sábado, agosto 26, 2006


Acordes:.

.:Muitas vezes as respostas não interessam. Tudo o quê importa se atém às perguntas certas. O problema não é competir pela velocidade, mas competir para conter a velocidade. Muitos problemas já estão mais do que solucionados, o fundamental é ter a coragem de agir e seguir em frente. Confiar nas curas graduais e efeitos a longo prazo que chegarão com isso. E ater-se ao foco de que "anunciar milagres" é o unico meio de capturar a atenção de público rapidamente; a cura é lenta. Modificar os hábitos de uma vida inteira requer muito tempo. Todos que irão nos ajudar realmente aparecerão sem serem chamados; pois são bençãos que não se consegue pedindo. Mais nada poderá ser feito por você - porque nesse ínterim, você deve ter aprendido a fazer tudo sozinho. As coisas que foram suprimidas ou engolidas em silêncio virão à tona, e talvez façam você desmoronar, atirado para fora de seu "castelo de cristal", no tempo e espaço vulnerável que há dentro de você. Não se sinta desamparado, muito menos abandonado. Apesar de estar por conta própria, tenha certeza de que sempre estarei ao seu lado, bem como há uma força lá em cima protegendo as pessoas na hora certa.

Memórias do Infortúnio:.

"Até agora o mundo tinha me tratado bem. Não entendo porque, de repente, em uma estrada tranqüila, perto das cataratas do Niágara, ele mudou de face sem aviso. Sempre que me lembro do passado, sinto vontade de chorar. Não posso precisar exatamente o que é, mas estou triste, como se fosse uma ferida dolorida. Você entende? Você tem sentimentos como esses? Separados, como estamos, em lados opostos do mundo, eu realmente quero dizer alguma coisa alegre, mas, no entanto, sobre quem mais eu poderia despejar minha tristeza senão você? Agora que tirei isso do peito, esqueça tudo, não leve muito a sério (...)"

Esse livro é um relato poderoso, pois ao mesmo tempo consegue ser tocante e muito pessoal. O autor, Su Xiaokang, um dos líderes do movimento pró-democracia na China, conseguiu escapar para os EUA, e, após conseguir reunir sua família, dois anos depois sofre um acidente temerário. Diante desse fato, começa a rever todo o seu passado, seu mundo objetivo e racional, e a procurar onde se encontra sua alma e o seu deus interior.

"Arrependimento e autocensura são coisas fúteis, e a religião não é escapatória. Você não tem alternativa senão reconhecer o fato. Chore, se quiser. Pense na sua culpa dia e noite e tente fazer alguma coisa para aliviar sua dor. Depois, quando você já tiver deixado tudo para trás, poderá relembrar e perguntar a si mesmo: Será que eu sou digno de ficar com a Culpa?" (...) Os eventos passados podem apenas ser chorados. Me obrigo a não pensar nisso, a me fechar para o mundo exterior, manter uma coisa em foco e somente uma, para poder concentrar minhas energias. Se eu me distrair por outros interesses, minha situação presente se tornará insuportável. O amargor dessa situação não pode ser avaliado por alguém que não a esteja vivenciando: o medo, o desespero, a sobrecarga cotidiana, exigindo atenção a cada detalhe e sem avistar o fim. Até mesmo eu, quando olho para trás, em meu diário escrito naqueles dias, sou percorrido por um calafrio. Isolar-me do mundo exterior é o único meio de proteger meus nervos, e assegurar minha paz de espírito, para não perder meu próprio rumo. Eu agora evito multidões, e comecei a evitar simpatia. As pessoas tem um certo senso de piedade, mas só querem ajudá-lo a se esquivar da realidade, ajudá-lo a trapacear consigo mesmo, e sempre graças à bondade de seus corações. Ninguém à minha volta me contou a verdade crua: Encare os fatos de que (...)"

Bem, o autor consegue colocar de forma primorosa muitos tormentos. Eu apenas ilustro aqui o quanto seus "ouvidos maleáveis", e seu forte senso de verdade nua e crua tem me amparado. Espero que um belo dia nós dois despertemos desse bréu obscuro momentâneo, e mesmo gaguejando, descobriremos que realmente somos capazes de entender completamente a nós, aos que nos rodeiam, e principalmente, àquilo que as pessoas estarão dizendo. Por ora, basta que compreendamos que não é interessante saber o porquê de muitas coisas. Não me importa achar o motivo de compreender o que sinto por você; apenas me interessa a perseverança em lembrar que o amor é. E diariamente, fazer com que você acredite nisso - por atos, escritos ou sons. O Amor é, e acontece sempre quando não buscamos. Apenas encontramos, de repente...

segunda-feira, agosto 21, 2006


Sinergia entre dois:.

Eu vou até a filosofia, e acho eu que nem prozac, nem esta tal demagogia lhe trariam o que buscas. Não sei responder a sua indagação, nem te dar um rumo, pois que minha direção anda sem leme, meio que direcionada por outras mãos. Talvez esse trecho do livro Mais Platão... dissolva suas bases e alicerce suas decisões. Ou o contrário, pois que, pela primeira vez terá que fazer algo completamente por si. É como se jogar de um trampolim, mesmo sabendo nadar, ficamos com dor-de-barriga de medo de errar...

"O princípio requer liberdade de gostos e buscas, de estruturar o plano de vida que se ajuste à sua personalidade, de fazer o que se quer, de se sujeitar às conseqüências, sem impedimento por parte das criaturas iguais a mim, contanto que o que fizermos não as prejudique, mesmo que achem a nossa conduta insensata, perversa ou errada." Do John Mill. Pensando nessa inigualável filosofia, a história de alguém errante também. Assim armada, Carmen assegurou um acordo favorável e uma pensão alimentícia que correspondia ao valor monetário de seu trabalho doméstico. Embora ela tivesse um nível de segurança financeira, exerceu a sua autonomia com um emprego em uma companhia de seguros de saúde que lhe permitiu usar o que havia aprendido ao cuidar de seu filho inválido para ajudar famílias em situação semelhante. Por fim, retornou aos estudos para se formar em assistência social, o que a qualificaria ainda mais para ajudar essas famílias. Ainda conservava como convicções básicas as virtudes tradicionalmente femininas de empatia, de educar e cuidar dos outros, mas agora tinha uma perspectiva mais ampla para aplicá-las sem se perder nem descuidar de si mesma no processo. Sentiu, com razão, decepção e raiva no fim de seu casamento, que considerava sagrado. Mas percebeu que, embora terminar a relação não fosse uma escolha sua, o rumo de sua vida a partir de então seria. Recusou-se a alimentar as emoções despertadas por uma situação que ela não podia mudar, e, em vez disso, concentrou-se no momento presente e em como tirar o melhor proveito dele.

(...)Ao aceitar sua propensão a ser ela mesma, sabendo que era normal, parou de se sentir agredida por quem lhe dizia que era diferente e lhe pedia para mudar. Quando passou a se sentir bem consigo mesma e percebeu que seus próprios padrões e valores eram legítimos, parou de se rebelar. Com a atmosfera mais leve, pôde dizer: "Eu sou eu. Se quer me conhecer, tem de gostar do que sou, ou, pelo menos, de partes do que sou." (...) ser legal não faz uma coisa tornar-se moral, e, a propósito, ser moral não a torna legal. A legalidade inclui tudo que a lei permite ou não proíbe expressamente. A moralidade é uma idéia ainda mais antiga, antecedendo — e, supostamente, servindo como base — as leis decretadas. Nossas leis são reflexo da nossa moral, que quase sempre aproxima-se da codificação anterior da moral nas leis espirituais: as religiões organizadas. Mas legalizar algo não o torna correto. O momento importante pode ser aos trinta e cinco ou quarenta e um ou cinqüenta e sete anos — ou nunca. Para muita gente, não existe somente uma transição importante. Há muitas grandes transições ou uma série de pequenos ajustes. Mas com a expectativa de vida mais longa do que em qualquer outro período anterior na história humana e as pessoas permanecendo saudáveis e ativas cada vez até mais tarde em suas vidas, mudanças importantes estão reservadas para a maioria. Preparar-se para elas ou lidar com elas, esclarecendo a sua própria filosofia, é a chave para aproveitar ao máximo o que vier pela frente.

imagine que "Tenha sorte por estar iniciando uma fase da sua vida na qual não precise de respostas." Com tempo para refletir, será capaz de aperfeiçoar a sua própria filosofia e considerar opções coerentes com ela. Ou saber antever o que pode fazer, quando sentir o vento ao Sul favorável... Mas faça isso com serenidade, e não com ansiedade. Mais Leibniz, menos Librium. Não saber o que estamos fazendo não significa que não estamos fazendo a coisa certa; e é certo que há um tempo que estamos a caminho de encontrar respostas sem procurá-las. Os seres humanos, como a maioria dos organismos que simplesmente tentam sobreviver, têm medo do desconhecido. Esse medo pode ser útil: se não reconhece algo, não sabe se é seguro, portanto, será melhor ficar onde sabe que está seguro. É claro que também não sabe se aquilo que é desconhecido é o mais seguro. E se você não estiver seguro onde está? O instinto de sobrevivência só o leva até aí. Ser guiado por uma abordagem tão conservadora serve para mantê-lo vivo, mas não oferece nenhuma garantia de satisfação ou realização pessoal com a vida que você preserva. Talvez seja por isso que os seres humanos também pareçam desejar o desconhecido.

Por fim, do mesmo livro:
.:Que não se perca tempo tentando mudar o que não se pode mudar (o que está predeterminado), mas a trabalhar a parte que se pode influenciar. Se não estivesse tão preocupado em firmar a sua reputação de príncipe de um sujeito mau, Maquiavel poderia ter apoiado a famosa Oração da Serenidade: "Deus, dê-me a serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar o que posso e a sabedoria para reconhecer a diferença." Nós, seres humanos, somos criaturas manipuladoras. Mas não podemos, e não precisamos, manipular o mundo inteiro. Os artistas freqüentemente têm um tipo de fé em si mesmos da qual todos poderíamos nos beneficiar, a coragem de navegar orientados por suas próprias estrelas. A resposta para "O que eu deveria estar fazendo?" geralmente surge de dentro da própria pessoa, não de fora. Responder ao chamado, seja ele qual for, acabará atraindo a oportunidade... A oportunidade não bate à sua porta apenas uma vez: bate constantemente. Mas, quase sempre, somos surdos à sua batida, ou fingimos não ouvi-la, ou temos medo de atender à porta.

quinta-feira, agosto 17, 2006


Pérolas baças:.

.:Olympia, do pintor Manet. O quadro que, segundo Paul Gauguin, por Mario Vargas Llosa, impulsionou-o a se retirar de sua vida burguesa de rentável e próspero trabalhador na bolsa de valores, para se decidir por ser pintor, com todas as loucuras e idiossincrasias que isso poderia acarretar. Até a sua morte, o neto famoso da ilustre Flora Tristàn detinha uma foto desta ilustração: dizia que era sua ambigüidade que o fazia cativo. Uma hora a achava uma mulher de bordel, em outra distinta burguesa... Quando conheceu a mulher, viu que esta na realidade era tudo, menos a formosa pintura. Nem chegava aos pés de seu retrato iluminado - e acreditou que os pintores enxergassem de dentro para fora. Só assim seria possível Manet ter pintado esta tela, tendo como musa a mulher que Paul conheceu. Bem, eu sempre quis pintar, mas sem a preocupação e selvageria de encontrar obra-prima ou a loucura fixa de Van Gogh - logicamente, por isso, tudo o que eu fiz não tem nada de belo, apenas de eloquente para mim. Cada peça traduz um momento. Símbolo, certamente. Também deve ser por isso que, quando li todo o livro do Llosa, e fui buscar uma a uma todas as telas que ali este maravilhoso contador de histórias refletia pausadamente, agradeci por não ter visto antes de ler. Como poderia Llosa ter visto tudo aquilo que ele incandescentemente colocava, diante deste quadro abaixo?

.:Não, seria incapaz de colocar suas palavras aqui - assim, quem quiser terá que ler o livro - porém, por sorte, já terão dentro de si a imagem de um dos quadros de Gauguin, assim, não poderão desfrutar do imaginário que agoniza e se oculta dentro de nós. Devo estar a cinco braças de tudo isto - ainda muito arraigada a corrente ideológica ocidental, querendo missa de réquiem no funeral, com direito a canto gregoriano em latim... Ou apenas meus olhos se cansaram de ler sobre esta obsessão que possuía este pintor, a procura pelo "bom selvagem", pelo encontro de algo que não existe ou sequer existiu, pela labuta loucura em sempre tentar se apoderar de mulheres de catorze anos, imaginando assim se deparar com o selvagem dentro-de-si. Talvez, quem sabe, uma parte de mim considere-o egoísta e realmente selvagem demais, ostensivamente demonstrando isso em suas telas. Sua avó teria se inflamado por sua prisão, já que detestava a maneira que os homens se apropriavam das mulheres através dos sexos. O ideal por qual um tanto lutou, geração posterior veio e vivenciou, com o mesmo espírito intróito. Pra finalmente chegar a questão: dizem que, através dos ancestrais, podemos nos visualizar integralmente - o que buscávamos, vivemos.

quarta-feira, agosto 16, 2006


AnaMarine:.

Retirado do Livro .:Mais Platão, Menos Prozac:.

Da serenidade:.
(...) Mark Twain era quase tão famoso por seu temperamento inflamável quanto por suas realizações literárias. Tinha pavio curto, e pode ter certeza de que sua cólera era devastadora. Quando melindrado, a sua resposta preferida era redigir uma carta mordaz. Mas, depois, sempre a deixava sobre a sua capa por três dias. Se depois de três dias ainda se sentisse irado, ele a enviaria pelo correio. Quase sempre a raiva desaparecia, e ele queimava a carta. Talvez tenha sido uma perda para os admiradores que desejassem muito uma cópia dessas palavras, mas certamente foi melhor para Twain, seus amigos e conhecidos. Aposto que Twain usou aquelas cartas para definir o problema, expressar suas emoções (principalmente a raiva), e analisar suas opções algumas das quais eram, com certeza, maravilhosamente gráficas). Mas o seu insight contemplativo deve ter exercitado as virtudes da paciência, imparcialidade, reflexão e disposição para mudar. Conhecido como sangue quente, Twain poderia não ter demonstrado esse tipo de controle, a menos que estivesse inclinado a essas virtudes. Quer ele enviasse ou não as cartas coléricas, usava-as, assim como a pausa de três dias, para recuperar o equilíbrio. Embora eu tenha dúvidas de que ele estivesse ou não ciente disso, Twain estava refletindo a idéia chinesa de que o melhor curso de ação é aquele que o deixa sem culpa e arrependimento. Esperando três dias e decidindo depois, com a cabeça mais fria, era mais seguro encontrar esse caminho (...)
::::::::::::

Insights, Sinais
As pessoas que procuram se ofender sempre encontram motivo para isso; conseqüentemente, são elas que têm um problema. O problema é a necessidade que têm de se sentirem ofendidas. A primeira Verdade é que a vida envolve sofrimento. A segunda é que o sofrimento é causado; não acontece por acaso. A terceira, que podemos descobrir a causa e romper a cadeia causal para impedir o sofrimento. Remova a causa e removerá o efeito. A quarta, e mais importante, é que devemos praticar para alcançar o fim explicado no terceiro ponto. O segundo insight é budista: o que experimentamos em vida é o que queremos que aconteça em vida - não o que simplesmente desejamos ou fantasiamos, mas o que queremos realmente que aconteça. A única dificuldade é que aquilo que você está experimentado agora é produto de suas volições anteriores, o que você quis previamente que acontecesse. Você pode influenciar o que viverá no futuro analisando o que está querendo agora, mas esse processo não é instantâneo. Leva tempo. Quanto tempo? Tente e descubra você mesmo. Com a prática certa, começará a viver mais completamente o presente, o que significa que não lhe faltará quase nada. Você tem o que tem vontade de ter. E repele o que quer demais."Todos os fenômenos da existência têm a mente como seu precursor, como seu líder supremo, e da mente eles são feitos - Buda."
::::::::::::::::

Do amor per si, e pelo Outro:.
De fato, o seu companheiro íntimo é uma manifestação da sua mente - como você é a dele. Quando realmente puder querer que ele apareça, ali estará ele. Se você estiver pronto, em equilíbrio, estará disposto a seguir o seu coração. Dessa maneira você pode moldar o seu próprio destino examinando o que realmente quer. Talvez esteja perdido em um labirinto de carências, mas não sabe disso, porque não sabe no que está pensando. Ah, e é bom ter padrões elevados, e ela não se compararia a alguma média estatística. Entre os benefícios da prática filosófica estão as maneiras de achar a essência de si mesmo e a coragem para vivê-la. Valorize a virtude, em si mesma e nos outros. E, apesar da noção popular de que estoicismo significa cerrar os dentes diante do desconforto - considerar as coisas "filosoficamente", como dizem comumente -, o conceito central do estoicismo é valorizar somente aquilo que ninguém pode tirar de você. O valor, então, é encontrado em coisas como a virtude, representando o oposto do seu novo casaco de pele ou do seu cartão de crédito especial. Para os estóicos, a meta é conservar o poder sobre si mesmo. Se valorizar algo que lhe pode ser tirado, você se coloca ao alcance do poder daquele que pode tirá-lo. O egoísmo como virtude: ser abnegada até o ponto de se prejudicar é Tolice, das maiores. (...) Lembre-se que "um casamento duradouro geralmente é melhor para os envolvidos nele, mas, às vezes, é preferível se divorciar pelos motivos certos do que permanecer casado pelos motivos errados". Se você começar a se descobrir filosoficamente, o resultado pode ser uma mudança na sua vida. Às vezes essa mudança é inquietante e você precisará de coragem e determinação para perceber isto. Mas esse crescimento filosófico também resulta em auto-suficiência filosófica, o que permite que você seja verdadeiro consigo mesmo. (...)O lar não é somente o lugar onde está o coração, e onde as pessoas têm de acolhê-lo, mas também o lugar onde as pessoas estão interessadas no que você tem a dizer - interessadas em você como ser humano sem segundas intenções, valorizando-o pelo que é.
:::::::::::::::::::

Das mudanças Necessárias:.
Analise a opção do fim (divórcio) não necessariamente de acordo com seus princípios (casamento como um compromisso para toda a vida), se pergunte se há ainda tempo para mudar as regras que acredita absolutas. Quando a obediência cega a uma regra começa a prejudicar, talvez esteja na hora de modificá-la. Os votos de um casamento geralmente são assumidos "até que a morte nos separe" - isto é, por toda a vida. Mas suponha que você descubra algum tempo depois da lua-de-mel que se casou com um psicopata ou um sádico que habilmente a enganou e que pode feri-la ou arruinar a sua vida. Nesse caso perigoso, manter os votos do casamento provavelmente lhe causará mais danos do que quebrá-los. Agora, pense em um caso mais trivial, em que você discuta com um irmão ou um amigo e jure que "não vou falar com você nunca mais!" Pouco tempo depois, realmente sente saudades dessa pessoa, que também sente a sua falta. Cumprir a promessa de nunca mais falar com ele provavelmente lhe fará muito mais mal do que quebrá-la, portanto você liga para ele. Assim, duas pessoas podem ter um casamento maravilhoso durante anos, sem deixarem de se desenvolver como pessoas e sem abandonarem a intenção de cumprir os votos. Mas pode chegar o dia em que os dois amadurecem e, então, manter o casamento pode causar mais mal do que dissolvê-lo. Se somente um dos dois sente dessa maneira, ambos terão de enfrentar um período difícil. Mas se os dois sentem assim, o que é menos comum, poderão preservar o amor ao se desobrigarem do casamento.

O I-Ching adota como premissa que tudo muda e que, para entender a mudança, você tem de entender a natureza das leis - o Caminho - que levam a essa mudança. Outro de seus princípios subjacentes é que sempre há uma escolha entre um caminho melhor e outro pior para fazer as coisas. A maneira ideal, a melhor escolha, é a que o deixará sem culpa. A culpabilidade é um conceito fundamental na filosofia chinesa, desempenhando um papel semelhante ao da culpa na psicologia e o pecado na teologia. Se você age inocentemente, não faz inimigos, não tem de perder tempo se repreendendo. As forças que mantêm o casamento, que unem primeiramente as responsabilidades como pais e partilham as obrigações de um com o outro, mudam, muitas vezes. Enquanto o bem maior de educar os filhos os uniu, o casal suportou os aspectos menos satisfatórios de sua relação. Compreender o mecanismo dessas mudanças ajuda a revelar a entrada para o melhor caminho. "Quando as coisas chegam ao auge do seu vigor, começam a declinar. Isso é contrário ao Tao. O que é contrário ao Tao em breve terá um fim - Lao Tsé". (...) Admita que, apesar de achar moralmente errada a atitude de alguém romper o casamento ou mesmo uma relação, pode-se acreditar, genuinamente, que, por outro lado, também é justo buscar a própria felicidade em outra relação.

O que já aconteceu não pode ser desfeito, portanto é inútil perder tempo desejando que tivesse sido de outra maneira. É melhor avançar aos pouquinhos com as circunstâncias do jeito que elas são - por mais aflitivas que sejam - do que debater-se no passado. Avançar é a única possibilidade de melhorar. Lembremos que o tema central dos estóicos é que as únicas coisas de valor são aquelas que ninguém pode tirar de você. Poucas coisas têm mais valor do que o amor da família, que não pode ser tirado por ninguém. Nem mesmo um estuprador tem esse poder - a menos que você mesma ceda-o(...)
::::::::::::::::::::

Leia Sempre, Pra evitar Culpas Idiotas
Finalmente, Em vez de ficar agoniado com uma decisão difícil, ou ficar se revolvendo inutilmente em um atoleiro emocional, ou receber um diagnóstico de um suposto distúrbio de personalidade, John pôde ocupar um terreno filosófico elevado. Pôde sentir a tristeza da situação, mas superar a indecisão. Às vezes nos sentimos tristes - e há até mesmo um tipo de alegria solene oculta aí, mas não devemos nunca nos sentir incapacitados indefinidamente pela tristeza. "A melhor coisa em estar triste é aprender algo... Aprender por que o mundo sacode e o que o sacode - T. H. WHITE".


"É melhor cumprir o seu dever, por mais imperfeito que seja, do que o dever do outro, por melhor que possa cumpri-lo." A filosofia budista afirma que conflitos externos (entre pessoas) quase sempre são um produto de conflitos internos (dentro da pessoa). Ah, e não esqueça que o real, aquilo que é importante mesmo, muitas vezes se encontra no meio do caminho, no meio da travessia. Portanto, nem no final, nem no início: apenas quando você se arriscar a viver a felicidade que merece. Para ajudar, leia o livro citado acima, do Lou Marinoff. E saiba reconhecer Larrys: são amarelos. Solares. E fazem você chorar, mesmo dizendo que te amam. Não conjuge o amor com lágrimas e dor. Porque horrível para outro ser amado por compaixão.

Entabulando:.

Burlesco, mas não se diz "em alto e bom tom", pois que o em não acompanha a expressão. Dislate que devo ter dado azo muitas vezes, em minha senda de escritora-malabarista e claudicante. Descobri ontem que posso ser uma pessoa estóica, e que, possivelmente, a noção de estóica no livro pernicioso que me acompanha pelas madrugadas macula o que o meu dicionário insignificante diz, eis que os dois são contraditórios e desconexos. Pra contentar-me, prefiro ficar com aquilo que me define, apesar de jamais confessar qual é... Sim, sou aquela pessoa que precisa de um espelho, pra poder ver o reflexo daquilo que não; felizmente também, daquilo que jamais quer ser. Porque, quando isso ocorre, há uma situação inusitada, como se a síndrome de Pollyanna me atingisse: eu chego a me adorar, pois me pareço tão boa moça boa. Devo estar me maculando de defeitos, e ainda ser a minha pior inimiga: custo a acreditar em muitos elogios, e pessoas-muito-perfeitas que encetam minha imagem por demais astuciosa e pomposa. Portanto, para os desavisados navegantes deste oceanoMar, "esta é a pior maneira de entrar na minha praia". Gosto, e demais da conta, de pessoas que são claras - transparecendo nos olhos que também possuem um lado escuro. A luz queimou, e não adveio o escuro, sinal de que me escamoteio tão perfeitamente que ando irreconhecível para mim mesma. Pode parecer disparatado tudo isso, porém detestaria ver que me perdi novamente de mim, ao contemplar uma pessoa que dentro de si é vazia, pois que insatisfeita e esburacada; aparentando sempre aos outros um humano querido e de bem-com-a-vida. Portentosa qualidade é o meu norte: sou mais que fiel e leal a mim mesma. Por isso, se acordar e ver que alguém ligou a TV e está assistindo, sem se ligar em detalhes e sorrisos, a ponte de Madison é bombardeada. Realmente, sou beligerante, não costumo correr riscos com meu coração: imaginem se me ligo a pessoa já plugada desde a mais tenra madrugada em conexão diferente da minha? Acredito piamente que o que nos liga ao outro, no final das contas, é a comunicação, o prazer de conversar e o silêncio gostoso de interagir. Sou uma pessoa de finais, passando a régua, o que importa e é crucial num relacionamento, é este poder ser partilhado tão intimamente, que através de ações diferentes, haja manifesto amor presente. A cena que melhor descreveria isso seria o final do filme Nothing Hills, com a Julia Roberts. O personagem que seria a minha cara é do outro filme do ator-de-olhos-azuis, Amor a segunda vista, com a Sandra Bullock. A correlação entre os dois? Bem, o amor propicia o prazer de expor-se inteiramente, e ser aceita como se é, sem que o outro tente mudar nem a cor do esmalte que aparece ocasionalmente em minhas mãos. Final das coisas: Sou nesse momento girassol em tempestade, pois o Sol anda escondido... mesmo assim, sou movida pelo sentimento e pelo encontro. Duas cadeiras e uma varanda, eis que é simples o que peço. Com direito a ficar Sem Platão, e igualmente sem Prozac, haja vista que o tal Lou Marinoff anda me tachando a cada linha relida. Prefiro me imaginar como me vejo em seus olhos. Porque é assim que me encontro plena e unitária.

Carta ao vento.
Recados dados, que tudo atinja o alvo, mesmo que desviada a rota.
É. Sem lastro, o navio anda ao léu...

segunda-feira, agosto 14, 2006


O Poder Musical do Pedido:.

Tomara que A Senhora consiga entender a mensagem enviada, codificada e embrulhada, para que tudo fique nos devidos lugares suaves e corretos - destino, amor e caminho, juntos e apenas a três palmos de distância da minha mão. O que quer que seja, falta pouco pra eu alcançar. Se quiser.

Se quiser fugir
Pra qualquer lugar que for
Nem precisa me chamar
Tão perto que eu estou
Mas seu medo de perder
Não te deixa me olhar
Esqueça o que passou
Que tudo vai mudar
Agora eu posso ser seu anjo
Seus desejos sei de cor
Pro bem e pro mal você me tem
Não vai se sentir só, meu amor
Eu penso te tocar
Te falar coisas comuns
E poder te amar, o amor mais incomum
Não deixa o medo te impedir
De chegar perto de mim
O que aconteceu, ontem
Não vai mais repetir.
Sempre que quiser um beijo
Eu vou te dar
Sua boca vai ter tanta sede de me tomar
Se quiser
Sempre que quiser ir as estrelas
Me dê a mão, deixa eu te levar
Me deixa ser real,
e te ajudar a ser feliz.
Por que eu sou o seu fogo
Tudo o que você quis
Tudo que você quis.

Lugar para eu pousar:.


Para Sempre, mesmo que seja por um triz..:Quero aqui. Santo Antônio de Lisboa é um distrito da cidade de Florianópolis, capital do Estado brasileiro de Santa Catarina. Foi criado pela provisão régia de 26 de outubro de 1751, sob a invocação de Nossa Senhora das Necessidades. Pra Morar. E ficar. Permanecer e ser. Para isso, preciso de Ajuda Milagrosa. O metro quadrado neste lugar é caro, já que o paraíso dos céus, aqui na Terra.

.:Pois que, Peço e Espero pela Ajuda de Nossa Senhora das Necessidades:.
.:Nossa Senhora das Necessidades é venerada na localidade de Soalheira, em Portugal, onde existe uma capela com quadros votivos que testemunham milagres atribuídos à Senhora das Necessidades já em 1685. Nos momentos de grande aflição, é a Nossa Senhora das Necessidades que o povo da Soalheira recorre, como foi em 1808, quando os invasores franceses passaram pela região devastando tudo, a Soalheira foi poupada, atribuindo-se isso a milagre da Senhora que encobriu o povo com denso nevoeiro, e eles passaram ao lado e não entraram nele. Também Nossa Senhora foi e continua a ser, de grande auxílio para os soalheirenses ausentes, sobretudo quando esta terra tinha muitas pessoas na África, e mais recentemente emigrantes na Europa, principalmente na França. A festa em honra de Nossa Senhora das Necessidades tem lugar, no domingo de Pascoela, sendo bastante participada. Já na véspera à noite se juntam muitas pessoas na igreja, para no fim da missa se realizar a procissão com a imagem de S. José para a capela de Nossa Senhora das Necessidades. No dia da festa, celebra-se a missa campal seguindo-se a procissão com a imagem de Nossa Senhora e S. José, pelas ruas da Soalheira, consistindo um momento de grande devoção e fé por parte dos seus devotos. No final da procissão, muitas são as pessoas que se juntam à banda filarmônica, para cantar as "alvíssaras" a Nossa Senhora, dando voltas à sua capela. Na segunda feira da festa, celebra-se missa, seguida de procissão, pela parte norte da vila, chegando à capela, canta-se o adeus à Virgem, seguindo a imagem de S. José, em procissão para a igreja matriz. O afluxo de peregrinos que vêm visitar a sua capela e rezar à veneranda imagem, cresceu bastante depois de em 22 de Abril de 1979, sob um sol radioso, a imagem de nossa Senhora verter lágrimas, durante a procissão pelas ruas da Soalheira, continuando o episódio a verificar-se também durante a tarde e noite desse dia. Esse fato extraordinário foi presenciado por inúmeras pessoas, chegando essas lágrimas a serem limpas das faces da imagem, por testemunhas oculares que nessa noite se encontravam na capela. Existem ainda slides, que um peregrino oriundo da Soalheira realizou, onde se presenciam, com elevada nitidez as lágrimas que se formavam nos olhos e corriam pela face da imagem. O Bispo da Diocese da Guarda, D. Antônio dos Santos, resolveu reabrir o processo referente à lacrimação, no final de 1997, pois encontrava-se arquivado, esperando todos os devotos de Nossa Senhora que tal fato venha a alcançar o veredictum diocesano. Desde tempos imemoráveis que os soalheirenses, louvam Nossa Senhora das Necessidades cantando alguns desses versos que, segundo lenda corrente, mais certeira que os pulinhos de São longuinho.

Senhora das Necessidades
Á vossa porta me empino:
Deitai-me a vossa benção
Mai-la do vosso Menino.
Senhora das Necessidades
Quem vos varreu a capela?
Foi a vossa ermitoa
Com um raminho de marcela.
Senhora das necessidades
Estais no altar de pé:
Sois mãe de Jesus Cristo,
Esposa de S. José.
Senhora das Necessidades
Já cá vimos à ladeira
Abri a porta Senhora
Ao povo da Soalheira.
Nossa Senhora das Necessidades,
Rogai por nós que recorremos a vós!
::::::::::::::


.:O Pedido nos altos foi reforçado pelos Ancestrais:.
"Em o alto da serra a que as Aldeias estão encostadas, um pouco distante delas, está a Ermida da Nossa Senhora das Necessidades. Tem esta ermida uma cruz com uma hasta de duas varas e meia de comprimento, e encima continua uma pequena cruz maravilhosamente lavrada com duas imagens ; para a parte do Norte a imagem de Cristo com a vocação de Senhor da Boa Ventura e da parte do Sul, na cruzada dos braços, a imagem de Nossa Senhora com a vocação das Necessidades, tudo de pedra branca e muito fina que dizem os artífices não ser destes contornos. O pé é da mesma pedra, em oitavado ;e lhe servem de ornato dois altares ; em cujo pé estão umas letras góticas que dizem o seguinte : « por serviço de Deos Vasco Queimado de Villalobos fidalgo da Casa de El Rey e goarda mor que foy do Infante dom Pedro e camareiro e do Concelho dos Duques Fellipe e Carlos de Borgonha mandou por aqui esta cruz era mil quatro centos e setenta e coatro rogai a deos por sua alma ». Esta cruz estava ao rigor do tempo até que um homem Chamado Manuel Martins de sua devoção e com seu dinheiro e algumas esmolas que alcançou fez uma ermida a que deu princípio em 27 de Abril de mil setecentos e quarenta e oito anos, e em primeiro de Maio de setecentos e cincoenta se benzeu, e se ficou sempre fazendo a festa em o dito. e no dia tres do mesmo se faz também festa, e acode grande concurso de gente de distâncias de duas a tres léguas ..." Sobre a Ermida votiva a Nossa Senhora das Necessidades e do monumento chamado "Cruz das Vendas". Nas praias de Manguellas (hoje Ajuda) foi encontrada a cruz, fabrica dos Anjos, como demonstram o seu apparecimento maravilhoso e a execução aprimorada dos lavores. Um dia o senhor pretendeu leva-la para Lisboa, fazendo-a seguir caminho d'Azeitão n'um carro ; chegada porém à portela, não poderam mais os bois arrastar a carga; reforçados com outras juntas e instigados pela voz e aguilhão dos condutores não lograram fazer mover o carro, até que este se partiu, reconhecendo-se daqui, que era determinação divina não passar mais além e ali foi colocada, mas sempre crescendo, segundo a lenda."

sábado, agosto 12, 2006


Caderno de Apontar:.

.:A vida muda muito rápido... lembro que uma vez, há tempos atrás, no auge do Brian Weiss, consegui inúmeros aliados-robotizados para o exército de crer que podemos "antever" se soubermos decodificar os sinais. E o meu livro - deste escritor - foi passando de mão-em-mão, já que os ditos não colocavam a mão no bolso para comprar livro; não eram leitores de nada, apenas "passíveis de ouvir de tudo". Um deles, após ler e reler o livro, me chamou num canto certo momento e disse: Num instante, eu estava com a cabeça no livro... e dirigindo na BR. A frase que podíamos antever algo, se soubéssemos "ver" os sinais começou a passar feito letreiro de cinema na minha mente, e eu "vi" as placas crescendo, na autoestrada, para eu diminuir a velocidade, para eu me conter na curva... Sei lá, acatei - e retirei do acelerador o pé-pesado que eu tenho. Resolvi ir bem tradicional, como meu pai, e quando eu cheguei na cidade, já havia a notícia de que instantes após eu passar por certo trecho, um carro, numa curva, tinha caído...Será que eu adiei a minha morte? Bem, é o que dá misturar o filme Premonição, com o livro do Weiss. Ele ficou tão fiel a teoria, que nunca mais devolveu o meu livro... É o que dá angariar multidões sem fundo. Do livro O homem perante a morte: A morte, mesmo quando súbita, ou acidental, dá sinais e avisos de sua chegada". Só o homem que vai morrer é que sabe quanto tempo lhe resta. Sina do Azul, um dia eu também me vi numa BR, e imaginava que correndo para outra paixão-criada, conseguiria colocar uma pedra no túmulo daqueles olhos-azuis que tanto me perseguiam - e que eu não queria e nem gostaria de suscitar qualquer indício de sentimento. Aguas profundas me apavoram... Ele sempre dizia que acordava pela manhã, olhava para o lado, e não via razões para levantar - "Acordo e sinto o cair da noite, e não o romper do dia". Sei, poema do Gerard Hopkins, mas a frase que eu ouvia ressoava inteiramente condizente com a profundeza dos olhos ardentes daquele azul-amor-confuso-e-sinistro. Naquele tempo eu me achava mágica, e acreditava que minha mente era passível de segurá-lo, se eu firmasse o compromisso de "ir com ele". Acreditava piamente que, engabelada e enozada em sua mão, mesmo que somente mental e espiritualmente, jamais ele partiria sem mim... e como imaginava que viveria até 120 anos, ele também poderia ir além.. Eu só precisava estar sempre bem, pra que ele pudesse voltar, e começar de novo a viver. Mas naquela tarde, correndo, com o pensamento a mil, eu esqueci destas promessas e compromissos tão reforçados - estava com o coração já em outro lugar, queria chegar logo, e como o outro colocou, começou a passar a cena do filme, não somente o letreiro. O sofrimento que eu passei não pode ser medido na distância que quase atropelei - vinha em ondas, aquela tristeza somatizada, a sensação de aperto na garganta, falta de ar, respiração curta, imensa dor, aperto no coração... e Ele, olhos-azuis tão nítidos, indo embora. O principal é que indo Ele, eu vi claramente que também ia. O carro rodou, mas parou. Peguei o celular, liguei para Ele e perguntei se ele estava bem. Eu vou embora, ainda bem que ligou, já digo adeus... Na minha prática mente, eu falei pra ele esperar um pouco (já me via indo-indo, horrível a sensação... eu tinha que avisar que, antes, eu precisava soltar da sua mão, mas como dizer isso a alguém que diz que está indo além? Eu só queria ficar. Bem, acho que o Infinito Mágico ajudou, 'tocaram a campainha por lá, e eu levei horas depois pra voltar ao normal. Os olhos dele, os olhos azuis dele - sempre me acompanham, porque creio mesmo nesse anelo, nesse selo, e sei que não solto a mão dele. Pra terminar esse relato bem confuso, já que me escamoteio pelas linhas e deslizo pelas letras, Beatriz por causa das cenas da novela da Nanda, morta no porão do hospital, chorando me pediu se eu podia sempre, mas sempre, estar com ela, nunca largar dela, jamais esquece de mim, poi favoi. Tudo bem, mais uma, lógico, sempre e prometo, vou estar com você. Sim, como o Antonio Jordão. Mais? Sim, fico no hospital, junto, não te espero no jardim-de-girassol. Mais do que isso? Sim, prometo que em nenhum momento te deixo sequer um minuto alardeada pela minha falta despreparada. Aí fico agora imaginando a roda circular das dimensões das vidas que se cruzam e se encontram - se o louco-de-olho-azul resolve rodar numa curva, eu vou junto, e além, carrego alguém comigo. O que me desafia é a crença da menininha no tal jardim encantado, cheio de flores amarelas - coisa que sempre tive em mente. Se for pra ir pra lá, tudo bem, eu-na-corrente. Na dúvida, não sei se já faço obituário, ou testamento particular - racionalidades de uma mente inquieta, pensando no poema que cansou de ouvir recitado. Verdade mesmo, eu sei que morreria mesmo se continuasse viva, se, num instante comum, acontecer qualquer coisa com esses dois amores-azuis. Não me perguntem o porquê, apenas sei. Tudo ficaria mais ou menos como exposto nesse poema. Tão onipresente e acontecendo dentro de mim, pra poder permanecer inflamada pela vida.

A Ascensão de F6:.
Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.
Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He Is Dead.
Put crepe bows round the white necks of public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.
He was my North, my South, my East and West.
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last forever; I was wrong.
The stars are not wanted now: put out every one;
Pack up the moon and dismantle the sun;
Pour away the ocean and sweep up the wood;
For nothing now can ever come to any good.
W.H. Auden
::::::

Numa tradução-sombria Minha,
Funeral Blue
Parem todos os relógios,
Desliguem o telefone,
Impeçam o cão de latir
a um osso suculento.
Silenciem os pianos e,
ao som abafado dos tambores,
tragam o caixão,
façam entrar as carpideiras.
Deixe que os aviões voem
em círculos, gemendo no céu,
e no ar deixem a mensagem: Ele Morreu.
Ponham laços pretos nos pescoços brancos das pombas na rua
e que guardas de trânsito usem finas luvas de breu.
Ele era o meu Norte, meu Sul, meu Leste e Oeste,
Enquanto viveu, meus dias úteis, meus finais de semana
Meu meio-dia, meia-noite, minha fala, minha canção;
Meu porto seguro nas tempestades;
Eu pensava em amor eterno,
que o amor duraria para sempre,
e estava errado!
Apaguem as estrelas uma a uma,
elas não são necessárias agora;
Desmantelem o sol e o coloquem, embalado,
acima da lua; Despejem o oceano-mar
por sobre as árvores, e livre-se da floresta;
pois nada mais será como antes.
Nada mais poderá ser bom
Como antes era.
::::::

O azul, de novo, imagem e cor recorrentes. O azul do mar, o azul do céu. Certos azuis do mar e do céu. Azuis onde me posso perder, onde gostaria de me perder. Não afogar-me no mar, mas de algum modo perder-me na sua extraordinária beleza azul, sobretudo nas zonas em que o sol lhe dá em cheio, construindo por sobre ele um canal de luz intensa. O azul, do mar e do céu. E a luz que a eles associo. A luz do sol sobre o mar, a luz laranja de um pôr-do-sol sobre o mar, a luz suave e aconchegadora que surge no céu no fim de uma tarde de intenso temporal. Azuis onde gostaria de me perder. Azuis que em mim se escondem e gostaria de fazer desabrochar. Perder-me nestes azuis. Necessidade de me perder neles para me encontrar. Necessidade de sair de mim para poder entrar em mim. Saber que sem o azul nada poderei fazer. Saber que tenho de aprender a descentrar-me de mim para poder ter finalmente paz e ternura verdadeiras. Confiar no azul e não em mim. Confiar nele, porque assinala com serenidade a existência da paz e da ternura, como nunca pensáramos ser possível existirem. Se deixar inteiramente de acreditar em Deus, acreditarei no azul. Confiar no azul. Confiar nele e não em mim. Não necessitar de confiar em mim porque o azul existe e só nele é preciso ter confiança, pois é por ele que o essencial passa. Ancorar-me no azul. Desancorar-me nele. Viver e morrer nele. No azul. Na luz de fim-de tarde depois do temporal de inverno. Não sou eu que vivo, é o azul que tenta viver em mim.


:.*Fátima, Dominus Iesus e demais obstáculos na procura de Deus. Vivemos perante o milagre e não o vemos. Será isso a simples felicidade, saber olhar além das tradicionais formas? Aquiescer à vida: talvez seja esse o maior acto de humildade que temos de realizar. E talvez seja esse o único modo de o espírito acabar por encontrar-se de fato no centro da sua humildade, como escreve S. João da Cruz na ilustração do seu Monte Carmelo. Talvez Maria Bethânia não cante outra coisa em ‘Tocando em frente: Ando devagar porque já tive pressa/E levo esse sorriso porque já chorei de mais/Hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe?/Eu só levo a certeza de que muito pouco eu sei’. E o pouco que sabe é que É preciso amor para poder pulsar/É preciso paz para poder sorrir/É preciso chuva para poder florir. E sabe também que ‘Um dia a gente chega, no outro vai embora’ e que, nesse intervalo, Cada um de nós compõe a sua história/E cada ser em si carrega o dom de ser capaz e ser feliz’. Dom muitas vezes difícil de fazer frutificar, capacidade que, também muitas vezes, parece escapar-nos por entre os dedos das mãos. Afinal, ninguém será tentado acima das suas forças, como afirma o cristianismo na versão de Paulo, ou o próprio Deus sabe que há para o ser humano ‘provas’ demasiado exigentes em que inevitavelmente sucumbirá, como afirma a psicanalista Marie Balmary? Lembro-me de um filme de Tarkovski em que, a certa altura, uma personagem pergunta, perante as suas angústias: ‘Porque é que Deus não fala?’. E respondem-lhe: ‘Deus fala sempre. Nós é que nem sempre o ouvimos’. Haverá dúvida de que é consolador ouvir estas palavras, se acabamos por acreditar nelas? Não pressupõem ou remetem elas para um qualquer sentido, mesmo que oculto de momento, mas que será encontrado se aprendermos a escutar melhor? E não provém daí uma certa sensação de apaziguamento com a vida e com tudo aquilo que nela nos ultrapassa e magoa profundamente?

A dor seria intragável, mesmo que inevitável.
Mas o nosso amor era mais que o amor
De muitos mais velhos a amar,
De muitos de mais meditar,
E nem os anjos do céu lá em cima,
Nem demônios debaixo do mar
Poderão separar a minha alma da alma
Da linda que eu soube amar.
Porque os luares tristonhos só me trazem sonhos
Da linda que eu soube amar;
E as estrelas nos ares só me lembram olhares
Da linda que eu soube amar;
E assim 'stou deitado toda a noite ao lado
Do meu anjo, meu anjo, meu sonho e meu fado,
No sepulcro ao pé do mar,
Ao pé do murmúrio do mar.
**(tradução: Fernando Pessoa)
::::::


Os diamantes são indestrutíveis?
Mais é meu amor.
O mar é imenso?
Meu amor é maior,
mais belo sem ornamentos
do que um campo de flores.
Mais triste do que a morte,
mais desesperançado
do que a onda batendo no rochedo,
mais tenaz que o rochedo.
Ama e nem sabe mais o que ama.
Adelia Prado, Pranto para comover Jonathan.
::::::

Que este amor não me cegue nem me siga.
E de mim mesma nunca se aperceba.
Que me exclua de estar sendo perseguida
E do tormento
De só por ele me saber estar sendo.
Que o olhar não se perca nas tulipas
Pois formas tão perfeitas de beleza
Vêm do fulgor das trevas.
E o meu Senhor habita o rutilante escuro
De um suposto de heras em alto muro.
Que este amor só me faça descontente
E farta de fadigas. E de fragilidades tantas
Eu me faça pequena. E diminuta e tenra
Como só soem ser aranhas e formigas.
Que este amor só me veja de partida.
Hilda Hist.
::::::

Vou andando feliz pelas ruas sem nome...
Que vento bom sopra do Mar Oceano!
Meu amor eu nem sei como se chama,
Nem sei se é muito longe o Mar Oceano...
Mas há vasos cobertos de conchinhas
Sobre as mesas... e moças na janelas
Com brincos e pulseiras de coral...
Búzios calçando portas... caravelas
Sonhando imóveis sobre velhos pianos...
Nisto, na vitrina do bric
o teu sorriso, Antínous,
E eu me lembrei do pobre imperador Adriano,
De su'alma perdida e vaga na neblina...
Mas como sopra o vento sobre o Mar Oceano!
Se eu morresse amanhã, só deixaria, só,
Uma caixa de música
Uma bússola
Um mapa figurado
Uns poemas cheios de beleza única
De estarem inconclusos...
Mas como sopra o vento nestas ruas de outono!
E eu nem sei, eu nem sei como te chamas...
Mas nos encontramos sobre o Mar Oceano,
Quando eu também já não tiver mais nome.
Obsessão do Mar-Oceano, Mario Quintana
::::::

Eu parto com o ar...
sacudo minha neve branca ao sol que foge
Desfaço minha carne em redemoinhos de espuma,
Entrego-me ao pó para crescer nas ervas que amo;
Se queres ver-me novamente, procura-me sob teus pés.
Dificilmente saberás quem sou ou o que significo;
Não obstante serei para ti boa saúde
E filtrarei e comporei teu sangue.
E se não conseguires encontrar-me, não desanimes;
O que não está numa parte esta noutra
Em algum lugar estarei a tua espera.
Epitáfio - Walt Whitman.
Credo in Deum.

-----------------
Tudo isso pra dizer que, mesmo que haja a necessidade de perder esses amores tão azuis, simples e abrangentes demais, também condizente a necessidade de atravessar junto. Porque tudo o que conheço e amo deixaria de existir. E como sou amor, não vivo em dor e desespero... Que me amarrem fortemente a eles, com laço vermelho, pra jamais ninguém quebrar o encanto mágico do amor. Pois que agora mesmo minha alma presente está ausente, junto aos Dias seus.

domingo, agosto 06, 2006


Habib:.

.:Bruges:. e O Tratado mágico do Quadrado de Auto-ajuda. Pelos quatro cantos, em cada recanto, uma espera, uma viagem, um sorriso e um abraço. Só pra você... mesmo que isso me faça ficar rubra de marré-de-si, toma lá, pra ti, enquanto eu despetalo o livro da Joan Didion, O ano do pensamento mágico, e tento te aconchegar, ao vento...

::::::

A viagem:.
Dia desses, li um livro que comparava a vida a uma viagem de trem. Uma comparação extremamente interessante, quando bem interpretada. Interessante, porque nossa vida é como uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques, de pequenos acidentes pelo caminho, de surpresas agradáveis com alguns embarques, e de tristezas com os desembarques. Quando nascemos, ao embarcarmos nesse trem, encontramos duas pessoas que, acreditamos que farão conosco a viagem até o fim: nossos pais. Não é verdade. Infelizmente, em alguma estação, eles desembarcam, deixando-nos órfãos de seus carinho, proteção, amor e afeto. Mas isso não impede que, durante a viagem, embarquem pessoas interessantes, que virão a ser especiais para nós: nossos irmãos, amigos e amores. Muitas pessoas tomam esse trem a passeio. Outras fazem a viagem experimentando somente tristezas. E no trem há, também, outras que passam de vagão em vagão, prontas para ajudar a quem precisa. Muitos descem e deixam saudades eternas. Outros tantos viajam no trem de tal forma que, quando desocupam seus assentos, ninguém sequer percebe. Curioso é considerar que alguns passageiros que nos são tão caros acomodam-se em vagões diferentes do nosso. Isso nos obriga a fazer essa viagem separados deles. Mas não nos impede de, com grande dificuldade, atravessarmos nosso vagão e chegarmos até eles. O difícil é aceitarmos que não podemos sentar ao seu lado, pois outra pessoa estará ocupando esse lugar. Essa viagem é assim: cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas,embarques e desembarques. Sabemos que esse trem jamais volta. Façamos essa viagem da melhor maneira possível, tentando manter um bom relacionamento com todos, procurando em cada um o que tem de melhor,lembrando sempre que, em algum momento do trajeto poderão fraquejar, e, provavelmente, precisaremos entender isso. Nós mesmos fraquejaremos algumas vezes. E, certamente, alguém nos entenderá. Tomara! O grande mistério é que não sabemos em qual parada desceremos. E fico pensando: quando eu descer desse trem sentirei saudades? Sim. Deixar meus filhos viajando sozinhos será muito triste. Separar-me dos amigos que nele fiz, do amor da minha vida, será para mim dolorido. Mas me agarro na esperança de que, em algum momento, estarei na estação principal, e terei a emoção de vê-los chegar com sua bagagem, que não tinham quando embarcaram. E o que me deixará feliz é saber que, de alguma forma, eu colaborei para que essa bagagem tenha crescido e se tornado valiosa. Agora, nesse momento, o trem diminui sua velocidade para que embarquem e desembarquem pessoas. Minha expectativa aumenta, à medida que o trem vai diminuindo sua velocidade... Quem entrará? Quem sairá? Eu gostaria que você pensasse no desembarque do trem, não só como a representação da morte, mas, também, como o término de uma história, de algo que duas ou mais pessoas construíram e que, por um motivo ínfimo, deixaram desmoronar. Fico feliz em perceber que certas pessoas como nós, têm a capacidade de reconstruir para recomeçar. Isso é sinal de garra e de luta, é saber viver, é tirar o melhor de "todos os passageiros". Páginas da Vida, nos trilhos de histórias individuais...


::::::

Âncoras e navios:. A vida se transforma rapidamente... e filhos não são navios. Mas são "como um navio"... Ao olhar um navio no porto, imaginamos que ele esteja em seu lugar mais seguro, protegido por uma forte âncora. Mal sabemos que ali está em preparação, abastecimento e provisão para se lançar ao mar, ao destino para o qual foi criado, indo ao encontro das próprias aventuras e riscos. Dependendo do que a força da natureza lhes reserva, poderá ter que desviar da rota, traçar outros caminhos ou procurar outros portos. Certamente retornará fortalecido pelo aprendizado adquirido, mais enriquecido pelas diferentes culturas percorridas. E haverá muita gente no porto feliz à sua espera. Assim são os FILHOS. Estes têm nos PAIS o seu porto seguro até que se tornem independentes. Porém, por mais segurança, sentimentos de preservação e de manutenção que possam sentir junto aos seus pais, eles nasceram para singrar os mares da vida, correr seus próprios riscos e viver suas próprias aventuras. Certo que levarão consigo os exemplos dos pais, o que eles aprenderam e os conhecimentos da escola, mas a principal provisão, além das materiais, estará no interior de cada um. A CAPACIDADE DE SER FELIZ que visualizaram nos olhos de seus pais. Sabemos, no entanto, que não existe felicidade pronta, algo que se guarda num esconderijo para ser doada, transmitida a alguém. O lugar mais seguro que o navio pode estar é o porto. Mas ele não foi feito para permanecer ali. Os pais também pensam que sejam o porto seguro dos filhos, mas não podem se esquecer do dever de prepará-los para navegar mar a dentro e encontrar o seu próprio lugar, onde se sintam seguros, certos de que deverão ser, em outro tempo, este porto para outros seres Ninguém pode traçar o destino dos filhos, mas deve estar consciente de que na bagagem devem levar VALORES herdados como HUMILDADE, HUMANIDADE,HONESTIDADE, DISCIPLINA, GRATIDÃO E GENEROSIDADE. Filhos nascem dos pais, mas devem se tornar CIDADÃOS DO MUNDO. Os pais podem querer o sorriso dos filhos, mas não podem sorrir por eles. Podem desejar e contribuir para a felicidade dos filhos, mas não podem ser felizes por eles. A FELICIDADE CONSISTE EM TER UM IDEAL A BUSCAR E TER A CERTEZA DE ESTAR DANDO PASSOS FIRMES NO CAMINHO DA BUSCA. Os pais não devem seguir os passos dos filhos e nem devem estes descansar no que os pais conquistaram. Devem os filhos seguir de onde os pais chegaram, de seu porto, e, como os navios, partirem para as próprias conquistas e aventurasMas, para isso, precisam ser preparados e amados, na certeza de que: “QUEM AMA, EDUCA”. E, amando, segue sempre o caminho do coração. Para mostrar àqueles que vêm atrás o que de mais importante vivemos neste mundo, do lado de cá - o amor. “Mas como é difícil soltar as amarras.” Alguns, não conseguem soltar-se de seus filhos; outros passam a vida inteira explicando que nasceram com asas, e precisam voltar - e seus pais insistindo em ampliar o ninho, abrindo asas, colocando correias fortes... De algum modo, sempre haveremos de reclamar do modo como nos criaram - e imaginaremos que, perfeitos, criaremos filhos seguros e magníficos. Ledo engano: nascem querendo a educação que nunca ousamos sonhar, brincam com coisas que jamais quisemos. E pensam... diferentes. Nem o nome os satisfaz, apesar de você passar boa parte da vida tentando acertar ao menos nisso.

::::::

Perfume de Tulipa:.
No filme “Perfume de Mulher”, há uma cena inesquecível, em que um personagem cego, vivido por Al Pacino [um homem wonderfull!!!], tira uma moça para dançar e ela responde: “Não posso, porque meu noivo vai chegar em poucos minutos ...” “ Mas em um momento se vive uma vida!” - responde ele, conduzindo-a num passo de tango. E esta pequena cena é o momento mais bonito deste filme. E me lembra sempre que "algumas pessoas vivem correndo atrás do tempo",mas parece que só o alcançam quando morrem enfartados... ou algo assim. Para outros, o tempo demora a passar: ficam ansiosos com o futuro e se esquecem de viver o presente, que é o único tempo que existe. Tempo todo mundo tem, por igual.Ninguém tem mais,nem menos. São exatamente as mesmas 24 horas por dia. A diferença é o que cada um faz do seu tempo. Precisamos saber aproveitar cada momento, porque, como disse John Lennon, “A vida é aquilo que acontece, enquanto fazemos planos para o futuro.” Se eu pudesse dizer o que nunca te direi, tu terias que entender aquilo que nem eu sei!*


-----------------
*Fernando Pessoa.


::::::

Espere o Momento certo:. Sei, A vida. Nunca é do jeito que a gente gostaria que fosse nesse exato momento. Sei, você deve ter defeitos, ser ansioso e irritado. E mentiroso também. Ninguém com gêmeos em ascendência consegue ficar sem lorotas grandiosas pra inventar... Não esqueça de que meu caminho é por campos de girassóis-geminianos. E, principalmente, com esse "monte de auto-ajuda" que está quase me afogando ao ler. E àqueles que - coitados - estão conseguindo ler até aqui. Ainda tem coisa pior: saiba que sua vida é a maior empresa do mundo. E você pode evitar que ela vá a falência. Há muitas pessoas que admiram, torcem e vibram por você - apenas - e talvez - ainda não podem se manifestar. Ou são mudas, não esquente... Gostaria que você sempre se lembrasse de que ser feliz não é ter um céu sem tempestade, caminhos sem acidentes, trabalhos sem fadigas, relacionamentos sem desilusões. Apesar de que, uma dessas coisas ocorrendo em nosso mundo já é motivo de muito sorriso. Ser feliz é encontrar força no perdão, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros. Não é apenas comemorar o sucesso, mas aprender lições nos fracassos. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar o autor da sua própria história. "Páginas da Vida, novamente por aqui. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. E chorar, pela morte... Mas jamais desista de si mesmo: esse seria o último ato. Jamais desista das pessoas que você ama. Jamais desista de ser feliz, pois a vida é um obstáculo imperdível, ainda que se apresentem dezenas de fatores a demonstrarem o contrário. "Pedras no caminho? Guarde todas, um dia construirá um castelo..." Ou terá que fazer uma operação na vesícula ou nos rins, pra retirada das pedras... Não tem problema - lembre-se que não dói, não se faz grandes incisões, e existe coisa bem pior: parir gêmeos, por exemplo. Porque não há anestesia pra dor passar... Talvez algumas pessoas precisem ir, pra empurrarem outras a viverem. A arriscarem-se. Ou apenas a amar, mesmo que recebendo mordidas. No meio deste lodo de auto-ajuda, que me lembra salgadinhos pingo d'ouro, vomitado durante uma viagem de ônibus de 1.200km, eu lembro que hoje o nosso cão, ciumento, lindo e tão gato-peludo, quase foi açoitado. E a mesma pessoa que provocou o clima de inferno, trouxe o céu para ele. Acho que deve ser assim que as pessoas que amam de verdade agem: Beatriz ama o cão-irmão-amor dela; e quando brincam de esconde-esconde, umas vezes ela é cachorra, em outras ela tenta ensiná-lo a ser gente. Como às vezes ele foge, ela puxa pelo rabo, pescoço, ou pêlos do corpo - e leva algumas mordidas. Fortes. Doloridas. Que a fazem chorar, e gritar no instante, pra depois parar rapidamente e entrar na frente - defendendo o cão que mordeu seu rosto mais uma vez. Ela não liga se não tem uma calça que não haja um buraco feito pelos dentinhos camaradas do seu amigo; compartilha todos os brinquedos, inclusive o último urso de pelúcia. Dança com ele pulando ao lado, e gritam à noite, pela casa, fazendo um auê geral. Brigam por pirulitos, e, geralmente, aí é que ela leva a mordida fatal - no rosto, no braço, na bochecha... E logo vem alguém querendo "bater" no cão-tão-dela, porque ele a fez chorar. E ela é que briga pra ninguém gritar com ele - porque ele chora. Ele ouve; ele sente. Não pode fazer mal ao meu amor-cão; ele apenas quer beijar, e esquece que tem dentes... Gibran também dizia que "amor não fere, apenas toca de leve, como a queimadura de um pingo de vela no dedo. Passa tão rápido. O que jamais amortece é o amor. Mesmo que doa, fira, queime - o amor não fenece, apenas faz sorrir. Deve ser por aí; é coisa que eu ainda não aprendi - porque guardo tudo. Cada quadradinho que me fizeram; para um dia contar uma outra história. E dar outro final. Não deveria ser assim, e quem sabe um dia eu também aprenda a brigar por aqueles que me mordem. Hoje, eu ainda compro focinheiras. Ou tranco pra fora da casa. Não se preocupem com o Freddye: Beatriz não deixa ele permanecer longe - porque o choro dele faz cair lágrimas dos olhos dela. E ela chorando, consegue mover o mundo de muita gente. Inclusive o meu.

::::::

Depois de tudo isso, se você ainda não tinha decidido se abria o guarda-chuva ou pulava na lagoa, reconsidere tudo. Nenhuma das alternativas irá te trazer festa ao seu coração - ora, está frio. Ora, nem está chovendo... Sim, isso mesmo: se decida por você, e realize seu sonho, nem que seja pra poder viver aqueles momentos tão bem fotografados que a dita-falecida Nanda teve com o lindo-e-horrível namorado. Sei, a vida não pára - e o amor pede passagem. Eu sempre concedo passagem, porque o que me importa é viver por um tempo sendo Nanda, do que passar uma temporada ousando me fantasiar de Martha, a malvada, e seu marido-fardo encargo... Coisa horrível, se morre por dentro sem-amor-diário.

sábado, agosto 05, 2006


Meu escritor predileto:.

.:O melhor livro que já li - esse ANDREW SEAN GREER, nesse seu romance, consegue tudo: profundo, mágico, envolvente, misterioso, falar de amor e ainda cometer assassinatos. Sem esse autor, nossa literatura internacional seria incompleta - fiquei tão extasiada ao ler tal livro - riqueza de idéias e palavreado digno de alguém muito culto. Um homem lindo. Pena que seja dos EUA e more em San Francisco, e nesse momento deva estar casado e com filhos. Gostaria de poder tê-lo ao meu lado - ad infinitum - falando de amor, flores, amizade e literatura. Mais que deplorável o livro ser editado aqui por quem foi - a distribuição foi péssima. A publicidade então... Eu comprei cinco exemplares - pra dar de presente - logicamente porque a querida editora está sempre com incríveis promoções de livros que não consegue vender. Aqueles geralmente que não configuram na seção de auto-ajuda, a preferida das pessoas-girassóis com lua em capricórnio. Eu abomino auto-ajuda; achei lamentável o tal "menos prozac... " Por que não correr mais adiante, e especular a livraria inteira, pra ter ao lado da cama algo compatível com a vida que queremos para nós? Me recuso a olhar para o futuro com olhos pink, cadeira de vime e livros-de-autoajuda. Acho que por isso decidi que Pelotas é meu destino: perto da Lagoa dos Patos - tudo com P. Me recuso a sonhar se meu amor não ler este livro. "Como o Tide, da novela [o que não fazemos por nossos pais? risos] falou: Casamento é antes de tudo saber que passaremos a vida numa conversa-a-dois. Conversar é essencial. O resto, se arruma. Se você não aguentar sua parceira num silêncio ou numa horda infinita de palavras, não há casamento, apenas arrumação social". Páginas da Vida, sim eu assisto. Leio ANDREW SEAN GREER, e sou sua maior fã. Também ando fazendo trabalho social e procurando um estagiário masculino, pra fazer o trabalho; e eu ficar com o social. Coisas que só Deus e um amor-amarelo conseguem entender...

Ps.: Ele era moreno na capa brasileira, e bonito. Tudo bem: ainda fã literária, pois pessoalmente não combina com meu lado espanhol. Andrew Sean Greer was born in 1970 in Washington, DC, the son of two scientists. He studied writing with Robert Coover and Edmund White at Brown University, where he was the Commencement Speaker at his own graduation in 1992. After years in New York working as a chauffeur, theater tech, television extra and unsuccesful writer, he moved to Missoula, MT, where he received his MFA from the University of Montana. He then moved to Seattle, and two years later to San Francisco. He began to publish in magazines such as Esquire, The Paris Review and Story before releasing a collection of his stories, How It Was for Me. His first novel, The Path of Minor Planets, was published to much acclaim in October of 2001, and his second book, The Confessions of Max Tivoli, came out in February 2004 with FSG. Upon publication, John Updike compared his work to Proust and Nabokov in The New Yorker; in the Netherlands, reviewers have mentioned Kafka and Gogol; a dozen other translations are forthcoming. He lives in San Francisco. His identical twin brother, Michael Greer, is also a writer. Ah, se depender da Editora brasileira, os livros dele vão demorar mais cinco anos para serem traduzidos para cá.

Eu também adorei o Michael Charbon. Além de escritor pra-lá-de-bom, sabe o que é muito bom pra ler: Michael Chabon, com o livro The Amazing Adventures of Kavalier and Clay é um dos melhores da atualidade, porque este livro got me so excited about the pleasures of reading that I started on my next novel with joy instead of dread. I wasn't the only one. That may not be a great answer, but as I said, I suspect most of us picked the things we loved the most. Tradução? Momentaneamente encontra-se mudo e calado, o frio o pegou.

terça-feira, agosto 01, 2006


Um dia, vem:.

Depois de 48 anos separados, a mineira Clélia Magalhães, 72 anos, diz que reencontrou seu primeiro namorado e único e verdadeiro amor. Com ele vieram a paixão pela música, e a vocação externalizada de cantora, tão podada em sua vida. Como ela conta: .:"O Joaquim, Caquim, como é conhecido, me trouxe uma vida nova. Eu com 65 anos e ele com 72. Mas a história é longa. Começou quando eu tinha 14 anos, e ele, 21, e namoramos pela primeira vez. Nós morávamos em Mutum, em Minas Gerais, e depois de um ano terminamos porque ele se mudou para uma cidade vizinha. Ficamos um ano separados, reatamos e em cinco meses estávamos noivos. Mas o amor tinha esfriado. Minha mãe percebeu a tristeza e enviou a ele a aliança de noivado. Caquim nunca mais me procurou. Hoje ele reconhece que deveria ter tentado conversar. Mas naquele tempo a gente era muito tímido. Ele se mudou para Campos dos Goitacazes, Rio de Janeiro, e depois se casou. Eu conheci meu marido e, dez meses depois, também estava casada e morando em Belo Horizonte. Para ser sincera, nunca fui feliz no casamento. Meu marido era muito ciumento e não me deixava cantar, a coisa que mais gosto de fazer. Tive três filhos e fiquei viúva aos 46 anos. Só então conheci a liberdade de levar a vida a meu modo. E não queria ninguém que me privasse disso. Em 1999, uma sobrinha do Caquim, a Celina, que é minha amiga do peito, encontrou com ele. Separado havia pouco tempo, ele estava triste, queria uma companheira e pensava em mim. Com meu consentimento, Celina passou meu telefone para ele. Fiquei emocionadíssima quando recebi a ligação. Quis saber se eu tinha alguém. Disse que não e nem pretendia ter, e ele perguntou se podia ligar sempre. O namoro por telefone durou um mês e meio, mas não dei esperança porque achava vergonhoso namorar na minha idade. Se ele tivesse reaparecido logo que fiquei viúva, não é? Mas aí ele veio me visitar. Estava nervosa, preparei um café da manhã caprichado e, assim que abri a porta, ele me beijou na boca. Foram cinco dias maravilhosos. Meu filho veio conhecê-lo e teve uma ótima impressão dele. Porém eu não tinha coragem de enfrentar uma vida a dois. Ele entendeu meu medo. Conversou tanto comigo que acabou me conquistando. O Caquim ficou um ano nesse vaivém, entre Belo Horizonte e Campos. Agora, tem seis anos que está aqui. O melhor de tudo é nossa afinidade musical. Ele adora tocar MPB no violão, me acompanha e eu canto. Gravamos até um CD de serestas e outras músicas. Vendemos 800 cópias e já estamos preparando o segundo. Somos convidados para cantar em festas e bares. Desde que o Caquim voltou para minha vida, fiquei mais alegre, mais expansiva, virei outra pessoa. Ele tem um temperamento muito bom e a gente tem uma convivência ótima. Dizemos um para o outro que agora estamos conhecendo a felicidade."

::::::

O amor sempre chega, porque Somos, realmente, o amor de alguém, nessa vida. Rubem Alves disse, em algum escrito, que o amor chega devagarinho, como se saudasse uma primavera, que, durante muito tempo, só existiu em nosso pensamento. Os sinais eram inequívocos. Aquelas nuvens baixas, escuras... O vento que sopravadesde a véspera, arrancando das árvores folhas amarelas e vermelhas. Não queriam partir... É, estava chegando o inverno. Deveria nevar. Viria então a tristeza, as árvores peladas, a vida recolhida para funduras mais quentes, os pássaros já ausentes, fugidos para outro clima, e aquele longo sono da natureza, bonito quando cai a primeira nevada, triste com o passar do tempo... Resolvi passear, para dizer adeus às plantas que se preparavam para dormir e fui, assim, andando, encontrando- as silenciosas e conformadas frente ao inevitável, o inverno que se aproximava. Qualquer queixa seria inútil. Foi então que eu me espantei ao ver um arbusto estranho. Se fosse um ser humano certamente o internariam num hospício, pois lhe faltava o senso da realidade, não sabia reconhecer os sinais do tempo. Lá estava ele, ignorando tudo, cheio de botões, alguns deles já abrindo, como se a primavera estivesse chegando. Não resisti, e me aproveitando de que não houvesse ninguém por perto, comecei a conversar com ele, e lhe perguntei se não percebia que o inverno estava chegando, que os seus botões seriam queimados pela neve naquela mesma tarde. Argumentei sobre a inutilidade daquilo tudo, um gesto tão fraco que não faria diferença alguma. Dentro em breve tudo estaria morto... Mas o que ele adiante viu, é que Quando é para ficar, não há nada que o retire do lugar. Portanto, sei... o desespero de estar a um pé de se afogar no marasmo das lágrimas... da dor... da inutilidade do encontro... Um pé ainda permanece ali, à espreita. Com um pé, pessoas escreveram livros, e transformaram enredos em filmes gloriosos. Um pé é muito: lembre-se disso quando bater novamente a tempestade. Um pé pode te levar adiante, mesmo que sua face esteja imersa em água escorrida. Ademais, minha avó dizia que, de ponta-cabeça, pensamos melhor, porque o cérebro se irriga mais facilmente... sei lá seus motivos, o que sei é que, invariavelmente, eu fui uma criatura-de-infância que vivia pendurada de cabeça-pra-baixo. Dando piruetas, tentando plantar bananeiras. E aí a gente cresce, e esquece o quanto era bom aquela posição - sim, minha vó tinha razão: depois de ficar de cabeça-pra-baixo, eu voltava tão doce e querida para casa... Aí vem Beatriz, e num piscar de olhos, dá uma pirueta, ao som daquela música "uma pirueta, duas piruetas, bravo!". Sim, meu coração parou: não lembro mais o sabor disso, tudo o que me vem racionalmente a mente é que ela fez isso no chão de madeira, a cabeça podia se partir - há tantas histórias-lendas, e a coluna se quebrar (será que isso ocorre mesmo?)... É, a gente cresce e esquece o sabor de ficar fazendo arte; e imagina que a felicidade está "em meros balões". Largue-os: um mês em sua casa, e garanto que Beatriz te lembrará que "tudo na vida tem conserto, menos nós, que na infância fizemos-de-tudo". Porque invariavelmente, o destino nos prega uma peça, e nos revela um botão-da-mesma-cor que nós, com o mesmo ar-de-estrela, a mesma fantasia em salvar os cães da rua, em proteger todos os meninos que passam frio... Minha sorte é que, quando certa chupeta caiu, ela foi para três - ou seja, a responsabilidade é de três. Em setembro, a primavera virá, e ela te ensina a subir e dar piruetas em solo-de-madeira sem se machucar, nem fazer ai depois.

Algumas vezes:.

.:Certas pessoas são desprovidas de asas; por isso anseiam tanto por voar. Entendes o que quero dizer, my little mad? O fato é que possivelmente, pelo não poder atingir as alturas, passam a vida querendo algo que lhes forneça a sensação de viver a cinco pés da terra. Balões, em vez de borboletas, é o que alimentam essas criaturas. Mas os balões podem sempre ser comprados, seduzidos, roubados, angariados em qualquer lugar do mundo... o que não acontece com o resto, principalmente com aquilo que espera quando um dos balões fura ou se evapora no ar. Sim, precisa-se de terra, solo-seguro, pra sustentar tais criaturas-sem-asas. Portanto, digamos que num insight entre o cappucino e o caso de outra-garrafada, na impotência de poder fazer algo pelo líqüido já derramado, deixe que os balões lhe sustentem sempre até o limite de 5 palmos de altura; e depois, mesmo dolorosamente, espete-os. .:Sim, temos que matar certos balões que anseiam em levar para longe as criaturas-que-não-tem-asas, porque "eles não tem terra", vivem no ar. Isso é horrível demais - viver em um só ambiente para sempre - até mesmo sustentada pelos balões. Portanto, ache uma agulha, esquente-a sob fogo fortíssimo, e, como nas outras vezes, espere o momento certo para dizer adeus. Genericamente, e em sentido "lato sensu", se passar dos cinco palmos, a morte não será dos balões. Mas da criatura-sem-asas. Seria em legítima defesa da vida de uma desolada alada, que ainda não percebeu que, sem balões, consegue ir mais longe... Enquanto o instante não lhe desvenda, saiba esperar, calmamente, no ambiente seguro sob seus pés, o momento do vôo. Antes, está proibida. Morte certa, predestinada. E mais: avisada.