domingo, junho 03, 2012


Não sei te perdoar...

Terminei de assistir O LEITOR. Bonito, o filme. Guardar sentimentos, é uma coisa dolorida. Acho que a história poderia terminar com um pequeno texto do Caio Fernando Abreu: "Então não a ama mais? perguntaria a Julia. E Michael abaixaria sua cabeça, e olhando para o túmulo da Hannah diria: - Amo. Só guardei isso num cofre. E tranquei. E esqueci a senha. Não porque quis. Foi preciso." Tem tantas histórias que tem esse filme: arquivamos, porque "era preciso". Mas sentimentos tem poder: sem eles, nossa vida segue em frente, com um imenso buraco exigente dentro de nós.

RELEITURA.

Hoje quero escrever qualquer coisa tão iluminada e otimista que, logo depois de ler, você sinta como uma descarga de adrenalina por todo o corpo, uma urgência inadiável de ser feliz. Ser feliz agora, já, imediatamente. E saia correndo para dar aquele telefonema, marcar um encontro, armar um jantar, quem sabe um beijo; para comprar aquela passagem de avião, embarcar hoje mesmo para Nova York, Paris, Hononulu. Tão revigorado e seguro – depois de me ler – que nada, absolutamente nada, dará errado: ela (ou ele) atenderá com prazer (em todos os sentidos) ao seu chamado, haverá saldo no banco para a passagem e muitos dólares. Tudo se organizará rápida e meio magicamente, como se todos os astros e todos os deuses só esperassem por um momento seu para derramar sobre sua cabeça, digamos, uma cornucópia de bem-venturanças." Caio Fernando Abreu