sexta-feira, maio 21, 2010


lAçOs:.:

Antes de sair de casa, fiquei pensando nas semanas que viriam, quando eu estivesse lá fora. Sou assim: penso demais. Em tudo! Sabia que, embora fosse conservar o sentimento, uma vez pé-no-chão-de-fora, seria para-sempre. Não voltaria a dormir aconchegada, nem sentiria mais "aquela sensação de estar segura", com braços fortes e um homem para me proteger. Também não acordaria mais com um sorriso na face, doida pra fazer festa, com o cara do lado. O cara da minha vida! Tudo iria ficar demasiado vazio, e esse era o problema: vazio. Nunca mais ninguém que amava iria me roçar as pernas, nem brincar de cachorrinho... Altas horas da noite, se sentisse necessidade de alguma coisa, não haveria mais alguém pra me levar de volta ao céu. Isto me deixava petrificada: pesando na balança, aquilo que me preenchia, com ele ao meu lado, era muito importante. Pesava demais! No final, pensando bem, aquilo que me irritava, se tornava tão simples. "Simples como fazer sopa de batata". O que não é uma coisa fácil, qualquer pessoa sabe, se já leu a Julie ou Julia Child (descascar batatas, e amassá-las é trabalhoso. O pior é picar o alho-poró...). Pensando mais ainda, sopa de batata parece tão comum... mas é uma delícia! Por esse lado, e pensando bem... melhor fechar a porta. Apagar a luz. Voltar para cama. Sopa de Batatas acalmam e apaziguam um coração desconsolado. Chá de alecrim, pra encerrar, alegram uma alma desanimada. E o que arremata com laço dourado, bem... Melhor silenciar e aproveitar o que está na cama. "Está tudo bem, meu amor. Não haverá mais lutas."

Joelhos dobrados:.

Estou cansada de viver como se já fosse uma pessoa adulta e madura. Gostaria de voltar a ser criança – uma garotinha de seis anos que caiu da bicicleta. Gostaria de fazer cara de choro e correr aos berros para a cozinha, onde minha mãe me ergueria do chão, me daria um forte abraço e beijaria meu joelho esfolado. Eu pararia de chorar e tomaria leite com chocolate para a dor passar. Essa é uma das coisas que as pessoas não nos ensinam quando falam de crescer: como lidar com as dores que não passam com um beijo. "Um dia, quando eu era bem pequenininha mesmo, trepei em uma árvore e comi uma daquelas maçãs verdes, ácidas. Minha barriga inchou e ficou dura feito um tambor. Doeu à beça. A mãe disse que, se eu tivesse esperado as maçãs amadurecerem, não teria ficado doente. Agora, quando quero alguma coisa de verdade, tento lembrar do que ela disse sobre as maçãs."