quarta-feira, outubro 11, 2006


Nós, as mulheres, quando buscamos um sentido para nossa vida, ou o caminho do conhecimento, sempre nos identificamos com um dos quatro arquétipos clássicos. A Virgem (e aqui não estou falando de sexualidade) é aquela cuja busca se dá através da independência completa, e tudo que aprende é fruto de sua capacidade de enfrentar sozinha os desafios. A Mártir descobre na dor, na entrega, e no sofrimento, uma maneira de conhecer a si mesma. A Santa encontra no amor sem limites, na capacidade de dar sem nada pedir em troca, a verdadeira razão de sua vida. Finalmente, a Bruxa vai em busca do prazer completo e ilimitado — justificando assim sua existência.

(...)Número Nove, a soma do dia, mês, e ano do seu nascimento, reduzidos a um único algarismo: Otimista, social, capaz de ser notada no meio de uma multidão. Pessoas devem se aproximar dela em busca de compreensão, compaixão, generosidade, e justamente por isso deve ficar muito atenta, porque a tendência à popularidade pode subir à sua cabeça, e terminará perdendo mais do que ganhando. Deve também ter cuidado com sua língua, pois tende a falar mais do que manda o bom senso. Estará sempre sujeita à inveja, tristeza, introversão, e decisões temperamentais. Cuidado com as seguintes vibrações negativas: ambição excessiva, intolerância, abuso de poder, extravagância. Por causa deste conflito, sugiro que procure dedicar-se a algo que não envolva um contato emocional com as pessoas, como trabalho na área de informática ou engenharia. ONZE, dá a entender que ela almeja alguma posição de chefia. Interesse por temas místicos; através deles procura trazer harmonia a todos que se encontram a sua volta. Mas isso entra diretamente em confronto com o seu número Nove.

(...)Cada um julga possuir a única e definitiva versão de qualquer evento, por mais insignificante que ele seja. As coisas não são absolutas, elas existem dependendo da percepção de cada um. E a melhor maneira de saber quem somos, muitas vezes, é procurar saber como os outros nos vêem. Isso não quer dizer que vamos fazer o que esperam; mas pelo menos nos compreendemos melhor.


Mais? Paulo Coelho, A bruxa de Portobello.

.:menininho-amarelo:.

Quando o mistério é muito impressionante, a gente não ousa desobedecer. Por mais absurdo que aquilo possa parecer. Quando a gente anda sempre para frente, não pode mesmo ir longe... Assim eu comecei a compreender, pouco a pouco, meu pequeno principezinho, a tua vidinha melancólica. Muito tempo não tiveste outra distração que a doçura do pôr-do-sol. Se alguém ama uma flor da qual só existe um exemplar em milhões e milhões de estrelas, isso basta para que seja feliz quando a contempla. Ele pensa: "minha flor está lá nalgum lugar". Eu não soube compreender coisa alguma! Devia tê-la julgado pelos atos, não pelas palavras. Ela me perfumava, me iluminava... Não devia jamais ter fugido. Deveria ter-lhe adivinhado a ternura sob os seus pobres ardis. São tão contraditórias as flores! Mas eu era jovem demais para saber amar.

Do livro "O pequeno príncipe", Antoine de Saint-Exupéry.

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Até hoje só encontrei três pessoas que vissem, em vez do chapéu, a jibóia engolindo o elefante. Portanto, o livro ainda é indigesto para a maioria. Mas é especial para o menininho que, esses dias atrás, resolveu soterrar de vez sua flor. Não peço perdão de nada, mas posso arrumar muitas desculpas para o caso dele. Esse amarelo menininho é capaz de compreender muitas coisas, até mesmo livros de crianças, porém tem medo de tudo. O amarelinho mora longe, longe, no país ineventado da nuvem grande, onde passa fome e frio - de amor e consolo. Tudo isso porque um dia perdeu sua flor, e a criança que um dia se foi. Talvez um dia possa eu fazer algo deslumbrante para poder dedicar alguma coisa a este menino-amarelo que iluminou os meus dias.

.:lástima:.

.:O passado anda me condenando - deve ser o efeito da repetição por anos da frase Klute, o passado condena, tão distorcida em mil associações. Hoje, a paciência de ter que decorar algo de Castro Alves (tudo a favor do ilustre, porém decorar não é minha praia). Por isso eu te amo querida/quer no prazer, quer na dor. Ontem, dia de cantigas. Imaginei que falar "de quando eu era criança" e recitar Teresinha de Jesus fosse fácil; coloquei no papel e descobri que além do que eu recitava enquanto rodava, havia muitas estrofes. Uma parte com laranja e limão, e em cima da hora ainda tive que arcar com o dever de arrumar uma explicação para as crianças que a-d-o-r-a-m perguntar por quê? a Teresinha caiu? Por quê a laranja e o limão estão no chão? Por quê? Deus me acuda. A última coisa que faltava para o dia nascer feliz era Beatriz trocar o presente do dia das crianças na reta final - em vez da Barbie, agora quer uma pista TreksTrall; sim, ipsis literis como ela pronuncia. Será que a Americanas aceita de volta a boneca, pra eu poder comprar essa pista? Crianças de hoje em dia exigem mães vocacionais. Ou talvez seja eu que ando não enxergando nada - e tropeçando em príncipe que em vez de sapo, vira cafajeste; em pedras que me fazem cair... Eu sou uma mãe versada em Harry Potter, posso contar as travessuras de Sofia. Apresentar os livros da Condessa de Ségur. Será que não basta? Acho que, no final de tudo, Castro Alves tem razão: sempre há semana de Um de raiva delira, outro enlouquece:.

domingo, outubro 08, 2006


.:Tambores do silêncio:.

Nunca tive medo dos fantasmas. Depois de tudo, vivo com eles cada dia. Quando me olho num espelho, os olhos de minha mãe me devolvem aos olhos e minha boca se curva com o sorriso que seduziu o meu bisavô para que eu tivesse meu destino.Como vou temer o atrito dessas mãos que se desvanecem, que se detêm sobre mim com um amor desconhecido? Como vou ter medo daqueles que moldaram minha carne, deixando seu rasto para viver bem mais além da morte? Menos ainda poderia temer a esses fantasmas que roçam meus pensamentos ao passar. Todas as bibliotecas estão cheias deles. Posso pegar um livro das estantes empoleiradas e me atrapalharão os pensamentos de alguém morto há muito tempo, mas ainda vive em sua mortalha de palavras. Por suposto, não são os ordinários e acostumados fantasmas que turvam o sonho e aterrorizam o desperto. Olhe para atrás e acenda uma lanterna para iluminar os cantos apartados na escuridão. Escute as pisadas que ressoam detrás quando caminha só. Continuamente, os fantasmas revolteando e passando através de nós, ocultando-se no futuro. Olhamos no espelho e vemos as sombras de outros rostos olhando através dos anos; vemos a silhueta da memória, erguida com firmeza no umbral vazio da porta. Por sangue e por eleição, criamos nossos fantasmas, perseguimo-nos a nós mesmos.Cada fantasma sai espontaneamente dos terrenos confusos do sonho e o silêncio.Nossa mente racional diz: “Não, não é assim”. Mas outra parte, uma parte mais antiga, sempre repete suavemente na escuridão: Sim, mas poderia ser. Vamos e vimos pelo mistério, tratando de esquecer. Mas quando uma rajada de ar passa por uma habitação e agita meu cabelo, creio que é...

Diana Gabaldon, da série Outlander.

sábado, outubro 07, 2006


.:Tempo de Santos:.

Entrevista de Roberto Shinyashiki para a Revista Isto É, sobre seu livro "Heróis de Verdade".

Quem são os heróis de Verdade?
Nossa sociedade ensina hoje que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe. O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isto é uma loucura. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes. E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados. Quando olham para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu a pena porque não conseguiu ter o carro nem a casa maravilhosa. Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa possa se orgulhar da mãe. O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes. Heróis de Verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros. São pessoas que sabem pedir desculpas, e admitir que erraram. Exemplos Dona Zilda Arns, que não vai a determinados programas de tevê, nem aparece de Cartier, mas está salvando milhões de pessoas. Quando eu nasci, minha mãe era empregada doméstica e meu pai, órfão aos sete anos, empregado em uma farmácia. Morávamos em um bairro miserável, em São Vicente, SP, chamado Vila Margarida. Eles são Meus Heróis. Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem. Acho lindo quando o Cafu põe uma camisa em que está escrito "100% Jardim Irene".

Triste Realidade
É pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes. O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje 10% da população norte-americana. Em países como Japão, Suécia e Noruega, há mais suicídio que homicídio, por que tanta gente se mata? Parte da culpa está na depressão das aparências, que acomete a mulher que, embora não ame mais o marido, mantém o casamento, ou o homem que passa décadas em um emprego que não o faz sentir realizado, mas o faz se sentir seguro. Isto tudo resulta em paranóia e depressão, cada vez mais precoces.

Hipocrisia corporativa
O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento, onde é contratado o sujeito com mais marketing pessoal. As corporações valorizam mais a autoestima do que a competência. (.) Quer ver uma pergunta estúpida feita por um presidente de multinacional, no programa "O aprendiz"? - Qual é seu defeito?. Todos respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal - eu mergulho de cabeça na empresa, preciso aprender a relaxar. É exatamente o que o chefe quer escutar. Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado ou esquecido? É contratado quem é bom em conversar, em fingir. Da mesma forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder.

Modelo de gestão
O modelo de gestão que temos hoje cria pessoas arrogantes, que não tem a humildade de se preparar, que não tem a capacidade de ler um livro até o final, e não se preocupam com o conhecimento. Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência. Cuidado com os burros motivados. Há muita gente fazendo besteira. Não adianta você assumir uma função para a qual não está preparado. Falta às pessoas a verdadeira auto-estima. Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor, minha auto-estima está baixa. Antes, o "ter" conseguia substituir o "ser", o cara mal-educado dava uma gorjeta alta para conquistar o respeito do garçom. Hoje, como as pessoas não conseguem nem "ser", nem 'ter", o objetivo de vida e tornou "parecer". As pessoas parecem que sabem, parecem que fazem, parecem que acreditam. E poucos são humildes para confessar que não sabem. Há muitas mulheres solitárias no Brasil que preferem dizer que é melhor assim. Embora a auto-estima esteja baixa, fazem pose de que está tudo bem.

A Necessidade de sermos perfeitos em tudo, de hipervalorizar a aparência.
Isso vem do vazio que sentimos. A gente continua valorizando os heróis. Tive um professor de filosofia que dizia: "Quando você quiser entender a essência do ser humano, imagine a rainha Elizabeth com uma crise de diarréia durante um jantar no palácio de Buckingham". Pode parecer incrível, mas a rainha Elizabeth também tem diarréia. Nós temos que parar de procurar super-heróis. Porque se o super-herói não segura a onda, todo o mundo o considera um fracassado. O conceito muda quando a expectativa não se comprova, a verdade é que "a gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza". Não há nada de errado nisso.

Como se livrar da tirania da Aparência.
O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las. São 3 fraquezas - a primeira é precisar de aplauso; a segunda é precisar se sentir amada e a terceira é buscar segurança. Nós devemos desenvolver nossas próprias potencialidades, e não nos tornarmos cover de alguém com sucesso. Muitas pessoas tem buscado sonhos que não são seus, a sociedade quer definir o que é certo. São 4 loucuras da sociedade - a primeira é instituir que todos tem de ter sucesso, como se ele não tivesse significado individual; a segunda loucura é "você tem de estar feliz todos os dias"; a terceira loucura é "você tem que comprar tudo o que puder" - resultando em consumismo absurdo. A quarta loucura é "você tem de fazer as coisas do jeito certo - e jeito certo não existe.

Não há um único caminho para se fazer as coisas. As metas são INTERESSANTES para o sucesso, mas não para a felicidade. Entenda que "FELICIDADE não é uma meta, mas um estado de espírito". Tem gente que diz que não está feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento. Você precisa ser feliz tomando sorvete, levando os filhos para brincar. Quando era recém formado em São Paulo trabalhei em um hospital de pacientes terminais. Todos os dias morriam nove ou dez pacientes, e eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte. A maior parte pega o médico pela camisa e diz "Doutor, não me deixe morrer, eu me sacrifiquei a vida inteira, agora eu quero ser feliz". Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a felicidade é feita de pequenas coisas. Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis.

sexta-feira, outubro 06, 2006


.:Homem-Amarelo:.

.:Ando na corda-bamba para cruzar marés e deslumbrar seus olhos. Através deles, poder... NÃO dá. Não é o meu estilo. Não é o meu momento. Escrever palavras de amor requer sutileza, doçura e couraça zero. Hoje estou mais para reserva do flamengo, morrendo de vontade de me debruçar em edredons para terminar o romance da Elizabeth George, Em nome das Cinzas. Quem matou o homem que estava vestido de mulher? Sim, é essaa pergunta que permeia todo o texto. Diria que a linha fina que a bailarina percorre ao lado chama-se mistério, inicia-se pelo Quem, termina não sei como. Vontade de montar um quebra-cabeças que vi hoje, na fatídica viagem ao mundo dos brinquedos. Dia das crianças, eu também quero ganhar. Só porque a Barbie tem um cachorro eu devo pagar o dobro? Se minha filha quer 4 presentes, dois não teriam que ser do pai dela? Logicamente a barbie com cachorro; e a barbie com asas e-n-o-r-m-e-s para o pai-ausente que esqueceu do envio do presente de aniversário. Lembrei, meu amarelo, que Beatriz adora essa cor, e rosa também. Uso e abuso de objetos vibrantes, por todo canto do nosso lar. O que você agora visualizar que destoa, apague. Porque é isso que passa num átimo do meu tempo. Vontade de você, de livro de mistério, de decifrar e montar, de conseguir comprar, de compreender porque homens-latas são pais, já que não suprem emocialmente nem financeiramente nada. Homens-latas deveriam ter um lugar só: virar sucata e serem reaproveitados como bugigangas. Li em algum lugar sobre energias espirituais, onde dizia que quando reencarnamos, voltamos sem a capacidade de lembrar, de fio a pavio, o que deixamos para trás, como também não sabemos o porquê de estarmos aqui. Mas com certeza dentro de nós, em algum recondito de nossa alma velha e muda, há um meio de nos fazer "sentir" o que já foi muito importante, o que nos falta, o que nos consumiu e o que é destroço e lixo. Sei por músicas, por momentos sublimes que deixam todo um enlevo no olhar, por certa cor ou perfume, que você é meu amor-desta-vida. Amor pra vida e pra sempre. Sim, cada minuto de meu agora atribulado e tempestuoso, é notadamente marcado também por você. Qual presente no dia das crianças? Quebra-cabeça, jogo, carrinho... só vale brinquedo. Já tive medo, já fugi, já chorei e até dei uma de rebelde contra mim mesma ao me associar a lata velha. Agora, finalmente eu me entrego. Mesmo que seja uma aposta onde marca sol e luz, momentos de felicidade e alegria constantes. Sim, porque ser feliz e ser amada é um labirinto novo, meu coração reclama, eu tenho medo, e você? Sim, amarela. Eu, rosa. Lilás. Lembrei de um texto do Affonso Romano de Sant'Anna. Acho que encerra com chave de ouro o que eu quero dizer além de tudo o que coloquei aqui. Sempre fica um pé atrás, em cada vírgula, em cada onda, e só eu te amo já não representa o que você é para mim.
"Preciso do teu silêncio cúmplice, sobre minhas falhas. Não fale. Um sopro. A menor vogal pode me desamparar. e se eu abrir a boca, minha alma vai rachar. O silêncio, aprendo, pode construir. É um modo, denso, tenso - de coexistir. Calar, às vezes, é fina forma de amar". "Deixa que eu te ame em silêncio, não perguntes, não se explique. Deixe que nossas linguas se toquem, e as bocas, e apele, falem seus líquidos desejos. Deixa que eu te ame sem palavras, a não ser aquelas que na lembrança ficarão pulsando para sempre. Como se o amor e avida fosseum um discurso de impronunciáveis emoções. Deixe que eu seja eu, apenas eu, das minhas falhas faça, as vezes, negrume e bréu aos olhos, e silêncio aos ouvidos. Elas também me sustentam, são parte de mim, e, algumas vezes, preciso expor essas facetas. Ser perfeita me mutila por dentro. Me mata aos poucos. De sede de Amar. Sonhei com você. Eu era a mão, você detinha os olhos. Como e por onde.