quarta-feira, junho 29, 2005


Quod erat demonstrandum:.

"Gosto de dizer.
Direi melhor: gosto de palavrar.
As palavras são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sensualidades incorporadas (...)
Como todos os grandes apaixonados, gosto da delícia da perda de mim, em que o gozo da entrega se sofre inteiramente. E, assim, muitas vezes, escrevo sem querer pensar, num devaneio externo, deixando que as palavras me façam festas, criança-menina ao colo delas. São frases sem sentido, decorrendo mórbidas, numa fluidez de água sentida, esquecer-se de ribeiro em que as ondas se misturam e indefinem, tornando-se sempre outras, sucedendoa si mesmas. Assim, as idéias, imagens, trêmulas de expressão, passam por mim em cortejos sonoros de sedas esbatidas, onde um luar de idéia bruxuleia, malhado e confuso. Não choro por nada que a vida traga, ou leve. Há porém, páginas de prosa que me tem feito chorar..."

Fernando Pessoa, Livro do Desassossego..

do Baú:.

Como? Mas como é que eu escrevi nove livros e em nenhum deles eu vos disse: Eu vos amo? Eu amo quem tem paciência de esperar por mim e pela minha voz que sai através da palavra escrita. Sinto-me de repente tão responsável. Porque se sempre eu soube usar a palavra - embora às vezes gaguejando - então sou uma criminosa se não disser, mesmo de um modo sem jeito, o que quereis ouvir de mim. O que será que querem ouvir de mim? Tenho o instrumento na mão e não sei tocá-lo, eis a questão. Que nunca será resolvida. Por falta de coragem? Devo por contenção ao meu amor, devo fingir que não sinto o que sinto: amor pelos outros? Para salvar esta madrugada de lua cheia eu vos digo: eu vos amo. Não dou pão a ninguém, só sei dar umas palavras. E dói ser tão pobre. Estava no meio da noite sentada na sala de minha casa, fui ao terraço e vi a lua cheia - sou muito mais lunar que solar. E uma solidão tão maior que o ser humano pode suportar, esta solidão me toma se eu não escrever eu vos amo. Como explicar que me sinto mãe do mundo? Mas dizer "eu vos amo" é quase mais do que posso suportar! Dói. Dói muito ter um amor impotente. Continuo porém a esperar.

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Esta é uma confissão de amor: amo a língua portuguesa. Ela não é fácil. Não é maleável. E, como não foi profundamente trabalhada pelo pensamento, a sua tendência é a de não ter sutilezas e de reagir às vezes com um verdadeiro pontapé contra os que temerariamente ousam transformá-la numa linguagem de sentimento e de alerteza. E de amor. A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo para quem escreve tirando das coisas e das pessoas a primeira capa de superficialismo. Às vezes ela reage diante de um pensamento mais complicado. Às vezes se assusta com o imprevisível de uma frase. Eu gosto de manejá-la – como gostava de estar montada num cavalo e guiá-lo pelas rédeas, às vezes lentamente, às vezes a galope. Eu queria que a língua portuguesa chegasse ao máximo nas minhas mãos. E este desejo todos os que escrevem têm. Um Camões e outros iguais não bastaram para nos dar para sempre uma herança da língua já feita. Todos nós que escrevemos estamos fazendo do túmulo do pensamento alguma coisa que lhe dê vida. Essas dificuldades, nós as temos. Mas não falei do encantamento de lidar com uma língua que não foi aprofundada. O que recebi de herança não me chega. Se eu fosse muda, e também não pudesse escrever, e me perguntassem a que língua eu queria pertencer, eu diria: inglês, que é preciso e belo. Mas como não nasci muda e pude escrever, tornou-se absolutamente claro para mim que eu queria mesmo era escrever em português. Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só para que a minha abordagem do português fosse virgem e límpida.

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Acho que sábado é a rosa da semana; sábado de tarde a casa é feita de cortinas ao vento, e alguém despeja um balde de água no terraço: sábado ao vento é a rosa da semana. Sábado de manhã é quintal, uma abelha esvoaça, e o vento: uma picada da abelha, o rosto inchado, sangue e mel, aguilhão em mim perdido: outras abelhas farejarão e no outro sábado de manhã vou ver se o quintal vai estar cheio de abelhas. Nos quintais da infância do sábado é que as formigas subiam em fila pela pedra. Foi num sábado que vi um homem sentado na sombra da calçada comendo de uma cuia carne-seca e pirão: era sábado de tarde e nós já tínhamos tomado banho. Às duas horas da tarde a campainha inaugurava ao vento a matinê de cinema: e ao vento sábado era a rosa de nossa insípida semana. Se chovia, só eu sabia que era sábado: uma rosa molhada, não? No Rio de Janeiro, quando se pensa que a semana exausta vai morrer, ela com grande esforço metálico se abre em rosa: na Avenida Atlântica o carro freia de súbito com estridência e, de súbito, antes do vento espantado poder recomeçar, sinto que é sábado de tarde. Tem sido sábado mas já não é o mesmo. Então eu não digo nada, aparentemente submissa: mas na verdade já peguei as minhas coisas e fui para domingo de manhã. Domingo de manhã também é a rosa da semana. Embora sábado seja muito mais. Nunca vou saber por quê..."

in, "A Descoberta do Mundo".

terça-feira, junho 28, 2005


Giuseppe Garibaldi:.


"No início de 1839, os lanchões farroupilhas entraram nas águas da lagoa pela primeira vez. Abrindo caminho entre os juncais, surgiam eles, como por encanto, a singrar aquele mar de água doce. Giuseppe, à proa, comandava seus marinheiros. Estavam treinados para tudo. Se havia um baixio pela frente, Giuseppe enchia o peito de ar e gritava:- À água, patos! Os marinheiros seguravam o barco na altura dos ombros e o levavam para o outro lado dos baixios. (...)Com apenas um tiro de canhão conquistou uma sumaca imperial - Mineira e o patacho Novo Acordo fugiu apavorado. Como resposta ao ataque, o Império enviou quatro navios de guerra à Lagoa dos Patos. E as embarcações imperiais navegavam naquelas águas, como grandes fantasmas, esperando pelos corsários que nunca apareciam. Giuseppe Garibaldi divertia-se. Deslizava com seu barco entre os juncais e atacva as estâncias dos caramurus. Levavam cavalos à bordo - 7, porque número de fortuna, e eram já tão bons ginetes quanto marinheiros. Fugia sempre pelos juncais que os grandes barcos inimigos não podiam transpor. Os "patos" de Garibaldi eram ágeis e sempre conseguiam escapar, levando as duas sumacas nos braços. O império assustado tomou providências: Greenfell caíu, e nomeou-se novo comandante para as operações navais - Frederico Mariah, que não acreditou quando lhe contaram que corsários farroupilhas assombravam as águas da Lagoa."

"Povo que não tem virtude acaba por ser escravo" O que falta a nossa época são pessoas com ideais, são sonhadores que realizem algo, são inspiradores. E a quadrilha anda solta, e o povo continua quieto. Chico Buarque declara que o povo emburreceu; lógico é fácil ser inteligente com dose de uisque importado na mão, e eu já nem sei o quê...

segunda-feira, junho 27, 2005


No altar, flores e Lembranças.

Tenho um ritual sacramentado. Incluo mais esse dia - 27/6, para dia de novena e lembranças. Pra sempre lembrar quem por aqui esteve, e deixou rastro de luz e amor. Devo muito por ter me dado esse Amor, que é tudo de bom que existe aqui, dentro de mim. Não sabia que existia vela pra novela, já destinada a durar nove dias - por causa disso aposento as de sete dias, que me davam dois dias "sem reza". Descobriram, e agora tenho esse acréscimo. Bem, Lá vou eu me curvar ao destino, e deixar meu coração andante me levar vida afora...

.:De onde e porquê tal crença
Eu sou da opinião do falecido Renato Russo - não preciso me explicar pra ninguém; porém como gosto de cultura e sociologia, misticismo e origem de crenças, um pouco da origem do ritual de antepassados. Para algumas doutrinas, os espíritos dos mortos vagueiam pelo espaço e visitam os parentes vivos. Nessas visitas ocasionais observam se a família está se lembrando deles; e caso estejam em esquecimento e o culto à sua pessoa não esteja sendo celebrado, males podem advir à família como doenças e dificuldades financeiras. Quando os cultos são celebrados com regularidade, ocorre o contrário, há prosperidade na família, as doenças desaparecem e os problemas conjugais são solucionados. Já para os mexicanos, En el ensayo “El laberinto de la Soledad”, Octavio Paz estima que la relación de los mexicanos con la muerte es muy especial, difícil de entender para otras culturas. El mexicano desprecia a la muerte, a la vez la venera. La celebración como hoy la conocemos, se debe al Beato Sebastián de Aparicio, quien la estableció en el año de 1563, en la hacienda de Careaga en las inmediaciones de Azcapotzalco, D.F., encontrando esta costumbre, fácil eco entre los indios quienes consideraban que de alguna manera había que honrar a sus difuntos.

A chama de vela da reza
direto com o santo conversa
ele te ajuda te escuta num canto
coladas no chão as sombras mexem
pedidos e preces viram cera quente

O chato do rappa

Eu sou assim:.


Eu sou assim, quem quiser gostar de mim, eu sou assim... Não gosto dessa música, mas a foto me descreveu HOJE tão perfeitamente. Alguém se arrisca a adentrar na floresta pra colher a flor? Deixem-me sozinha, então... eu vivo assim, no deserto da solidão. Esperando um são Jorge, pra me livrar desse dragão cheio de espinhos.

Agradecimentos:.

Nem sei a quem devo me prostrar. Mas por obra de não-sei-quem, que coisa boa ocorreu. Portanto, na falta de saber quem, agradeço a todos que eventualmente peço proteção. Santa Bárbara, protetora de uma escola de artilharia; São Jorge, destemido e Anjo Guardião, Amém.

Em algum lugar do coração:.

NEDNAS.

Beatriz:.

Eu tenho plena convicção que Beatriz, apesar do ascendente em libra, que é um saco pra mim, é a menina mais linda do planeta [me desculpem as outras menininhas de um ano e nove meses, mas é a voz do coração que clama por aqui!]. Nem tanto pelo sentimentalismo de mãe, também não é pela beleza herdada do lado materno, que a remete a bisavó Encarnação, mas pela candura que traz dentro de si. Também pela persistência, e por tentar de tudo, mesmo com medo. Mesmo sabendo que vai doer, que pode cair, ela continua até conseguir o que quer. O resultado de tudo isso é apavorante: conseguiu agora entrar sozinha no berço, e ensaia (sob protestos desvairados de todos) a saída, que pode resultar em perigosa queda; já saiu correndo, não andando, e ladeiras são sua fixação; desliga o computador direitinho, quando percebe que a atenção está por demais concentrada nele; exige com beicinho encantador a XUXA diariamente por umas 4 horas; fala tudo e aprendeu a palavra caralho e merda, coisa que usa quando extremamente irritada com negativas. Adora arrancar os marca-textos dos inúmeros livros dispostos no criado-mudo; eu ando perdida e reiniciando milhões de vezes o mesmo capítulo...

Ontem, assistindo à missa, ela num momento resolveu ir embora e disse "Tchau Jesusis, vai dormir, Bia quer a Xuxa". Simples e facilmente foi pela porta afora... Acho que eu deveria tentar viver desse modo, descomplicadamente, do que andar antevendo o futuro 'darth Vader', no meu presente. Quercoisa mais idiota essa de "temer antes de acontecer"?

domingo, junho 26, 2005


Estigmata:.

"Nossa história está impressa na minha pele, como as digitais dos meus dedos. Lembro que em dado momento ele lembrou de Dante e seus infernos, e nos colocou ali, no segundo círculo, almas açoitadas pelo negro vendaval, e pelo famigerado Minos. Leu em voz alta o trecho de Divina Comédia: Foi em um dia que líamos ambos as aventuras de lancelot e de como foi apanhado pela rede do amor. Estávamos sozinhos, sem pensarmos um no outro. Aquela leitura, porém, fez com que os nossos olhares se encontrassem uma e outra vez, e nossos semblantes empalidecessem. Na realidade, um trecho do livro tudo decidiu: aquele que diz que o divino sorriso da amada foi interrompido pelo beijo do amante. Meu inseparável amigo desde então a boca me beijou freemente. O livro decidiu nosso destino, naquele dia não o lemos mais. Era referência à Paolo e Francesca da Rimini, amor que levou-os a morte, assassinados pelo marido de Francesca e que também era o irmão de Paolo.

Foi então que nos separamos - tinhamos medo dessa sina. Mas é nele que penso ao subir as escadas desta casa tão imensa de vazio, é ele que ocupa toda a minha alma como se eu nào fosse mais do que um refúgio para as lembranças do que ele já fez, e é no calor da sua recordação que me aqueço. É isso que sou: um cofre, uma urna daqueles sonhos perdidos, do sonho de um amor que se gastou no tempo e nas estradas da vida, mas que ainda arde em mim, sob essa minha pele, com a mesma pulsação inquieta de quando trocávamos juras de amor.

Sim, sempre os homens se vão, para as suas guerras, para as suas lides, para conquistar novas terras, abrir túmulos e enterrar mortos. As mulheres é que ficam, é que aguardam 9 meses, uma vida inteira... Arrastando os dias feito móveis velhos, as mulheres esperam. Como um muro, é assim que uma mulher do pampa espera pelo seu homem. Que nenhuma tempestade a derrube, que nenhum vento a vergue, o seu homem haverá de necessitar algum dia de uma sombra quando voltar para casa. Se voltar ... Minha avó dizia isso ao contar das esperas pelo meu avô; e é sua voz que ecoa agora nos meus ouvidos.

Será que tomará susto quando me encontrar, espantado por me ver "tão diferente", em mim tanta serenidade lavrada a faca, moldada nesses dias de angústia e espera, em que o silêncio ainda é o melhor dos confortos e dos esconderijos? A tristeza por aqui é feito pó, quando se entranha numa casa não sai mais. É preciso cuidar para que a alma permanecesse arejada, apesar de tudo. Nunca acontece nada a um homem, que não seja semelhante a ele. Diante do espelho me vejo etérea, toda paixão, iluminando o planeta com o que detenho dentro de mim.

Histórias-retalhos de Casa das 7 mulheres, Divina Comédia e Maldades de uma Bruxa Boa, colcha pra fazer alguém dormir.

Emburrecer:.

De acordo com Bacon, existem quatro tipos de ídolos ou de imagens que formam opiniões cristalizadas e preconceitos, que impedem o conhecimento da verdade: 1. ídolos da caverna: as opiniões que se formam em nós por erros e defeitos de nossos órgãos dos sentidos. São os mais fáceis de corrigir por nosso intelecto; 2. ídolos do fórum: são as opiniões que se formam em nós como conseqüência da linguagem e de nossas relações com os outros. São difíceis de vencer, mas o intelecto tem poder sobre eles; 3. ídolos do teatro: são as opiniões formadas em nós em decorrência dos poderes das autoridades que nos impõem seus pontos de vista e os transformam em decretos e leis inquestionáveis. Só podem ser refeitos se houver uma mudança social e política; 4. ídolos da tribo: são as opiniões que se formam em nós em decorrência de nossa natureza humana; esses ídolos são próprios da espécie humana e só podem ser vencidos se houver uma reforma da própria natureza humana.

Já Descartes localizava a origem do erro em duas atitudes que chamou de atitudes infantis: 1. a prevenção, que é a facilidade com que nosso espírito se deixa levar pelas opiniões e idéias alheias, sem se preocupar em verificar se são ou não verdadeiras. São as opiniões que se cristalizam em nós sob a forma de preconceitos (colocados em nós por pais, professores, livros, autoridades) e que escravizam nosso pensamento, impedindo-nos de pensar e de investigar; 2. a precipitação, que é a facilidade e a velocidade com que nossa vontade nos faz emitir juízos sobre as coisas antes de verificarmos se nossas idéias são ou não são verdadeiras. São opiniões que emitimos em conseqüência de nossa vontade ser mais forte e poderosa do que nosso intelecto. Originam-se no conhecimento sensível, na imaginação, na linguagem e na memória. Para Descartes, o conhecimento sensível (isto é, sensação, percepção, imaginação, memória e linguagem) é a causa do erro e deve ser afastado. O conhecimento verdadeiro é puramente intelectual, parte das idéias inatas e controla (por meio de regras) as investigações filosóficas, científicas e técnicas.

Entre os dois, acho que prefiro ser tachada de errática e continuar acreditando na sensação, no além , em almas gêmeas, e até em amor-fantasma, coisa que a Rosário do livro a casa das sete mulheres padece. "Em algum momento nossos mundos se cruzaram, e eu sou eternamente apaixonada por ele". Procuro e desconheço razão pra não crer nisso; acho eu que estou a cada dia mais espírita, e a bruxa que mora em mim anda assombrando outro corpo.

Aproveitando as bençãos:.

Que eu adoro ler, já é fato notório; o grande problema é que na família quem "gasta" com esse hobby é somente eu. O que gera uma dificuldade imensa pra adquirir livros, além do ato de comprá-los por iniciativa própria. Assim, como ainda não ganho fortuna, nem nado em dinheiro herdado, aproveito as ofertas. Nesse mês, pra quem gosta, eis as novidades, Americanas, tudo R$ 9,90. Outros da Siciliano, até R$ 14,90. E sebos de Curitiba.

1.Sem destino; apesar de em alguns momentos eu ter parado, e ainda não ter concluído a narrativa, tem cada passagem, o escritor descreve tão bem alguns momentos... Vale a pena!

2. Rachel de Queiroz, O não me deixes . Apesar de achar que jamais vou fazer alguma receita, porque comida cearense não é minha praia, gosto tanto dessa escritora. Coisa de alma.

3. doutor morte. Eu estou lendo o prefácio, mas pelos comentários, dizem que é bom no gênero que adoro - suspense criminal. Se tiverem sorte se deparam com "legitima defesa" também.

4. Budapeste, do Chico Buarque. Se vale a pena? Bem, eu consegui terminar rapidinho, e é completamente esquecível, apesar de em alguns momentos a história ser muito boa. Não é pra todos os gostos.

5. Tempo de Migrar para o norte. Este é uma incógnita - mas eu adoro autores que desconheço completamente. Saídos assim, de lá do outro mundo.

6. A vontade de Deus. Muito bom mesmo! Quase terminando...

7. A ditadura envergonhada. Não consigo prosperar na leitura, depois de ter lido tantas críticas de históriadores sobre. Se eu vencer as vinte páginas, coloco aqui.

8. a casa das 7 mulheres. pensei que tinha um tesouro nas mãos, tamanha era minha vontade em ler esse, depois de ter assistido a tal minissérie. Meio que decepcionada, já estou querendo empurrar a chata da manuela, que tem 15 anos no livro, e é morena, pro barranco.

9. A trilogia completa: "O tempo e o vento". Relendo, pelo Érico. Adoro! Fora Capitão Rodrigo, que deve ser o início.

O ano em que passei no mar, Joan Anderson.
10 dicas para viver bem com seu Monstro. (pra todas que forem casar)- Beatriz está encantada com este, mas detestou o DVD n.1 da XUXA (eu também, ridículo!)
Sustação e Cancelamento de protesto; Pretensão Punitiva prescrita, Carlos Gonçalves, SHF, Criminalidade e Filosofia Espírita, Excessão de Pré-executividade.

Fiquei com azia. Uma Salada mista, acho que é azeitona demais que ando comendo. Não imaginem que foi tudo durante um mês - meu salário não comportaria tanto.

sexta-feira, junho 24, 2005


Adiantando a Sexta:.

Resolvi entrar no esquema anti-MSN. Respeito ao trabalho já! Porque os patrões merecem ganhar algum, enquanto os trabalhadores tem seus salários garantidos. E assim, Palova, corro colocar algo pra ti agora - porque na noite de sexta, ELE (é, virou tudo maiúsculo!) chega... e vai, volta e permanece. Assim, estarei de prontidão, pra matar essa saudade-jibóia que anda me corroendo por dentro. O grande problema é a descoberta que esse verme é tremendamente faminto, e na falta D'Ele, insisto em comer, comer... a dieta foi pro mar nessa semana, os pneus novamente calibrados... A falta que Ele me faz...

Bem, sei que você, querida Palova, mesmo com uma hora de atraso, ainda há de me entender nesse breve colóquio. Não sei qual capítulo eu assisti, mas houve uma cena na novela "Alma Gêmea" que me pegou ali, na sala. Destino? Sei lá, mas me perdoa se te contar que visualisei o seu guru no índio-peruca de lá? E então... "Serena, a índia abobalhada, falando de uma maneira aparvalhada, olha para seu guru com peruca ridícula e diz: Mas usted sabe o que vai no coração de Serena? Como é que sabe que sinto tudo isso? Sei que meu destino é longe, minha missão é distante, porém quero saber de ti se posso fechar os ouvidos, feito Ulisses, pra não ouvir o canto que me chama, e permanecer aqui, encerrando meu destino?"

O cara-pálida perucoso reflete, olha atentamente para o lago na gruta e profere sabiamente: Ah, Serena, se tudo fosse tão fácil assim. O problema é que coração não fala, grita. E você não ouvindo, vai passar a vida inteira escutando vozes, teimando em ver visões, sonhando acordada, se sentindo metade aqui... E a outra metade onde andará? Querida Serena, ninguém vive sem cumprir sua missão, ouve seu coração e acredite nesse velho índio."

Tudo bem, húngara, realmente o sabor foi alterado, eu não sou virginiana, e quem consegue decorar falas e textos por aqui é o Anjo Raphael. Mas a essência, aquilo que estou querendo dizer, está ululante aí. Consegue ouvir o clamor?

No final, uma cadeira de balanço. Ouvimos seu barulho, e pode ser nhá Balbina, Ana Terra, Manoela... menos eu, tá? Não quero a sina de terminar enlouquecida por carregar no coração amor contido, durante esta passagem-vida aqui. Daqui por diante eu tapo os meus ouvidos com cera, e deixarei meu coração guiar meus passos através dessa escuridão que sobressai nessa parte do caminho. Que ele me leve até Meu destino, vou aceitar tudo de bom grado, mesmo Sendo o Amor dolorido e custando alguns sonhos-ilusão... Preciso voar, querida, preciso amar. Se o amor veio com asas, eu devo me lançar ao mar, mesmo que nado não seja minha especialização, e o medo da profundeza me atacar de quando em vez.

Que nessa noite os deuses te carreguem na mão e te mostrem sua missão. E que forneçam escafandro em algumas horas para mim, já que submersa ando assim.

Até onde ir, amando?:.

"Abre a segunda das três gavetinhas do toucador. Vasculha entre os pentes, presilhas e grampos, e puxa lá do fundo a tesoura negra, pesada. É uma tesoura velha, pertenceu a sua avó paterna. Acaricia a lâmina afiada e escura. Passa a tesoura pelo rosto com cuidado, sentindo a frieza do metal. Não quer mais viver se for pra estar longe dele. Para que? Aguentar uma lenta sucessão de dias iguais, fingir-se interessada pela guerra, pelas vitórias, pelo sangue derramado, por aquela república... Ver outros verões, suar outras tantas tardes até que chegue um inverno, e mais outro, e mais outro, até que o minuano estoure em seus tímpanos, corroa sua alma, até que envelheça numa cadeira de balanço, olhando o pampa, feito um fóssil. A tesoura pesa entre os seus dedos. A tesoura espera uma decisão".

Trecho do livro "A casa das Sete Mulheres", que está dando um trabalho doido pra enfrentar as quinhentas e poucas páginas. Parece que o livro, aqui, não chega aos pés da minissérie.

quinta-feira, junho 23, 2005


Diálogos de Quinta-feira:.

Imaginei que poderia escrever uma série de cartas a ti, Palova. Não com a formosura de redação que "coração selvagem" coloca em suas missivas, algo assim, a minha cara, totalmente desconexo e com variantes emocionais voláteis demais para qualquer um, exceto a você. Gosto do mistério e do desconhecido, principalmente do jogo do "oque-será-que-significa", onde nós duas colocamos o símbolo e o significado. Pra depois ser alterado por qualquer-bruxa-tola-e-socialite, que insistirá em dizer que "tudo se aplica a ela". Há pessoas que certamente não desgrudam de seu umbigo, querida. Temos que nos conformar com esse realismo.

Fiz as bolachas, e todas foram saboreadas, sem sobrar naco sequer. Eu achei que coloquei cravo-da-india moído demais - essas especiarias! Devemos tomar tanto cuidado ao mexer com tais opóbrios, sabe como são flamejantes. Isso me lembra que consegui "Senhora das Especiarias", um livro imperdível. Pois é, o que não consigo, quando se junta magia, vontade e um Senhor-que-entende-onde-encontrar-tudo? Falta-me agora unir o principal obstáculo para adquirir o que mais quero - grana. Ah, que belo non-sense. Bem, omiti uma parte quanto a feitura dos ditos biscoitos: como havia o critério de doação, querida Palova, vossa amiga não aguentou fazer tantos moldes - pois já eram 4 formas!, e doei a parte em pelota. É, assim mesmo, repassei em vez de belas bolachas assadas, a massa para modelagem. Será que teremos problema na hora da evocação e contagem de bençãos? Droga de gênio preguiçoso e irascível.

Quanto ao cheque descontado antes do previsto, agradeço aos deuses pelo saldo na conta-corrente. É, tinha, mas isso não vem ao caso: gosto de empresas que cumprem o que prometem, não que deixam-ao-deus-dará a sorte de pagamento. Assim, resolvi o problema enviando email ao departamento de contato ao cliente. A escrita é a minha única forma de angariar algo. Com tantas borboletas na cabeça, e lobos no coração, ando navegando em pontos e vírgulas. Não há como manter o mínimo de conversação segura sem falar palavrão. Como não ouso profanar-me assim, todos os dias, o caralho eu omiti, e suavemente contei o problema. A questão é que levei ao conhecimento. Ponto.

Já a assinatura das duas maleditas revistas está mais "conturbada". Não há saco pra ligar novamente pra lá, não há como mandar email, e o problema é que o débito é dia 05 agora. Amanhã, como em Tara, devo resolver isso. Por hoje, minha Terra. Que já está de bom tamanho.

Também tem o sonho. Devo te confessar que fiquei abismada com o significado dele. Pois é, mais ainda com a total coerencia. E previsão do que ocorreu. É tipo uma série: ando assim, em capítulos sonhando. O de hoje não sei quando começa na realidade, mas o de segunda, plóft - já se fez real. Cuidado então com bailes, serestas, decotes e cor azul. Se houver uma bela lua, sereno da noite, olhos doces e voz suave, não perca tempo: segure o sapato e zarpe fora. Porque o coração já foi tomado, Querida Palova. Sinto. Ou melhor, what a wonderful night!

Como vai responder, não sei. Pode ser quem tu quiseres, afinal - o que é verdadeiro são nossos sonhos, o resto a gente vive editando e reformando. Todos inacabados, isso é o que somos. Até meus biscoitos - uma bolota pra se fazer como se quiser. Até amanhã, porque o Anjo tem fome e fica uma fúria quando a mamãe aqui chega - como sempre! - atrasada. Um dia eu ainda aprendo a andar sem relógio, me portando como tal.

quarta-feira, junho 22, 2005


Sem Contatos:.

A nave mãe se perdeu no espaço, estamos tentando de tudo quanto é forma alertá-la sobre eventuais meteoritos, mas infelizmente a comunicação foi cortada. E daqui de minha surreal praia, não se avista nada, nem subindo no mais alto pico do meu pedaço aqui. O clima de lá é tórrido, pegajoso e muito caro, não há quaisquer semelhanças com o que eu desejo pra "vidainteira". De repente posso pensar na sutil metáfora: eu no paraíso, vivendo no inferno, ela no inferno, morando no éden. Coisas pra duas boas entendedoras, onde "meia pá basta".

O único contato foi surrupiado assim, de repente - será ilegal? Aposto que não, faria a mesma coisa. Sinto dizer, NavePalova, mas a controladora que mora em mim, exigindo sempre eficiência total, não permitiria MSN assim, a manhã inteira. A menos que seja para mim. Bem, essa é a Leonina que jaz também por aqui. E afinal, chega-se ao impasse: o que usaremos agora? Sinais de fumaça? Meus parcos conhecimentos indígenas não me introduziram a tanto. O pombo-correio foi atropelado há pouco tempo. Luto Nacional. Há que ser algo que seja compreensível apenas para duas. Nessa leva de rodeios e malucos, a melhor tática é sermos quem não somos, e falar o que não devemos. Eu, Fernando, você, Pessoa. A totalidade seria Alberto Caieiro.

Como a manhã se torna silenciosa sem o cordão umbilical que nos ligava! Sábia bruxa boa, me perdoe pelas edições de um mesmo post, entenda que "mora em mim" a Sophia, sedenta de perfeição. E atrás da porta tem alguém que possivelmente não gostaria de cabides soterrados por aqui. Assim, o mesmo oceano que chega a praia, nunca trará a mesma onda. Todo dia é um lindo Momento: sorria, há aqui alguém se "fodendo", pra você poder gargalhar a vontade. Ultimas considerações.

1. Nesse instante lembrei que há tempos quero lhe perguntar alguma coisa - não, não é pra você, mas para o F. <> Bem, você - é agora, é pra você, caríssima húngara Palova, que entende mais que ninguém de plantões -, acha possível traição virtual? Sinceramente, não creio. Confio demais no meu taco, pra me alarmar com tais eventos. Otimista sagitariana incorrigível.

2. Precisava da receita do biscoito pro Santo Agora. Amanhã é dia de repartir pães na congregação Irmãs de Pé no chão, cabeça no coração. Encontrei na falta de tu, esse site de biscoitos - que veio a calhar, visto que estava a procura de informações de azeite de oliva. Porém espanhóis - são detestáveis. Sabe como eu sou, exigindo sempre o máximo - e aqui intransigente, deve ser made in Portuguese. Quanto aos biscoitos, estava pensando em canela, gengibre, açucar mascavo, leite condensado (porque deve ser doce!), e aquela sutil mistura (interessantíssima!) de mineiro com portuguesa. Dá uma olhada, e veja se manda algo bom. Enquanto isso, na cozinha, testo tudo na prática. Só não gostei da idéia de ficar esperando 3 horas pra ver algo crescer. Santa Paciência, gosto de coisas assim - à jato!

3. Santo Antônio retornou hoje ao Lar das bençãos. Depois de temporiaramente afastado, vejo que regressa, trazendo borboletas e vida. Agora, quanto ao que, deixa como tudo, na mão de. No mais, a gente aprende a viver embaixo d'agua. Lembre-se que tudo é imprevisível, e o que torna o caminho mais fácil acende o coração em brasa. O problema é que chamusca...

4. Acredite, nessa fase, em tudo o que dizemos. Não te falei que aquele cheque estava fadado a ser descontado antes do prazo? pois é, enorme livraria, com pessoa mais-do-que-desqualificado, coloca meu cheque antes dos 15 dias que concedeu de prazo. Como você está pra briga, e eu estou pra peixe, só vivendo de isca, sugiro que: ou você tome as dores de sua irmã e ligue pra lá reclamando (quem sabe um livro grátis, bonus pra me acalmar?), ou vou deixar tudo como está. Porque aguentar aquela menina novamente - o que já foram imperdoáveis trinta minutos para preenchimento do cheque - eu não quero não. A batata é sua, sirva-se à vontade.

5. Também tem a história da revista, que renova antes de 5 meses do vencimento da assinatura. O que é isso? Um complô do universo pra me chatear? Você que paira no Além-de-Lá peça uns dias de paz, por favor. Já liguei 2 vezes pra editora, e a vendedora não atende, está ocupada. Como é que se cancela algo que nem venceu? Como é que se paga duas vezes por algo? Eu já imagino o débito da assinatura sendo mensalmente extorquido, por duas vezes... Vai, ajuda, eu estou fraquinha, meu Amor de plantão, e eu aqui... imaginando os senão.

6. Não te falei que tinha reply? Pois é, arrisco dizer que merece algo. Digno de alguém que voe, e está sempre à meia altura do chão. Tipo assim. Daquele jeito. Pois é, merecemos.

terça-feira, junho 21, 2005


Um ano junto ao mar:.

"O problema é que acabamos vivendo por coisa nenhuma.(...)Nunca somos livres como queremos quando permanecemos no que é familiar. Sair de um casamento é também uma escolha sadia, querida; não se esconder debaixo dos lençóis como tantas esposas fazem, encolhendo-se, com medo de perder a segurança. Tantas mulheres acham que amor é sentir-se dependente. Às vezes ter um marido pode ser um tipo de álibi para uma mulher. Você bateu uma porta, mas abriu-se outra, e como! As pessoas sempre evoluem na solidão, e só depois de se desiludirem são orientadas para a verdade.

E ela continuava: eu fugi a vida toda. quando era pequena, fugia para o mato; único lugar em que eu podia ser eu mesma. Depois fugi para a Europa, coisa inusitada para uma mulher de vinte e um anos. Mudei de nome e me tornei quem eu queria ser. Temos de ser nós mesmos. Seja como for, não o ser é mortal. E tudo isso não vale um tostão se você não transformar em ação.

(...)Depois disso, aprendi a prestar atenção em mim - nos meus instintos, notar quando me sinto ansiosa, tirar o pedregulho de meu pé antes que se forme a bolha. Tirar o osso de galinha de minha garganta, em suma: cuidar de meus sentimentos e emoções e trabalhá-los, não fugir deles. Saber menos e imaginar mais é oferecer expectativas. Passei a dispensar a busca incessante em favor de deparar-se com respostas. Nas palavras de Picasso, "eu já não procuro, eu encontro". Não estou mais desesperada para conhecer tudo o que vai acontecer; agora tendo a esperar para ver, modo muito mais satisfatório de ser, que não tem muita especifidade e em troca favorece a experiência, em detrimento de análises. Preciso viver um pouco cada dia, saudar o sol quando ele se levanta, me deliciar na sua luz, beber café, ter idéias novas, meditar, rir, arriscar algumas aventuras, amar. Preciso tentar ser suave, nào dura; fluida, não rígida; terna, não fria; encontrar mais do que procurar. Fui abraçada pelo mar, testada por seus elementos, esvaziada de ansiedade, limpa com pensamentos novos. Nesse processo, recuperei a mim mesma.

(...)Agora eu posso abraçar um marido e estabelecer um relacionamento verdadeiro. Como eu, ele também entrou numa nova trilha. O que a vida nos oferece é toda a extensão do caminho, inacabado, esperando por nós, pela criação de nossa vida em conjunto."

Joan Anderson, Pensamentos de uma mulher inacabada

sexta-feira, junho 17, 2005


As rosas de Santa Elisabeth:.

Minha avó sempre contou essa história. Mas nunca em detalhes eu lembrava - e hoje a vi num livro. Santa Elizabeth nasceu em 1207, em Presburgo, antiga cidade da Hungria. Filha do Rei andré II e da rainha gertrude, foi prometida ao Senhor da Turíngia. Depois de casada, Elizabeth construiu um hospital ao pé do castelo.

Agora eu só não sei se é erro de minha memória, ou se minha vó já erá há tempos "meio esquecida". Quem sabe não foi obra da tradição oral popular? Porque eu lembro que ela dizia que a história se passava em Portugal, com um rei malvado português. E vejo na história que a Princesa era da Hungria, e foi pra Alemanha. As duas, no final do conto, abriam seu manto e dele jorravam rosas.

o casamento:.

Há muitas obrigações na vida, mas poucas são mais importantes do que quando aceitamos nos tornar marido ou esposa, pai ou mãe. Olhando para trás, através da história percebemos que o casamento evoluiu de sacramento a contrato, convenção e finalmente, conveniência - falta daqui a pouco o voto do casamento deixar de ser "até que a morte nos separe" para ser "até que a vida nos separe". Lógico: alguns casamentos realmente não dão certo. Mas a enorme quantidade de divórcios e separações indica que não mais acreditamos no que dizemos na cerimônia - "o casamento é um compromisso sério para a vida inteira, feito na "presença de Deus", um compromisso de doação enquanto vivos.

Aristóteles dizia que "o casamento é na verdade um relacionamento baseado nas virtudes". A principal delas seria a RESPONSABILIDADE, pois este laço é formado pelas obrigações mútuas. Os casamentos bem sucedidos são algo mais do que o cumprimento das condições desse contrato; mais que sentimento. Nos bons casamentos, o homem e a mulher procuram se aprimorar pelo bem do ser amado. Ambos oferecem e inspiram força moral, dia após dia, compartilhando compaixão, coragem, honestidade, disciplina e uma série de outras virtudes. O todo que se forma é muito mais do que a soma de partes. Que bem maior possui a alma humana, do que sentir que tem uma companhia para a vida inteira, para contar com o outro nas horas de dor, estimular um ao outro no trabalho, estar com o outro em lembranças mudas, inefáveis, no momento da última despedida? Dentro da família é mister o ensino da honestidade, perseverança, disciplina, o desejo pela excelência, e uma série de atividades básicas. Somos para os nossos filhos o exemplo mais próximo de virtudes e defeitos, e oferecemos a sabedoria que aprendemos de ambos, esperando que venham a ser "um pouquinho melhores do que nós".

Aliança:.

There's a little witch in Every Woman.
Ainda assim: Want to Married Me, Szívem?
Aviso: podem ser duas bruxinhas morando contigo.
Assim, assim, ainda continua aí, querendo?
Posso até ter um gatinho preto persa peludinho?
Se até aqui é tudo sim...
Então arruma as alianças,
eu te dou a mão.
Pra vida inteira
Te fazer Amado e Feliz.

Bruxa & Fada, juntas:.

Porque ela retirou o que eu pedi, posto aqui retribuição. Texto pra lembrar de nós, qualquer dia desses, minha madrinha, eu fada, ela bruxa. Da magia à sedução.

"Quem entrasse na cozinha de Vitalina nunca desconfiaria de que na prateleira, dentro do pote de açúcar, morava uma fada. Como quase ninguém acredita em fadas, não foi preciso muito trabalho para ocultar a da cozinha. Vitalina deixava-a solta, livre para sair quando quisesse do pote de açúcar. Chamava-a de Dona Moça. Dona Moça tinha gostos de moça. Gostava de flores no centro da mesa, paninhos de crochê cobrindo as prateleiras, cortinas coloridas na janela e toalhas bordadas em ponto de cruz. Ela e Vitalina eram tão unidas, que, se Vitalina não fosse bruxa e Dona Moça não fosse fada, dir-se-ia que eram uma só. Mas como uma era bruxa e a outra era fada preferiram dar um pontapé na tal unidade e se fizeram múltiplas. Eram tantas, que às vezes não se sabia quem era a bruxa e quem era a fada. Quando Vitalina morreu, Dona Moça se encolheu dentro do pote. O açúcar foi empedrando, as flores do centro da mesa murchando, os paninhos engordurando, a cortina outonando e as toalhas manchando. Em pouco tempo as traças comeram os panos, os cupins devoraram as madeiras e misteriosamente o papagaio (único ser masculino permitido na cozinha) empalhou sem ninguém o ter empalhado. Dona Moça amarrou uma trouxa na ponta da asa, trancou a casa e mudou-se para outro pote. O tempo passou, e um dia desses me contaram a historia de uma mulher que tinha uma fada e uma bruxa dentro de um pote de açúcar."

Da Marcia Frazão.

Every Day, I love You:.

Sim.
Teamo.
"Eu sou sua, sempre.
Prometo.
Da tua mão não largo, jamais."
Sim.
"Te amo mais uma vez esta noite
talvez nunca tenha cometido "euteamo"
assim tantas seguidas vezes, mal cabendo no fato
e no parco dos dias.
Não importa, importa é a alegria límpida
de poder deslocar o "euteamo"
de um único definitivo dia
que parece bastá-lo como juramento
a cuja repetição parece maculá-lo ou duvidá-lo...
Sim.
EuAmo.
Mesmo quando você responde malcriado,
Daquele jeito só seu que tanto Amo
"Você não lembra que está com defeito
E eu sem poder responder,
faço beicinho, quero colo, quero você.
Sim, Amo mais ainda.
E tantas vezes mais,
mesmo que você adormeça e eu permaneça
assim, ao lado, te velando,
noite acordada, te esperando.
Sim.
Mesmo. Amo.

(...)
Por isso euteamo agora como nunca antes
Porque quando euteamei ontem
Euteamava naquele tempo
E sou hoje o gerúndio daquela disposição de verbo
Euteamo hoje com você dentro
Embora sem você perto
euteamo em viagem
portanto em viagem diferente da que quando
estava perto.
Euteamo como nunca amei
Você longe, meu continente, meu rei
Euteamo quantas vezes for sentido
e só nesse motivo é que te amarei.
(...)
Quero ser minha para poder ser sua
Quero nunca mais partir
Pra longe de mim.
Vem, Alivia, Adianta, Adivinha
Quero ser sua pra poder ser minha...
Sim.
Eu te Amo.
Szívem, quero ser Santos, Ferreira,
Descompasso, sua mulher.
Amada, querida, orgulhosa de ti.
Quero tudo.
Inclusive pertencer.
A ti.
Sim, TeAmo.
Agora, nesse momento.
Mais do ontem.
Menos do que amanhã.


Elisa Lucinda Fragmentada, entre_linhas de um bordado.

Valsa para o meu Amor:.

Como fosse um par que nessa valsa triste
Se desenvolvesse ao som dos bandolins
E como não, e por que não dizer
Que o mundo respirava mais se ela apertava assim
Seu colo e como se não fosse um tempo
Em que já fosse impróprio se dançar assim
Ela teimou e enfrentou o mundo
Se rodopiando ao som dos bandolins

Como fosse um lar, seu corpo a valsa triste iluminava
E a noite caminhava assim
E como um par, o vento e a madrugada iluminavam
A fada do meu botequim
Valsando como valsa uma criança
Que entra na roda a noite está no fim
Ela valsando só na madrugada
Se julgando amada ao som dos bandolins

Pra nossa coleção:.

Ando sonhando com nosso lar, já desenhei até nossa prateleira pra momentos especiais [sua TV + meu DVD, juntos!]. Agora os filmes - pra gente curtir juntinhos. O primeiro é Chocolate. Quando nossa pequena lógico, cansar de assistir sua Ídola, D. Xuxa. Falando nisso, decor e salteado as músicas, pronto pra dançar com a baixinha? O problema daqui é que quando se adquire um, a gente leva mais dois. Por um lado, porções triplicadas de Amor envolvendo. Szívem, o quanto eu te amo ficou pouco, definido nessa frase. Com certeza nos atos te mostro o quanto.

Dos fins:.

A busca de significado é intrínscea à natureza humana. "Se pudessemos saber primeiramente onde estamos e para onde nos dirigimos, teríamos a noção do que fazer e poderíamos julgar a melhor maneira para tal", observou um dia Abraham Lincoln. Nesse sentido, a coragem, compaixão, honestidade, lealdade e todas as outras virtudes podem constituir a diferença. Podem ser a diferença. Podem ser um destino, porque a maneira de viajarmos é mais importante do que a distância que conseguimos percorrer. "A vida como todas as outras bençãos, extrai seu valor do próprio uso apenas. Não por si mesma, mas por um propósito mais nobre que o eterno lhe concedeu, e este propósito é a virtude". No fim, podemos descobrir que as coisas a que chamamos virtudes estão entre as razões pelas quais nos encontramos aqui. Não são apenas meios; muito freqüentemente, são os próprios fins. E quando se tornam preceitos pelos quais nos guiamos, nossas próprias ações acontecem de ser as melhores respostas para as grandes questões da vida.

Certo rei se aproximou de um eremita, e perguntou-lhe: "vim ter contigo, sábio eremita, para pedir-te que respondas a 3 perguntas. Como posso aprender a fazer o que é certo na hora certa? Quem são as pessoas de que mais preciso, e assim a quem devo prestar mais atenção que aos demais? E que assuntos são mais importantes e precisam primeiramente da minha atenção?

O Eremita ouviu o rei, mas nada respondeu. Apenas cuspiu em suas mãos e recomeçou a cavar. O rei vendo-o, percebeu que ele estava cansado, e se ofereceu para pegar uma pá e trabalhar um pouco para ele, cavando assim duas sementeiras. Depois disso, o rei novamente repetiu as perguntas. Mais uma vez o eremita nada respondeu, mas levantou-se, esticou a mão para a pá e disse: - Agora descansa um instante, e deixa-me trabalhar um pouco. Mas o rei não lhe deu a pá e continou a cavar. Uma hora se passou, e mais outra. O sol começou a descer por trás das árvores, o rei finalmente enfiou a pá ao chão e disse: "oh, sábio, vim a ti para obter respostas as minhas perguntas. Se não podes me dar alguma, dize-me então, e voltarei para casa".

Nessa hora surge alguém correndo. O rei virou-se e viu um homem barbado saindo da floresta. O homem trazia as mãos pressionadas contra o flanco, e por ali escorria-lhe o sangue. Quando alcançou o rei, caiu desmaiado no chão, gemendo baixinho. O rei e o eremita afrouxaram suas roupas; havia uma grande ferida em seu corpo. O rei lavou-a da melhor maneira que pôde, cobriu-a com seu lenço e uma toalha do eremita; porém o sangue não parava de jorrar. Muitas vezes o rei lavou e cobriu a ferida, e quando finalmente o sangue estancou, o homem se recuperou e pediu algo para beber. Orei trouxe água fresca e deu-a para ele. Entrementes, o sol se pôs e começou a fazer frio. Então o rei, com a ajuda do eremita, carregou o ferido para dentro da cabana, deitando-o na cama; e como estava muito cansado também, o rei pegou no sono profundamente, dormindo toda a curta noite de verão. Ao despertar pela manhã, demorou a se lembrar onde estava, ou quem era aquele homem barbado deitado na cama e encarando-o tenazmente com olhos brilhantes.

- Desculpa-me! - disse o homem barbado com a voz fraca, ao ver que o rei estava acordado, e olhando para ele.
- Não te conheço, e não tens nada a ser perdoado - disse o rei.
- Não me conheces, mas eu o conheço. Sou aquele inimigo que jurou vingar-se de ti por teres executado seu irmão e tomado sua propriedde. Soube que tinhas vindo sozinho ver o eremita, e resolvi matar-te pelas costas. Mas o dia passou, e tu não voltavas. Assim, saí de minha emboscada, e cheguei até os seus guarda-costas. Eles me reconheceram e feriram. Eu escapei deles, mas teria sangrado até a morte, se não tivesses me cuidado. Eu queria sua morte, e salvaste miha vida. Agora, se eu sobreviver, servir-te-ei como o mais fervoroso servo. Perdoa-me.

O rei ficou muito satisfeito por ter feito a paz com seu inimigo, tão facilmente, e por tê-lo ganhado como amigo; portanto não apenas o perdoou como disse também que mandaria seus servos e seu próprio médico para atende-lo, e prometeu devolver-lhe a propriedade. Tendo deixado o homem ferido, o rei foi para o alpendre e procurou o eremita. Antes de ir embora desejava mais uma vez solicitar as respostas às suas perguntas. O rei se aproximou do eremita, que estava ajoelhado na sementeira. "Pela última vez, peço-lhe que respondas às minhas perguntas, homem sábio".

- Já recebeste tuas respostas. Não vês? Se não tivesse ficado com pena de minha fraqueza ontem e cavado essas sementeiras para mim, mas tivesse ido embora, aquele homem o teria atacado e terias se arrependido por não teres permanecido comigo. Por isso a hora mais importante foi quando cavavas as sementeiras; eu era o homem mais importante, e fazer-me um favor foi a coisa mais importante. Depois disso, quando aquele homem chegou correndo, a hora mais importante foi quando cuidavas dele, pois se não tivesse cuidado de suas feridas, ele teria morrido sem estar em paz contigo. Por isso ele era o homem mais importante, e o que fizeste por ele foi a coisa mais importante. Lembra-te então: Há somente um momento que é importante - AGORA! É a hora mais importante, porque é o único instante em que temos algum poder. O homem mais necessário é aquele com quem estás, pois ninguém sabe se vai tornar a lidar com outro alguém; e o assunto mais importante é fazer o bem para ele, pois com este propósito apenas o homem foi enviado a esta vida.


Leon Tolstoi, in O livro das Virtudes II, "O que rege nossa vida, William Bennet.

quinta-feira, junho 16, 2005


Aprendizagem:.

compre

Este livro, classificado como "auto-ajuda", me encantou. Apesar de não gostar dessa 'categoria' eu me rendi - valeu a pena as 224 páginas percorridas. Isso depois de ter me decepcionado com Caio F. de Abreu, em Fragmentos, onde há aquela história velha de "Harold Hobbins", clichês e michê, além de pouco pano e muito já-vi-tudo-isso... Pode a turma dos Escol achar abominável minha opinião, mas eu respeito e muito o que sinto. Detesto vulgaridade, aquela coisa de escrever pra "chicotear" preconceitos em cima do leitor. Se a vida não é sessão de psicanálise, minha mente também não é penico. Meu nome deveria ser Carolina, Maria. Pois que me vejo agora como uma carola - querendo tudo da vida, menos palavras de baixo calão, sexo esparramado em descrições medíocres e singulares. Foi pro lixo o Caio, reciclável, não se preocupem. E pra cabeceira, Segredos da Vida. "E quem há de compreender as razões que movem um coração?" Cada um na sua, e sem cigarro, que também não curto.

A Lição da Paciência
A paciência é uma das lições mais difíceis, talvez a mais frustrante, de aprender. Nunca tive muita paciência, sempre fui extremamente dinâmica, viajava constantemente, percorria milhares de quilômetros por ano, visitava pacientes, dava palestras, escrevia livros e criava meus filhos. Por causa da minha doença [derrame], hoje só posso me locomover em uma cadeira de rodas com a ajuda de alguém e recebi o desafio de aprender a lição da paciênca. Devo confessar que odeio ter que aprender esta lição, mas sei que quando estamos doentes a paciência é uma das lições mais importantes a serem aprendidas. Uma das lições da paciência é que nem sempre conseguimos o que queremos. Você pode querer uma coisa agora, mas pode não conseguir tê-la durante algum tempo, e talvez nunca. No entanto, estou convicta de que sempre receberemos o que precisamos, mesmo que isso não encaixe na nossa expectativa.

No mundo moderno, as pessoas não estão acostumadas a aceitar os limites. Esperamos resultados e recompensas imediatas! Queremos as respostas mais rápido do que elas podem ser enviadas. (...)Tudo está disponível instantaneamente: lojas 24horas aberta, serviço de compra pela internet, refeições prontas. Com isso as pessoas não sabem mais esperar. Não há dúvida de que é agradável ter o que queremos na hora em que queremos, mas saber adiar a gratificação é importante. O problema vai além do desconforto da espera: muitas pessoas não sabem conviver com as coisas e situações exatamente como são. Achamos que temos que modificá-las, torná-las melhores, que as coisas não darão certo se não interferimos. Nos impacientamos quando uma coisa não acontece logo ou exatamente como desejávamos. Em ambos os casos julgamos que o resultado está errado, sem pensar que pode haver uma razão importante para que as coisas não aconteçam quando e como prevíramos.

A chave da paciência reside na certeza de que tudo vai dar certo, em desenvolver a fé de que existe um plano que desconhecemos e é muito maior do que nós. É fácil esquecer isso, de modo que muitas pessoas tentam controlar situações que se resolveriam no seu tempo ideal, como estava previsto. As coisas acontecem no seu devido tempo; e quando aceitamos esse fato, podemos nos entregar e relaxar. Cada situação tem uma experiência que desencadeia a capacidade de nos levar na direção de um bem e de uma cura maiores. Não precisamos apressar o mundo, é só ir vivendo à medida que a Vida vai acontecendo.As pessoas andam sempre correndo, não tem tempo. De certa maneira, aprendi a me esforçar para ver o que não via antes, procuro o humor e os aspectos bons em tudo. Não creio que eu veja coisas que outros não podem ver - apenas não têm paciência para olhar ou reparar."

O primeiro passo é desistir da necessidade de consertar ou mudar todas as coisas. É ter consciência de que algumas coisas são do jeito que são por algum motivo, mesmo que não concordemos com ele ou não consigamos percebe-lo. Se uma coisa não pode ser modificada, procure ve-la como se ela fosse perfeita do jeito que é. Tente acreditar no valor dos processos, não esteja sempre em busca apenas de resultados. A maior parte das coisas extraordinárias acontece sem nossa interferência ou auxilio, existe um poder maior no mundo. Ter paciência é ter fé. E nos dá a coragem para nos entregar a Vida.

Quando isso ocorre, simplesmente levantamos todos os dias e aceitamos "que seja feita a vossa vontade". Não sabemos o que está previsto para acontecer, mas temos planos. Vamos trabalhar, fazer de tudo para que os planos ocorram, mas também nos entregamos a convicção de que os planos que temos são apenas projetos, o acabamento é forjado por um Poder Maior. Poderá haver mudanças, desvios que não se espera. Talvez surpresas maravilosas ou imprevistos assustadores. Quem sabe surgirão situações ou pessoas que ajudarão na jornada? Apesar de tudo, acredite no fim - no Amor e no seu Coração, e tudo o que ocorrer vai com certeza levá-la a seguir uma direção que a conduzirá ao que quer.

Não importam os meios, o que é relevante é chegar ao fim da jornada ao lado de quem se Ama, da maneira que se tem como Correta. Vivendo e não somente existindo.

Trecho do Livro de Elisabeth Kübler-Ross & David Kessler, in Os Segredos da Vida.

Anelo íntimo:.

É tão difícil definir o que é Amor pra mim: isso implica em "sentir", é um processo de descoberta de mim - a outra pessoa traz à tona sentimentos, e eu começo a desvelar o que eu posso fazer e quem realmente "eu sou". Nesse momento, o Amor é o alimento da minha alma, e meu coração trêfego, se farta diariamente em dar e receber.

Contudo, pra chegar até aqui não foi fácil - e sei que ainda há muito chão!. O que aprendi é que devemos jogar no lixo essas regras, jogos e manuais de sedução que nos ensinam no decorrer de nosso crescimento 'como conquistar alguém'. Porque a conquista é labuta diária, depois que o amor nasce espontaneamente. Nada se cria. Pelo menos, comigo. E o depois exige uma série completa de Paralizações: há que se párar de se fechar tal qual mônadas - eternas caixinhas trancadas -, e entregar-se ao Destino, para vivenciar totalmente esse amor. Longe de ser uma busca desenfreada, é muito mais um encontro inesperado, certo e destinado. Há que se párar de tecer expectativas e amar muito, do jeitinho que o outro é, sem separar qualidades e defeitos. Deixar de colocar condições para dar Amor, e párar de tentar corrigir a outra pessoa, porque ninguém aqui é professor ou guru, muito menos Mr. Perfeito. Párar de tentar fazer do parceiro um outro alguém, e simplesmente Amá-lo pelo conjunto que ele é, pela sua essência, pelo Todo. Párar de sentir aquele terrível medo de que o amor não vai ser correspondido, e abrir as comportas do coração, sem se preocupar em cobrar retribuição ou pedágio por utilização. Dar um basta definitivo naquela eterna medição pra saber quem anda amando mais: você ou o outro, porque amor não é medida, mas ato. E quando o outro fizer algo que ofenda, párar de representar aquela história mexicana de sair batendo a porta, parando de dar amor, fechando a cara e se fechando para qualquer sentimento. Há que se permanecer firme ao lado do outro, lembrando do sentimento que os une, amando apesar de. Se você conseguir amar a outra pessoa "apesar do que" ela no momento lhe fez, haverá mudanças: verá o coração dela se abrir e derreter.

Ao nos fecharmos e sermos intolerantes, não sabemos o que está acontecendo com a outra pessoa. Porque nós não compreendemos o que ela pensa - de repente nem porque ela não retorna uma ligação ou nos tratou secamente -, teimamos em retirar nosso amor, em vez de descobrirmos a razão e o motivo desta atitude. E depois falamos de nossa mágoa, dor, sentimento de rejeição, e de como fomos tratados injustamente, numa bola de neve eterna, transformando o relacionamento em ciclo de lamúrias, que já está assim destinado ao fim exato. Só mais tarde lembramos que esquecemos de nos confrontar com a nossa fuga: porque não vivemos até o fim aquele amor...Há que se aprender que "o que passou, passou" e o importante é olhar para frente e acertar o compasso no Agora.

Quanto ao meu momento, há um plano e Nós. Dele não faço alarde - hoje em dia a propaganda pró traz consigo ruidosas bacantes. E sou ciumentíssima, além de Bruxa e muito Malvada. Sei que no meu caminho me espreita, como uma armadilha inevitável, a Dona Felicidade. As pedras que jogam por aqui tem destino certo: a construção de nosso lar. De um limão, minha bisavó falava, faça uma limonada. Every day, acordo, tomo o café quietinha, sem alvoroço, respeitando meu ritmo, pensamento lá longe. Sempre fui muito respondona, dizia o que eu pensava. Levei anos para descobrir que a gente não pode dizer o que pensa, pra não ser inconveniente. Porque a vida não é sessão de psicanálise. Mas estou tranquila: com Ele posso ser eu mesma, sem medo. Anelantemente eu seguro seu rosto, digo baixinho o quanto lhe amo e peço:

"Junta as mãos, põe-as entre as minhas e escuta-me, ó Szívem. Eu quero, falando numa voz suave e embaladora, dizer-te o quanto eu te Amo, e o quanto você é importante na nossa Vida, pela sua capacidade de estar sempre presente e pelo amor que nos dedica. Eu tenho um coração, percebe? Sou toda coração, uma manteiga sentimentalóide, que ao ver um filhote morto ou ferido, derrama rios de lágrimas. Também sou uma filha-da-mãe quando fico brava, e nessa questão peço que tenha paciência. Não culpo outros por meus erros, mas preciso de alguém que esteja sempre ao alcance de minha mão. Presente na minha Vida. Obrigada por você estar aqui. Obrigada por Nós.

O amor é máxima da vida: você não idealiza alguém, e acerta na loteria. Esta pessoa está fadada a se tornar de repente incessantemente interessante, e mais um pouco, um pedaço de você. Escolhas existem: pode-se deixar esta Vida do lado de fora, se não abrir a porta. Mas se resolver puxar a cadeira, e mandar o Amor se sentar, trate-o com carinho. Ame-o, muito e todos os dias, em todos os momentos, e a plenitude virá da união. A magia está nas experiências cotidianas, viver o dia-a-dia. E o que eu descubro a cada instante é a minha vontade em construir uma vida com Ele, porque o amo profundamente. Eu estou preparada para lhe amar e ser sua mulher. Pra todo sempre, Amém.

quarta-feira, junho 15, 2005


Aquarela:.

Szívem,

Como você me surpreende e me emociona! Tenho agora um sorriso nos lábios, e vou dormir com as palavras que você postou engatadas em mim. Estou aqui há tempo, pensando, rabiscando e esquadrinhando... queria algo pra te retribuir o carinho: dotado da capacidade de te ver sorrir pra te deixar feliz. Na falta de imagens, quando você assistir "Diários de uma paixão": tudo é aquilo que vejo quando olho para frente - nós dois. Pode ser uma droga de filme, mas tem cenas legais.

Amanhã eu vou acordar e não te encontrarei por aqui. É difícil ficar longe, estou tão apaixonada... Já sinto saudades. Escrevo rapidamente, pra cair na cama, Beatriz anda correndo por aqui, diz seu nome e faz o barulho do avião. Amor, será que vou agüentar ficar tanto tempo longe de você? Queria tanto poder amanhã te acordar te beijando, pra quando você ir trabalhar, levar meu cheiro e aconchego. Não me deixe naufragar. Cuide-se, pois Te amo, te adoro,te desejo. Aí eu páro e penso: além de ter desejo pelo outro, querer acima de tudo estar com aquele parceiro, é preciso ter sorte. Mais: é preciso crer-se merecedora de tal evento. Porque muitas vezes a pergunta “mas como o grande amor da minha vida foi aparecer justo na minha vida?” povoa minha mente. Afasto com um safanão - nós podemos. Pois é, nem sempre o grande amor de nossas vidas acontece nesta vida ou na hora certa. Isto é uma questão de sorte. Sorte e amor pra vida inteira. O resto, nós fazemos. Feliz dia dos namorados Não é atrasado, Porque todo dia é nosso dia. Te beijo até sentir tua alma. Beatriz te manda um beijo, pro alto, pra te alcançar no azul do nosso céu. Te esperamos.

NEDNAS.

terça-feira, junho 14, 2005


O Reverso:.

do que eu preciso.
Gosto, mas gosto muito de:

* CORA CORALINA - Ana Lins de Guimarães Peixoto Bretas nasceu no estado de Goiás (Goiás Velho) em 1889. Chamada Aninha da Ponte da Lapa, tinha apenas instrução primária, sendo doceira de profissão. Publicou seu primeiro livro aos 75 anos, e ficou famosa principalmente quando suas obras chegaram até as mãos de Carlos Drummond de Andrade, quando ela tinha quase 90 anos de idade. Faleceu em 1985, 10 de abril.

Não sei...
se a vida é curta...
Não sei...
Não sei...
se a vida é curta
ou longa demais para nós.
Mas sei que nada do que vivemos
tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que sacia,
amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo:
é o que dá sentido à vida.

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*MARIO QUINTANA, nascido em Alegrete, em 30 de julho de 1906.
"O mundo, às vezes, fica-me tão insignificativo / Como um filme que houvesse perdido de repente o som./ Vejo homens, mulheres: peixes abrindo e fechando a boca num aquário. / Ou multidões: macacos pula-pulando nas arquibancadas dos estádios.../ Mas o mais triste é essa tristeza toda colorida dos carnavais/ Como a maquilagem das velhas prostitutas fazendo trottoir./ Às vezes eu penso que já fui um dia um rei, imóvel no seu palanque,/ Obrigado a ficar olhando/ Intermináveis desfiles, torneios, procissões, tudo isso.../ Oh! Decididamente o meu reino não é deste mundo!
Nem do outro...


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*OSCAR WILDE, irlandês.
"Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril."

Where's the captain?:.

"O Captain! my Captain! our fearful trip is done; / The ship has weather'd every rack, the prize we sought is won; / The port is near, the bells I hear, the people all exulting, / While follow eyes the steady keel, the vessel grim and daring: / But O heart! heart! heart! / O the bleeding drops of red, / Where on the deck my Captain lies, / Fallen cold and dead". // "O Captain! my Captain! rise up and hear the bells; / Rise up-for you the flag is flung-for you the bugle trills; / For you bouquets and ribbon'd wreaths-for you the shores a-crowding; / For you they call, the swaying mass, their eager faces turning; / Here Captain! dear father! / This arm beneath your head; / It is some dream that on the deck, / You've fallen cold and dead". III - "My Captain does not answer, his lips are pale and still; / My father does not feel my arm, he has no pulse nor will; / The ship is anchor'd safe and sound, its voyage closed and done; / From fearful trip, the victor ship, comes in with object won; / Exult, O shores, and ring, O bells! / But I, with mournful tread, / Walk the deck my Captain lies, / Fallen cold and dead."

"Ó capitão! meu capitão! terminou a nossa terrível viagem, / O navio resistiu a todas as tormentas, o prêmio que buscávamos está ganho, / O porto está próximo, ouço os sinos, toda a gente está exultante, / Enquanto seguem com os olhos a firme quilha, o ameaçador e temerário navio; / Mas, oh coração! coração! coração! / Oh as gotas vermelhas e sangrentas, / Onde no convés o meu capitão jaz, / Tombado, frio e morto. // Ó capitão! meu capitão! ergue-te e ouve os sinos; / Ergue-te – a bandeira agita-se por ti, o cornetim vibra por ti; / Para ti ramos de flores e grinaldas guarnecidas com fitas – para ti as multidões nas praias, / Chamam por ti, as massas agitam-se, os seus rostos ansiosos voltam-se, / Aqui capitão! querido pai! / Passo o braço por baixo da tua cabeça! Não passa de um sonho que, no convés, / Tenhas tombado frio e morto. // O meu capitão não responde, os seus lábios estão pálidos e imóveis, / O meu pai não sente o meu braço, não tem pulso nem vontade, / O navio ancorou são e salvo, a viagem terminou e está concluída, / O navio vitorioso chega da terrível viagem com o objectivo ganho: / Exultai, ó praias, e tocai, ó sinos! / Mas eu com um passo desolado, / Caminho no convés onde jaz o meu capitão, / Tombado, frio e morto."

Para mim, um dos maiores Poetas. Deu saudade de suas poesias, assistindo a "Diários de uma paixão", o filme mela-cueca que naufragou ao transportar o maravilhoso livro do Nicholas Sparks. Pelo menos, valeu por Walt Whitman (1819–1892)

Uma oração:.

Minha boca pronunciou e pronunciará, milhares de vezes e nos dois idiomas que me são íntimos, o pai-nosso, mas só em parte o entendo. Hoje de manhã, dia primeiro de julho de 1969, quero tentar uma oração que seja pessoal, não herdada. Sei que se trata de uma tarefa que exige uma sinceridade mais que humana. É evidente, em primeiro lugar, que me está vedado pedir. Pedir que não anoiteçam meus olhos seria loucura; sei de milhares de pessoas que vêem e que não são particularmente felizes, justas ou sábias. O processo do tempo é uma trama de efeitos e causas, de sorte que pedir qualquer mercê, por ínfima que seja, é pedir que se rompa um elo dessa trama de ferro, é pedir que já se tenha rompido. Ninguém merece tal milagre. Não posso suplicar que meus erros me sejam perdoados; o perdão é um ato alheio e só eu posso salvar-me. O perdão purifica o ofendido, não o ofensor, a quem quase não afeta. A liberdade de meu arbítrio é talvez ilusória, mas posso dar ou sonhar que dou. Posso dar a coragem, que não tenho; posso dar a esperança, que não está em mim; posso ensinar a vontade de aprender o que pouco sei ou entrevejo. Quero ser lembrado menos como poeta que como amigo; que alguém repita uma cadência de Dunbar ou de Frost ou do homem que viu à meia-noite a árvore que sangra, a Cruz, e pense que pela primeira vez a ouviu de meus lábios. O restante não me importa; espero que o esquecimento não demore. Desconhecemos os desígnios do universo, mas sabemos que raciocinar com lucidez e agir com justiça é ajudar esses desígnios, que não nos serão revelados. Quero morrer completamente; quero morrer com este companheiro, meu corpo.

Jorge Luis Borges

Alimento de Alma:.

"As palavras sempre ficam.
Se me disseres que me amas, acreditarei.
Mas se me escreveres que me amas,
acreditarei ainda mais.
Se me falares da tua saudade, entenderei.
Mas se escreveres sobre ela,
eu a sentirei junto contigo.
Se a tristeza vier a te consumir e me contares,
saberei, mas se a colocares no papel,
o seu peso ficará menor.
Lembre-se sempre do Poder das Palavras.
Quem escreve constrói um castelo,
quem lê, passa a habitá-lo."

segunda-feira, junho 13, 2005


Szívem:.

Hoje eu vi um irmão gêmeo daquele que ainda será nosso cachorro: lindo, branco, todo peludo. Parecia um casaco de pele andante. Não sei se ele vai conviver bem com o calor insuportável, portanto deixo o Husby branco com olhos azuis pra Etapa Sul. Todos os sonhos tem momento certo para aparecerem em nossas vidas, e incrementarem nossa realidade. Abri mão do cão, mas o gato de raça peludo posso considerar? Também tem as tartarugas - Maria e José, e o peixe que já desisti de nomear, porque sempre é outro, tantas vezes renascido das trevas, desses não posso abrir mão. Quanto ao seu sonho, o monstro-cão que você tanto quer, achei um que mora aqui perto - é maior do que a Beatriz. É do tamanho da varanda da casa: ele é tão imenso, que parece o papão. O dono disse que ele consome um salário mínimo de cuidados: come demais, baba demais, faz tudo demais... E derrubou a Beatriz. Se bem que ela adorou as patonas dele na sua barriga. Acho que no momento será incompatível comigo. Devo gostar dele na casa do vizinho - aquelas coisas que a gente quer ter, mas gosta só de olhar. Imagino ele ocupando todo o sofá da sala (pois é do tamanho de um sofá de três lugares), assistindo displicentemente América, e babando pela Deborah Secco. Posso incluí-lo nos itens para o Sul? Acho que ele combina mais lá, perto do Rio, caçando gansos. Quero muito minha vida enroscada na sua, enrolada em suas pernas, de mãos dadas com nossos sonhos. Um jardim de ervas, calêndulas pra acalmar, lilases para colorir nossa Vida. Se dizem que felicidade é quando a gente pensa, diz e faz, tudo em harmonia, sou feliz. Porque você está aqui, perto de mim. Pelo muito sentimento, sincero, e pela emoção legítima, que tanto estou sentindo. Quem éramos antes? Hoje duas formas de Um. Agradecida sou a Santo Antonio, que agora jaz de pé, em seu devido local no oratório, pela sua chegada.

NEDNAS.

domingo, junho 12, 2005


Palova e suas histórias:.

Estava difícil definir quem era quem, e o que cada parte escrevia. Pois que a seção de mitologia se abre, e Palova começa a rascunhar por lá, extravasando o que quiser, sem precisar de diques para se conter. O endereço está ao lado: histórias de bruxas.

sexta-feira, junho 10, 2005


Você sonhou, eu pensei:.

Você fica sempre dentro de mim. Passeia pela minha mente o dia todo, enquanto também mantém morada no meu coração. E penso em você, enquanto lembro de canções. Pra lembrar daquela história, de ontem:

Diz pra eu ficar muda
Faz cara de mistério
Tira essa bermuda
Que eu quero você sério
Uh, eu quero você
Como eu quero
Uh, eu quero você
Como eu quero


:::

Essa não é mais uma carta de amor
São pensamentos soltos traduzidos em palavras
Pra que você possa entender
O que eu também não entendo
Amar não é ter que ter sempre certeza
É aceitar que ninguém é perfeito pra ninguém
É poder ser você mesmo e não precisar fingir
É tentar esquecer e não conseguir fugir, fugir
Já pensei em te largar
Já olhei tantas vezes pro lado
Mas quando penso em alguém é por você que fecho os olhos
Sei que nunca fui perfeito mas com você eu posso ser
Até eu mesmo que você vai entender
Posso brincar de descobrir desenho em nuvens
Posso contar meus pesadelos e até minhas coisas fúteis
Posso tirar a tua roupa
Posso fazer o que eu quiser
Posso perder o juízo
Mas com você eu tô tranquilo, tranquilo



:::

Quero acabar com essa dúvida do meu sentimento
Por que será que você não sai do meu pensamento?
(...)É uma coisa estranha que eu nunca senti
O amor e a paixão jogando flechas em mim
Nem mais uma dúvida
Descobri que a minha outra metade é você
preciso te dizer Te amo, Te amo
Tá na cara que eu te quero
já não dá pra esconder preciso de você
Como eu poderia um dia imaginar
Que de repente eu fosse me apaixonar
Que era o começo de um amor sem fim
Só eu sei como eu te amo, te amo tanto assim.

Como aprender a ser Buda:.

Diariamente o Universo me testa em meu cotidiano, para verificar o aprendizado das Leis Maiores sobre paciência, calma e amor. Os ápices desta semana:


Limpeza
A encomenda chegou: três livros-consolo - "Ps. Eu te Amo, Filtro Solar e Perto do Coração Selvagem [finalmente consegui comprar!]". Coloquei sobre a cama, todo o ritual para carimbar as borboletas, símbolo de tudo que me pertence, Beatriz ao lado maluquinha para por suas mãozinhas sobre os presentes. Estava suja de bolo de cenoura, e assim sujou meus tesouros.
- Querida, olha só o que você fez. Agora ele está sujo!

Saí para preparar seu banho; deixei a água enchendo a banheira, fui para a cozinha pegar um pano a fim de limpar a capa do livro. Nesse ínterim todo, lembrei de Dona Beatriz! Corri para ver o que a mocinha estava fazendo. No banheiro, junto ao vaso sanitário, ela com a mão dentro d'água. Cheguei perto e... surpresa! O livro novo - filtro solar, completamente encharcado, sendo afundado pela mãozinha também toda molhada.

- Beatriz, o que você está fazendo?
- Lavando o livo, mamãe. Bia sujo, Bia lava tudo. Bia sabe.

Sentei, contei até mil, e disse suavemente: filha, agora o livro morreu e vai ter que ir para o lixo. Veja o que acontece quando a gente molha ele. Então, quando você quiser limpar livros, pega o paninho seco que a mamãe tem aqui, e vamos dizer "tchau" pra esse livro.

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Releitura Temática
Nove da noite. Mãe, me ajuda a fazer um trabalho? "Filho, você tem que aprender a fazer sozinho. Sabe que a mamãe faz trabalho diferente, fica complicado e aí não te ajuda em nada". Mais tarde, dez horas: "Mãe, não consegui fazer o trabalho. Droga de temática".
- Sobre o que é, filho?
- Luiz Camões, 10 de junho é o dia de Camões. Eu tenho que saber um soneto dele, a temática que ele utiliza, o porque desta e o que ele versou na sua obra.
- Tudo isso? Ora, poetas escrevem sobre tudo, e eu não sou chegada em Camões. Lusíadas nem sequer chegou a me prender até o final. Só sei um poeminha dele: o mais famoso. "O amor queima mas não machuca risos..."
- Ah, mãe, ajuda... Vale metade da nota do bimestre e é pra amanhã.
- Por que não faz mais cedo? Por que não planeja? Agora são dez horas!
- Mãe, ajuda...
Meia-noite. "Filho, consegui. Acho que isso resume tudo. Veja se ficou legal". Sem resposta, olho para trás - dormindo, o anjinho. Arrumo tudo, e ajeito-o. Talvez Camões quisesse que eu me aprofundasse sobre suas obras...

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Da Educação e sua Falta

Horário de pico - estabelecimentos bancários lotados, eu atolada de coisas para fazer, pacientemente esperando uma vaga em estacionamento de banco. Atrás percebo que um senhor encosta seu carro. Puxo bem o freio de mão; é subida, e todo cuidado é pouco. Na espera, toca o celular. Atendo, e vejo que há um carro saindo, é minha a deixa. Coloco o celular no banco ao lado e... vejo o babaca atrás entrar na contramão, ultrapassar-me, quase atropelar o vigia que queria detê-lo, e estacionar seu carro na minha vaga. O vigia muito bravo: 'Senhor, a vaga pertence a moça. Isso é injusto." O camarada, imaginando que, ao portar roupas e acessórios de "bad boy" conseguiria apagar alguns de seus 55 anos, no mínimo, olha para mim e diz: "as mulheres sempre esperaram, e os homens conseguem tudo porque sabem agarrar a oportunidade. Principalmente quando elas namoram no celular". Fiquei sem fala - e o que pude fazer foi dar muita risada. Falei pro vigia não se incomodar - há tantos mal educados dispostos no mundo, atropelando a todos por uma reles vaga. não seria aquele que tiraria também o meu bom humor. E vagas sempre se abrem a cada momento.

Encostei o carro, desci, encontrei o Senhor Sem-educação na fila vip para atendimento, junto a gerencia. Passei indiferente, ousei cortar caminho e consegui antes dele ser atendida. Pois é, saí muito antes dele, porque com gentileza para com os outros o mundo caminha. Não pretendo me igualar a pessoas como ele, para disputar nada. A arte da gentileza é minha opção.

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Da Falta de Preparo
- Dr, preciso de um atestado médico de internação de tal paciente.
- Como? O que é isso? Quem é paciente?
- Dr., é seu paciente tal, o Senhor internou-o antes de ontem, e preciso de um atestado de tal ação, já que o hospital se nega a faze-lo.
- Atestado? Moça, não coneço tal pessoa. Sei lá o que você quer. Não tô nem entendo você nem ninguém hoje.
- Dr., tem certeza deque o Senhor fala português e se formou em medicina? Porque atestado médico, tenho certeza, ensinam por lá, e eu não estou falando grego.
- Bem, então vamos começar de novo. O que a Senhora quer mesmo?
- Falar com um Médico que saiba o que é Atestado. E que lembre-se dos seus pacientes.

quinta-feira, junho 09, 2005


Salada Mista:.

O título me lembra o comentário de D. Nina Horta, em seu livro "Não é sopa", onde diz mais ou menos isso: "Salpicão de Frango é coisa extremamente brega, mas todo mundo adora. Como Strogonoff." Nisso reside minha vontade ao escrever este post - ele pode até ser nadinha intelectualóide, mas será extremamente prazeroso escrever aqui, o que vai dentro de mim, sem me preocupar em "balelas" como o garfo certo, ou o copo correto.


Repugnante
Fora as notícias de corrupção, ainda tenho o desprazer de dar de cara com esse tipo de notícia lamentável - pela pessoa ser um professor universitário, por também ser portadora de curso superior, e pela sua cruel ação ao fazer chacota da forma física de uma aluna. << O advogado e professor de Direito Civil da Universidade Estácio de Sá Hércules Egídio Dias Aghiarian foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Rio a pagar R$ 3 mil a uma aluna, Rosiane dos Santos Santiago Rocha. Rosiane, que está terminando o curso de Direito, saiu da sala para beber água e deixou um gravador ligado para não perder a explicação de Aghiarian. Ao avistar o aparelho, o professor perguntou aos outros estudantes de quem era e, quando soube que ela era a dona, a xingou. Tudo foi registrado na gravação. "Ele disse na frente da turma que ela já era gorda e que ficaria mais gorda ainda se comesse muito". "Quando voltou à sala, todos caíram na gargalhada e ela ficou sem entender. Depois, em casa, ouviu a fita e ouviu o escárnio do professor. Ela realmente é gordinha e serviu de chacota. E Aghiarian ainda chegou a sugerir que Rosiane apagasse a fita porque senão ele teria de indenizá-la, disse seu advogado. >>


Sonho de Chuva na Paisagem
Uma coisa de assombrar defunto. Lembro que passei um tempão com alguém me dizendo: uma mesma coisa pode ser 'com certeza' duas coisas, porque as pessoas não conseguem ver da mesma forma algo. Por exemplo: está vendo esse bicho de quatro patas ali? Para ele (e apontava alguém) é um porco; para o seu amigo (do lado do cara) é um ???(esqueci rs). E a discussão começava - porco, não é porco é ???, porco!, não é blábláblá. Bem, levantei e joguei no porco. O dia inteiro. Apesar de não crer, eu sempre costumo me precaver...


Oceano de Dentro
Apesar de todas as especulações, histórias mal-contadas, lendas pra boi dormir, cenas horripilantes ocorrendo na realidade do meu dia-a-dia, eu me sinto tão feliz. Tão assim - em paz. E tão bom ter alguém que, mesmo não sendo o príncipe encantado num cavalo branco que um dia nós sonhamos -, consegue ser além: de tudo um pouco, um complemento. Um anjo. Um demônio. Meu amor-pra-vida-inteira. O homem da minha vida.


Linhas por Beatriz Dante.

quarta-feira, junho 08, 2005


Beshet:.

"Sempre quis um amor que falasse,
que soubesse o que sentisse.
Sempre quis um amor que elaborasse.
Que quando dormisse,
ressonasse confiança no sopro do sono,
e trouxesse beijo no clarão da amanhecice.

Sempre quis um amor que coubesse no que me disse.
Sempre quis uma meninice,
entre menino e senhor, uma cachorrice,
onde tanto pudesse a sem-vergonhice do macho,
quanto a sabedoria do sabedor.
Sempre quis um amor cujo BOM DIA! morasse na eternidade
de encadear os tempos: passado, presente, futuro,
coisa da mesma embocadura; sabor da mesma golada.
Sempre quis um amor de goleadas, cuja rede complexa,
do pano de fundo dos seres, não assustasse.
Sempre quis um amor que não se incomodasse
quando a poesia da cama me levasse.
Sempre quis um amor que não se chateasse
diante das diferenças.

Agora, diante da encomenda,
metade de mim rasga, afoita, o embrulho,
e a outra metade é o futuro de saber o segredo, que enrola o laço.
É observar o desenho do invólucro e compará-lo,
com a calma da alma, o seu conteúdo.

Contudo, sempre quis um amor,
que me coubesse futuro,
e me alternasse em menina e adulto.
Que ora eu fosse o fácil, o sério,
e ora um doce mistério.
Que ora eu fosse medo-asneira,
e ora eu fosse brincadeira,
ultra-sonografia do furor.
Sempre quis um amor, que
sem "tensa-corrida-de" ocorresse.
Sempre quis um amor que acontecesse sem esforço,
sem medo da inspiração por ele acabar.
Sempre quis um amor de abafar,
(não o caso); mas cuja demora de ocaso
estivesse imensamente nas nossas mãos.
Sem senãos.
Sempre quis um amor com definição,
de quero sem o "lero-lero" da falsa sedução.

Eu sempre disse não a constituição dos séculos,
que diz que o "garantido" amor é a sua negação.
Sempre quis um amor que gozasse, e que,
pouco antes de chegar a esse céu, se anunciasse.
Sempre quis um amor que vivesse a felicidade,
sem reclamar dela ou disso.
Sempre quis um amor não omisso;
e que suas estórias me contasse.
Ah, eu sempre quis um amor que eu amasse.
E me amasse...'"
Elisa Lucinda

Aí VOCÊ apareceu.
E é tudo isso e mais um pouco.
Eu te Amo Muito!

segunda-feira, junho 06, 2005


Amor da Minha Vida:.

Os que não se perguntam se alguém estará esperando
Se será verdade ou se será mentira
Os que não se perguntam se alguém vai escutar
Se estarão perdendo tempo
Os que não se perguntam se irão ganhar
Se haverá alívio, se faltará muito
Os que não se perguntam se o dia será bom
São os mesmos que também não se perguntam
se o copo está meio vazio
Porque para eles o copo está sempre meio cheio.

Hoje eu me achei com o copo meio vazio. Realmente eu não entendo nada sobre navios, muito menos sobre ausências. Achei que tudo era só um pulinho ali, e já voltava... Agora acho que é um pulão: deve demorar um tempão, e eu estou precisando desesperadamente falar com você. Porque só você acalma meu coração, quando diz que tudo vai ficar bem. Volta logo, liga, manda notícias, preciso de você.

O meu Amor
Tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca
Quando me beija a boca
A minha pele toda fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada, ai
Eu sou sua menina, viu?
E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha
Do bem que ele me faz

O meu Amor, Chico Buarque

Desopilando o fígado:.

Da Felicidade
Quantas vezes a gente, em busca de aventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura,
Tendo-os na ponta do nariz!
Mário Quintana

No meio destes, está a tempestade em que me encontro. Descobri que não tenho a mínima vocação para medicina - graças aos seus que meu sonho de ser médica-pediatra suicidou-se aos doze anos, quando vi meu amiguinho socar a porta de vidro com a mão, e levar mais de 60 pontos. Foi um estrago que me levou a vômitos e pesadelos horríveis. No que eu sou boa: "compartilho a dor". Sinto tanto, que posso junto chorar como aquele que sofre. Também sóu ótima para a compra remédios, ligações para o médico, para a ambulância, e para arrumar o cheque-caução. Posso pesquisar a doença e com um pouco de sorte, achar a cura. Mas não me peçam o impossível: ficar ao lado de quem sangra sem me esparramar igualmente em dor. Eu não tenho nenhum medo da minha morte, contudo devo adiantar para os deuses que abomino a perda de qualquer coisa viva: meu peixe ainda está na lembrança, a pombinha gira por aqui em forma de espírito. A desesperança da minha alma é saber que não sou tão poderosa para resgatar do Além aqueles que amo - se pudesse trocar alguns anos de vida minha para que ninguém amado morresse antes de mim, faria o acordo. Contudo, sei que é nulo; já tentei isso uma vez, e não adiantaram as rezas, simpatias e toda sorte de promessas - Ele se foi sem dizer adeus. Contudo, Deus sempre me deu uma segunda chance na vida; desta vez, quem sabe, de outro modo, com mais devoção... De repente o problema foi que eu agi depois - se eu começar agora, no quase-morte, há dois passos da Estrada Vermelha, se eu segurar bem firme a mão, fazer uns patuás, será que desta vez eu não consigo não?


Bem no Fundo
No fundo, no fundo,
Bem lá no fundo,
A gente gostaria
De ver nossos problemas
Resolvidos por Decreto
A partir desta data,
Aquela mágoa sem remédio
É considerada nula
E sobre ela - silêncio perpétuo
Extinto por lei todo o remorso,
Maldito seja quem olhar para trás,
Lá prá trás não há nada,
E nada mais
Mas os problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
E aos domingos saem todos passear
O problema, sua senhora
E outros pequenos probleminhas.
Paulo Leminski

domingo, junho 05, 2005


Itinerário com som:.

Como é difícil achar alguém que nos toque, emocione, alegre, enfim... Que fuja de muitos clichês que cercam "esse amor pra vida inteira". Porque muitas vezes já caimos em armadilhas, ficamos estagnados, medo de novamente viver a vida em extremo... Mas depois que o amor surge, brilha, não tem como escondê-lo. Agora é questão de saber levar o sentimento...Porque amar é também muito compromisso. Porque quero estar junto com você a cada segundo.

"E seja como for, deixo que seja, e ao deus ou aos deuses, que haja, largo da mão o que sou, conforme a sorte manda e o acaso faz", fiel a nós: sonhei com você a vida inteira, e o "que eu quero deveras, com toda a intimidade da minha alma", é que, mesmo com as nuvens átonas que podem ensaboar cinzentamente o nosso céu, quero sempre ver o azul surgir de entre elas, a verdade certa e clara do amor que sinto por ti. Quero te fazer muito feliz. Com música, pra gente não esquecer do sentimento, em nenhum momento de tristeza maior. Nosso CD - a minha metade, o outro lado é seu complemento, pois é tudo por aqui democrático.

. U2, If God will send his angel
Hey, if God will send his angels
And if God will send a sign
And if God will send his angels
Would everything be alright?

. Ana Carolina ,Encostar na tua
Eu quero te roubar pra mim
Eu que não sei pedir nada
Meu caminho é meio perdido
Mas que perder seja o melhor destino
Agora não vou mais mudar
Minha procura por si só
Já era o que eu queria achar

. Ana Carolina, Mais que Isso
Deixa de tolice, veja que eu estou aqui agora
inteiro, intenso, eterno, pronto pro momento e você cobra
Deixa de bobagem, é claro, certo e belo como eu quero
O corpo, a alma, a calma, o sonho, o gozo, a dor e agora pára

. Charlie Brown Jr., Só Hoje
Hoje eu preciso te encontrar de qualquer jeito
Nem que seja só pra te levar pra casa
Depois de um dia normal
Olhar teus olhos de promessas fáceis
Te beijar a boca de um jeito que te faça rir
Hoje eu preciso te abraçar
Sentir teu cheiro de roupa limpa
Pra esquecer os meus anseios e dormir em paz
Hoje eu preciso ouvir qualquer palavra tua

. Aerosmith, I don't want to miss a thing
I could stay awake just to hear you breathing
Watch you smile while you are sleeping
While you're far away and dreaming
I could spend my life in this sweet surrender
I could stay lost in this moment forever
Every moment spent with you is a moment I treasure

Eu poderia ficar acordado só para ouvir você respirar
Ver você sorrindo enquanto dorme
Enquanto você está longe e sonhando
Eu poderia passar minha vida inteira nessa entrega doce
Eu poderia me perder neste momento para sempre
Todo momento que eu passo com você é o máximo

. Fábio Jr. Só você
Demorei muito pra te encontar
Agora quero só você
Teu jeito todo especial de ser
Eu fico louco com você...

. Especial - faixa bônus
Fecho os olhos pra não ver passar o tempo,
sinto falta de você...
Anjo bom, amor perfeito no meu peito,
sem você não sei viver
Então vem que eu conto os dias conto as horas pra te ver
Eu não consigo te esquecer
Cada minuto é muito tempo sem você, sem você
Os minutos vão passando lentamente, não tem hora pra chegar
Até quando te querendo, te amando, coração quer te encontrar
Vem que nos seus braços esse amor é uma canção
E eu não consigo te esquecer
Cada minuto é muito tempo sem você, sem você
Eu não vou saber me acostumar sem sua mão pra me acalmar
Sem seu olhar pra me entender, sem seu carinho, amor, sem você
Vem me tirar da solidão, fazer feliz meu coração
Já não importa quem errou, o que passou, passou então vem
Vem, vem, vem

sábado, junho 04, 2005


Uma flor amarela:.

The kisses, by Matthew Alan

Emoldurado. Assim está nosso amor dentro de mim... Nosso encontro foi assim - coisa inexplicável, e como diz Ana Carolina, numa esquina minha vida bateu com a dele, e eu resolvi aceitar o destino e pular no seu colo. É uma coincidência maravilhosa ele ter "aquela conjunção especial", scorpio-taurus, que lhe confere um ar de Reth Butler, me deixando ser uma adorável Scarlett. Do final, só a esperança eterna em conjugar o verbo "amar-pra-vida-inteira" pro resto da vida dele. Porque na minha família as mulheres morrem sempre após os homens. Eu não vou ser exceção...

Depois da semana pavorosa, onde tive uma novelesca pandorga, a morte do meu peixe azul, e o cruel acidente do bebê-pomba (onde por infelicidade, tive mea-culpa), algo que me encheu de paz.

Eu te amo, Fabio. E prometo te amar pra vida inteira. Porque no momento em que ouvi sua voz junto a mim, me reencontrei em seus braços e renasci em seu colo. Nos seus olhos me vi. Minha busca termina aqui.

.:Paixão:.


Dias antes comprara “Flora” na livraria da esquina. Era um romance que estivera procurando há meses, e rejubilava-se por finalmente estar em suas mãos. Nessa tarde, após o pandemônio que enfrentara, chegou em casa sedento de amor, à procura de abrigo nos personagens já familiarizados. Gostava de lentamente deslizar na sua poltrona de veludo verde, e ir, linha após linha, aprofundando-se na história, enveredando-se pela floresta da trama. Tremelicava de frio quando buscou esse aconchego, na harmoniosa parte do seu quarto que havia reservado para esses momentos. Sua mão percorria a capa, onde havia a pintura de Titian, aquele mesmo quadro que, emoldurado, estava acima de sua cama. Uma cópia do olhar que tanto lhe lembrava o amor que havia passado por sua vida, e ido, como um furacão...

A verdade é que Tróia havia pegado fogo, e na confusão, haviam se perdido no corredor, peça vazia do fundo dos dois. O que estou contando começou vá se saber quando, mas as coisas mudaram no dia em que o primeiro papelzinho caiu do trem. Naturalmente que as poses e palavras eram aleatórias demais, fantasia pura, não eram para eles mesmos e somente serviam para preencher seus espaços vazios. Contudo, o aborrecimento adveio: de um trem andando as coisas se vêem como se vêem, cada qual com seu panorama e suas profusas histórias, mas lhe parecia hoje que estiveram se aproveitando demais da vantagem que pensavam haver sobre os dois. O que podia ele dizer? Sabia nesse momento que, em qualquer página futura podia estar a sua espera uma nova pagina passada, como se ficasse algo por dizer do ciclo que acreditava anterior, ou como se, depois de haver tirado todas as gravatas velhas para agradar a amada no dia das bodas de prata, descobrisse que pusera, que horror!, a gravata de bolinhas presenteada por aquela noiva que depois não se casou. Com isso consolava-se, ao ver-se completamente atolado pelas lembranças do que fora, pois que entremeadas fortemente às páginas do romance que estava lendo.

E notou que se encontrava aquecido: a paixão e o amor tórrido dos dois amantes, personagens centrais do livro, tinha servido para aquecer-lhe o coração há muito desprovido de emoções. Lembrou-se das borboletas no interior... Piegas, profundamente! Seus olhos continuaram percorrendo com cuidado as palavras tão próximas da descrição daquilo que um dia experimentara - “toco em você, na penumbra do amanhecer, e é quase doce passar a mão por seu ombro, que estremece ao toque. O lençol que lhe cobre pela metade desliza suavemente, meus dedos começam a descer pelo terso desenho de sua garganta, e inclinando-me, respiro seu hálito que cheira a noite... não sei como, meus braços enlaçam você, ouço uma queixa enquanto você arqueia a cintura, tentando negar o que tanto desejo, mas os dois conheciam muito bem esse jogo para acreditar nele. É preciso que você me abandone a boca, que arqueja titubeante palavras soltas e desconexas, Horácio implorava...” - Pausa na leitura, o livro sobre suas pernas. Parecia-lhe que o fantasma estava ali, nas entranhas, e provocava nele um instante sofredor com a volta da conhecida dor de barriga, não aquela que o levaria ao banheiro, outra. Sabia que tudo que podia fazer era senti-la e que depois tudo se acalmaria. Já estava acostumado às cólicas daquele amor fracassado. Sim, parecia-lhe que ainda via Ela dizendo não sei o que, e que lhe importava se ela havia ido, se caminhava hoje pelas ruas, apressada, pensando neles ou em nada? Ou se ela havia lhe feito rir ou chorar, à época, com suas trágicas determinações, aquele seu jeito de andar querendo bater todas as portas do mundo, como uma atriz provinciana...

Tudo era tão distante da sua rotina de casamento, das chantagens repugnantes de sua esposa, que acreditava que detinha posse e direito adquirido sobre ele. Será que sua Senhora e Ama cria realmente que alguém pestanejasse por suas ameaças, suas inesgotáveis cenas patéticas, untadas de lágrimas e adjetivos e histórias mesquinhas, cheias de começos com a palavra eu? Deveria ter-lhe dito há tempos que, como marido, ela merecia alguém bem dotado para réplicas. Ele escolhia sempre o silêncio, acendia um cigarro e ficava inerte, ouvindo as queixas e desaforos daquela com quem se casara. Em dias de muita sorte, ia adormecendo, embalado por suas críticas e choramingas. E em sonhos, sentia que ela se ia, e quem entrava pela porta era aquela que um dia veio e levara seu coração. Talvez se ele tivesse dito a Ela algo como quisera muito viver em conjunto a vida ao extremo, ela lhe perdoasse. Porque enquanto pode, ele caminhou até o limite, na corda bamba, através de todas as sensações vívidas, de todas as formas de energia exteriorizadas. Mas não conseguiu prosseguir adiante: teve medo de perder sua segurança, seu caminho percorrido, seu eu. A verdade era que temia com verdadeiro pavor mudanças radicais e bruscas, estas lhe estagnavam a alma, fazia com que ficasse em suspenso da vontade, da emoção e do pensamento... O hábito de viver a vida sem ter dias muito felizes o fez retroceder muitas vezes, a costumeira indecisão laçava-lhe, e as palavras e os gestos continham-se dentro de si. Os outros há muito tempo haviam lhe podado as asas, e muitas tentativas foram feitas para se exprimir pelos vãos daquele enorme apartamento, em busca de si, alguém que já estava tão longe... Agora não havia mais tempo: era final de jogo.

Voltou a leitura, tentando se concentrar, e fazer com que a parte liberta de si parasse de clamar por ela. Deixara de ser ele, num de-repente, e se dispersou entre as páginas, percorrendo-as sôfrego, como que abdicando do que era, para se tornar aquilo que gostaria de ter sido. A história de Flora lhe fazia chorar as coisas impensáveis que sonhara, as ternuras dos momentos inexistentes que fantasiara e ansiara, e as grandes dúvidas que lhe assoaram naqueles tempos voltaram, deixando-o arrepiado quanto ao seu futuro de não-sei-o-que-fazer-nem-sei-o-que-pode-acontecer. Sucumbia novamente às vozes dos heróis, deixando-se levar pelas imagens que se formavam através da narrativa. Tudo evocava agora o perfume e o olhar firme daquela que se fora, e foi assim, nesse estado de ansiedade mental e emocional que se tornou testemunha do último encontro entre Flora e Horácio.

“Ela havia estancado admiravelmente as lágrimas que teimavam em descer pelo seu rosto formoso, diante da recusa dele em receber suas carícias. Não viera para repetir as cerimônias do amor que existia entre os dois, e num diálogo envolvente corria pelas páginas como um riacho de serpentes, sentindo que, tal como no livro, sua história estava fadada desde o início ao mesmo destino. Começava a anoitecer, e Flora já sem olhar, abriu a porta e se foi: ela devia continuar pelo caminho que ia ao Norte. Do caminho Oposto, Horácio ainda se voltou um instante para vê-la correr com o cabelo solto. Correu por sua vez, esquivando-se de árvores e cercas, até distinguir na rósea bruma do crepúsculo a alameda tão conhecida...”

O barulho da porta sendo aberta vagarosamente despertou-lhe da leitura, mas não elevou sua cabeça, continuou firme e determinado a não se envolver com nada que o tirasse da leitura. Daquela mulher que sorrateiramente aparecia, a única coisa que esperava era que pudesse continuar sua vida, como sempre fez – vivendo de ilusões, sem cobranças, sem sentimento. E se era assim que tinha que ser, que ela o deixasse em paz em seu recinto, e permanecesse sem adentrar em seu quarto, apenas espionando-o da entrada, como sempre fez... Contas de vidro, jogo de Azar.

Havia perdido muito; mas sabia que sua vida também era composta de vitórias. Um dia, quem sabe, aquele adeus poderia ter outro sentido. Hoje, ele sabia: era irreversível. Fadado. Desconstruído, era assim que se sentia, tendo tido “Flora” nas mãos e não podendo viver sua história... Lenta e gulosamente passava a língua pelos lábios, que outrora sorrira demasiadamente. Tudo o que o alimentara foram palavras, e agora, triste sina, de palavras sobrevivia, não havia como ser outro, teria que viver sua tola vida fracassada até outra tola vida fracassada, até outra...

Não se preocupe, era o que seu íntimo queria dizer bem alto. Bramia interiormente tolices do tipo “Desculpe-me pelos gestos de impaciência, tente entender que é perfeitamente natural eu me lembrar de nós em horas como essa, cheias de saudade, quando “Flora” me corrompe pela ausência de paixão na minha vida, e me deixo remendar com palavras e imagens esse tanto de vazio que há dentro de mim, e que jamais consegui preencher, a não ser brevemente com você”. Em interlúdios de tempos, relatos como esse, com um fundo de água, o uísque ao lado haviam lhe dado prazer, contudo essa forma de passar as horas parecia-lhe, momentaneamente, uma preferência condenativa, recriminativa. Um ato seu, sabia, poderia lhe trazer esperança, quem sabe se mandasse tudo ao diabo?, mas faltava-lhe coragem para, nesta altura de sua vida, pensar em viver, quando tudo o que sabia era sobreviver desde pequeno. Não havia como virar a moeda, hoje ele era um axolote, não lhe agradava se mexer muito, o aquário dentro dele era tão pequeno; mal avançava um pouco, e se chocava com o rabo da feiticeira que lhe fazia prisioneiro, surgiam dificuldades, brigas, fadigas. Sentia menos o tempo se ficava quieto, as pontes tinham sido cortadas, foram lançadas todas as ligações e elos ao mar, por ela, sem pestanejar, e era sábio o suficiente para entender que o desejo estava submerso, nas águas do Tejo. Chorava nesse instante, e já nem sabia se era pelo triste final de “Flora’, ou pelo exílio de si...


Creio eu que Julio Cortazar não se incomodaria em emprestar suas palavras, se soubesse que esses meios pudessem atingir fim certo, afastando todo o mal que porventura ousou sair da caixa de Pandora..