merece ouvir nada de mim. A falta que ele me faz, com certeza, é a mesma falta que eu faço. Estou aprendendo a refletir suas ações e não deter meu lado carinhoso...

Emoções novas, novas maneiras de pensar e agir. Mudo dentro como mexo com o que há fora. E mudo fora com o que mexo dentro. Meu Oceano de dentro é vasto, profundo e escuro. E o mar de mim, um desconhecido que me surpreende todos os dias com um sorriso imenso.

Os desejos não são iguais. A paixão não é a mesma, até o amor me vem diferente agora. O silêncio é música muitas vezes e outras barulho infernal. Eu não estabeleci regras. Ao contrário, determinei que não as quero mais. Eu me movo agora com o vai e vem das ondas. Não me aflijo se agora estou no topo e em segundos estou no fundo de mim mesma. Aprenderei a voar, sei nadar pra não me afogar, sei fincar raízes e a me curvar diante de tempestades. Posso até correr, quando preciso for. E o que sinto, não muda.

Definitivamente, não sou "a noiva em fuga", e sei muito bem minhas preferências quanto a ovos e pessoas. Lugares e posições. Filmes e canções. O que ocorre é que sou leal aos meus sentimentos -e enquanto eu sentir, portas fechadas. Abro a janela, deixo a brisa entrar... e quando for embora, com certeza convido a sorte e outro amor a sentar. Por enquanto, caminho e deixo as ondas me tocarem... Um dia passa...

A despeito da dor, do amor perdido, do conhecido que virou fumaça, do medo do escuro e o terror da ausência sentida, da solidão, eu sou feliz. Sempre haverá o gosto de morango e chocolate nas entranhas do meu ser. Sempre haverá o gosto do beijo, a sensação de um toque quente, que jamais me fará perder de vista esse lote que conquistei quando fui capaz de adentrar o mais profundo de mim mesma. E encontrar-me dentro de outra pessoa.

Não quero mais é não saber nada. Não quero mais não correr riscos. Não quero mais duvidar dos meus sentimentos. Não quero mais dar as costas a quem eu amo. Nunca mais quero ser falsa comigo, e deixar para trás alguém que me impressionou e me fez feliz. Não vou mais fechar os olhos nem me sabotar diante do orgulho que ainda tenho.

Eu quero tudo - todos os sabores e texturas. Eu quero o todo - mesmo que não suporte abarcar. Eu quero a vida, os cheiros e cores que ela tem. Quero gente, quero Universos inteiros. Quero me perder e me encontrar nos labirintos. Quero silêncio, quero paz, quero companhia. Quero cuidado, quero colo, quero andar sozinha. Quero música, quero sonho, quero maresia. Eu quero sempre mais da vida. E, surpreendentemente, a vida me oferece sempre mais.

Que assim sempre seja.

Na Cozinha:.

Os cientistas - não consigo entender como conseguem inventar esses experimentos, descobriram que o cheiro do cogumelo ativa uma glândula no porco que produz os mesmos feromônios presentes nos seres humanos, presos nas redes do amor. É um cheirinho de suor com alho, que faz lembrar o metrô de Nova York. Portanto, Se quiser incrementar um jantar, com intenções de sedução, se obrigue a caprichar no cardápio: que tal omelete de trufas salpicada com uma pitanha de caviar vermelho (o cinzento é estratosfericamente caro)? Tenha certeza que estará oferecendo ao certo galã rosas vermelhas de presente e o kama Sutra de sobremesa!

Isabel Allende, que desde os dezenove anos esteve casada, exceto por 3 meses de farra entre um divórcio e outro, significando aproximadamente 16.425 ocasiões de fazer um homem perder o juízo, dá a receita da sopa, nada casual, fruto da necessidade diante de uma briga mais grave, garantindo que se trata de um poderoso afrodisíaco praticamente infalível, que garante fazer as pazes, sem precisar se humilhar demais. Junto com a receita, coloque seu melhor vestido, pinte as unhas de vermelho, lingerie sexy por baixo, e sirva a sopa com creme de leite, em pratos quentes. Um vinho e os cogumelos fazem o resto...tudo o que se cozinha para alguém que se ama é sensual, porém mais sensual ainda é quando ambos participam da preparação e aproveitam para ir tirando "lasquinhas", durante a preparação para o ritual.

Quem sabe, em algum final de semana, testo-a, e se também comprovar os benefícios desses cogumelos frescos, eu coloco aqui o resultado, e a receita. Lógico que com a sobremesa, pra coroar o final feliz: framboesas cobertas por manto aveludado de chocolate... Qualquer coisa, se tragicamente não surtir efeito, tenho a receita do arroz -doce do consolo espiritual - tiro e queda para as noites frustrantes. E um mirabolante cozido pra fazer pro individuo que ousou nos magoar, não conseguir dormir, enquanto não conosco não voltar a falar, implorando perdão.

terça-feira, maio 17, 2005


Macktub!

Sou uma daquelas pessoas que fluem na vida através dos sentidos. Lembranças, endereços, pessoas e histórias sempre tem sabores, paisagens, cores, sons, cheiros e música. Cheia de princípios, altos ideais, sonhos e esperança, o que muitas vezes faz com que me sinta carregando o próprio mundo, talvez por me imaginar poder ser uma Mulher Maravilha, em defesa de todos que Amo. Dá um trabalho danado tentar fazer com que todos estejam bem, e felizes!

Não suporto regalias, diferenciação de classe e poder. Análise de perfil bancário. Fila por segmento econômico. Adoro ética, Honestidade e Lealdade. Sou meio 'caxias' pelo excesso de cautela e sensatez. Gata escaldada tem pavor de água fria!!! Também abomino o uso de 'carteirinhas', ou atitudes como 'molhar a mão de policiais', arrogância, corrupção e mentira.

Ah, mas também não sou santa, e dizem por aí que nem vou pro céu, pois não sou uma menininha boazinha. Mas a bruxa que mora em mim é toda coração, não se preocupem. Mesmo me decepcionando, consigo percorrer minha praia sozinha, sem olhar para trás. O que dificilmente ocorre é "conseguir perdoar" alguém que me magoou... mesmo querendo muito, nunca mais conseguirá caminhar ao meu lado. Eu não confio duas vezes na mesma merda!

Minha maior qualidade é ser leal, sob quaisquer circunstâncias. Leal aos meus sentimentos, à minha pessoa, e àqueles que amo. Uma mistura de Sam Gamgee, protegendo Frodo e cumprindo integralmente sua promessa, no filme "Senhor dos Anéis". Algo que já me rendeu muitas lágrimas, pois existem pessoas más nesse mundo. Ou será que é porque detestei esse livro, e a maldição do Tolkien atacou de vez minha vida? Gargalhadas.

Também detesto cobranças. O que eu poderia ter feito é uma coisa; já passou. O presente é tudo para mim. Sou metamorfose ambulante, sagitariana andarilha. Apaixonada pela vida, por meus
filhos, minha família, amigos e meu Amor.

Minha vida, mesmo com Magia e Amor, tem lágrimas, stress e decepção. Dor e desilusão. O que aprendi é "que conta como você encara essas noites escuras que de repente nos atravessam". Geralmente, me acalmo e espero; fico quieta, em silêncio, e ouço o meu coração. Quando ele me fala, levanta-te!, eu vou por onde ele me levar.

Acredito (e muito!) no conto-de-fadas de que "existe uma pessoa destinada para cada um de nós", e que essa pessoa merece tudo. À essa pessoa, que ainda me é desconhecida, o meu coração, eternamente. A qualquer tempo. Pois existem destinos que não podemos reverter: nem a magia, nem o intelecto, nem a força o destróem. Meu caminho com certeza sempre será o do coração.

"Que o sol seja propício para todos, e a lua hoje benfazeja. E em cada instante do ano, com as intenções mais puras, se teça dourado pano, manto de amor que nos cubra. Que as feridas abertas, agora se fechem, a dor e a doença se libertem, e o mal apodreça. Que assim seja, e assim se faça.


Macktub!"

segunda-feira, maio 16, 2005


Nem borboletas, nem tartarugas

Dizem que as pessoas só dão valor a algo quando tem a oportunidade de duvidar se irão, ou não, conseguir o que desejam.

Também já ouvi que as pessoas sempre chegam na hora exata, nos lugares onde estão sendo esperadas. E que não existe amor impossível: porque o silêncio, a indiferença ou a rejeição não devem intimidar ninguém... existe um coração de fogo por trás da máscara de gelo.

Eu sei que o caminho não é fácil, pra chegar ao seu coração. A porta também deve estar fechada, e não é muito larga. Mas eu sonho... contigo. E sei que posso te fazer feliz. Por isso, apesar de estar distante... estou bem perto. A ausência não significa falta. Quando você perceber, bate à porta. Eu acredito em milagres e Principe Encantado. E em amor pra vida inteira.

"Nada de borboletas, nem de tartarugas... Mas como o cervo que corre em busca de água, ou o pássaro que voa em busca do ninho. O peito dele contra cas costas dela, e também ventre contra ventre. Mãos entrelaçadas e destinos cruzados. O mesmo mar ", como diria Amós Oz.

Hoje, Segunda-feira

Lembrei de uma frase que alguém comentava comigo: "Muitas vezes eu me levanto, e não vejo sentido pra isso". Nunca consegui entender o significado disso, na época. Porque eu me levantava esperando dar um sentido de vida para Ele. Revirava meu mundo, para vê-lo sorrir. E voltava kilometros para poder ajudá-lo a levantar-se...

Ele dizia que não havia mais sonhos e muito menos conquistas... Pois ele já tinha tudo o que um dia desejara. Como eu era insaciável, esperava passar "por osmose" um pouco do muito que ainda quero.

Era o elefante preso à corrente que não existia... E hoje, eu me senti assim: tal qual ele, acorrentado a algo que infelizmente, não é meu. Não consigo ficar muito tempo atenta a dramáticas cenas surreais que ocorreram em minha vida; nem tampouco gosto de novela mexicana. Sempre acho que posso tudo.

Portanto, como diria um querido - "bora mudá o rumo desse barco, porque a correnteza tá forte, e o objetivo está ali, na curva..." Assim, eu tenho certeza que com esses impulsos, e mais algumas coisinhas que adiantei, tudo vai ficar bem.

Porque ainda tenho sonhos. E sentido para me levantar. Nem que seja para desacorrentar o Elefante, que ainda não aprendeu a se soltar...

sábado, maio 14, 2005


Minha vida sem Mim

Esses dias atrás li em algum lugar que, quando a gente tem alguém dentro de nós, bastante forte e ocupando grande espaço, geralmente passamos a viver todos os dias um pouquinho dos gostos dessa pessoa. Eu sou uma pessoa que, antes de pensar em mim, vivo pensando naqueles que eu amo.

Você tem experiência?

Num processo de seleção da Volkswagen, os candidatos deveriam responder a seguinte pergunta: "-Você tem experiência?" A redação abaixo foi desenvolvida por um dos candidatos. Ele foi aprovado.

Já fiz cosquinha na minha irmã só pra ela parar de chorar,
já me queimei brincando com vela.
Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto,
já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo.
Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista.
Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora.
Já passei trote por telefone.
Já tomei banho de chuva e acabei me viciando.
Já roubei beijo. Já confundi sentimentos.
Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido.
Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro,
já me cortei fazendo a barba apressado,
já chorei ouvindo música no ônibus.
Já tentei esquecer algumas pessoas,
mas descobri que essas são as mais difíceis de se esquecer.
Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrelas,
já subi em árvore pra roubar fruta, já caí da escada de bunda.
Já fiz juras eternas, já escrevi no muro da escola,
já chorei sentado no chão do banheiro,
já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante.
Já corri pra não deixar alguém chorando,
já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só.
Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado,
já me joguei na piscina sem vontade de voltar,
já bebi uísque até sentir dormentes os meus lábios,
já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar.
Já senti medo do escuro, já tremi de nervoso,
já quase morri de amor, mas renasci novamente
pra ver o sorriso de alguém especial.
Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar.
Já apostei em correr descalço na rua, já gritei de felicidade,
já roubei rosas num enorme jardim.
Já me apaixonei e achei que era para sempre,
mas sempre era um "para sempre" pela metade.
Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol,
já chorei por ver amigos partindo,
mas descobri que logo chegam novos,
e a vida é mesmo um ir e vir sem razão.
Foram tantas coisas feitas,
momentos fotografados pelas lentes da emoção,
guardados num baú, chamado coração.
E agora um formulário me interroga,
me encosta na parede e grita:
"Qual sua experiência?".

Essa pergunta ecoa no meu cérebro: experiência...experiência...
Será que ser "plantador de sorrisos" é uma boa experiência?
Não!!! Talvez eles não saibam ainda colher sonhos!
Agora gostaria de indagar uma pequena coisa
para quem formulou esta pergunta:

Experiência? Quem a tem, se a todo momento tudo se renova?"

quinta-feira, maio 12, 2005


Destino.

A água derramada não pode ser recolhida novamente.
Voce não entende que não pode escapar ao seu destino?
Não desperdice forças lutando pelo impossivel - seja como o bambu: se curve ao vento, e aos acontecimentos da vida.

Talvez as barreiras de mal entendidos que se ergueram numa noite, nunca mais voltasse, porque agora éramos capazes de falar abertamente sobre tudo.

Pra voce lembrar de mim

Naquela estação
(joão donato/caetano veloso/ronaldo bastos)

voce entrou no trem
e eu na estação vendo um céu fugir
também não dava mais para tentar
lhe convencer a não partir

agora tudo bem

você partiu para ver outras paisagens
e o meu coração embora finja fazer mil viagens
fica batendo parado naquela estação

segunda-feira, maio 09, 2005


Pra Semana Inteira...

O que eu gostaria de colocar aqui, com todas as borboletas ouriçando minha "barriga-tanquinho" [dizem que aquilo que a gente imagina acontece rs], é muito diferente daquilo que preciso dizer. Como não terei outra oportunidade "de ouro" de mandar o recado, vou usar o tempo para isso. Afinal, prioridades são prioridades.

Maquiavel chuta o balde, e coloca a pérola - "Nenhum indício melhor se pode ter a respeito de um homem do que a companhia que frequenta: o que tem companheiros decentes e honestos adquire, merecidamente, bom nome, porque é impossível que não tenha alguma semelhança com eles".

Isso pra mim é fato visto, e consolidado, na prática e teoria. E não era só Nicolau Maquiavel que alertava, minha bisavó Maria Carolina sempre declamou: "Uma batata podre no saco, estraga todas as outras boas".

Portanto, tenho que ressalvar a enorme importância em ter uma fada no meu Universo de Amigos. Mais que isso: no meu Mundo de Irmãos que faço tudo. E a esta, como vive voando e sumindo no Além, dou o recado mais que Ordem: "Assista Before Sunset". Assista 3 vezes. E guarde todo o diálogo.

Um P.S. antes do final - se você não se lembra do Antes do Amanhecer, alugue junto. Antes do Por do sol (Before Sunset) é a continuação. Ah, pegue closer e jogue fora. Nós, que queremos amar pra vida inteira uma mesma pessoa, que vivemos em mundo de Fadas e Galileus, e acreditamos que Amor é muito maior que a Grandiosa Ambição que nos acompanha, precisamos de Caminhos feitos de Surrealidades. Terapias e Psiquiatrias Closerianas é coisa pra "ajuntar minhoca dentro de nossas cabecinhas".

O filme eu assisti e tornei a assistir ontem. E ele continua rodando dentro de mim. A cena final é LINDA. E espero que ilumine a todos para jamais desistirem do Amor, pois o buraco negro que traz a falta desse sentimento em nossa vida é sufocante. Apavorante.

domingo, maio 08, 2005


Baunilha & Chocolate

Pela janela percebo que os ventos mudaram. Eu sinto quando há alguma névoa encobrindo algo que gostaria de saber. Sempre, antes de me decepcionar, e invariavelmente ocorrer o que no meu íntimo pressentia com vigor, há um instante que é como uma "pausa no tempo dentro de mim" - minha'lma gravita entre a angústia e a aflição... Os temores conhecidos voltam, me assombrando novamente com o prenúncio de lágrimas. Não há - mesmo!, felicidade eterna, até que tenhamos alcançado o último de nossos dias.

Acredito no poder dos deuses, em destino e na predestinação. E não nasci, como Antígona, para partilhar de ódios, mas somente de Amor. Não aquele amor feito de palavras e omissão de atos, à espera de uma surreal perfeição... Quando a luz começa a preencher o escuro de mim, é tal como as ondas do mar, agitadas por tempestade. Revolvo tudo até o fundo do escuro abismal interior, e minha mente geme com o fragor das vags que se rebentam com a amargura de desgraça anunciada.

Para não perder a esperança, para reencontrar a confiança, para compreender mais alguma coisa sobre mim, continuo... triste, enfim. Sou constantemente varrida por um vento inclemente, que encerra em si todo um universo de mistérios e contradições, inacessíveis... e a cada passagem, meu coração se fecha um pouco mais para o mundo, se mantendo teimosamente recolhido num silêncio sepulcral. Por que as pessoas mentem?

Mesmo em meio a turbulências, decido desafiar a sorte e as marés, porque tenho certeza de conseguir vencer. Só não aprendi ainda a perdoar. Poderá um castelo de areia sobreviver às marés? Talvez a areia comece a escapar-me por entre os dedos e, ao longe, o vento marítimo a fustigar a terra com o seu sal. As sarcásticas histórias, malévolas e maliciosas, podem não voltarem com as ondas... permanecendo dentro de mim.

Situações até banais dançam com o extraordinário e o inesperado. Mais do que nunca, meu coração dá asas a sua imaginação e apresenta-me uma exuberante e prodigiosa caixa de Pandora que contém tudo quanto é extravagante, estranho, misterioso e perverso. Aí junto com a tristeza, o fantástico começa a andar de mãos dadas com o mundano, o amargo com o doce, e o belo, o grotesco, o sedutor e o perturbador ficam a meio palmo e distância.

Me conta a verdade, me mostra o caminho, me tira a neblina do meu céu...

*********

O destino é inexorável: nem a procela, nem a guerra, nem as sólidas muralhas, nem os navios abalados pelas ondas dele se subtraem (...), as parcas imortais não poupam ninguém [Antígona, Sófocles].

******************

"Quem não abriga ira ou temor dos insetos
e não se permite lágrimas de vez em quando?
Quem viaja sempre de noite e nunca diz mentiras
nem busca refúgio em sua própria sombra?
Quem não estranha um sabor, nem jamais corre a nenhuma
parte sem saber por que?
Quem não sorri, nem treme, nem maldiz e
não guarda ódio em seu coração?
Esse está no bom caminho. Temam por ele.

Efraím Medina Reyes, Pistoleros/Putas y Dementes - Greatest Hits, traduzido por Terron

sexta-feira, maio 06, 2005


Há um Darth Vader por aí?

Esse tema me fascina: a origem do Mal, que existe dentro das pessoas. Não necessariamente muito existente na minha, pois sou um doce de fada; e depois porque é mais fácil pesquisar e investigar o Outro, e sua sombra negra. A revista Galileu colocou essa matéria na capa, e eu quase terminando o livro da jornalista [ecos no escuro], que conta o caso da garota de 13 anos que matou dois menininhos de 4 anos de idade na Inglaterra, em 1973, e hoje vive na Suíça, com filha.

Qual foi o motivo? Há explicação para isso? No livro a menina assassina, que hoje é adulta, diz que faltou FAMÍLIA. União. Pai e mãe amorosos. Faltou amor e carinho... Uma deixa pra gente sair por aí espalhando a teoria dos Abraços - Você já abraçou seu filho seis vezes hoje? Já disse que Ama seu parceiro? E seus pais? Irmãos?

"Como o virtuoso jovem Anakin Skywalker se transformou no terrível Darth Vader, o vilão que assombrava aquela famosa galáxia muito, muito distante? A dúvida, que há 20 anos ronda as mentes dos aficcionados pela série "Guerra nas Estrelas", será respondida em "A Vinganca dos Sith", que estréia neste mês. Certamente as revelações sobre o passado da personagem só reforçarão seu carisma junto ao público. Afinal a história da sedução do espiritualizado Anakin pelo chamado "lado negro da força" em parte tira sua força de uma pergunta que todos já fizemos um dia: o que leva um ser humano a praticar atos violentos, destrutivos, cruéis, enfim, maus?
Tradicionalmente, o debate sobre o mal tem sido reservado a teólogos e filósofos. Nas últimas quatro décadas o tema despertou também o interesse de cientistas. Psiquiatras, psicólogos e estudiosos da biologia vêm desenvolvendo experimentos e teorias para desvendar a origem do
comportamento destrutivo".

Bem, depois disso... ando dormindo de luz acesa. Pro meu lado negro não retornar e ser passível de cobaia para experiências.

quinta-feira, maio 05, 2005


Animal Calado... Fera Ferida...

Eu a vejo quase todas as manhãs. Não é exatamente bonita. Aliás, ela é de uma feiúra estranha, como se carregasse uma boniteza espalhada em si, nos gestos, e não nos traços exatamente. Não importa. Importa é que a vejo acompanhada perenemente pelo seu cão. Um pastor alemão com cara de bom companheiro. E o é. Eu vejo. Olha-a muito, encaixa seu focinho entre os joelhos dela, brinca com ela, gane querendo dengo. Ela também, essa minha vizinha de uns quarenta e vividos anos, brinca de não-solidão com esse cachorro específico; gosta dele, ri: Não Duque, assim não, deixa o moço, Duque, me espere. Não vá à minha frente assim, cuidado com o carro, menino. Ele a olha como quem agradece. E vão os dois, não em vão, pelas ruas de Copacabana sob o sol, felizes que só vendo.

Eu vejo. Ela é camelô; nos encontramos no elevador e eu: “- Vocês se divertem tanto, é tão bonito."

- É, nos conhecemos na rua. Ele olhou pra mim bem nos meus olhos. Eu estava trabalhando. Vi logo que era um cão bem cuidado fisicamente, mas faltava-lhe carinho. Deixei minhas bugigangas (ela vende coisas que querem imitar jóias antigas) por não sei quanto tempo e fiquei agachada na calçada, na Avenida Nossa Senhora, só namorando ele. Decidimos que ele viveria comigo. Naturalmente. Tudo aconteceu "naturalmente", ela frisou, como se quisesse dissipar de mim qualquer sombra de suspeita de um possível roubo.

Noutro dia, no mesmo elevador, ela, com seu carrinho de balangandãs, eu e Duque. O elevador apertado e ela continuou femininamente a conversa do último elevador nosso: “- Tenho certeza que ele é de câncer. É muito sensível. Só falta falar, né Duque? Ele não é lindo?

Eu disse: “Lindíssimo. E você que signo é?”

- Ah, sou capricórnio, mas com ascendente em câncer, combina sim. Eu vejo Duque lambendo as mãos dela, as magras mãos cujos dedos ela oferecia de propósito, e distraidamente, à mordida dele. Eu olho, admirando receosa por conta dos afiados dentes dele. Quase não entendo de cães.

- Você tem medo... ô não ofenda ele; Duque entende pensamentos e não gostou do que você pensou. Jamais me morderia, jamais me trairia, né Duque?

Senti o pensamento de Duque, latindo, que jamais a trairia. Achei bonito. Chegamos. Tchau, bom trabalho. Tchau Duque. Fui para a rua pensando longamente nos dois. Depois pensei nos mistérios da astrologia, e perdi o fio do meu pensamento. Ao final da tarde, avistei pela janela, Duque e Angela indo ver o crepúsculo na praia. Depois vi os dois voltando, sorridentes e caninos, sob a noite estrelada; ela com fitas de vídeo penduradas ao braço; sempre conversando com ele.

Tenho inveja de Angela. Essa é a verdade. O animal que eu quero não mora comigo, não almoça mais comigo, não brinca mais, não me telefona, não me adivinha os pensamentos, não me acompanha ao crepúsculo, não gane querendo dengo, nossos signos parecem não mais combinar. O animal que quero, pensa demais e por isso não passeia mais comigo.

E o pior: Não me lambe mais.

Mon Animal, Elisa Lucinda

quarta-feira, maio 04, 2005


Sintonia


É maravilhoso sentir as palavras entrando na intimidade do ser, iluminando a alma em sintonia... como corações que batem em igual ritmo, sorver deliciosamente cada idéia, descobrir que na despedida o sofrimento não foi solitário.

Saber que pensamentos pulsam febrilmente. Entender que a imaginação caminhou acompanhada na despedidas e os desejos de ficar, ter, ser e estar foram correspondidos.

Quanto ao olfato... Ah... Sentido este que considero sagrado, um dia falarei mais dele e como caracteriza cada ser. Delicioso seria ter o cheiro, o perfume, enfim, a verdadeira impressão digital do ser amado.

Seria possível um dia?

terça-feira, maio 03, 2005


Respeito por si, acima de Tudo


Por que esse desejo de Garantia?

A civilização é harmonia e plenitude. A razão, o sentimento, o instinto, a vida do corpo, conforme William Blake, conseguiram englobar essas duas qualidades. A barbárie consiste em pender mais para um lado do que para o outro. Pode-se ser um bárbaro do intelecto, bem como um bárbaro do corpo. Há os bárbaros da alma, bem como os bárbaros do sentimento, que sabotam-se, não vivendo o que sentem, pelo medo de sofrer. Medo da Solidão.

O cristianismo nos fez muitas vezes bárbaros da Alma, a ciência nos faz bárbaros do intelecto, e Huxley afirma que blake foi o último homem civilizado. Para os bárbaros do coração, só resta a resignação, não há no presente paixão, nem no futuro sentimento. A rebelião de seres dispostos a amarem e deixarem-se amar é a única salvação.

À Espera...

Já era tempo de estiagem, céu azul, clima seco. Seria só mais um dia senão fosse dia de despedida...A necessidade tão urgente e clara do último abraço, tão perto e tão distante ao mesmo tempo. Havia tanto para ser dito, para ser sentido, havia paixão...

A tristeza por vê-lo partir envolveu-a. Teve que disfarçar o soluço, sentia uma dor infinita que mal podia suportar em seu peito. Desejava que o tempo voltasse, queria abraçá-lo, sentir seu corpo, seu envolvimento...Queria pedir para voltar, que ficasse junto dela, mas era tarde demais e talvez jamais tivesse outra chance de fazê-lo... Ele se foi...

De repente, o tempo mudou, o céu enegreceu, então vieram os ventos e a tempestade, uma chuva tão densa que jamais saberíamos se ela viera para lavar a alma, limpar os tempos e sentimentos, ou se eram, na verdade, lágrimas do universo... Chorando a desilusão, o beijo e o abraço perdidos, o fim de sua conspiração.

Desesperadamente, a chuva misturava-se a terra exalando um odor que transcendia e invadia todo o ser, acalmando-o lentamente. Percebeu então, que não se tratava de uma dor só sua, não estava mais chorando sozinha, era o sinal de um novo caminho que estava se abrindo, era o sinal de que novos tempos estavam chegando. Agora se iniciava o processo de reconstrução, precisava de um banho, precisava descarregar tamanha tensão emocional. Fechar o ciclo da perda, da despedida para que pudesse abrir outro dos quais viriam ganhos...

A água, aquecida pelo sol, invadia seu corpo e isso lhe conferia uma nova energia. Pode senti-lo, sua angústia, a dor da perda também era a sua dor, pois ele sabia o que estava deixando para trás, nunca é fácil abrir mão de sonhos... Dos nossos sonhos...

Eram muitos sentimentos, ainda incompreensíveis, mas de alcance e intensidade inimagináveis, incontroláveis. Depois de muito tempo, ela cessou a água, envolveu seu corpo, não tinha pressa, queria aproveitar o último momento, ele ainda estava ali. Deu início ao seu ritual de frascos, odores e texturas quando surpreendentemente deparou-se a um vidro esquecido e que continha o odor do homem que guardava em seu coração. Estava extasiada, seu corpo relaxado esquecia toda ansiedade, os mais puros e gratificantes sentimentos tomaram conta do seu ser. Amava e sentia-se amada, entendia seu propósito, sua vida borbulhava na intensidade de seus desejos, pronta para o brinde tal qual a taça do mais refrescante champanhe.

Não sentia solidão, sabia que sua alma tinha companhia no universo e que longa e árdua é a espera daqueles que se amam.

Feliz, entregou-se então aos braços de Morfeu onde adormeceu envolvida no cheiro de seu amado, esperando que talvez em sonho, o tivesse um dia, de volta...

Leitura pra lembrar de ti

(...) Toco a sua boca, com um dedo toco o contorno da sua boca, vou desenhando essa boca como se estivesse saindo da minha mão, como se pela primeira vez a sua boca se entreabrisse, e basta-me fechar os olhos para desfazer tudo e recomeçar. Faço nascer, de cada vez, a boca que desejo, a boca que a minha mão escolheu e desenha no seu rosto, e que por um acaso que não procuro compreender coincide exatamente com a sua boca, que sorri debaixo daquela que a minha mão desenha em você. Você me olha, de perto me olha, cada vez mais de perto, e então brincamos de cíclope, olhamo-nos cada vez mais de perto e nossos olhos se tornam maiores, se aproximam uns dos outros, sobrepõem-se, e os cíclopes se olham, respirando confundidos, as bocas encontram-se e lutam debilmente, mordendo-se com os lábios, apoiando ligeiramente a língua nos dentes, brincando nas suas cavernas, onde um ar pesado vai e vem com um perfume antigo e um grande silêncio. Então, as minhas mãos procuram afogar-se no seu cabelo, acariciar lentamente a profundidade do seu cabelo, enquanto nos beijamos como se tivéssemos a boca cheia de flores ou de peixes, de movimentos vivos, de fragância obscura. E se nos mordemos, a dor é doce; e se nos afogamos num breve e terrível absorver simultâneo de fôlego, essa instantânea morte é bela. E já existe uma só saliva e um só sabor de fruta madura, e eu sinto você tremular contra mim, como uma lua na água.

Júlio Cortázar

amor para Sempre

Se ficarmos um frente ao outro olhando olhos nos olhos, apenas com as pontas dos dedos se tocando, correríamos mais riscos que numa guerra de pernas e braços, numa batalha sexual. Creio que a energia que seria transmitida, as lembranças de outras vidas, nos modificariam para sempre. Nunca mais seríamos a mesma coisa, e possivelmente iríamos sofrer.

Penso em fugir, mas você me tenta. "Ouse ... arrisque-se ... telefona ... em qualquer tempo ou espaço ... ou envie uma msg telepática ... com um forte desejo e eu captarei e darei as maõs à você e passearemos por espaços e tempos desconhecidos da maioria dos mortais ..." A lembrança dos seus sorrisos é mais forte, busco você nas minhas noites insones, te procuro no espaço, mais que meus dedos nos seus, quero sentir a maciez de seu corpo em minhas mãos, percorrer você com meus dedos ávidos, guardar todas as sensações táteis, o seco e o úmido de seu corpo, o calor de seu fogo mais íntimo.

Minha boca colada na sua, com minha língua em sua boca brincando com a sua, depois percorrer o mesmo caminho dos dedos com a boca e língua, ir explorando-o e sentindo o aroma de seu sexo, o mais raro dos perfumes, com a língua memorizar todos os seus sabores, e beber o licor de seu prazer. Depois voltar a sua boca, sentir seu hálito arquejante e fundir meu corpo ao seu, num interminável coito para recriar o universo.

Não me tente, não peças para que eu seja ousada ou perca meus medos, ou te buscarei na noite, não mais em espirito mas em carne e sangue, este sangue que ferve quando penso em você, causando esta febre delirante que você pode ler acima, não peças que eu ouse, ou não terei controle sobre meus atos e vou em busca dos meus desejos...

Vem cá de qualquer maneira
Balança minha roseira
Me bate de brincadeira
Me chama de traiçoeiro
Me tranca na geladeira
Apaga minha fogueira
Promete qualquer besteira
Que eu fico todo faceiro
Tortura esse brasileiro
Me arranha com a pulseira
Me enforca na trepadeira
Pendura minha chuteira
Menina, mas que zoeira
Cadê meu advogado?
Tô que tô, eu tô que tô
Lá luz a la media boca
Besame mucho loca
Não, isso não
Me dá coceira
Vem cá minha compoteira
Balança essa pasmaceira
Me bate com a cabideira
Me chama de lavadeira
Não grita não dá bandeira
Periga marcar bobeira
Quebrei o pé da cadeira
Cuidado com a cristaleira
Segura, me deu gagueira
Eu juro que é verdadeira
Disfarça e chama a enfermeira
Tá dando uma tremedeira
Mamãe, viva o zé pereira
Cadê meu advogado?
Tô que tô, eu tô que tô

[não agüentando mais você longe)

Dragões e Princesas Desencantadas

"Como poderíamos ser capazes de esquecer os antigos mitos que estão no início de todos os povos? Os mitos a respeito de dragões, que no último momento se transformam em princesas... Talvez todos os dragões da nossa vida sejam princesas que estejam esperando para nos ver uma vez belos e bravos. Talvez tudo que existe de terrível seja, bem no fundo, algo indefeso, que precisa da nossa ajuda...

Os dragões representam tudo o que tememos, e que nos ameaça nos engolir; partes negligenciadas de nós mesmos que podem demonstrar imenso valor. Quando levados a sério, e até mesmo amados por nós, estes dragões responderão, fornecendo enorme energia e grande significado para a nossa jornada". Quem sabe, quando o dragão sai da caverna, o sinal que vê não é presságio de uma linda princesa esperando para lhe amar?

Acordar e descobrir que estamos sozinhos, balançando num navio, sem nenhum porto à vista, é terrível. Não precisamos de 'verdades' não examinadas, e sim de um mito vivo, de uma estrutura de valor que oriente as energias da alma de forma condizente com a nossa natureza. Os deuses estão perto, mas é difícil agarrá-los; contudo onde o perigo é grande, a libertação fica mais forte". E eu não desejo mais nada, e assim sou livre, enamorada...

Não é uma questão de viver sem o mito, e sim com qual mito, pois somos sempre guiados por imagens, consciente ou inconscientemente. O caminho da Individuação, do conhecimento de si, é a alternativa viável: ela é a imposição evolutiva de cada um de nós, de nos tornarmos a nós mesmos o mais completamente que formos capazes, dentro dos limites que nos são impostos pela nossa sina: separar quem somos, daquilo que adquirimos.

Oya é um Mito. Ela está ligada à água, tempestade e chuva. Relacionada ao ar em movimento, que rasga os telhados das casas e faz as árvores caírem, sua essência, entretanto, é o fogo, o fogo em movimento, o raio. (...) Associada ao silêncio, Oya "fala" fogo. Ou, tendo vindo de um lugar distante, ela não conhece a língua de onde está. Como divindade da floresta e dos caçadores, está ligada aos animais e espíritos das matas. Pode transformar-se num animal, evocando a idéia do perigo mortal para o caçador. Está ligada ao primeiro ancestral, semi-animal, da humanidade. É responsável pela caça abundante. Como rainha dos mortos, os quais controla, é responsável pelo ritual de 'assentamento' dos ancestrais masculinos no tronco da árvore akoko.

Como princípio dinâmico do movimento, representa nesse contexto o elo entre as gerações passadas e futuras. (...) Ligada como é aos ventos e folhas, o Deus da medicina é seu amante. Como esposa de Ogum, é uma mulher-guerreira. Como esposa de Oxóssi, o caçador, ela é em parte animal, em parte mulher. Como esposa de Xangô, é possessiva e dedicada. É o fogo que traz o Poder. Bela, até vaidosa, desperta o ciúme das outras mulheres, embora prefira viver isolada fora da cidade. Lá no silêncio e em segredo, ela tudo observa e percebe. Como o rio Oya, é sensual e apaixonada..."

Enquanto relia Oya, encontrei dragões... e mesmo quando dormia, dragões voaram até em sonhos... Estamos ou não ligados a algo infinito? Ou encarnamos algo essencial, ou nossa vida é desperdiçada. Era essa a frase final. Só não entendo ainda porque a princesa era transformada em dragão aos olhos do Príncipe.

O julgamento, Arcano 20 do Tarô

"A mão que balança o berço" é herança ancestral. O julgamento, carta 20, remetida por certo Mago a esta Bruxa Amarela, ficou guardada na lembrança. Naquele momento lembro de ter olhado para o céu e gritado bem alto: Ó, Saturno, o início que emerge do Passado novamente à frente? A hora da colheita chegando, as amoras pelo caminho... o que falta? Re-conciliação. Re-conhecimento. Re-ssurreição.

"Na Janela, O 7º Anjo - Dhyan,anuncia,tocando punheta, ops trombeta: é chegado o momento: não é castigo, nem retribuição; é prestação de contas de situações e atos passados, através de lembranças do espírito". Eu não gosto muito do número 20, idem também número 2, peguei ojeriza deles depois de uma série de cursos não concluídos de numerologia, e uma análise numerológica que só meteu a mão no meu bolso. Segundo eles, e pode ser que estejam com a razão, ano 2 é ano de rito de passagem; homem com dia 2 ou 20 é aquele que me induz ao rito de passagem. O problema é o seguinte: não gosto de ser empurrada. E essa carta me assusta!!!

Além do que, tem a lenda da bisavó na família, contada pela avó "Encarnacion"numa noite sem estrelas, só com a lua amarela refletindo ao léu... "Minha Mãe, ela começava, contou uma única vez o porque da carta "A mão que julga" estar sempre em seu avental. Dizia que estava querendo ultrapassá-la, e até aquele momento, em todos os confrontos com ela, jamais havia vencido. Ela tinha poderes sobrenaturais e mágicos: conseguia trazer lágrimas aos olhos dela, e arrancar de seu peito uivos de dor. Trazia angústia e sofrimento, medo e perda, e quebrava a muralha que controlava a raiva imensa que ela sentia por um ato do passado. Começava a culpar a todos por aquilo, inconscientemente, e passava períodos de "Verdadeira Louca", resmungando ao vento que "Os Deuses eram culpados por aquele momento insandecente".

"Ralhos", gritava minha avó - "Isso é herança ancestral. A carga passou para mim, e também até hoje não consigo abrir a porta do passado. Prefiro deixar a Urna fechada; e pular esta etapa. Já me conformei que eu, assim como ela, não consigo me perdoar por uma escolha. Não consigo abrir mão do presente, muito menos confiar na visão e na voz da trombeta... Ah, prefiro a ilusão. Melhor ficar cá a ver tv, do que ir lá, crer..."

A ferida da escolha do passado jamais cicatrizou: ficava invisível... até que algo evocava uma imagem que a confrontava com o passado; e nesse período fugia e se traía. Não conseguiu perdoar-se por aquele mal que a carne não mostrava, mas que fazia sangrar a cada recordação. "... E no mundo dos mortos vislumbrou a grandiosidade do futuro que os deuses lhe haviam reservado. Se conseguisse acreditar na visão, teria aberto mão das dores do passado..."

Viram? Com destino a gente não brinca. Triste constatação. O que esta carta tem a ver comigo? Ao fazer a pergunta, invoco o insight e o momento em que consigo ver o traço de minha personalidade em tudo o que me aconteceu, e o nada deixa de ser coincidência ou mero acaso. Uns dizem que ela representa a luz e vence a escuridão. Mas quem é que pediu mais luz? Eu estou em dia com a Copel, não tem Apagão no Sul...

Todas as Cartas dos Arcanos Maiores são ritos de Passagem; estágios e processos dinâmicos, onde cada um conduz a outro, e embora nos esforcemos muitas vezes para tentar manter as coisas ou fazer parar o tempo para que possamos desfrutar ainda mais de uma situação confortável, jamais o conseguiremos, pois não dispomos do poder de reter em nossas mãos o tempo que mais nos agrada.

Posso entender porque minha avó constantemente repetia: "do destino ninguém foge, roda, roda, e volta..." Esta carta da entidade do mundo das trevas, que suavemente convoca os morimbundos a dançar, ou a partir, ensina que o Juiz está dentro de nós, Não no mundo exterior. Somos nós que nos apegamos a culpas e ressentimentos, mágoas e situações cômodas. E nessa passagem, ou você abre a mão e solta o que te prende ao passado, mergulhando na água à frente, ou retorna ao começo do labirinto, fugindo de suas traições e erros.

Há duas formas de se enganar: acreditar naquilo que você não é, ou recusar-se a acreditar 'naquilo' que é. Talvez seja a hora de comprar a capa Vermelha, fazer as pazes com as escolhas, e decidir ir agora pelo caminho da floresta, encontrar-me com o Lobo logo de cara, e em vez de fuga, caminhar ao seu lado. Ressuscitar a Loba Selvagem; Re-inventar o final da Jornada.

A criança Interior, encapuzada de vermelho, e encerrada no jardim que eu mesma cerquei, dá voltas exultantes. Luz, mais Luz para encontrar a chave do Portão! Com ela nas mãos, admito que compreendi que para abrir, primeiro devemos conhecer o conteúdo - ou seja, o pássaro preso deve mudar à si mesmo a fim de escapar da gaiola. Vc começa reunindo as peças do quebra-cabeça, vai juntando os ossos acumulados no porão, nossas experiências anteriores...

"O self julga o Self"; a borboleta saindo de sua crisálida. Como Crowley escreveu, "que esse ato seja um ato de amor e veneração; que esse ato seja o Fiat de um Deus; que esse ato seja uma fonte de irradiante Glória". Cabe somente a nós a escolha do caminho cicatrizante da compaixão, e da aceitação das limitações mortais, em vez da corrupção persistente do ressentimento íntimo contra a vida. O que foi ferido pode curar-se e desaparecer, e o que foi renovado e está cheio de esperanças, pode agora reger as motivações pelas quais vivo.

"Despojos que me éreis amáveis, enquanto permitiram os fados e os deuses... Livrai-me de meus tormentos." Talvez eu seja mágica, fada ou demônio; mulher ou criança. Espera e alegria, angústia e paixão. Sedenta do toque, ou faminta do AMOR. É... talvez eu viva e sobreviva da fantasia e da ilusão de um mundo que não é aqui. Embora inicie e fale de relacionamentos, a confiança no mundo inconsciente, na intuição, naquilo que vejo e ouço me falta.

Como mergulhar fundo, se há o medo de afogar-me? A emoção silencia as palavras - nenhuma é capaz de expressar a alegria renovada do reencontro. Os fantasmas do passado se perderam nas águas... o amor ensina o perdão?

domingo, maio 01, 2005


Contraponto...

"Sabendo que a sua insistência importuna conseguiria apenas aborrece-lo, e fazer que ele a amasse ainda menos... amava-o muitissimo, e estava torturada pelo ciúmes. As palavras lhe escapavam, a despeito dos princípios. teria sido melhor que ela tivesse menos princípios, que desse aos seus sentimentos a expressão violenta que eles exigiam. Mas havia sido educada na prática do mais estrito autodomínio. Só as pessoas sem edução fazem cenas..."

- Tu me amas? Não podes ficar comigo?
À vista daquelas lágrimas, ao som daquela voz trêmula e cheia de censura, foi invadido por uma emoção que era ao mesmo tempo, remorso e ressentimento; ódio e piedade, vergonha. E teve vontade de dizer se ela não que as coisas já não eram como eram antes, e pra falar a verdade, nunca chegaram a ser o que acreditava que fosse. Queria lhe pedir para não lhe envolver em amor, não impingir o amor à força. Se ela soubesse que coisa terrível é o amor para quem não quer amar... gostava de sentir afeição e se pertencer. tinha pena dela; queria-lhe bem, apesar de tudo. Mas sua infelicidade redundava-lhe em uma chantagem.

O amor nunca o é como num romance. Ali as jovens são perfeitas, não há soluços, bebedeiras, mau hálito, fadiga ou tédio. Nem lembranças súbitas de contas à pagar. Nada disso há para interromper os arrebatamentos. Admirar à distância e teoricamente era uma coisa. Mas na prática e de perto? Abarrotado das lucubrações de filósofos e místicos, amar era trocar idéias, comunhão espiritual e camaradagem.

Devemos ser leais para com os nossos sentimentos, gostos e instintos. Para que serve uma filosofia cuja premissa maior'não é a expressão racional de nossos sentimentos? Se nunca tivemos um acesso de fervor religioso, é loucura crer em Deus. Da mesma maneira que será loucura crer na excelência das ostras, se não as podemos comer sem sentir náuseas.

O amor deve justificar-se por seus resultados na intimidade do espírito, e do corpo. No calor, no contato terno, no prazer.

O Grande Gatsby

Fitzgerald foi o escritor da chamada "flaming youth", produzindo com suas extravagâncias, excessos e desprezo pelas convenções sociais, uma verdadeira revolução nos costumes e na moral. Em seu livro mais aclamado, "O grande Gatsby", que me deixou com vontade de algo mais, tão sucinto e conclusivo foi, coloca algumas frases que merecem ficar aqui, à margem do Oceano.

"Sempre que tiver vontade de criticar alguém, lembre-se de que criatura alguma neste mundo teve as vantagens que você desfruta. Lembrando dessa frase, dita pelo meu pai, me sinto inclinado a sempre guardar para mim os meus juízos, hábito que faz com que muitos se abram comigo, com confidências espontâneas. Mas devo admitir que minha tolerância tem limites..."

Sou um sujeito de raciocinio lento e cheio de regras interiores, que agem como freios sobre os meus desejos. Cada um de nós desconfia que possui pelo menos uma das virtudes cardinais - e a minha é esta: sou uma das poucas criaturas honestas que jamais conheci".

Talvez eu fosse somente um provinciano carregado de escrúpulos. Eles destruiram coisas e pessoas, e depois se refugiaram em seu dinheiro, ou em sua indiferença, ou no que quer que fosse que os mantinha unidos, e deixaram que os outros resolvessem as trapalhadas que haviam feito.

Gatsby acreditou na luz verde, no orgiástico futuro que, ano após ano, se afastava de nós. Esse futuro nos iludira, mas não importava: amanhã correremos mais depressa, estenderemos mais os braços, e... uma bela manhã... E assim prosseguimos, botes contra a corrente, impelidos incessantemente para o passado.