domingo, julho 31, 2005


SeferLove:.

amore maiuscullo

Aqui se conta, aqui se narra. Mais uma história, transcrita dos livros de Amor de Palova, e como todas ali, não requer e nem depende de crédito, crê quem quer. Sussurra-se pelos vãos das letras, suavemente, respeito para com seu teor, pois todas são folhas cheias de sentimentos.

Parto do começo. Resolvo cortar algumas partes, afinal ali coisas que não tem pé, nem possui cabeça, é de uma ilógica ululante, pelo menos para mim, fria e racional. Onde mais dois palitos de fósforos que estavam transbordando numa caixa imensa, de repente se olham, e se amam, assim, do nada, sem tempo e sem enganos? Magia? Era tudo o que podia ser. Para ela, donzela sonhadora, parece que viveu o sempre-depois, e o nunca-exercido, de olhares que se cruzaram, dizendo e adivinhando um tudo que não precisou de constatação para ser vivido - apenas para morrer em si. Porque há sempre uma perda em cada encontro. Deslumbrada, encontrou o que queria, e de repente ficou melancólica inexplicavelmente, porque o encontro veio carregado de experiências e desencontros anteriores. E perto desse alguém que demorou tanto tempo buscando, de repente sentiu-se muda, não conseguindo expressar o que lhe vinha na alma. Perda, porque de repente houve um corte, e a não-realização de tantos afetos! A idéia do amanhã, cheio de interrogações. O sonho do supermercado, as mãos dadas em passeios pela cidade... De tudo o que ficou foi uma saudade antecipada. Quando aqueles que amamos - mesmo que por um momento, parte, tudo o que nos resta é o brilho de seus olhos. Para além da memória, é a única recordação que retenho. Loucura: se esse sentimento não engolir a dita moça inteira, creio que um dia as garras em torno de seu pescoço sejam abrandadas. Mas é preciso que alguma coisa, alguém a ajude a se livrar de tal fulgor. Se pudesse, lhe diria que "deveria forçar o caminho para sua vida, à procura de recuperar o seu". Nesse encontro, há de um lado, um homem. Moreno, ou quem sabe na verdade, mascarado, e por baixo de tantas camadas, ali se esconda um lez traquinas. Chama a atenção não pela beleza, pois esta é quase inexpressiva, mas pelas qualidades que lhe afloram logo que se coloca a falar. Calmo, ponderado, solícito, afável. Inteligente. Arrebatador. Sossegado, amante de chuva e devoto de São Francisco de Assis. Leitor contumaz de Monteiro Lobato, cheio de palavras de amor, de dedicação, proteção e compromisso. De paragens longínquas, perdido por ali. A moça: um ser humano como sempre desejara ser, pois nunca quis só "estar". Vulnerável, complicada, amorosa. Cheia de erros, falhas, fobias e muitas manias, apreciadora de laços e afetos. Perspicaz, muitas vezes muito sincera e verdadeira, desse modo atingindo e machucando muitos do que amava. Certamente, muitas vezes sem razão. Dois seres que, pela semelhança, se incendiaram; e pela crueldade, um sentimento foi pisoteado. Dos dias açucarados, como todo começo de conquista, passaram-se há semanas prostrados e fatigados por intermináveis conversas sobre eles. Cada um conhecendo melhor o outro, numa leva de chuva e sol, onde prometiam tenazmente proteger o sentimento que neles já habitava. A mocinha da história lembrava de cada uma de suas vãs e afoitas promessas: "Nunca mais sairei sem você, meu amor". Ou ainda: "Eu te amo, acredite". À noite, revivia cada palavra, e ainda não entendia de que era feito esse tipo de amor-estilo-homem-yakult, que se vai com um vento, e volta mascarado, pra lhe assustar em noites chuvosas. Talvez tenha sido a falta do iogurte na geladeira que fez o romance esvair-se pelo ralo de um aeroporto. Suas batalhas moralizantes, travadas em silêncio, durante trajeto de carro, seus olhares de condenação tão fechados como as grades dessa paixão, são vestígios que nunca mais irão se perder da mente dessa bela donzela. A distância dele cava ainda sulcos profundos dentro dela, e pela madrugada, dá-se conta que seus principais galhos foram cortados brutalmente. Agora, só lhe resta, a partir das cicatrizes, lançar galhos novos, alçar o melhor que puder, florescer até. Mas parar de olhar para trás.

Numa tarde de chuva, muito frio e nuvens trouxeram lágrimas a seus olhos. Decidiu colocar para fora o que guardava há tempo em seu baú de mágoas. Para que fossem verdadeiras as linhas de uma história ainda marcante, bateu em si como quem bate a uma porta, num modo desconcertante de dizer que era necessário silêncio para contar o que ficou entalado, sempre em busca de uma resposta que jamais adveio. E de uma realidade sincera. Da mesma maneira como foi ferida, num local de onde ainda brotavam inflamações dolorosas, reconheceu junto todos os seus pequenos dramas humanos, que poderiam ser contabilizados em infindáveis cadernos. Nos seus afetos houve muitos momentos hilariantes, e não duvidem de lágrimas em demasia também. Porém, nesta insólita vez, quando pensou que haveria uma celebração, houve sim uma rata, fiasco nefasto. Quando imaginou um encontro, foi solidão o que encontrou. E quando, no auge de seu desespero, pediu um abraço e uma segunda chance, foi punida e segregada. Se essa história-de-dois houve momentos bons, foi porque muito do que se realizou foi além de todas as expectativas. Quem sabe por isso ainda doa tanto comentar sobre o ocorrido? O que espera, a moça, ao colocar no papel essa sua história de Amor? Que a tempestade se acalme, e surja diante de si uma memória de esperança, amor e lealdade - Neshama

Ele, perfeito cavalheiro: abria a porta do carro, ligava sem marcar horário - sabia sempre ser uma grata surpresa, tendo as palavras certas nas horas exatas. O bom humor contagiante era alguém que estava apaixonado, ou pelo menos encenava isso. Mais poderoso do que o pensamento de proteger-se que a linda moça carregava dentro de si, foi o sentimento arrebatador, que permitiu deixar-lhe a guarda aberta. Foi a Ele que se entregou como nunca havia feito: sem pés atrás, sem mentiras, inteiramente. Quando o final chegou, por telefone e sem qualquer emoção em sua voz, ela deixou-se caminhar ao vento, carregando todo o amor que cultivara como um filho de seu próprio interior. Filho nascido do riso e agora da mágoa, da cólera e da ternura, de tantos medos e muitos sonhos. Pedia a Deus que a ajudasse a renunciar a isso: a toda essa emoção que transbordava dentro dela, possuindo seus recônditos mais íntimos, criando raízes profundas em seus pensamentos e não lhe deixando nem paz para seguir com seu espírito. Que lhe desatasse os nós, lhe extinguisse parte de si, para que dentro pudesse abrir uma porta e fazer sair aquilo que jazia ali, enorme e crescente. Em todas as palavras daquele homem, ela acreditou. Poderia uma máscara ser mais do que uma metáfora, um adorno verdadeiro? Quantos eus deste homem, que dormira abraçado a ela, não conhecera? A sua sombra e a sua luz seriam seus maiores paradoxos - e talvez para sempre ensimesmados em si próprio. Certa vez prometeram-se jamais usar máscaras. Não haveria mentiras entre os dois. E todo mal entendido seria consertado, instantaneamente. Mas qual o quê, o que acabou acontecendo terminou por deixar a moça na escuridão, não reconhecendo aquele por quem se apaixonou de sofreguidão. Temia por bater em sua porta interior, e ali encontrar a resposta de que sim, ela poderia ter criado um fim para esse destino. Um final diferente. Como? Era o que por várias noites se perguntava, balançando-se de trás para frente, como se nessa posição conseguisse buscar consolo na graça do seu próprio movimento, ante o desamparo e a solidão que lhe acolhia. Seria possível que o objetivo de uma conquista fosse surgir na vida de alguém, e inesperadamente, no espaço de um único momento, fechar a chave todas as portas de retorno? Entre eles existira rara sensibilidade, gosto refinado e ao mesmo tempo simples e real. Simetrias e coincidências: amavam tanta coisa em conjunto, queriam a mesma reta para o fim. Para ela não havia acasos nem coincidências: tudo tinha um significado. Justo ela, sempre com medo de dar o primeiro passo, sempre tão temerosa, como se o mundo fosse uma escada íngreme e a qualquer momento pudesse despencar das alturas, ousou e perdeu. Sem poder decifrar o que havia feito de errado. A culpa poderia cair nessa vida, feita de padrões definidos e perceptíveis: quem sabe ela não fosse magra o suficiente, inteligente o bastante, rica como exigia, culta como ele queria? Tantas questões sem resposta, e não porque não tivesse perguntas - o que não houve foi retorno. O que ficou foram muitas veredas, que não a levavam a parte alguma, portas que se abriam para abismos, portões fechados a cadeado. Sua parte recuada se deu conta que não havia mais esperança. Aquele homem fora uma ilusão, e disso não adiantava fugir. O que tinha a fazer era consolar-se, e distanciar-se, para poder esquecer. A resposta do desaparecimento surgia: ela tinha que esquecer e apagar qualquer vestígio de sentimento, pra poder recomeçar. Talvez o grande problema tenha sido sua carência, que na época da chegada dele estava no auge.

Linha após linha, fato após fato - ligou todas as pistas entre si - as que ele deixava entrelinhas e aquelas que conhecia, e resolveu enfrentar a verdade, até formar um verso facilmente inteligível: " Caia fora, não te quero" foi o que ela viu nos seus atos e palavras. Foi fácil de entender, tão díficil e dolorido de aceitar. Pelo menos agora estava no papel. Doeu, sofreu, chorou, mas ela obteve uma resposta. E sabia, através de um sonho, que as promessas que ele quebrara, por vaidade, traição ou mero desinteresse, haveriam de constituir a cola que ainda selaria suas vidas, mais tarde. Era um sacrifício ficar longe dele, mas optou por renunciar ao pouco que agora ele lhe dispunha, a ter que se contentar com um nada falso. Aprendera que os atos são muito mais importantes do que todas as palavras reunidas, e não haveria coleção de dicionários suficiente que se comparasse a delicadeza de um gesto sincero, de um homem que sabia começar e terminar relações que envolviam sentimentos. Nada, nem pactos secretos, nem orações sussurradas ao relento, eram algo perto de atenção e carinho para com o coração do outro. Quem um dia sofreu por amor sabe o quanto dói ser deixada na estrada, sem saber qual destino ir, e onde o ônibus irá chegar. Não há como destacar ou escrutinar os momentos: falar dos beijos, abraços, sorrisos e mãos juntas seria redundante. Todo casal que já se amou passa por isso. Por mais que ela pense que percebera a verdadeira forma do acontecimento, e tivesse dentro de si a lição deste acontecimento na sua vida, ainda não conseguia engoli-lo. Ele estava ali, em brasas, queimando-a por dentro. Com o tempo, haveria uma maneira de rasgar as roupagens que revestiam os momentos, e quem sabe, revelar-se-iam novas camadas interiores? Não, não havia esperanças, apenas procurava se lembrar dele como uma safira de amor, lançada em seu mundo, por algum Deus Desatinado. Ou quem sabe Abençoado, pois foi nos seus braços que conheceu a graça de dormir em paz.

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DestinoA história continua: no livro de amor de Palova prossegue ditando palavras mais fortes, e muitas vezes destila veneno. Achei prudente uma parada, pois as páginas me empurravam vertiginosamente, como uma corrente, para frente, sem meditar nas conseqüências. Tal como uma cigana, contra o Oceano eu não luto. Apenas me entrego. Porque o que é meu as ondas trazem a meus pés; porque a falta que um certo e inexplicável amor faz, nenhum demônio, mesmo judaico, supera.

Lisboa e os Judeus:.

Encontrei este livro pairando entre muitos que resolvo, de momento, adquirir em sebos, e depois deixo-os de lado, reservados para "algum dia eu ler". Richard Zimler, O último cabalista de Lisboa, me conquistou. Tanto que até dezembro adquiro seu "Trevas da Luz. Muito bom mesmo. E caiu do céu: o tema judaísmo, Portugal e direitos comunitários me fascinam e estão no auge nesse momento, pelo meu caminho. Entremeia a trama de um assassinato contando muita coisa sobre o "massacre de Lisboa", ocorrido em 1.506. Isso é muito desconhecido pelos portugueses que estão há anos morando no Brasil: jamais vi alguém comentar dessa noite. Como acontece com todas as coisas que mudam inesperadamente o rumo de nossa vida, tinha que ser num dia 19.

No "pogrom"* de Lisboa de 19 de Abril de 1506, durante o reinado do Rei Manuel I de Portugal, um "cristão-novo" (judeu obrigado a converter-se ao catolicismo sob pena de morte) expressa as suas dúvidas sobre as visões milagrosas na Igreja de S. Domingos em Lisboa. Como consequência, cerca de 4000 judeus, homens, mulheres e crianças, foram massacrados pela população católica, incitados por monges dominicanos. Os judeus foram acusados entre outros "males", de deicídio e de serem a causa da profunda seca que assolava o país. A matança durou três dias. No seguimento deste massacre, do clima de crescente Anti-Semitismo em Portugal e do estabelecimento da Inquisição, (o tribunal da Inquisição entrou em funcionamento em 1540 e perdurou até 1821) muitas famílias judaicas fugiram do país. No Rossio, o chão ficou "tapado com montanhas de corpos mutilados".

O desafio depois disso é bem mais profundo: olharmo-nos de frente e encararmos finalmente o que somos, como fomos, em todas as nossas máscaras. Na multiplicidade histórica e mítica ainda por preencher e entender. Não há Idade de Ouro que não tenha reversos feridos. Mas tapar as feridas e ocultar o incomodo não é, nem pode ser próprio de uma cultura que fez da saudade um santuário de remissões vagas e místicas. Que o sonho e a lenda não sirvam para encobrir a dor. Encobrir não é viver; é mitificar e calar. Enquanto que no caso do Islão, ao longo do século XV - nas Ordenações Afonsinas estão prescritas as últimas instruções conhecidas a observar nas mourarias - , houve uma assimilação natural progressiva e sem "noites de cristal", já com o judaísmo houve um conhecido fim brutal de tipo nazi que a história oficial portuguesa sempre ofuscou e silenciou (de um modo abrupto, antes do 25 de Abril, e, de um modo baço, mas talvez mais hipócrita, hoje em dia).

Portugal adora vaguear sobre uma memória estriadamente obliterada. E foi sobre essa rugosidade que edificou, ao longo de séculos, mil e uma máscaras que não se reconhecem hoje com parte do corpo que é, afinal, o seu. Em 2004, se celebraram 350 anos "sobre a chegada dos primeiros emigrantes judeus à colónia holandesa de Nova Amsterdão, na ilha de Manhattan (atual Nova Iorque)". Tratou-se, na altura, de um contingente de 23 emigrantes judeus fugidos à Inquisição do Recife, no Brasil. De fato, um certo mutismo português adora esquecer os labirintos judaicos de Amsterdã, de Antuérpia, de Istambul ou do Recife que, afinal, lhe saíram da sua própria carne. Por que razão será muda a história oficial portuguesa acerca da implosão judaica de finais de século XV e inícios do século XVI? Independentemente de tal mudez, a verdade é que não há português que não traga consigo um pouco de Israel e, no entanto, parece disfarçá-lo com uma leviana saudade da escuridão, com uma timidez pessoana e quase mitológica, com uma ignorância tétrica e, às vezes, com uma apaixonada tentação pela erradicação memorial (tantas vezes pressionada pelos fluxos ideológicos de conjuntura).

Dito por Luis Carmelo: "É como se, na frente de um Portugal marmóreo e cristalizado, apenas ficasse o mar e as suas lendas a sós, apenas ficasse a imagem passada de um século de ouro, apenas ficasse a euforia das Europálias, das Expos, das Décimas sétimas, das N Capitais da cultura e das várias Exposições do mundo português. É como se, em todas estas cenografias da exaltação lusa, nada sobrasse do vestígio da alma judaica arrancada à nossa própria alma. Que auto-imagem celebrará tal amputação, ou tal compaixão desprovida de rosto?"

*A palavra de origem russa Pogrom ("??????") denomina um ataque violento massivo a pessoas, com a destruição simultânea do seu ambiente (casas, negócios, centros religiosos). Historicamente, o termo tem sido usado para denominar atos massivos de violência, espontânea ou premeditada, contra Judeus e outras minorias étnicas da Europa.

enchendo linguiça:.

Li hoje no Jornal "A folha de SP" - o jornal intelectualóide, uma mistura de gente que imagina saber de tudo, com pessoas que não entendem de nada mas enchem de abobrinha páginas inteiras, que ouvir o último cd do Los Hermanos é como ouvir o silêncio. Bem, como gosto do grupo, e o que mais quero nesses momentos de agora é silêncio e paz, acho que vou até a banca do Tio Camelôt, ver se chegou tal "preciosidade": a voz do silêncio. Mas a música que toca por aqui, é essa - é como chamar sua alma gemea do além.

(...)Em algum lugar
Permaneço em ti
Como sempre foi
Mais perfeito e mais fiel
Mesmo sozinho sei que estás perto de mim
Quando triste olho pro céu
Quando eu te vi
o sonho aconteceu
Quando eu te vi
meu mundo amanheceu

Pra concluir com mais doses de credibilidade espírita, ou psicologica, há algumas doenças que dizem que surgem através de sintomas psicologicos. Eu acredito nessa teoria, e no momento, sou portadora de: AMIGDALITE: Emoções reprimidas, criatividade sufocada. COLESTEROL: Medo de aceitar a alegria. (se bem que tomei remédio...)DOR DE CABEÇA: Autocrítica, falta de autovalorização. SINUSITE: Irritação com pessoa próxima.

sexta-feira, julho 29, 2005


não me pergunto:.

Meu amor, o que você faria?
Aí está ele, o mar, o mais ininteligível das existências não humanas. E aqui está a mulher, de pé na praia, o mais ininteligível dos seres vivos. Como o ser humano fez um dia uma pergunta sobre si mesmo, tornou-se o mais ininteligível dos seres vivos. Ela e o mar. Só poderia haver um encontro de seus mistérios se um se entregasse ao outro: a entrega de dois mundos incognoscíveis feita com a confiança com que se entregariam duas compreensões. Ela olha o mar, é o que se pode fazer. Ele só lhe é delimitado pela linha do horizonte, isto é, pela sua incapacidade humana de ver a curvatura da terra. (...) A mulher hesita porque vai entrar. Seu corpo se consola com sua própria exigüidade em relação a vastidão do mar porque é a exigüidade do corpo que o permite manter-se quente e é essa exigüidade que a torna livre gente, com sua parte de liberdade de cão nas areias. Esse corpo entrará no ilimitado frio que sem raiva ruge no silêncio das seis horas. A mulher não está sabendo: mas está cumprindo uma coragem. Com a praia vazia nessa hora da manhã, ela não tem o exemplo de outros humanos que transformam a entrada no mar em simples jogo leviano de viver. Ela está sozinha. O mar salgado não é sozinho porque é salgado e grande, e isso é uma realização. Nessa hora ela se conhece menos ainda do que conhece o mar. Sua coragem é a de , não se conhecendo, no entanto prosseguir. É fatal não se conhecer, e não se conhecer exige coragem.

Vai entrando. A água salgada é de um frio que lhe arrepia em ritual as pernas. Mas uma alegria fatal - a alegria é uma fatalidade - já a tomou, embora nem lhe ocorresse sorrir. Pelo contrário, está muito séria. O cheiro é de uma maresia tonteante que a desperta de seus mais adormecidos sonos seculares. E agora ela está alerta, mesmo sem pensar, como um caçador está alerta, mesmo sem pensar. A mulher é agora uma compacta e uma leve e uma aguda - e abre caminho na gelidez que, líquida, se opõe a ela, e, no entanto, a deixa entrar, como no amor em que a oposição pode ser um pedido. O caminho lento aumenta a coragem secreta. E de repente ela se deixa cobrir pela primeira onda. O sal, o iodo, tudo líquido, deixam-na por uns instantes cega, toda escorrendo - espantada de pé, fertilizada. Agora o frio se transformou em frígido. Avançando, ela sobre o mar pelo meio. Já não precisa da coragem, agora já é antiga no ritual. Abaixa a cabeça dentro do brilho do mar e retira uma cabeleira que sai escorrendo toda sobre os olhos salgados que ardem. Brinca com a mão na água, pausada, os cabelos ao sol quase imediatamente já estão endurecendo de sal. Com a concha das mãos faz o que sempre fez no mar, e com altivez dos que nunca darão explicação nem a eles mesmos: com a concha das mãos cheia de água, bebe em goles grandes, bons.

E era isso o que estava lhe faltando: o mar por dentro como o líquido espesso de um homem. Agora está toda igual a si mesma. A garganta alimentada se constringe com o sal, os olhos avermelham-se pelo sal secado pelo sol, as ondas suaves lhe batem e voltam pois ela é um anteparo compacto. Mergulha de novo, de novo bebe mais água, agora sem sofreguidão, pois não precisa mais. Ela é a amante que sabe que terá tudo de novo. O sol se abre mais e arrepia-a ao secá-la, ela mergulha de novo: está cada vez menos sôfrega e menos aguda. Agora sabe o que quer. Quer ficar de pé parada no mar. Assim fica, pois. Como contra os costados de um navio, a água bate, volta, bate. A mulher não recebe transmissões. Não precisa de comunicação. Depois caminha dentro da água de volta à praia. Não está caminhando sobre as águas - ah, nunca faria isso depois que há milênios já andaram sobre as águas - mas ninguém lhe tira isso: caminhar dentro das águas. Às vezes o mar lhe impõe resistência puxando-a com força para trás, mas então a proa da mulher avança um pouco mais dura e áspera.

E agora pisa na areia. Sabe que está brilhando de água, e sal e sol. Mesmo que o esqueça daqui a uns minutos, nunca poderá perder tudo isso. E sabe de algum modo obscuro que seus cabelos escorridos são de náufrago. Porque sabe - sabe que fez um perigo. Um perigo tão antigo quanto o ser humano.



As águas de Março, Clarice Lispector. In: Felicidade Clandestina.

terça-feira, julho 26, 2005


Pra eu ler em casa:.

Quando chegar em casa, termino de ler. Agora sair correndo - essa coisa de abelha-picada e reação alérgica é fato comum na minha família. Deve correr em nossas veias sangue real, pra tal fenômemo ser tão comum.

Normalmente após a picada o indivíduo sente dor e o local fica vermelho e inchado. A aplicação de gelo no local e a limpeza com uma solução anti-séptica são suficientes para melhorar os sintomas. Entretanto, existem pessoas que desenvolvem graves reações alérgicas que vão desde uma reação local de maior intensidade, por exemplo, acometendo todo o braço ou uma grande área do corpo, até graves reações generalizadas e choque anafilático. A mais grave reação a picada de insetos é a anafilaxia. Essa é uma reação que necessita atendimento médico de emergência e, eventualmente, pode levar à morte do paciente se o tratamento for retardado. os sintomas dessa reação, que ocorre poucos minutos após a picada, são: Urticária, coceira no corpo e inchaço em várias partes do corpo, além do local da picada. Aperto no peito e dificuldade em respirar, Voz rouca ou língua inchada e sensação de garganta fechada, Tontura ou sensação de desmaio, perda da consciência ou colapso. As abelhas deixam o ferrão após a picada, ele deve ser removido imediatamente. Tenha cuidado em não apertar o corpo da abelha quando retirar o inseto, pois pode ocorrer a injeção de mais veneno.

A gente usa a tal da aliança, que deve ser de pessoa bem-casada, senão ferra com o relacionamento da pessoa que foi ferrada. O meu irmão tem essas reações alérgicas a abelhas extremas: foi assistir uma vez um jogo de futebol e pimba: terminou no hospital. Havia um enxame ali por perto. Isso é coisa de vascaíno em terreno Atleticano, quando não toma de 7, leva ferrão. Mas hoje foi com minha filhinha, e ela é flamenguista - a gente labuta, passa mal, mas temos a maior torcida brasileira. Pro que der e vier, sobrevivemos.

Festa de São Cosme & Damião:.

Esses eram gêmeos que foram martirizados no dia 27 de setembro de 287, na Egéia, Cíclica, Ásia Menor, durante a perseguição do imperador Diocleciano. Foram canonizados pela Igreja Católica e hoje são patronos dos cirurgiões. No Brasil, são defensores da fome, das doenças do sexo e dos partos duplos. No Candomblé os santos Cosme e Damião são sincretizados com Ibeji (Vungi). No dia que lhes é consagrado, 27 de setembro, recebem homenagens promovidas por pagadores de promessa, que deve estender-se por 7 anos. Alguns devotos fazem a festa de mesa, quando 7 crianças (ou outro múltipo de 7), sentam-se em uma mesa com bolo, doces e refrigerantes. No RJ, as ruas enchem-se de crianças em correria à procura de brinquedos e saquinhos de doces, decorados com as figuras dos santos, ofertados por devotos. Nos saquinhos, encontram-se diferentes tipos de doces: cocada, pé-de-moleque, maria-mole, doce-de-leite, balas. Os devotos também costumam destinar alguns doces e refrigerantes para serem colocados em frente às suas imagens num altar, onde também são acesas velas. Na Bahia, Dois-dois é o nome que o povo dá aos santos. Tão populares como São João, ou Santo Antônio, os dois santos têm a sua festa comemorada sobretudo com um grande almoço, o caruru dos santos.

Que conta a história sobre os dois santos? Que são de origem árabe e se fizeram médicos, com grande prática de caridade, a tal ponto que se tornaram inimigos do dinheiro (anargyros). O pró-cônsul Lysias os perseguiu e lhes inflingiu terríveis torturas, sem maiores resultados, até que foram degolados, isso no ano de 287, sendo Diocleciano imperador romano. Que poder extraordinário têm estes dois santos na alma popular baiana para se impôr assim com tanta fé e com tanto entusiasmo? É que ambas as raças, a branca e a negra, trouxeram de cada lado a devoção que aqui encontrou um campo fácil de disseminação. Diz Artur Ramos: "Em vários pontos da Europa, o culto dos gêmeos Cosme e Damião vem de longínquas eras. Nas antigas vilas da Itália, no século XVII, o seu culto tinha evidente signficação fálica. As mulheres esteréis chamavam por Cosme e Damião, que possuíam aliás outros poderes curativos. Havia em várias igrejas, por volta de 1780, larga distribuição, em garrafinhas, de um "óleo santo" de São Cosme e São Damião, que tinha virtudes médicas. Aqueles que se queixavam de algum mal descobriam diante do altar dos santos a parte doente, enquanto uma sacerdotisa fazia friccções com o "óleo santo", pronunciando esta oração: "Per intercessionem beati Cosmi, liberet te ab omni malo. Amen". Nos templos antigos praticava-se a incubação: as pessoas doentes dormiam nos templos consagrados aos santos para obterem a cura de seus males. Tal foi o caso de Cosme e Damião.

No seu dia manda-se rezar a missa, numa igreja de sua preferência, em louvor dos santos. Para isso foi que se pediu esmola, de porta em porta, para se rezar a missa e para a festa. Logo depois, é toda uma azáfama na cozinha e no quarto dos santos. Com as flores mais belas se prepara o santuário; com os requintes mais sutis as comidas da inigualável cozinha baiana. Desde a véspera, os tenros quiabos, bem lavados e enxutos, os camarões secos, o puro azeite, as pimentas e tantos outros temperos entram em função para que saia dali o mais saboroso caruru. Porque se no almoço surgirem o vatapá, o efó, o xinxim de galinha, a frigideira de camarão, o siri mole, não se poderá chamar festa dos santos mabaças, se falta o caruru, com seu acompanhamento indispensável que é o arroz de haussá ou o acaçá. Daí a festa ter também o nome de caruru de São Cosme.

Último dia:.

Se só te restasse um dia...
Se o mundo fosse acabar...
Me diz:O que você faria?

Corria pra um shopping center, ou para uma academia,
Pra se esquecer que não dá tempo...
Pro tempo que já se perdia?
Andava pelado na chuva...
Corria no meio da rua...
Entrava de roupa no mar ou
Trepava sem camisinha?
Abria a porta do Hospício?
Trancava a da delegacia?
Dinamitava o seu carro ou
Parava o tráfego e ria?

Se só lhe restasse um dia,
Me diz: o que você faria?
Lenine

Porque se minha vida tivesse de acabar aqui, não sei que sentido poderia ter.

A Irmandade da Boa Morte

Nascida nas senzalas há cerca de 150 anos, a Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte tinha o intuito de alforriar negros ou dar-lhes fuga encaminhando-os para o Quilombo do Malaquias, em Terra Vermelha, zona rural da cidade de Cachoeira. Com a abolição da escravidão, as irmãs aproximaram-se da Igreja, surgindo assim a Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte. A historiografia dessas notáveis mulheres cachoeiranas continua a desafiar a inteligência de jovens pesquisadores. Seus rituais secretos ligados ao culto dos orixás também estão a requerer leitura etnográfica que respeite, naturalmente, os limites à manutenção dos segredos, tão importantes na manutenção dessa vertente religiosa. O que tem ressaltado é o aspecto externo do culto referido quase todo ao simbolismo católico e a sua apropriação afro-brasileira. Durante o começo do mês de agosto, uma longa programação pública atrai a Cachoeira gente de todos os lugares, no que se considera o mais representativo documento vivo da religiosidade brasileira, barroca, íbero-africana.

Há mais ou menos 230 anos esta festa acontece em agosto, mês que as integrantes da Irmandade dedicam-se totalmente à Maria, mãe de Jesus. Em geral todas ficam na sede e, mesmo as casadas, não podem manter contatos sexuais com seus maridos durante todo o mês de agosto. A festa representa a morte, a sentinela, o enterro e a assunção de Nossa Senhora aos céus. São inegáveis os sinais islâmicos da religiosidade da Irmandade da Boa Morte. A começar pela burca (bioco). No Oriente, celebrava-se a Dormição ou Assunção de Maria desde o fim do século 2. Ou seja, o ícone da “dormição” de Maria é ortodoxo. Para alguns, a devoção iniciou-se em Salvador, no começo do século 19, por negras jejes, para louvar Nossa Senhora da Boa Morte e da Glória, levantar fundos para comprar cartas de alforria para os negros, proteger e encaminhar negros fugitivos. Os sinais de alguma origem/ligação francesa da Irmandade, podem ser encontrados no bordado richelieu da bata branca e na saia plissada que, segundo as Irmãs, é a roupa original delas. A data de 15 de agosto, que fica no período das festividades, foi definida pelo rei Luís XIII (1601-1643) como o dia da Festa Nacional da França, país consagrado à Nossa Senhora, quando o rei fez um apelo para que naquela data, em cada paróquia, fosse realizada uma procissão em memória de Nossa Senhora.

Há coisas que não pesco:.

"A duração da paixão é diretamente proporcional à resistência original da mulher". Balzac teve essa iluminação, e eu até agora não consegui descolar o peixe da linha. Depois dessa, vem mais escuridão: "Como é que a gente se apaixona? Numa topada, num tropeço, desequilíbrio ou traçado mágico do destino? Ser feliz é para se conseguir o que? Depois de ser feliz, o que acontece?" Se a mulher é frágil, seria a paixão breve, e o amor eterno? Amor e paixão conjugam-se a dois? "tudo o que mais se quer não se tem, e o que se tem fazemos pouco e descuidamos dele? Assumir-se como é, sem dor, mimo ou escapismo sugerem fuga ao outro? É mesmo preciso ser forte para se amar? Pois se é, amar então é ser herói, diante do próprio orgulho. E na escrita da história a dois, não há culpados, apenas ventania...

Neste estágio da minha vida, não busco respostas - eu própria sou uma incógnita. O que sei é que quero caminhar ao lado Dele, que Roberto Carlos tem muita ajuda em casos de ocasional falta de palavras, e que "estou guardando tudo o que encontro de bom em mim pra poder lhe dar, quando nossa vez chegar. toda Ternura, todo nosso amor, pra toda vez que você me bejiar eu saiba retribuir a promessa de lhe fazer feliz. A minha vida quero lhe entregar - mediante contrato e recibo com firma reconhecida, e em cada beijo e por este papel, sei que você não vai me deixar. Aí, de tudo o que eu quero é fazer nossa história, montar meus sonhos, e adquirir um aspirador de pó portátil Dustbuste, pra limpar tudo de ruim que por acaso cair em cima ou adiante de nós. Eu acredito no que sinto, creio no que mereço, e se Deus não est'aqui, não está em parte alguma. Portanto, nesse exato momento, existe perfeição, tempo certo e dose correta. E quando se tem fé, o consórcio da geladeira sai antes, sem lamentações.

segunda-feira, julho 25, 2005


Seis meses já passados:.

Melhor Livro
Pela criatividade, disparado: "Quando Teresa brigou com Deus", onde Jodorowsky submerge o leitor num delicado relato tão cômico e surpreendente, como heróico e lendário, sobre a história de seus antepassados, desde seus bisavós até seus pais. Essa reconstrução narrativa de sua árvore genealógica serve para que o autor vá decifrando o sentido de sua própria existência, por meio de uma imensa geografia - Ucrânia, França, Itália, Chile, Argentina. Quem sabe um dia eu também alcance todos os meus antepassados, e possa narrar minha genealogia.

Seleção de Livros para comprar em Dezembro
1. Bodas de Sangue, Federico Garcia Lorca.
2. O eterno marido, Fiodor M. Dostoievski.
3. O Pó do Crescimento - Ilan Brenman
4. Contos De Fadas Indianos - Joseph Jacobs
5. Norwegian Wood - Haruki Murakami
6. Como Vivem os Mortos - Will Self
7. Shalimar - O Equilibrista - Salman Rushdie
8. Ouvinte da noite - Armistead Maupin
9. Do Outro Lado do Rio - John Bemrose
10. O chão que ela Pisa - Salman Rushdie
11. Diamantes do Sol
12. Lágrimas da Lua
13. Coração do Mar - Nora Roberts
14. Sobre Meninos e Lobos
15. Melancia
16. Férias
17. A verdadeira Natureza
18. O Macho Demoníaco
19. A dádiva de Hannah

Melhor Música, Filme, Disco
Balelas. Nada que fosse "assim" digno de cair o queixo. Tudo irrelevante. Eu gostei do novo CD do Los Hermanos, mas é fora desse semestre.

Melhores Acontecimentos
- Um encontro (In)Esperado
- Um pedido alcançado
- Um objetivo quase realizado

Piores Horas
Já passou, nem quero me lembrar. E tudo o que é ruim, os deuses afastam de mim de uma maneira que, por mais que eu tente, nem poeira fica daquilo que já se foi.

Pro final do Ano, Desejos
Uma festa, uma dança, um beijo.
Um projeto, uma comemoração, um rito.
Uma alegria inesperada. Um sonho realizado.
Um final de ano passado na areia, junto ao mar.
Uma Etapa Nova, com novo entusiasmo e dinheiro todo mês.

sexta-feira, julho 22, 2005


Aquela coisa de:.

Se você pudesse escolher alguém para ilustrar como gostaria de ser [aparência física] quem escolheria?
Bem, não abriria mão do meu interior de maneira nenhuma: daria muito trabalho descobrir novamente o que já sei de mim. E numa dessas, vai que o exterior é maravilhoso, e o interior em frangalhos? Assim, se fosse pra trocar a capinha (como a gente faz com certos celulares), eu ficaria com a Charlize Theron, acho que daria uma bela conjunção. Ah, também não abriria mão do meu signo solar: ela é leonina, e isso jamais. Lembro quando intentei um ano de psicologia, que as imagens que escolhemos para "demonstrar" o que gostaríamos de ser" podem ser um manual sobre nós. Ainda não pensei no porque da escolha - mas deve ser pelo filme "Doce Novembro", amei a interpretação dessa atriz, o romance, o pieguismo...

Se você pudesse escolher a forma física de um homem, pra acompanhar a sua nova forma, quem seria?
Não que eu queira mudar algo na aparência do meu Amor - que isso fique bem claro! mas se eu pudesse escolher nova capinha, pra combinar com a Minha Charlize, seria o Andy Garcia. Ah se ainda pudesse vir transfigurado naquele seu personagem do filme "Quando um homem ama uma mulher".... Devo ter alguma fixação por pilotos. Podia também incluir o romantismo do Jatobá da novela - que homem querido!!! E se dançasse um tango como o Al Pacino, em "Perfume de Mulher" - estaria tudo perfeito. Até Demais!

Eu achei os dois lindos lado-a-lado! E Tem um ditado judaico que diz: "Se for pra pecar, que se chupe até o caroço". Eu levo isso na medida correta: Se pudesse escolher, gostaria de tudo perfeito. Como acredito que os Deuses só ajudam "naquilo que a gente não consegue de maneira nenhuma", quem sabe..."

quarta-feira, julho 20, 2005


Palavras em conserto:.

Deixar os planos de lado. Se render ao destino: não há mais tempo para existir sem viver, nem há mais voltas para se dar sem se perder. Há apenas ciclos por se fechar. Mais uma do coração - aventura ou ilusão? Sinais e presságios que deveriam estar chamando a minha atenção há muito tempo somente agora são notados. O amor me encontrou. Não comente com ninguém, apenas sinta. Venha. Um convite doloroso, este a minha espera. Confiar sem saber nunca foi minha especialidade. E se de repente tudo isso não for para mim? Sou sim alguém que tem medo que esse chamado seja para si. Com isso o que se cria são momentos surreais, e abre-se instante decisivo.

Ouço meu coração apelar: "não se desvie do mistério. Meticulosamente observo tudo: acreditem, pode-se dizer muito sobre a maneira pela qual uma pessoa adentra em sua casa pela primeira vez. É, algumas coisas esquisitas estão acontecendo no meu ordenado mundo. Demorei a perceber que eram "rupturas", e por bem ou mal, deveriam ser aceitas. Quase enlouqueci, e padeço um pouco mais se souber que ainda há mais por vir.

Dizem que o poder das mulheres emana do que elas sentem, enquanto o dos homens se origina do que eles fazem. Também há uma toeria de que as forças externas só tem a capacidade de desencadear nossos sentimentos como raiva, humilhação, vergonha, inibição, ressentimento... quando tudo isso já está dentro de nós. Porque nós somos responsáveis por tudo que se aloja em nós, e ninguém nos causa nada que já não tenha raiz. Esses sentimentos são eco de reações passadas que vivem em nós, apesar do tempo decorrido. A boa notícia, ao final destes impropérios, é que nós podemos e conseguimos mudar tudo o que já deu errado em nossa vida. O grande e imenso problema é que pra isso a gente tem que enfrentar tudo o que já deu errado. Quem aguenta? Porque ao final não vamos nos sentir bem - mas sim verdadeiros.

Pra começar a reformulação e o novo ciclo de vida, "por favor" e "eu desejo" serão abolidas. Porque são palavras que quando usamos fatalmente dependemos de outra pessoa, além de nós mesmos, para conseguirmos algo. Não quero mais implorar por algo - e isso inclui respostas. Que mal há em ser uma pergunta ambulante? Não, não sou um engano, mas não nego que sou um risco. Não posso negar nada para ninguém. Meu compromisso com a Verdade extrapola tudo. Eu me vislumbrei em todas as nuances quando olhei-me no espelho de sua presença. E foi na sua ausência que me encontrei comigo, calma e serena, esperando o amor me buscar, nessa volta tortuosa que a vida lhe destinou. Encruzilhada, ninho, paralela do destino: o que vale é poder celebrar sua passagem em minha vida, muitas vezes dançando em meus sonhos, surrupiando-me desta realidade. Não sei onde começou nosso encontro, muito menos onde termina.

A sutileza das mensagens:.

C.L. disse certa vez que "o que mais a descontraía era pintar; sem ser pintora de forma alguam, e sem apresentar nenhuma técnica. Pintava tão mal, que o seu gosto não mostrava a ninguém. Era uma explosão de si, e não queria enganar alguém colocando como arte algo que sabia ser "horrível". Esse, ao lado, intitulava-se medo. Certas pessoas deveriam ter pelo menos uma gota de sabedoria de C.L. e esconder seus manuscritos: jamais foram escritores; nem ao menos fazem algo de pura doação. Não é nem o escritor em si com seu ego flamejante se achando ou julgando-se "bom", "poeta" ou "similar" que me entendia: o que me irrita - e muito! - são as vinte páginas que de repente leio dessas obras por demais ruins. Amanhã um desses metidos a algo que nunca foram vai distribuir seu livrinho em conjunto com um jornaleco por aqui - R$ 1,00 e leva tudo pra casa. Tem coisa mais baixa que espalhar cultura podre por aí?

Ânsia diante da perplexidade:.

Querida Palova,

Infelizmente não adiantaram os subterfúgios que tentamos para o conserto e retalhamento de minh'alma: tanto o curso de 'Marketing Pessoal', como o livro auto-ajuda chatérrimo do Chopra sobre o Amor, e até o seu blábláblá leonino contumaz foram em vão. Ando mesmo às turras comigo. Acho até que, conforme mais eu me desvio daquilo que quer o destino me direcionar, acabo de repente me vendo atolada novamente no "mesmo sentido". Estilo aquela famosa frase de Fontaine: Quantas vezes encontramos nosso destino nos caminhos que tomamos para evita-lo! Não veja isto como um lamento; já é um grito de ave de rapina, irisada e intranqüila. Será que, como Deus, a gente também pode abrir caminho pela violência? Ele mesmo, quando precisa mais especialmente de um de nós, nos escolhe e nos violenta, não acha? Oh Deus, eu que faço concorrência a mim mesma: Me detesto. Felizmente os outros gostam de mim. É uma tranqüilidade.*

Pra você ter uma idéia do tamanho do buraco negro, eu, que abomino a HelloKitty, tenho agora ânsias de exterioriza-la por aqui. "Pra tirar tudo de ruim que existe dentro de mim", diria o Chopra, finalizando que "tudo é uma forma de catarse, nada é acaso". Bem, melhor pensar como ele, não? O problema desses encontros, é que depois nem sei o que faço com aquilo que vou achando. De repente um quadro surreal resolva os parâmetros...

Sobre Paixões
Ah, tanta paixão aqui dentro, Palovitch. Mas, antes de tudo, quem foi que falou que esta semana seria a minha semana-divã, integralmente pela manhã? Pelo menos poderia passar e mandar um sinal ou pressentimento bom, pra eu intuir e conseguir tomar um rumo nessa tempestade ondulante. Voltando ao caso: segundo os especialistas, pra termos um bom direcionamento, devemos ao acordar ver o que somos. Hoje, fazendo o teste, vi que não sou nada. É, nada. Quando acordei suavemente, nem lembrei meu nome. Foi o nada mais maravilhoso do mundo: por um instante não tinha dívidas, problemas, sentimentos, mágoas, trabalho... NADA. Um segundo depois, os papéis da vida incorpooraram-se no meu quebra-cabeça pessoal, e voltei a si. Nesse instante devemos nos questionar sobre o que sempre sonhamos. Qual foi a paixão que desde cedo cultivamos e ainda permanece arraigada dentro de nós? O que eu sempre quis e quero? Ser perita/delegada Federal. Talvez por ter assistido demais "As Panteras", e depois teve "Colecionador de Ossos"... O problema é que conjuntamente a isso, também quero adquirir a Floricultura que há na esquina. Essas duas coisas difíceis no momento são um problema: papai nao quer, mamãe acha perda de tempo e negócio de homem; titios dizem que flor não dá dinheiro, e mulher bonita não trabalha pra polícia; vovó olha pra mim e ri, dizendo que sempre fui a ovelha-negra-louca da família, e até o jardineiro palpitou esses dias, ao ouvir a conversa: "tem gente que gosta de sofrer mesmo. Quero ver a quantidade de sangue e perversidade diária que tu güenta, menina. Pois é, será que não tem ninguém que me incentive a Ser a Pantera Morena do Leste do Brasil?

Quanto a música, viu que tocou "Ballade pour Adeline"? Pois é, esta uma música me remete a tudo que sou: adorava tocá-la quando tentei ser algo como quase-pianista. Relapsa, acho que gostava mesmo porque era facílima. Ainda amo, e é seguramente uma das minhas paixões ouvi-la. Mais uma paixão: Miniatura. Num meio alheio a nossa rotina talvez possa se revelar algum lado íntimo que ainda não reconheço dentro de mim. Então, resolvi querer-por-querer aprender a construir uma casinha miniaturizada. Desse jeito: com detalhes preciosos. Requintes supremos. Tudo exagerado. Tudo majestoso. Pra minha porção Leão se contentar feito um pacha. Aí depois presenteio meu anjinho, pra ve-la sorrir, desconstruindo tudo aquilo que levei tempo pra modelar...Há uma dura luta de coisas, que apesar de corroídas, se mantém de pé. E nas cores mais densas há uma lividez daquilo que mesmo torto encontra-se direito*.

O longinquo forja miniaturas em todos os pontos do horizonte. Diante desses espetáculos da natureza distante o sonhador destaca essas miniaturas como ninhos de solidão onde sonha viver. O longinquo nada dispersa, ele agrupa numa miniatura um país em que gostaríamos de viver. Nas miniaturas do longínquo, as coisas díspares vêm "se compor". Elas se oferecem à nossa "posse", negando o longínquo que as criou. Nós possuímos de longe, e com que tranquilidade!" do Gaston Bachelar. E como a moça que acho que tem talento de sobra mora em curitiba - Ana Beatriz -, acho que o caminho está aberto. Fadado, quem sabe. Pra terminar, Que essa fase passe longe, e logo.

*Clarice Lispector

terça-feira, julho 19, 2005


Espelho Mágico:.

Ontem eu coloquei que iria dissolver os textos abaixo - não consegui, já era tarde, e ainda trabalhava. Meus dias tem sido de frio e stress... Por uma boa causa: regularizar minha conta conrrente. Assim, atrevo-me a dispersar meus pensamentos agora, pelo instante de espera por alguém (novamente um idiota que não conhece o que é cheque pré-datado). Enquanto isso...

Caixinha de música
Eu li no blog da Mafalda que pedra no rim pode ter como causa o entupimento de lágrimas não derramadas. A gente vai, feito barragem, retendo tudo, e um belo dia... explode numa pedreira. Antes de colecionar pedras (que são doloridas pra caramba dentro da gente) resolvo marcar hora pra chorar quando chegar em casa - agora não posso. E por isso, fico já pensando nas inúmeras coisas que tocaram dentro de mim, e eu engoli, sem proferir palavra alguma.

Agora mesmo, pedi a alguém que fosse ao mercado comprar algo pra eu comer, afinal trabalhar sem almoço não está fazendo nada bem a minha saúde. Pois bem, solícita como sempre, mamãe argumentou que logicamente ela iria. Pois conhecia sua filhinha, e saberia trazer o que eu pedi - uma bolacha negresco e um suco de caixinha daqueles que eu sempre tomo. Acabei de tentar comer o que ela trouxe: a negresco ao contrário, que abomino-detesto-mais-que-tudo; e o suco de soja ADES, que literalmente tomo e vomito tudinho. Forcei uns golinhos, meu estômago já reclama, daqui a pouco sumo daqui e devolvo pro vaso sanitário essa porcaria. Mas afinal, entendem onde quero chegar?

Quem ela pensa que conhece? Como é que ela não conhece nenhum dos meus gostos? Como é que se nasce de alguém que não tem absolutamente nada similar? Por que a gente tem que represar "a verdade" e dizer que adorou algo que nunca gostou? Gentileza está me parecendo fraqueza nesse momento. Não aguento mais engolir algo que nunca quis.

Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...


O Mário Quintana deve estar certo. Contendo a irritação, guardo a bolacha e o suco pra quem estiver com fome no caminho de casa. Depois disso, também há dentro de mim uma poça de lágrimas referente a algo que ainda não sei bem o que é. Imagino que seja inatingível certa escolha, tenho medo de errar ao caminhar pra frente, fico andando em círculos esperando uma resposta dos deuses, prontinha... e nada cai do céu. Será que vale a pena tentar mesmo sabendo que é muito difícil conquistar? Receio que meu maior temor seja quanto a dor. De errar.

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!
O milagre não é dar vida ao corpo extinto,
Ou luz ao cego, ou eloqüência ao mudo...
Nem mudar água pura em vinho tinto...
Milagre é acreditarem nisso tudo!


É, o Quintana conhecia as coisas. Acreditar é coisa intrínseca a minha personalidade, que alias descobri sendo dual, ao conferir um livro idiota de numerologia animal. Sou ganso e tenho um gêmeo dentro de mim, conferindo personalidade difícilima, pois imagine que já seja árduo aguentar uma chata, imagine duas ao mesmo tempo! Devo estar mesmo em crise para parar e perder tempo com tal literatura. Creio que tiraria zero na prova de Marketing Pessoal, querida Palova. Uma dentro de mim me acharia nada, a outra seria um mistério... Não, não sou caso para o Carlinhos, muito menos pra estagiária de psiquiatria. O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso.

No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...

às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...

e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,

no final, que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco!


Um P.S. especial para ti, Palova Pinel, semelhante em loucura mágica - ando vendo cada personalidade, que coloco em negrito pra ti o que bem já deves saber no tocante a que. O que me impressiona, à vista de um macaco, não é que ele tenha sido nosso passado: é este pressentimento de que ele venha a ser nosso futuro. Definitivamente, amiga, pra que cartomantes, se temos Alejandro e Mário pra nos abrirem todos os caminhos??? Vela e Novena, pra urucubaca voltar mil vezes de onde veio. Realmente, não sou boazinha, muito menos Carolina. Beatriz anda no inferno...

segunda-feira, julho 18, 2005


Ipsis Literis:.

O que está abaixo é um dos textos do Rubem Alves que mais batem sincronicamente com meu atual pensamento. E do que mais me orgulho hoje é não ter sido nenhuma tonta, indignada, em eleição passada. Disso, pelo menos, não tenho culpa de nada.

A estória de Chapeuzinho Vermelho nos ensina preciosas lições políticas. Caminhando pela floresta Chapeuzinho, tão bobinha, acredita na fala do lobo, escondido no meio das árvores. Assim é o povão: acredita em qualquer coisa. Se duvidam sugiro que gastem um pouco do seu tempo olhando os programas religiosos na TV. Esses programas poderiam ser usados para avaliar o grau de inteligência e educação da população. É assombroso aquilo em que se pode acreditar! Acredita-se em tudo, desde que um milagre seja prometido. Muito mais espertos que o lobo de antigamente, os lobos de agora valem-se da mais moderna tecnologia. Contratam “produtores de imagens...” O que é um “produtor de imagem”? É um profissional de estética que faz operações plásticas na imagem do candidato de forma que ele deixe de ser o que era, naturalmente, e fique parecido com a imagem que o povo deseja. Pois o lobo, já com a vovozinha dentro da barriga – ( Voz gutural: “Que grande goela a minha! Engoli a velha interinha!” ) - “fantasiou-se” de vovozinha. “Toc, toc, toc...”, Chapauzinho bateu à porta. “- Quem bate sem ordem minha?” – pergunta o lobo com voz grossa. “Sou eu, Chapeuzinho...” O produtor de imagem que se escondia atrás da cabeceira da cama lhe disse logo: “Mude a voz, mude a voz...” E sua voz gutural se transforma na trêmula voz de uma velhinha indefesa: “ – Pode entrar, minha netinha...” Chapeuzinho conhecia a vovó muito bem. Aproxima-se da cama e, pasmem! – não percebe a diferença. As orelhas, os olhos, o focinho, os dentes, os pelos na pata, os extratos bancários na Suíça, os antecedentes de corrupção, tudo dizia: “Fuja! Não é a vovozinha! É o lobo!”

Mas Chapeuzinho era muito burra, muito burrinha mesmo. Como o povão que vê televisão, ela acreditava na “imagem”. Na estória os caçadores salvam a tonta. Mas acho que não merecia ser salva. O lobo era mais inteligente que ela. A burrice não merece ser salva. Essa estória dá duas lições negativas às crianças. A primeira é que nem sempre é sábio fazer o que a mãe manda. Uma mãe que manda uma filha por uma floresta onde havia um lobo só pode ser louca. Maternidade não é garantia de sanidade. A segunda é uma lição mentirosa: que não importa ser burro porque os caçadores aparecem no fim para consertar o estrago. Na vida real o fim é outro. O lobo, juntamente com os caçadores e os produtores de imagem comem Chapeuzinho Vermelho, como atestam esses anos de “democracia” no Brasil. Política não se faz com a verdade. Se faz com aparências, máscaras, imagens. Maquiavel já sabia disso e advertiu o Príncipe de que “o que importa não é ser virtuoso. O que importa é parecer ser virtuoso.” É o “parecer ser “ que produz votos. Todo o processo democrático é construído sobre ilusões óticas. Há salões de beleza para as mulheres que querem ficar bonitas. E há salões de beleza para os políticos que querem ficar bonitos. Sugiro que as empresas dos produtores de imagens de políticos passem a ser chamadas pelo nome correto: “Salões de beleza para políticos”. Salão de beleza “Entra Fera e sai Bela”!

Por que enormes transformações não passou o Lula! Passou a se vestir de acordo com os padrões estéticos da elegância, Paris, e não segundo os padrões estéticos dos torneiros mecânicos. Ninguém se elege só com voto de torneiro mecânico. Essa mudança foi importante porque o pessoal da “prateleira de cima”, como diziam minhas tias, aprecia um homem bem vestido, especialmente em se tratando de futuro presidente. Consertou e embranqueceu os dentes. Seu sorriso provoca agora reflexos branco total radiante. Parou de falar “menas”. Só não conseguiu aveludar a voz, que continua um pouco gutural. Mas está bem assim. É bom não exagerar na plástica. Não me entendam mal. Não estou criticando o Lula. Essa é uma das regras do jogo político democrático: é a tolice dos eleitores que elege presidentes Até o presidente Jimmy Carter teve de passar por uns “retoques” para consertar algo no seu sorriso que não estava ao gosto do povo americano. O povo não vota pela razão. A esquerda custou a aprender a lição. Pensava que os eleitores queriam saber os fatos, a verdade. E por eleições sucessivas bombardeou os eleitores com informações verdadeiras. Nisso a esquerda concordou com o Antônio Ermírio, quando ele se candidatou à prefeitura de São Paulo. Lembro-me dele, na TV, paletó mal ajambrado ( não se valeu dos conselhos de um “produtor de imagens”), ao lado de um quadro negro, dando uma “aula” de economia para os eleitores, como se estivesse falando aos acionistas das suas empresas! Quem trata o povo como se ele fosse inteligente perde. O povo não vota com a cabeça. Ele vota com os olhos, “vendo figuras” - como fazem as crianças. Qual é a figura mais bonita? Assim o Collor foi eleito. Acho que se a Xuxa se candidatasse seria eleita. Tudo é um grande baile de máscaras e é preciso votar na fantasia mais bonita. Qual é a imagem do Bush? Texano, na tradição dos cowboys que, sozinhos, matam os bandidos, a imagem de Bush fica ao lado de John Wayne, homem mais macho que ele nunca houve... O povo americano não vota pela razão. Vota pelas imagens dos bang-bangs. São dois times: Os mocinhos e os bandidos. Nós somos os mocinhos....

O destino da democracia se decide no momento da sua fundação. Se os lobos são eleitos para estabelecer as regras do jogo será inútil que as ovelhas que os elegeram berrem depois ao serem transformadas em churrasco. Pois está escrito na lei: “É direito dos lobos comer ovelhas”. Os lobos democraticamente eleitos pelas ovelhas escreveram... Não existe caso em que os lobos tenham, democraticamente, aberto mão dos direitos que eles mesmos estabeleceram. As ovelhas são as culpadas de sua desgraça. Foram elas que, pelo voto, deram poder aos lobos. Uma amiga perspicaz sugeriu-me que a eleição deveria ser feita à imitação do Big Brother. O Big Brother pelo menos muita gente vê – o que não acontece com a propaganda política. Os candidatos seriam colocados numa casa por um mês, sem poder sair, todo mundo poderia vê-los o tempo todo, e iriam sendo eliminados por votos do público telespectador. Pelo menos seria divertido.

Um amigo que sofre de insônia acorda de madrugada e liga a TV num programa evangélico na esperança que haja algum milagre para fazer dormir... Contou-me que num desses programas vários pastores se reuniram em torno de uma enorme taça de vidro, cheia de um óleo sagrado, vindo não sei de que montanha no oriente onde a burra de Balaão pastou. A seguir tomaram um pó dourado nas mãos – diziam que era pó de ouro, eu acho que era purpurina – e o jogaram dentro do óleo. Vinham os fiéis então, em fila, para mergulhar o dedo no óleo dourado e esfregar na testa, para ficarem ricos. Que coisa maravilhosa! É preciso democratizar essa bênção para que todos os pobres fiquem ricos, resolvendo-se assim o problema da pobreza e da fome no Brasil. Essa é uma pequena amostra da capacidade do povo em acreditar em qualquer besteira, desde que prometa milagre.

Nas Minas Gerais dos tempos dos meus pais e avós os partidos políticos não eram conhecidos por ideologias e programas. Partidos eram como times de futebol, cada um com a sua torcida. Ninguém torce por um time por razões de inteligência. Torce porque torce, sem razões. Acho que em Boa Esperança, onde nasci, os dois partidos eram os “Gaviões” e as “Rolinhas”. Imagino que essa escolha de nomes não era acidental. Os Gaviões eram os que comiam as Rolinhas. Já em Lavras os dois partidos eram os “Ratos” e os “Queijos”... Os roedores e os roídos. Ah! Naqueles tempos as coisas eram mais claras. Entre nós acho que eventualmente os nomes dos partidos poderão ser substituídos por nomes de times de futebol. Aí os votos serão dados por cores de time e lealdade de torcidas. A psicologia da torcida de futebol muito se assemelha à psicologia das eleições. Carreatas, foguetórios, churrascos... Parece que esse processo já está a caminho. Um candidato a vereador se anuncia: “Bola pra frente...” O bom de substituir os partidos políticos por times de futebol é que, assim, eliminam-se as questões éticas. No futebol não há ética. Se o juiz apita um pênalti que não existiu a favor do meu time, nenhum jogador do meu time é besta de dizer ao juiz que o pênalti não existiu... Vale para o futebol e para a política a “Lei do Gerson”: “o que importa é levar vantagem”...

O poema da praia:.

Quero fazer os poemas das coisas materiais,
pois imagino que esses hão de ser
os poemas mais espirituais.
E farei os poemas do meu corpo
E do que há de mortal.
Pois acredito que eles me trarão
Os poemas da alma e da imortalidade."
E à raça humana eu digo:
-Não seja curiosa a respeito de Deus,
pois eu sou curioso sobre todas as coisas
e não sou curioso a respeito de Deus.
Não há palavra capaz de dizer
Quanto eu me sinto em paz
Perante Deus e a morte.
Escuto e vejo Deus em todos os objetos,
Embora de Deus mesmo eu não entenda
Nem um pouquinho...
Ora, quem acha que um milagre alguma coisa demais?
Por mim, de nada sei que não sejam milagres...
Cada momento de luz ou de treva
É para mim um milagre,
Milagre cada polegada cúbica de espaço,
Cada metro quadrado de superfície
Da terra está cheio de milagres
E cada pedaço do seu interior
Está apinhado de milagres.
O mar é para mim um milagre sem fim:
Os peixes nadando, as pedras,
O movimento das ondas,
Os navios que vão com homens dentro
- existirão milagres mais estranhos?"

(Walt Whitmann)

Badulaques do escritor que Adoro:.

pra comentar depois
"Qual é o lugar mais importante da sua casa? Eu acho que essa é uma boa pergunta para início de uma sessão de psicanálise. Porque quando a gente revela qual é o lugar mais importante da casa, a gente revela também o lugar preferido da alma."

OSTRA FELIZ NÃO FAZ PÉROLA: “Ostras são moluscos, animais sem esqueleto, macias, que são as delícias dos gastrônomos. Podem ser comidas cruas, com pingos de limão, com arroz, paellas, sopas. Sem defesas – são animais mansos – seriam uma presa fácil dos predadores. Para que isso não acontecesse a sua sabedoria as ensinou a fazer casas, conchas duras, dentro das quais vivem. Pois havia num fundo de mar uma colônia de ostras, muitas ostras. Eram ostras felizes. Sabia-se que eram ostra felizes porque de dentro de suas conchas saía uma delicada melodia, música aquática, como se fosse um canto gregoriano, todas cantando a mesma música. Com uma exceção: de uma ostra solitária que fazia um solo solitário. Diferente da alegre música aquática, ela cantava um canto muito triste. As ostra felizes se riam dela e diziam: “Ela não sai da sua depressão...” Não era depressão. Era dor. Pois um grão de areia havia entrado dentro da sua carne e doía, doía, doía. E ela não tinha jeito de se livrar dele, do grão de areia. Mas era possível livrar-se da dor. O seu corpo sabia que, para se livrar da dor que o grão de areia lhe provocava, em virtude de suas aspereza, arestas e pontas, bastava envolvê-lo com uma substância lisa, brilhante e redonda. Assim, enquanto cantava seu canto triste, o seu corpo fazia o seu trabalho – por causa da dor que o grão de areia lhe causava. Um dia passou por ali um pescador com o seu barco. Lançou a sua rede e toda a colônia de ostras, inclusive a sofredora, foi pescada. O pescador se alegrou, levou-as para a sua casa e sua mulher fez uma deliciosa sopa de ostras. Deliciando-se com as ostras de repente seus dentes bateram numa objeto duro que estava dentro da ostra. Ele tomou-o em suas mãos e deu uma gargalhada de felicidade: era uma pérola, uma linda pérola. Apenas a ostra sofredora fizera uma pérola. Ele tomou a pérola e deu-a de presente para a sua esposa. Ela ficou muito feliz...” Ostra feliz não faz pérolas. Isso vale para as ostras e vale para nós, seres humanos. As pessoas que se imaginam felizes simplesmente se dedicam a gozar a vida. E fazem bem. Mas as pessoas que sofrem, elas têm de produzir pérolas para poder viver. Assim é a vida dos artistas, dos educadores, dos profetas. Sofrimento que faz pérola não precisa ser sofrimento físico. Raramente é sofrimento físico. Na maioria das vezes são dores na alma.

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T.S. Eliot se refere a um momento da vida quando se atinge “a liberdade íntima do desejo prático, quando se está livre da obrigação de fazer, livre das compulsões internas e externas...” Citei esse texto de Eliot num dos meus livros. O revisor se horrorizou. Imaginou que eu havia me enganado. Corrigiu a minha tradução e assassinou Eliot. Escreveu: “a liberdade íntima para o desejo prático...” Desejo prático é o desejo de fazer coisas. Nunca havia passado pela cabeça do revisor, certamente um ativista político, que existe na vida um delicioso momento de vagabundagem. Quando as mãos nada têm a fazer por obrigação. É nesse momento de vagabundagem que as coisas que haviam permanecido sufocadas durante a vida inteira pela obrigação prática de fazer começam a fazer o que querem. Max Weber confessou que suas melhores idéias lhe vinham quando caminhava distraído pelas ruas de Heidelberg. As idéias vêem quando não as estamos buscando. E quando aparecem ficamos surpresos. “Eu não procuro, eu encontro”, dizia Picasso. A velhice é um desses momentos. Os velhos não têm obrigação de fazer coisa alguma. Nada se espera deles. Tempo da aposentadoria. A poesia começou a brotar da Cora Coralina depois dos 70 anos. Antes disse a poesia não apareceu. Certamente ela estava muito ocupada com as obrigações de uma dona de casa. Meu primo Paulo Berutti passou a vida inteira fazendo as coisas que sua profissão de engenheiro agrônomo o obrigavam a fazer. Aposentado, veio a vagabundagem. Perguntou-se: “Que vou fazer?” Foi então que surgiu das funduras do esquecimento o tapeceiro que ele fora desde sempre. Suas tapeçarias maravilhosas viajaram o mundo. E que dizer do professor Avelino Rodrigues de Oliveira que durante sua vida profissional se dedicou de maneira competente a ensinar os mistérios da bioquímica aos seus alunos? Aposentou-se e o pintor que morara nele desde que nascera floresceu. Ele pinta quadros maravilhosos. A profissão é, freqüentemente, o túmulo dos artistas.

Eu quero me livrar de fardos acumulados, e deixar ser o que a vida me destinou a viver.

Todo direito a ser Eu:.

Sou chata, sim. Exigo sempre o melhor, e se por acaso prometem algo, trate de cumprir, pois me lembrarei de cada palavra. Gosto, mas gosto muito, de gatos. E não aceito mais ficar sem uma espécie de raça, devidamente comprovada por pedigree. Também não abro a boca, nem escrevo sobre coisas que estão acontecendo: minha alma cigana diz que devemos deixar a colcha ser costurada, antes de apresentá-la a cama. E guardar as coisas boas muito bem fechadas, para que elas possam, no devido tempo, metamorfosear-se em borboletas. Portanto, talvez o meu silêncio seja um modo calado de estar "arrumando" e ajeitando tudo; pra quando o casulo se for, possa enfim o destino se autocompletar. 'Não me cobrem palavras - deixe que eu me refaça aos poucos, feito quebra-cabeças de duzentas mil peças.

sexta-feira, julho 15, 2005


Segredos de uma Festa:.

Sorry, Palova, mas preciso lembrar de alguma coisa muito feliz, pra dar um banho nessa tristeza que insiste em colar em mim, estilo "obsessão". Sabes bem que quando estou pra lá do deserto em mim, o que toca aqui é ballade pour Adeline, lembrando um tempo onde tudo o que eu queria era passar horas no piano, tocando SOMENTE essa música. Por força do "não pode", desisti de tudo... mas ocorre que, perto dessa estava.... ABBA, querida. ABBA!!!

Por que eu tinha que atirar meu ABBA pela janela, para um qualquer ouvir e não mais devolver? Recorde-se de uma festa a fantasia, de um sapato que desabou na chegada, de um filme chamado "Muriel", e dessa música: "dancing". Repare que fazíamos coreografias. Que conforme tirávamos as roupas do baú, andávamos em círculo, sorridentes e mais-do-que-felizes. ABBA, sim, pra trazer todos aqueles instantes na memória.

Porque a gente merece. Porque fomos e somos felizes. Porque o que aconteceu com a gente nem em livro se encontra. Quanto mais se escreve. Memórias de Palova & Beatriz, proibidas para mentes prisioneiras de regras e formalidades.

quarta-feira, julho 13, 2005


Recortes:.

Porque a gente ainda se utiliza
De limpar os sonhos nas mangas da camisa
De cortar os pés nos cacos de ilusão?
Kleber Albuquerque

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Bons relacionamentos não se constroem do dia para a noite,
amadurecem com o tempo, de acordo com a sabedoria
que as pessoas consigam destilar de cada uma
e através de todas as experiências compratilhadas.
Amor é mais do que sentimento,
amor é fazer a coisa certa.
Quiroga

Definitivamente, eu ainda ando por linhas tortas no tocante ao "julgar" o que é certo e errado. Qual é o limite de tolerância? Quando é que posso soltar a frase Vai tomar no cú?, em um único berro? E aí conto até mil, e vejo que não passou. Pra desopilar o fígado, vou caminhar. Fui.

terça-feira, julho 12, 2005


Sussurro suspirante:.


Irmã Búlgara, que também vive tropeçando nas mãos, metendo cisco nos olhos límpidos e choramingando por erros burlescos, o que posso dizer quando meu estômago berra de fome, e todo o meu corpo físico ainda que esteja agora aqui, encontra-se emocionalmente já sentado a beira da mesa, sentindo-se saciado por uma bacalhoada dos deuses, especialmente preparada para comemorar o dia de hoje. Dia de Graças, pelas bençãos e pela Vida. Sorria, A Deusa existe, e reside dentro de nós. O Deus, esse já é nosso íntimo parceiro há muito tempo... Não esqueça de ajoelhar-se e consagrar o dia para o Toninho, amiguíssimo nosso, que muito fez ao te salvar de apuros memoráveis. E então, depois disso, e da sobremesa de morangos (porque eu mereço tudo de bom, por ser quem sou interiormente), te coloco conclusões e finalmente, o sonho. Desvelado. Sincrônico. E anunciado.

Por ora, comer, porque não sou de ferro.

quinta-feira, julho 07, 2005


Sorte pro dia de hoje:.

Lua esplendorosamente despejada no signo maravilhoso de Leão, querendo dizer a nós que "agora é a hora". E a boa nova é que "um guerreiro arrisca mais que os outros, pois busca incessantemente o Amor - mesmo que isso signifique escutar muitos não e voltar para casa derrotado sentindo-se rejeitado. Um guerreiro não se deixa assustar quando busca o que precisa. Porque sem amor ele não é nada."

quarta-feira, julho 06, 2005


Macarrão Melado:.

Sim, minha amiga Palovitch... muito pior do que o seu macarrão saiu a minha quarta-feira. Foi encomenda, só pode! Como é que alguém erra um 7, e acredita estar visualizando um 5, descontando algo fora do prazo e avermelhando minha sagrada conta? Estou me segurando pra não soltar aquela resposta "comum" que você disse após o minuto do macarrão a quem reclamou. Porque ainda há pouco os subalternos conspiravam num canto, com a pachorra da líder invejosa enchendo a cabeça deles, largando a língua cheia de veneno contra todos. Detesto e abomino isso, e só Deus sabe o quanto eu fui forte passando perto, e calando-me. Porém querida, sabe a cara de má que tenho? Essa não resistiu e com certeza apareceu. Dos males, o mínimo. Sem falar do que deveria ter entrado, e não veio, por inépcia de alguém lá dentro que errou a data, e trocou tudo: do dia 06, virou 16. Posso contra isso o quê? Nem cortando cebolas consigo extravazar tamanha raiva. E lá vai novamente eu percorrer ruas atrás de, na falta dos...

Sorte é que lembro o quanto eu já rezei nessa minha vida. Pois é, ontem mesmo pelo acaso e coincidência, um período veio novamente reviver por aqui. Recordei-me de uma amiga que tinha muita fé- inacreditável!, e diante de sua mãe doente, resolveu fazer um ritual de sábados de oração, onde foram convocadas todas suas parceiras, pra ajudá-la em tal promessa. Não adiantava eu tropeçar no horário, e resolver aparecer após meia-hora do combinado: ela atrasava tudo à espera da minha presença. Pra que, não me pergunte, mas que eu fiquei 9 sábados fazendo uma hora de reza concentradíssima eu fiquei. No final, por milagre, não é que deu certo? Além disso, pelas manhãs, eu caminhava uma hora diária com um bando de velhinhas que adorava, e todas tinham o costume de "Andar orando à Maria", assim às 7 da manhã recebia um galhinho com folhinhas, e após uma hora deveria ter rezado o terço inteiro, e retornado com meu galhinho sem as ditas. Fazia isso tão facilmente, sério, período tão bom! Mais? Bem, havia ainda as orações das seis horas da tarde. Por uma promessa para que alguém-especial-demais conseguisse uma vaga em local certo tive que estar presente frente a imagem de Nossa Senhora de Fátima para outra novena. Essa nem era terço, era rosário, foi aí que descobri a diferença crucial...

Viu, amiga, quando falo que agora o que consigo "é bater papo com Deus e Nossa Senhora" acredite, não é por falta de fé, mas é que já fiz todo o percurso de rezas, e como boa joaninha, acredito não mais em quantidade, mas em qualidade. Por favor, não me tire por hora dessa ilusão, pois que está tão bom e aconchegante poder dialogar em vez de recitar orações decoradas. Sabe o quanto é bom caminhar e apreciar a paisagem de casas belas e árvores floridas, sem se preocupar com "não errar a ordem das aves e pai-nossos", ou lembrar direitinho Salve-Rainha? Ah, lógico, e porquê a tal lembrança. Invariavelmente, acreditando que adoro rosário e terço, deram pra ligar pra cá pedindo por contas novamente. Como dizer não a almas desesperadas? O máximo que consigo é alegar nova doutrina e método - vale a justificativa???

Numa parada de, ontem eu vi um pedaço de América. Quando a Sol de Oliveira (a Débora Secco de Emília, aquele rímel duro-seco é a cara da boneca que adoro!) diz qual foi o melhor presente que recebeu na vida. Eu fiquei pensando e tudo o que vinha à mente foram os que abominei - 6 relógios num ano pra eu nunca mais usar essa peça por aqui. Ramalhetes de rosa, pra eu jamais pedir isso novamente: adoro flores que possam sobreviver há mais de sete dias. Tergiversei, mas termino por dizer que o melhor presente é aquele que ainda não recebi. Porque não vivo de passado, e coleciono tanta coisa pequenina e simples, que ficaria impossível colocar por hierarquia uma classificação assim. Adoro surpresas e agrados simples.

Ps.: Palova, ao contrário de ti, não gosto de ganhar nem vale-cd, nem o próprio CD. O que eu gosto mesmo são beijos e abraços, e NINGUÉM reclamando do meu macarrão.

terça-feira, julho 05, 2005


Chuva:.

Quem está na chuva, tem direito a se molhar. Pra lembrar de certas coisas, que tal o aclamado chato do Oswaldo, que tem letras belíssimas e incrivelmente associativas a eventos que acontecem por aqui? Duas, pra hoje. Também pra redimir uma meia-verdade: em lugar de "Como é grande seu amor", a música que eu na verdade pensei foi essa. Na hora, pela falta de memória e tanta timidez, foi outra no lugar. E no presente coloco Bia, a Sonhadora no lugar de Beatriz, do Chico Azul, porque tem tudo a ver com a atual moradora da praia: É que pra Bia, a sonhadora, o mundo era azul por beleza. Tudo que acontece se acontece era pra ser Com certeza.

PS: Fofs, se eu pedir com carinho, você grava por aqui um CD com as músicas do Montenegro que gosto e desgosto pelas letras, pra eu ouvir o dia inteiro, e lembrar de mim e ti? Antes de qualquer música, uma letra que anda entabulando por aqui nas manhãs e me faz cantarolar baixinho, pensando em ti, nas partes que nos tocam.

Tu és o grande amor da minha vida,
pois você é meu querido,
e por você eu sinto calor.
(...)
Eu sei que dia a dia aumenta o meu desejo,
e não tem Pepsi-cola que sacie a delícia dos teus beijos...
(...)
É por isso, é por isso que agora em diante
pelos 5 mil auto-falantes
eu vou mandar berrar o dia inteiro,
que você é o meu máximo denominador comum


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No centro de um planalto vazio
Como se fosse em qualquer lugar
Como se a vida fosse um perigo
Como se houvesse faca no ar
Como se fosse urgente e preciso
Como é preciso desabafar
Qualquer maneira de amar varia
E Léo e Bia souberam amar
Como se não fosse tão longe
Brasília de Belém do Pará
Como castelos nascem dos sonhos
Prá no real achar seu lugar
Como se faz com todo cuidado
A pipa que precisa voar
Cuidar de amor exige mestria


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Ela dança as fases da lua
tece vento e o ar rodopia
põe no colo os bichos das ruas
põe no chão quem quer correria
põe as mãos de alguém entre as suas
e é o nascer de um sol, mais um dia
Do aroma rosa da arte
ela extrai a cor da alegria
do lilás do olhar de quem parte
faz o azul de quem ficaria
do vermelho ardor do estandarte
o nascer de um sol, mais um dia
Tem a solidão do poeta
a paixão da chuva tardia
escultora da linha reta
que a luz percorre e esta via
salta do seu olho, é uma seta
o nascer do sol, mais um dia
São brilhos de estrelas na perna
e a noite que a estrela anuncia
a paixão é estranha caverna
quem tem medo e amor já sabia
uma noite nunca é eterna
é o nascer do sol, mais um dia
Ela pisa as ruas do tempo
já foi louca, princesa e Maria
faz de azul mais que cor, sentimento
mina d'água, azul, poesia
faz soar as rimas que invento
e é o nascer do sol, mais um dia

Terça-feira...:.

Minha caríssima Palova,

Fiquei à espera, pela manhã, porém inutilmente. Deves ter dormido além de, e me deixado ouvindo esse tal de David Byrne interruptamente, iniciando assim uma terça-feira "prazerosa", pois adoro "like humans do". Acredite, não é verdade. Sabe o quanto detesto ouvir algo mais que duas vezes seguida, portanto minha paciência hoje adquiriu tons de rosa. A culpa é minha, sei. Eu é que não sei mexer "ainda" nesse W.M.P., que insiste em tocar o que quer, quantas vezes e aleatoriamente. Numa fase de "vai pro diabo", eu me inclui nessa e resolvi tentar antever o paraíso nesse inferno musical. Consegui - troquei o cara por Lara Fabian. Meu coração aquieta-se...

Notícias: Lamentavelmente sabia o quanto a Zibia iria nos irritar com suas colocações estilo boazinhas demais; contudo Palova, e agora falando de outros, pois Beatriz e Palova inexistentes para os demais - como ando preocupada com o descaso das pessoas pelos sentimentos dos outros... Porque como seres especiais e totalmente fantasiosos, ambas Palova e Beatriz caem de amores por, levantam aos céus por, continuam andando pela Vida sem. Porém, e os outros que amamos? Ontem fiquei tão chateada com um idiota que machucou o coração da minha priminha de 16 anos (tive até sonhos por conta de). No auge de seus belos anos, vem um id.com, diz que a ama etc e tal, e quando chega na hora de compromisso, deixa-a sem explicações. Isso tudo numa hora que tinha colocado aquele dito para nós. Aí vejo lados e angulos novos - realmente vamos tentar ser impecáveis nisso: porque os sentimentos dos outros devem ser sim, MUITO CONSIDERADOS. Lógico que os nossos merecem atenção, mas há tantas pessoas desprovidas de nossa couraça especial para se erguer rapidamente. Me machuca e muito ver lágrimas em olhos de quem eu gosto. Me dói mais ainda se não posso fazer nada diante do fato. Mais: por causa de um belo par de olhos rasgados, outra prima sofre inutilmente, e outra chora por um safado. Diante disso, o que nos resta é pelo menos NÓS permanecermos corretas em nosso caminho.

Não digo que precisamos ficar - como aquele aparvalhado pisciano, roendo o mesmo nó por anos a fio, mesmo descontente, mesmo não amando, mesmo e mesmo. O que eu acho que devemos fazer é zelar pelo outro - sair com integridade da vida de outras pessoas, dizendo a verdade, sem traições, sem aquela série lamentável de senãos. No meu caso, eu que ando tendo passagem limpa por essa "delegacia", comprometida estou com o Amor, tanto fiel como lealmente. Isso implica em ser fiel a mim - aos meus sentimentos, e a Ele, pelos seus sentimentos endereçados a mim. O que não se veria em hipótese nenhuma na minha vida sagitariana apaixonada: ficar presa a uma pessoa, por um compromisso, sabendo que não a amo, ou pior: amando outra. Pra mim isso seria me machucar diariamente, vivendo numa mentira e encenando uma tragédia. Não, não sou artista, nem mexicana.

Entende o que estou querendo dizer, Palovita? Que o tal espírito que a Zibia mediunicamente intuiu estava em 1.836, ano em que o divórcio não existia, e os compromissos eram realizados não por amor, mas por conveniência. O que coloco aqui é que persiste a impecabilidade. Devemos ser o mais impecáveis com nós e com os outros. Sei que haverá momentos impossíveis de evitar que nós ou outro chore... mas com certeza deveremos saber como consolar-nos e consolar. Como romper grilhões sem alguém para nos amaldicoar ou nos odiar...

Amiga húngara, e finalmente, o motivo que nos leva a zarpar vôo deve ser sempre deliberações do nosso coração. Porque não vejo razão para agirmos materialmente ou ilusoriamente aqui. Conhecendo o Amor, devemos fazer concessões para que ele permaneça em nossa vida. É o que importa não? Amar, e amando, fazer nós e muitos outros felizes. Pois é regra de nosso caminho espalhar o Amor. E que caminho tortuoso einh!!!

Quais as razões para caminharmos tanto, em busca de ser feliz? Não sei, ando apenas aceitando o que "os Deuses" mandam, e toc-toc-toc: Nossa Senhora convoca-me para a ladainha de amar e continuar a crer, apesar de. Termino rapidamente esta com aquele Amém especial, esperando boas-novas daí. Fique bem, sem medo, pois estás segura na mão de., tenha certeza. Bençãos,

segunda-feira, julho 04, 2005


Amor:.

Descobri porque o email não foi: lapso de minha parte, digitei apressadamente tudo, e o br ficou rb. Ops! Não, não consertei ainda, pois ficou retido na outra caixa postal, e quero acrescentar e mudar algo ali. Daqui a pouco ajeito tudo, ando com a cabeça só em você isso é uma "mexida" e tanto no meu cotidiano, que já é uma bagunça por natureza, e muito organizado por obrigação. O que quero dizer, em poucas linhas, é que "certeza" eu tenho. Amor demais. E coragem também. A soma de tudo isso é aquilo que quero te fazer crer.

Reeditando a parte acima: não quero mais - por termpo determinado e certo - ousar falar desse tema tão generalizado que é o amor. Ando meio cabreira com tudo, já me sinto voltando, nem bem indo... fico sempre olhando para os lados, para não ser atropelada por qualquer detalhe. Esse total alheamento tem me feito mal, pra não dizer piores palavras. Deixo assim pro Carrasco o controvertido amor e suas histórias, e quem quiser que assista a novela. Eu mesma detesto qualquer imprevisto ou incerteza, e vou cuidar dos joelhos ralados e ferimentos leves. A caixa de band-aid à espreita, sorridente. Alguém aceita um?

Modorrenta Segunda:.

Amiga, que falta você faz - principalmente nessas semanas que começam cansadas e com café melado. Como sobreviver até a tarde sem café e sem alguém pra descobrir respostas para mim? Três pedras pra jogar pra você: sonhei que você era enfermeira, estava num curso, e alguém lá te boicotava, e literalmente uma das suas mãos de repente adoecia e os dedos se grudavam - virava uma paçoca só. Havia uma BruxaMá por lá, que se fazia antes de sua amiga, e agora era puro ódio. Era ela que resolvia amputar seu membro. Mais: comecei a ler Espinhos..., da Zibia, e lá tem a seguinte frase "cuidado com as palavras e deveres que assumem por aqui".

Algo como: se começou a dizer a alguém que ama, saiba cumprir isso até o final, para evitar mágoas e acontecimentos desastrosos no futuro. Se casou, assuma o compromisso, não ciscando em terreiro nenhum, até que esteja livre. Porque o tempo passa, mas a honra e a dignidade da pessoa permanecem infinitamente por aqui. Não imagine que eu seja adepta de tudo isso - mas quanto a essa tal integridade, assumo: sou piegas. Ando com uma vontade de ser fiel a tudo, aos compromissos, às palavras ditas e escritas, a amizades e amores. Levar até o final o que falei, e quando resolver desistir de tudo, que não seja eu a fazer tal evento. Deve ser a tal síndrome do capitão, que é o último a abandonar o navio. Eu só quero que tudo de ruim me abandone, e resolva ir pro lado de lá. Pra que eu possa viver um tempo de amor e paz.

Lembra daquele "à meia altura do chão" que você andava? Deve ser contagiante, porque agora ando eu, a sorrir pra todos, pisar macio e pior - com uma tal "mexida" que não me sai da boca nem da mente. Decifre, se for capaz. Já estava indo e esquecendo: não é que você tinha razão quanto àquela parte que repete ad infinitum - dois iguais, paixão e amor? Bem, para o Flávio Gikovate corretíssima está você, pois o amor advém disso mesmo - da igualdade de dois seres. Li o tal livreto dele e até essa parte eu fui com a cara e a coragem. No momento em que ele salta dizendo que não existe ninguém bonzinho no mundo, aí fiquei assim - me achando injustiçada. Como é que ele escreve algo assim, e esquece de nós, seres tão do bem? Palavras do tal homem, FG.:

"Tenho insistido no fato de que todos nós temos uma sensação de buraco, de que falta alguma coisa. Temos, pois, um sentimento de inferioridade, que é universal. Ele está presente em todas as pessoas, inclusive naquelas que se mostram autoconfiantes e orgulhosas de si mesmas; são apenas criaturas mentirosas, além de competentes em artes cênicas. Foi a constatação dessa sensação que levou o poeta a afirmar: "é impossível ser feliz sozinho". Ou seja, a sensação da harmonia que buscamos só poderá ser encontrada a dois, na união amorosa. Essa foi também a posição que assumi nos últimos vinte anos. Defendi o amor romântico, a aliança intensa e forte entre um homem e uma mulher, como o grande remédio para o desamparo que nos acompanha. Ressaltei que a sensação de desamparo vinha aumentando, pois, até algumas décadas atrás, o aconchego era resultado da forte aliança que unia as famílias em clãs. A vida nas grandes cidades é hoje bem mais livre e tolerante para com o exercício de uma forma pessoal de ser. Por outro lado, a sensação de solidão cresceu muito. Usamos essa palavra – de forte conotação negativa que provoca pavor só de ser pronunciada – para definir a dor que deriva de nos sentirmos incompletos. Acho que a solidão envolve também uma certa vergonha, como se a pessoa sentisse menos competente para encontrar um parceiro. Poderia, porém, ser diferente: talvez deveríamos ter orgulho da nossa capacidade de ficar sós, coisa difícil e que nem todo mundo consegue. Na prática, porém, as coisas não vêm se passando exatamente como prevíamos. O conto de fadas, no qual embarcamos, tem esbarrado em vários obstáculos. Continuamos sonhando com o amor, é verdade; mas estamos cada vez menos dispostos a fazer concessões, a ceder às pressões do parceiro..."

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Sua experiência em consultório o fez perceber que quase todos os casais – e também as relações sociais e entre amigos – fundamentam sua relação nas trocas estabelecidas entre uma personalidade mais exigente, barulhenta e emocionalmente sensível e outra mais madura, compreensiva ao extremo. As pessoas se dividem em egoístas e generosas por fraqueza, e não por vontade própria. Nenhuma delas merece aplauso... segundo ele, os generosos não formam o time do bem, como julga o senso comum, nem os egoístas são os vilões. Sua hipótese é de que as diferentes reações a sentimentos humanos, como vaidade, inveja, culpa e humilhação, acabam por determinar o perfil de cada indivíduo. A miséria dos egoístas está no fato de que eles dependem dos generosos, assim como os generosos precisam dos egoístas. Em 1976, escrevi que havia dois tipos de amor, por diferença e por semelhança. A grande maioria dos casais se estabelecem entre pessoas antagônicas. Hoje, a moda é falar em alma gêmea, mas, na prática, as pessoas continuam se encantando por oposição e dizendo que os opostos se atraem. A atração por opostos tem muitas causas, desde a dificuldade de auto-estima (não gostar do seu jeito de ser e se encantar com o outro) até o medo da paixão, muito intensa, estabelecida entre semelhantes. A paixão, diferentemente da maioria das relações, se dá entre pessoas parecidas.

Paixão é amor em grande intensidade mais medo em grande intensidade. O coração não bate por amor, mas por medo. E muita gente acha que, quando a paixão vai passando, é como se o amor diminuísse também. Apenas o medo diminui. Mas muitas paixões terminam quando os amantes não suportam o que chamo de medo da felicidade. Ele está na raiz do pensamento supersticioso. O olho gordo tem cinco mil anos. O medo da felicidade surge quando estamos no meio de muita coisa boa e temos a impressão de que um raio vai cair na nossa cabeça. Muitos preferem se unir a uma pessoa diferente de si para garantir um pouco de irritação. Ligar-se a uma pessoa antagônica encanta e irrita ao mesmo tempo. Na paixão, as afinidades são enormes, os dois se encaixam maravilhosamente bem e o pânico se instala. As separações ocorrem por isso, e não por causa dos obstáculos.

A maioria dos casais é formada por um egoísta e um generoso; pois entre dois egoístas, a relação é impossível. Acontecem muitas brigas. Não dá problema psiquiátrico, mas ortopédico (risos). Quando o egoísta é casado com um generoso, pelo menos este coloca panos quentes. Quase sempre, a paixão ocorre entre dois generosos que acabam deixando de ser generosos. Seriam casais perfeitos se o generoso, tão atrapalhado psicologicamente quanto o egoísta, aprendesse a receber. O egoísta é estourado, ciumento, gosta de fazer autopromoção, é extrovertido porque não consegue ficar sozinho e intolerante à frustração. Faz o diabo para não se frustrar, inclusive passar por cima dos direitos dos outros. A partir dos seis anos, a criança é capaz de abstrair e se colocar no lugar do outro. Se uma criança vê um menino em uma cadeira de rodas e se imagina em seu lugar, sofrerá com isso. E uma criança que não suporta essa dor interromperá esse processo. Fica com uma visão unilateral do mundo e perpetua um padrão egocêntrico. São pessoas invejosas, embora se mostrem sempre muito bem. Isso confunde até hoje os psicanalistas, que fundaram o conceito de narcisismo, coisa que pra mim não existe, É um conceito usado para descrever pessoas que têm a postura do “eu sou bacana”, como se elas tivessem realmente esse juízo de si, o que não é verdade. Elas sabem que são um blefe. Fingem superioridade por se saberem invejosas e ciumentas. Elas precisam receber mais do que recebem. Matematicamente, são pessoas falidas. Podem botar a banca que for, mas são fracas.

Já o generoso é o inverso do egoísta. Não reage nem quando deveria, não suporta provocar dor na outra pessoa, aceita dócil um monte de contrariedade. Fala um monte de sim quando deveria falar não. Quando você tem oito anos e é um menino bonzinho e seu irmão começa a chorar porque quer uma bola que é sua, você não agüenta o remorso que imagina que vai sentir e dá a bola para ele. Mas não era isso que você queria fazer. Aí a mãe vem e diz que você é legal. O elogio estimula a vaidade, que se acopla à generosidade. É mais uma vez um truque para se sentir superior à custa de uma fraqueza. O generoso também inveja o egoísta, que é capaz de dizer não e goza os prazeres da vida, enquanto o generoso é todo cheio de pudores e constrangimentos. Acabam ficando duas porcarias.

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"Assim como a gravidade atrai os corpos para o centro da Terra, os nossos pensamentos têm o poder de atrair para nós aqueles relacionamentos que desejamos viver. Se nos dispomos a ver o que o outro tem de bom, nossas atitudes refletirão esses pensamentos e serão agradáveis e amorosas, despertando uma reação de igual natureza. Se pensarmos positivamente sobre as pessoas com quem nos relacionamos, naturalmente, as nossas palavras o nosso modo de agir se tornará muito mais leve e atraente. O contrário também é verdadeiro. Quando focamos os pensamento no que não gostamos no parceiro (a), desconfiando que ele(a) irá nos trair ou desapontar, nosso comportamento muda. Tornamo-nos mais agressivos, ríspidos ou impacientes e o relacionamento vai perdendo a graça e se tornando pesado. Para pensar bem do outro é preciso, antes, que pensemos bem sobre nós mesmos. É necessário reconhecer as próprias qualidades e a potencialidade que trazemos dentro de nós e que nos torna capazes de crescer, aprender e avançar. Só é possível dar aquilo que se possui. Apenas quem é capaz de se amar e de se valorizar pode amar e valorizar o outro. O caminho para uma boa auto-estima está em cultivar bons pensamentos e ter em mente que eles são a nossa companhia mais constante. Temos a opção de escolher, a cada momento, o que abrigamos em nossas mentes. Com atenção, esforço e responsabilidade é possível detectar um pensamento menos bom na sua origem, e substituí-lo por outro que irá produzir resultados positivos. A melhor estratégia para se encontrar uma princesa ou um príncipe encantado é tornar-se, você mesmo(a), um príncipe ou uma princesa encantada. O universo funciona como um espelho e tudo aquilo que transmitimos, retorna para nós amplificado. Para despertar os melhores sentimentos em quem é preciso pensar o melhor dele(a). Só assim estaremos irradiando o tipo de energia e de vibrações que desejamos receber, estabelecendo uma sintonia de amor e de harmonia nos nossos relacionamentos a dois."

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Depois disso, me sinto a própria Bridget Jones, presa a um regime maluco, e analisando teorias conspirativas psicológicas. Tem jeito de me salvar dessa porcaria?

domingo, julho 03, 2005


Q.I. Emocional:.

"Um velho homem queria virar a terra do seu jardim para plantar flores, mas era trabalho pesado, e seu único filho estava passando temporada na cadeia, por acusação de assassinato dos ladrões que haviam assaltado sua casa. O home então resolveu escrever ao seu filho: "Querido, estou triste porque, ao que parece, não vou poder plantar meu jardim este ano, sua mãe adorava flores, e esta é a época do plantio, porém eu estou velho demais para cavar a terra. Infelizmente, com você na prisão, tudo aguardará, com amor. Seu pai". Pouco depois o pai recebeu o seguinte telegrama: "PELO AMOR DE DEUS, pai, se afaste do jardim, não o escave, foi lá que enterrei os corpos". Às 4 horas da manhã vários policiais apareceram no dia seguinte, e escavaram o jardim inteiro, sem contudo encontrar nada. Confuso, o velho pai escreve ao seu filho, perguntando o que aconteceu. A resposta do filho foi: "Pode plantar agora seu jardim, pai. Isso é o máximo que no momento pude fazer pra te ajudar". Moral da história, para aqueles que não compreendem nada se tudo não estiver diante dos olhos, explicitadamente esmiuçado - Problemas na vida são inevitáveis, mas todos podem ser resolvidos com um pouco de criatividade.

Maneiras de aumentar a criativdade:
Deixe bem claro o que você quer, aprenda tudo sobre o assunto, e depois se desligue dele. E se ocorrer algum erro no caminho para a conquista do que deseja, olhe os diversos ângulos, novos prismas, e arrisque outra tangente, pra atingir o que sabe que vai conseguir.

Exemplo
Levi strauss desembarcou na Califórnia levando toneladas de rolos de lona para vender aos mineiros como cobertura para suas carroças e tendas, mas ninguém estava interessado. Desse erro, fez um acerto, transformando as lonas em calças resistentes para o trabalho, que os mineiros faziam. Estava criada a marca Levi's. Charles Goodyear cometeu um erro quando derramou uma mistura de borracha indiana e enxofre num forno quente, e usando a criatividade, inventou a borracha vulcanizada. Quem não conhece a história da criação do velcro? Pois é, quem sabe o provérbio "Deus escondeu o paraíso no meio do inferno" não esteja corretamente sendo usado? Portanto, sempre que algo não for aquilo que você esperava, saiba ver o paraíso naquilo e confiar na transformação.

quem espera sempre alcança...

sexta-feira, julho 01, 2005


Zarpando:.

Famigerada amiga sem coração, vou-me antes que o onibus daqui parta sem mim. Os motoristas não esperam ninguém - inconvenientes de quem não gosta de andar à pé vinte quadras (de novo, não!). Só pra constar, não ligue para os problemas da vida, eles além de não terem telefone, não sabem o que é internet, assim sem email, sem msn, sem qualquer contato para o final-de-semana. Aproveite e curta bem os momentos que o plóft nos deixa - aliviadas por algum tempo de fardos desnecessários. Porque como diz o macaco, "nóis goza", mas porque nos matamos de trabalhar.

Portanto, pleno direito de divertimento por merecimento garantido. Vou pegar minha filhota, furar todas as filas de banco que tenho pra ir hoje, cair fora antes das três e ir pro jardim zoológico. Fome de bicho: meu lince anda com saudades de seus familiares, e sua afilhada precisa conhecer novos amiguinhos. Em tempo: ontem eu também resolvi dar uma de boa samaritana e pegar um vira-poodle gordo da rua. Tirei o veterinário da mesa do almoço, queria dar um banho no bicinho, já íntimo de Beatriz. Não deu certo, amiga - o cachorro pertencia a rua, avisa o profissional, não se adapta a donos que cuidam bem de animais, e seu legitimo amo mora na rua abaixo, e deixa o cachorrinho ao deus-dará, mas não dá pra ninguém o pobrezinho.

Beatriz chorou quando ele foi embora. Cheio de pulgas, cheio de nós no pêlo, cheio de tártaros na boca e com a unha compridíssima. Tentei salvar, porém não pude - o possuidor do cão poderia me processar por deixar seu animal apropriadamente limpo e são. Agora é esperar pelo sábado, diante da lojinha que anda doando gatos siameses. Vê se cuida bem das aves, e reserva um filhote pra mim do cão cinza que tu tens. Ando colecionando de tudo...

Embasbacada:.

Querida Palova, nosso sonho de voar pelos ares, nuvens dentro e fora, foi literalmente, para o espaço. A menos que começamos a fazer algum tipo de exercício (não vale o que você está acostumada noturnamente), estaremos fora do certame. Porque para ser economista e engenheira civil na aeronáutica do Brasil não basta saber a matéria do curso: há que se atender a dispositivos anexos primordiais. Inclui-se: tem que ser magra (atendendo dispositivo de gordura corporal nos anexos), tem que concluir repetições de três exercicíos perfeitamente (isso inclui no anexo as falhas que devem ser evitadas), e há que ser perfeita, tanto quanto Deus permitir e o dinheiro resolver (dentes perfeitos, sem tatuagens, sem cicatrizes, sem aparência horrorosa, sem doenças, sem nada viu?).

Tudo bem: querem uma profissional razoavelmente boa pra cuidar dos doentes, e BOA pra cuidar de assuntos internos. Agora me responda porque isso não pode ser estendido a todos os concursos públicos? Ora, porque haveria inconstitucionalidade, imagine qe não teríamos gordo trabalhando em repartições públicas, nem gente baixa nem muito alta, feias e com dentes estragados ou cariados fora de cogitação. Se estendessemos essas regras para a política e admissão de representantes do povo, seria perfeito: presidente teria que ser estilo Collor, não haveria nenhum Severino em Brasília, e um monte de Gianechini em prefeituras.

Acha que ainda dá pé, eu tão desregrada, tentar essa impossibilidade absurda? Adianto: já vejo você, com o devido quepe de lado, saia e blusa recatadas, salto alto... sem pele de onça. Não quer tentar comigo? Na adolescência, acredite, eu sonhava em ser aeromoça, além de uma das panteras do seriado. Na falta de, não serve isso aqui? Gargalhadas.

Tempo para rir, amiga. Pense nas probabilidades inúmeras advindas do encontro entre eu e você, numa cidade paradisíaca, sem limites nem alturas máximas. E agora, tchan, tchan, tchan: o mais importante. Ocorre que hoje, sem mais nem menos, numa invasão "estilo virótica" o alerta apita por aqui. A mensagem: O windowns, por erro, apagou todos os emails que você tinha no computador. Qual a sua opção? 1. Matar 2. Deletar 3. Excluir. aparece, num quadradinho. Bem, eu não sou loura, nem socialite, mas... Pegou a dica? Sério, foi encomenda dos deuses pra ti.

Esperando sua resposta, sem delongas mais, subscrevo esta.

Ps.: A casa das sete mulheres, que terminei ontem, é booooooom. Porém a babaca da Manuela, que resolve ficar solteira, por 47 anos, pra curtir platonicamente sua paixão pelo idiota do Garibaldi, que só quer ficar lutando atrás de seus pseudo-ideais, me deixou sem tesão pra Acreditar no Amor. Deles. Sim, continuo crendo firmemente no meu Amor, que chega daqui há cinco horas. E naquele que o Minuano trouxe pra ti, sob encomenda do destino.