domingo, setembro 30, 2007


Anjo...

Fui uma boa perdedora. Tão boa que, somente quando perdia, realmente me interessava pelo prêmio. Sou uma boa cidadã, pacífica até na alma, nunca levantei armas ou lutei por amor. Sou uma mulher boazinha, jamais entrei em cena, quando o cenário já se encontrava composto. Essas foram as desculpas que eu usei para sempre justificar minha falta de vontade e empenho em ficar até o fim. Mas a verdade é crua: sempre desisti, por opção. Tergiverso sobre perdas necessárias, choro lágrimas doces, faço drama, me visto de mexicana e enceno toda uma novela, só para não sair da roda e poder perder com a classe exigida. Das duas, uma: ou o final nunca me empolgou a ponto de ganhar qualquer corrida; ou a vitória, para mim, é fardo pesado. Gosto de coisas simples, porém o que há no fundo é a reticente falta de entrega. Uma parte de mim está sempre longe, distante... já foi, há tempos. Você tinha razão, Anjo. Quando o amor batesse, o orgulho aprenderia que AMOR NÃO SE CONVENCE. É aceitação. Só o que me resta, então, é pedir a outra parte de mim para voltar, já que daqui não saio, não. Mesmo enovelada, bordando do avesso e pintando surrealidades, "aprendo todos os dias a manter os pés no chão", mesmo sendo minha alma de vôos e flutuações... Ah, realidade também, sou uma mulher de 'jamais, sempre, ponto. Nunca, juras e promessas, sonhos e perdas. Agora, mulher de vitória também".

WHISHING A STAR

...but then the passion flares again...
AND sometimes when we touch
the honesty's too much
and I have to close my eyes and hide
I want to hold you till I die
till we both break down and cry
I want to hold you till the fear
in me subsides

YOU ASK me if I love you
and I choke on my reply
I'd rather hut you honestly
than mislead you with a lie

and who am I to judge you in what you say or do
I'm only just BEGINNING
to see the real you

I'm just another writer
still trapped within my truth
a hesitant prize fighter
still trapped within my "history"


:::
letra de música.

ROSA DO MEU JARDIM.

Aqui estou eu, mordiscando a tampa desta caneta, tal qual criança, em dia de muita expectativa. Sou tão corajosa e forte, não? Mas como você, bem lá no fundo, uma quantidade de coisas me assusta, principalmente quando não consigo compreendê-las. Entenda bem, quis fugir disso tanto como você. Nossa diferença é que eu sempre volto atrás quando vejo que, o que tenho pela frente, não me fará feliz. Já sei, estou dando voltas como um redemoinho, mas olha, agora serei precisa como um relógio suíço. Daqueles que nem eu, ou você, utilizamos. Inutilidade de se apressar algumas coisas? Talvez você ainda se lembre do quanto não gosto de falar de coisas que eu não sei explicar pela lógica e racionalidade. Por via das dúvidas, paciência comigo querido, cada um encontra inspiração no mundo que melhor conheceu, ou no qual convive. Antes de julgar uma pessoa, temos que passar três luas usando seus sapatos.

Esta noite caiu uma chuva forte. E o que me fez acordar não foi o barulho do trovão, mas o sonho que tive com nós dois. Foi tão triste, e ao mesmo tempo tão profundo, que melancolicamente está preso dentro de mim, não deixando nada me distrair da mensagem que passou. Eu, que caminho por metáforas, e planto tudo em entrelinhas, acordei querendo colo e abraço. Coisa ridícula para alguém que costumeiramente, aprendeu a matar um leão por dia. Antes de você ir, que tal uma história e café feito na hora? Minha avó, quando estava lavando roupa, costumava me contar coisas de sua terra... e por lá havia um camponês que, após semear sua horta e ver nascer os primeiros brotos, ficou com tanto medo de que alguma coisa não desse certo que, para protegê-los das intempéries, comprou uma boa lona de plástico à prova d'água e vento, e colocou-a por cima. Para manter longe as larvas e pragas, vaporizava grande quantidade de inseticida. Era um trabalho ininterrupto, nem por um só momento da noite ou do dia ele deixava de pensar na horta, e na maneira de defendê-la. Até que, um belo dia, levantando a lona, teve a desagradável surpresa de encontrar tudo morto e bolorento. Se tivesse deixado os brotos livres para crescer, alguns teriam morrido de qualquer maneira, mas outros teriam sobrevivido. Ao lado das plantas semeadas, trazidas pelo vento e pelos insetos, outras teriam crescido, algumas poderiam ser ervas daninhas, e o camponês as extirparia, porém outras poderiam ser flores que, com suas cores, iriam alegrar a monotonia da horta.

Está entendendo, Vida Minha? É assim que as coisas funcionam - é preciso haver generosidade na vida, e neste caso, você tem que viver pra criar coragem e desativar essa rigidez excessiva que impõe a certas barreiras. Porque isso "desnutre a vida", querido. Termino aqui, pra não transformar o simples em complicado. Não tenha medo, as coisas que nos acontecem jamais têm um fim em si mesmas, não são gratuitas. Cada encontro, cada pequena ocorrência, guarda em si uma significação. O que verdadeiramente importa é nossa capacidade de mudança, de reconhecer um erro e mudar de rumo, de retroceder a qualquer momento, para acertar a direção. Uma parte de mim está contigo, parada, em silêncio, ouvindo o meu coração, em prontidão. Quando ele enfim falar, prometo que me levantarei e irei até aonde ele me quiser levar. Mesmo que isso me custe muitos arranhões. Tu não és pra mim um planeta, mas uma constelação.

sábado, setembro 29, 2007


No Escuro.

Não sou de expectativa, nasci com excesso de certeza. Sou mutante, mas tem coisas que seguem aquele ditado, "em time que está ganhando não se mexe". Sou apaixonada por você! Com a gravata vermelha da quinta, ou a cinza da sexta. Quando você atravessa a rua, sério e em passos largos, amo você. É você que continuo amando, quando vejo você, queixo apoiado nas mãos, olhar em enlevo. Lembro que, certa vez, estava num campo aberto extenso e foi possível ver nitidamente nuvens negras e carregadas se aproximarem furiosamente em minha direção, assustadoras, ocultando totalmente o sol. A sensação foi de intensa solidão. A temperatura imediatamente abaixou; eu na espera pelo aguaceiro. Mas ele não veio. Da mesma forma carrancuda que o dia apareceu, se foi. Houve outra vez que, em pleno sol, sem qualquer aviso, desabou uma chuva de granizos enormes, que só na minha rua quebrou o vidro de nove veículos. Sabe, a vida é assim, às vezes colorida, alguns momentos cinzas e "carrancudos"... Aquilo que nos deixam marcas permanentes, aparece de forma inesperada e inevitável. Hoje adoro ver as tempestades, porque não tenho mais medo, e tenho a rara oportunidade de ver a reação das pessoas, diante das nuvens negras. Ah, moço, acho que muitas vezes fomos tal qual vidros esculpidos na areia por raios. Aprendemos a tranformar algo imprevisível e temerário em embelezamento para a vida. Mas também sabemos espetar lanças de ferro na areia, e olhar para o céu, cheios de esperança pela tempestade. Se acontecer, ótimo, lindas esculturas estarão enterradas na areia. Se não, oba, o sol vai voltar a brilhar. De certeza, meu amor por você. Do restante, o que importa é que, "a vida está sempre certa", baby.

Palavras são só palavras.

Repararam que a tradicional pergunta feita antes de realizar alguma coisa é “o que eu vou ganhar com isso?" ? Falta-nos gratuidade. Cobramos tudo, o que fazemos e o que deixamos de fazer, o que pensamos e esquecemos de pensar. Tudo depende de uma finalidade. De um preço. De uma compensação. De um significado. Quem diz que não é o momento de empreender atos para perder? Trocar a utilidade pela afirmação contundente: eu estou disposto a perder com isso. (...) Recordo de uma frase sábia de Fernando Sabino: "não se pode exigir das pessoas aquilo que elas não podem dar". Costumamos regrar a convivência por aquilo que somos e queremos, e esquecemos de que não casamos conosco. Vou além: não se pode exigir das pessoas aquilo que elas não sabem que têm.

Do poeta Carpinejar, texto completo disponível no blog.

terça-feira, setembro 25, 2007


PARA O PAPAI NOEL

Tenho um sonho que não consigo realizá-lo - encontrar um travesseiro ideal. Nem muito alto, nem muito baixo. Que não se abaixe com o passar dos dias, nem fique desgringolado, na primeira lavada. Então, mais uma tentativa. ESTE. Talvez os gansos da Alemanha sejam antialérgicos. Talvez a Mamãe Gansa me traga bons sonhos... Também decidi o que quero do Papai Noel: Estadia em Inhaúma. Final do ano, curso de massagem (Serei especialista nesta arte), sessão de shiatsu. Escalda-pés em ofurô com óleos essenciais. Lake Resort Águas do Treme. Dez dias de energização. Pesca, sol, comida maravilhosa e tranqüilidade.

DIA "D".

"Não há nada de errado em desistir".

Tentei ser o mais forte possível, não desistir. Esconder todo sentimento atrás de uma couraça de indiferença. Afastar-me bastante, para que a dor fosse, automaticamente, se desligando da pessoa que a causava. Às vezes, quando você ganha, você perde.

Sinto muito, querido. Peço desculpas por desistir, por mais esta decepção, mas tem coisas que é preciso VIVER. Dia D. Dia de DECISÃO. O que é verdade em meu coração é toda verdade que realmente importa, quer as pessoas percebam ou não. Sei que você reiteradamente ensina a nunca desistir, coisa que sempre me lembrarei. Porém, há aqui uma sutil diferença. Você é um competidor. Tem um ego fortalecido ante as vitórias conquistadas. Já eu, desprovida de qualquer defesa contra você. Se perder a mim mesma, ou a minha alma, fosse requisito para lhe salvar, eu lhe diria que não tituberia em tal ação. Sei porque confio tanto em você: integridade, caráter, coragem... tudo isso eu admiro, mas ver e compreender quem você é, em toda a extensão, me faz saber que de algum modo, eu sempre estarei presente. Mesmo ausente. Porque seja qual for a distância entre nós, você SEMPRE terá meu Amor.

Como você se sente quando vai dormir? Eu tenho medo. E choro, muitas vezes. Somos diferentes porque nos expressamos de modos desiguais? Por que você não está aqui? Por que não enlouqueceu sem minha presença? Acho que porque você é forte. E isso é um princípio básico que segue à risca. Algo como se você não tivesse escolha, "ou a vida continua, ou não".

Não me basta a satisfação de não ter desistido. Não me contenta a alegria de poder dizer tudo, mesmo que você não compreenda. Eu não posso fugir do fato de que amo você, mas posso compreender e viver isso. Sem precisar ocultar ou fingir. Sem precisar lutar. Nesse dia D, eu digo apenas que vou desistir. Não da forma que podem estar pensando. Digo que "não me importo" com as possíveis alegações de outros, eu não abandonarei o homem da minha vida. Dos meus sonhos.

É isso. Simples, não? Apenas não vou mais ocultar sob um véu de ilusão "que estou bem" sem você aqui.

Sei que o caminho somos nós que o fazemos. Enquanto percorremos estradas de fora e de dentro, não sabemos o que nos espera. Às vezes cruzamos pontes sob intensa neblina, e sabemos que a trilha está diante dos nossos pés, apenas não podemos vê-la. Só sei andar sem "ver" guiada pela minha intuição. Sinto onde meus pés estão pisando, aguçando minha audição, tato, concentrando-me no presente. Não é porque a confiança foi para o ralo que perco a minha fé ou os meus princípios. Eu continuo, silenciosamente, o mesmo caminho, porque é ele que detém meu coração. Até que a neblina se desfaça, o horizonte se torne claro, e tudo o que sobre seja a sensação de vitória. Vitória por ter confiado naquilo que eu sinto.

É díficil, eu sei, celebrar o Amor, em vez de escondê-lo. Principalmente porque, eu sou uma mulher que ainda comete erros. Simplesmente, às vezes, faço tudo errado. Sei fazer perguntas que você não responde, sei responder aquilo que ninguém te diz porque temem falar. Tenho dias que levanto, e não vejo motivos pra continuar. Ainda choro na maioria dos meus dias absurdamente ruins. Muitas vezes, quando me olho no espelho, nada vejo que ache maravilhoso. Inclusive há dias que tudo vejo para que eu corra até a academia! Sinto sua falta quando respiro, e sinto-me mais próxima de você com tantas lembranças maravilhosas. Freqüentemente, ainda me sinto entendiada, sem saber bem porquê. Mas, a despeito de tudo isso, saber que eu sou uma mulher privilegiada, porque conheceu o Amor - e continua mantendo este Aceso, me deixa com ar de "Vitoriosa". Pois sei que realizei um sonho, experimentei a felicidade e participei de momentos que valeram a pena.

Sou uma mulher que está pronta, então, para experimentar mais vida. Mais amor. Construir mais lembranças. Não importa se estas acontecerão daqui há cinco dias, cinco meses, no final do ano... O que quer que me espere daqui pra frente, tenho certeza de uma coisa: estarei de coração aberto, e seguirei para onde a vida me conduzir e meu coração pulsar. "Leve azul, sombreado de ametista. Lavanda na janela, enquanto isso, eu simplesmente VIVO."

Cada pessoa percorre, em algum momento de sua vida, um deserto. Para desmanchar miragens e reverenciar oásis. A vida segue, como deve seguir, ela está sempre certa. O milagre é sentir, viver, ver e sonhar. AMAR. Ser feliz para mim, é isso. Há por trás de tudo uma força muito superior a nós, que entrelaça destinos de modo que, tudo se encaixa perfeitamente, sem deixar uma peça fora do lugar. O que resta fazer é ACEITAR. O fato de eu te Amar. Incondicionalmente.

Às vezes, quando você perde, você ganha.

segunda-feira, setembro 24, 2007


VINHO TINTO.

Por que acho que você me escuta, VidaMinha?
Por que insisto em crer que você leria isso?
Porque sei que, o que eu penso que existe, existe. A tal da lei da atenção concentrada.

Eu não sou você. Isso é como um soco no estômago, todos os dias eu vejo que não sou boa o bastante como você. Todos os dias quando eu vou dormir, eu tenho medo. Dizem que é na ausência do outro que percebemos o quanto essa pessoa faz parte de nós. Sinto muito, querido, mas meu coração me conduz, e não há software capaz de desativá-lo - Como é grande o Meu Amor por Você.

Sabe, o que gostaríamos de ter dito a alguém fica para sempre entalado dentro de nós se retermos as palavras, esperando uma outra chance, algum momento para dizer tudo que foi não-dito. Tudo aqui é esparramado sem qualquer expectativa, apenas para que algo permaneça no tempo, algo que você poderá ler toda vez que quiser a minha companhia.

Para dizer a verdade, fiquei entristecida com sua partida rude. Porque sentimental como sou, esperava aquele quê diferente e especial de você. Com o passar dos dias percebi que toda aquela rispidez não era insensibilidade, apenas tensão extrema de quem está prestes a chorar. É a tal da couraça que já falei, próprio de pérolas-humanas como nós. As lágrimas que não saem depositam-se no coração, e com o passar do tempo incrustam-se nele e paralisam-no, tal como os depósitos calcários se incrustam e paralisam as engrenagens de seu trator.

Talvez tudo o que alinhavo neste caderno-de-água provoque muito riso, ou lhe deixe bastante enfadado. Tenha paciência: cada um encontra a inspiração no mundo que melhor conhece, bem como a extravasa na forma que melhor lhe representa. E se aquele sorriso lindo iluminar sua face, meio objetivo já terei atingido.

Mordo a tampa da caneta, já não sabendo como continuar daqui. Vício adquirido de outro pode gerar danos morais? Meu progresso não é linear, volto no tempo, avanço nas semanas. Meu cachorro dormindo late, e me lembra sua expressão falando que “todos os animais também sonham”. Sonham as toutinegras e os pombos, os cães e os gatos; mas nem todos da mesma maneira. Os animais que costumam ser presas tem sonhos curtos e nervosos; mais que autênticos sonhos, são aparições. Os predadores, por sua vez, sonhos complicados e longos. O antílope dormindo vê diante de si a savana aberta; o leão, por seu lado, numa contínua e variada seqüência de cenas, vê todas as coisas que terá de fazer para conseguir comer o antílope. Que tipo de sonhos estará tendo aí, distante de mim? Em algum deles apareço, vestida de pele-vermelha ou grande dama? Estará com saudades?

Eu tenho tido alguns sonhos com aquele cachorro especial. Perguntei a ele se acaso a fórmula que se receita para entrar em contato com alguém - a de segurar na mão uma foto, fazer uma cruz com três passos e dizer: “eis-me aqui”, dá certo. Seus latidos altos devem ter sido de gargalhadas estridentes. Mas daquela forma que ele costumava fazer, sinto que me disse para simplesmente pensar no nosso amor. E em você, sempre. Porque meu dono é, na verdade, inseguro no fundo de sua fortaleza computadorizada. Mas, se ele aparecer outra vez e me repetir a frase “Não desista”, vou ter que me conter muito para não dar um soco em seu focinho. Será que ele não percebe que “um rio corre sozinho”? Pensando bem, nessa hora ele poderia argumentar que “certos açudes” podem ser represados, para facilitar a pesca. Melhor silenciar.

É, ando conversando demais com esse cachorro de olhos profundos. Que sabe mais do que eu, porque sabe menos. Que me deixa maluca, especialmente quando dá aquela olhada irônica e diz: Só uma questão de largar por fora, para na próxima curva, você entrar por dentro. Cão metido dá nisso. Quando vai embora, faceiro, dá mostras de mais humor: Lembra da sua frase predileta, "Às vezes quando a gente perde, a gente ganha"? Foi a coisa que mais fez meu dono rir. Coisa mais besta, foi o que ele disse.

Coisa mais besta, é? Coisa mais besta me irritou. Coisa mais besta é a frase dele! Coisa mais besta é eu imaginar que cachorro pode falar. Ou entender. Coisa mais besta são esses sonhos. Pensando bem, "coisa mais besta sou eu", isso sim!

EU VEJO. SINTO. OUÇO.



“Um indígena perguntou uma vez a um antropólogo que estava meticulosamente escrevendo uma história: - Quando eu conto essas histórias, você as vê, ou você só as escreve?”
Dennis Tedlock

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"Tenho trabalhado tanto, mas penso sempre em você. Mais de tardezinha que de manhã, mais naqueles dias que parecem poeira assentada aos poucos, e com mais força enquanto a noite avança. Não são pensamentos escuros, embora noturnos. Tão transparentes que até parecem de vidro, vidro tão fino que, quando penso mais forte, parece que vai ficar assim clack! e quebrar em cacos, o pensamento que penso de você. Se não dormisse cedo nem estivesse quase sempre cansado, acho que esses pensamentos quase doeriam e fariam clack! de madrugada(...)

Sonhei que você sonhava comigo. Ou foi o contrário? Seja como for, pouco importa: não me desperte, por favor, não te desperto. (...) E quando ele perguntou “por quê?”, compreendi ainda mais. Falei: “Porque é daí que nascem as canções”. E senti um amor imenso. Por tudo, sem pedir nada de volta. Não-ter pode ser bonito, descobri. Mas pergunto inseguro, assustado: a que será que se destina?

Suspiro tanto quando penso em você, chorar só choro às vezes, e é tão freqüente. Caminho mais devagar, certo que na próxima esquina, quem sabe. Não tenho tido muito tempo ultimamente mas penso tanto em você que na hora de dormirvezenquando até sorrio e fico passando a ponta do meu dedo no lóbulo da sua orelha e repito repito em voz baixa te amo tanto dorme com os anjos. Mas depois sou eu quem dorme e sonha, sonho com os anjos. Nuvens, espaços azuis, pérolas no fundo do mar. Clack! como se fosse verdade, um beijo.

(...)Choro sozinha no escuro, e você não enxuga as minhas lágrimas. Você não quer ver a minha infância. Solto nesse abismo onde só brilham as estrelas de papel no teto, desguardado do anjo com suas mornas asas abertas. Você não me ouve nem vê, (...) Voragem, vórtice, vertigem: ego. Farpas e trapos. Quero um solo de guitarra rasgando a madrugada. Te espero aqui onde estou, abismo, no centro do furacão. Em movimento, águas.

(...)Ai que dor: que dor sentida e portuguesa de Fernando Pessoa - muito mais sábio -, que nunca caiu nessas ciladas. Pois como já dizia Drummond, "o amor car(o,a,) colega esse não consola nunca de núncaras". E apesar de tudo eu penso sim, eu digo sim, eu quero Sins."

CAIO FERNANDO ABREU, Pequenas Epifanias. Trechos diversos.

QUANDO VOCÊ ME TOCA


Onde quer que eu esteja, se eu sentir seu perfume, você vem a minha mente. Muitas vezes ouço minha risada, diante de tantos e inusitados momentos em que isso ocorre. Eu preciso de momentos simples no meu cotidiano, pequenas alegrias, pequenos gestos. Nada precisa ser grandioso, e nem muito profundo, porque isso ainda me atemoriza. Compreender que "casa" é o lugar onde quer que você esteja, me sentindo amada e amando, me faz ter a certeza de que, onde quer que você vá, meu coração está aí. Entre seus braços.

VOCÊ É MEU SOL


Querido,

Acordei e me senti vazia, tão mal por causa do que causei a você. Decidi seguir o impulso do meu coração, mas se isso for tudo um desastre inconveniente, releve. Foi com carinho e na melhor das intenções!

Sinto muito, sinto tanto tê-lo magoado. Principalmente, porque amo você. Estou triste sem você, sentindo muito sua falta, como sempre. Agora especialmente difícil, porque no sonho que eu tive, senti você tão real ao meu lado. Acordar sabendo que você está muito distante, foi como se a parte mais importante de mim estivesse sumindo aos poucos.

Quando você enfatizou que eu te conhecia, minha dor foi insuportável. Fechei os olhos e era como se eu estivesse vendo você novamente pela primeira vez – cabelos desmanchados, sorriso estampado no rosto, olhos brilhando... VOCÊ É LINDO!, pensei, enquanto o admirava chegar. Posso dizer – e isso é a mais pura verdade!, conheço você mais do que meu próprio coração.

Sem você me sinto perdida. Lembro que li em algum lugar que “o destino pode tanto ferir, quanto abençoar uma pessoa”. Surpreendo-me a perguntar por quê, em meio a tantas pessoas que existem no mundo, tantas que eu poderia ter amado, tinha de me apaixonar justamente por alguém que insiste em largar da minha mão.

Você e só você, foi e é a única pessoa que eu quis. Com a qual sonhei. E, apesar de insistir para todos que o amor é o melhor sentimento e o mais forte, nunca imaginei ser possível amar tanto alguém quanto amo você.

Não acho que posso simplesmente deixar você ir embora, e tentar esquecê-lo. Não quero que isso aconteça. Eu não quero desistir de nós. Porque você é o meu destino.

Sei que fui uma idiota. Mas até mesmo os idiotas têm sentimentos. Nos últimos dias cometi mais erros do que alguns cometem a vida inteira! Mas não posso negar o que está claro dentro de mim – eu não posso viver sem você.

Quero que saiba que isso é, antes de ser um pedido, um agradecimento. Obrigada por ter aparecido na minha vida e me trazido tanta alegria. Obrigada por tão profundas recordações que guardarei comigo para sempre. Obrigada por ter aceito o amor que lhe dei. Acima de tudo, obrigada por me mostrar que existe amor e pessoa pré-destinada.


T.A.S.

NÃO-ME-ESQUEÇAS

As mãos costumam expressar muita coisa. Para mim, lembranças daquele menininho que eu amava. Antes e com tal profundidade, que hoje toda mão que me oferece algum toque, expressa a tristeza do rosto que o gesto evoca. Guardo em segredo aquela noite, como se fosse um tesouro. E espero que algum dia consiga expressar o profundo regozijo que senti quando o reencontrei por aqui. Fiz um único pedido a este menino querido: Não me esqueças. Ele prometeu bem mais: "Não há obstáculo que me fará ficar longe de ti, quando te reencontrar." Não me esqueças, roguei quando tive que ir embora. Não me esqueças, o nome da flor delicada que hoje plantei, pra simbolizar a promessa cumprida. Só pelo nome, não me esqueças resolveu prosperar exuberante no meu jardim descuidado, em vez de ir morrendo aos poucos, à medida que minha saudade aumenta.

Ainda não sabia que estava sendo cortada brutalmente, e iria secar tal como árvore mutilada, ao ter que ficar tanto tempo longe dele, e só incansável exercício de memória e sonhos recorrentes iriam impedir que tudo que havia entre nós antes-de-tudo-isso-aqui virasse névoa. No fundo de uma caixa, laço verde envolvendo folhas amareladas, o começo destes sonhos. Que já era destino antes de ser realidade. Profundidade, antes de ser intimidade. Primeira linha, letra firme, coemça assim...

"Ele tinha olhos de lince, verdes tão negros, às vezes até amarelo, tal qual o gato que anda por aqui. Parecia tão corajoso, mas devo me lembrar de que "nada do que ele demonstra é aquilo que anda em seu interior, o diabo mora nos detalhes". Foram muitas noites que sorrateiramente apareci em seus sonhos, pra segurar sua mão. Gostava quando ele despertava encantado, já com um sorriso pronto. E eu debochava, "Medo de bicho papão ou do escuro hoje?" Ele ria, feliz. Então um dia, ele com nove anos, fui pra avisar de não poderia mais vê-lo. Não do jeito que ele estava acostumado, em sonhos tão reais... Eu iria voltar a Terra, em algum lugar distante, pra reencontrá-lo. Mas levaria muito tempo para isso. Lembro que sua face não dizia nada, mas seus olhos expressavam muita raiva. Tinha que ser assim, tentei consolá-lo. Ele dizia que preferia o sonho à realidade sem mim. Se eu pudesse escolher, se eu pudesse optar... mas não havia como voltar naquilo que nós dois havíamos escolhido muito antes. Disse para eu sair, fechou a porta, "eu te odeio" foi o que eu ouvi. Sentei no alto da escada, e chorava muito, enquanto ele desabava sua raiva: "Quando eu te encontrar, pode ter certeza, vou fazer você chorar todas essas lágrimas novamente. As minhas e as suas. Posso me esquecer disso quando acordar, mas garanto que, de algum modo, vou me lembrar de fazer você chorar, quando a gente se encontrar, você vai ver". Não sabia o que lhe dizer, as palavras não saíam, como explicar o inexplicável a alguém? "Prometo a você que não importam as lágrimas, eu sempre vou estar ao seu lado. Você também vai ver". Meu vestido branco molhado, meu rosto inchado, eu me via como a aparição mais grotesca e fantasmagórica da história. Segurava uma das minhas mãos na outra, numa tentativa gestual de consolo, deslizando suavemente a outra mão sobre outra. Foi então que a porta se abriu levemente, e ele foi até mim. Sentado ao meu lado, pegou uma das minhas mãos, e tentou esboçar um sorriso. Olhou profundamente nos meus olhos e disse: "Você sabe que eu vou fazer exatamente o que eu disse, não é? Tenho essa mania, de ferir aqueles que eu amo, se um dia me feriram. Mas vou te contar um segredo: eu amo você. Mais do que jamais vou te confessar quando te encontrar. Se a lenga-lenga daquilo que tanto disseste, aquilo de que "não há força que o amor não termine por superar", se isso for verdade, a gente fica junto, tá bom assim? Prove pra mim que me ama. Muito, mais e pra sempre". Depositou um beijo na minha face, levantou, e entrou novamente em seu quarto. Antes de fechar a porta, sorriu de lado e disse que dali em diante jamais iria sonhar. Agora era a vez dele ir até mim. "Vou te reconhecer, você vai ver. Pelas lágrimas, gatinha. Quando você chorar bastante, é sinal de que estarei cumprindo a promessa. Mesmo que eu não saiba, vou te reconhecer". Desde cedo, ditador! Lembro de ter contato com esse menininho muito tempo depois, quando já estava na terra há três ou quatro anos. Algo com ele havia acontecido, e eu passei dias internada no hospital. Dias de muita dor, dias de esperança. Dias de consolo. O que ele muito sentia lá, eu refletia de algum modo aqui. Não me esqueças significa então, esse amor verdadeiro, essa lembrança perene, esse menininho-amor. Para mim, a flor da promessa que cumpro com rara devoção.

DETALHES PRECIOSOS.

"Em determinado momento, pequenas coisas em nossa vida se tornam mais importantes que todo o restante. E pede suplicantemente uma escolha. Dia após dia. Pegar o telefone e dizer a palavra de carinho que adiamos. Abrir a porta e deixar entrar aquele que significa profundidade e intimidade. Aceitar um emprego. Abandonar uma cidade. Pedir perdão. Exigir um direito."

"Escrevo sempre, e acho importante escrever. Escreva: uma carta, diário, anotações... mas escreva. Se quiser entender melhor o que se passa, escreva. Procure colocar sua alma por escrito, mesmo que ninguém leia. Mesmo que alguém termine lendo. O simples fato de escrever ajuda a organizar o pensamento, ver com clareza o que nos cerca. Um papel e uma caneta operam milagres: curam dores, consolidam sonhos, levam e trazem a esperança perdida. A palavra tem poder. A palavra escrita tem mais poder ainda.

Segundo AQUI, a autoria é de Paulo Coelho.

sexta-feira, setembro 21, 2007


SILÊNCIO

Senta aqui, entre as árvores, e escuta o vento, mais emotivo do que nossas palavras, que nada e tudo sempre significam. Meus cabelos soltos, suas mãos penteando-os displicentemente, oceano inteiro que te represento. Pode deixar os modos e a sociedade para trás, quero ver você 'sorrisos', inteiro e importante nesse mundo verde construído por ti. Acredito em tudo que pedir, não quero lições, nada chique ou muito belo. Espero o vapor que exala das páginas que folheias, quero sua mão esquerda que segura minha fotografia, o mundo já é tão extravagante, por que acrescentar mais azáfama emocional? Fecha os olhos, meu mar, pois quando te envolvo, somos simples mortais. Quando te abraço, tudo se torna sem horizontes, brincamos de partilhar a respiração, abrimos a fortaleza secreta do nosso eu, nosso abrigo uma rede aquecida de beijos. Olha aqui, pois aquilo que os olhos tocam, a memória acaricia. Nossas mãos insistindo em voltar para onde já estiveram, nossos olhos ansiando pousar naquilo que tanto se detiveram. Jogar não é correr riscos, é naufragar. No oceano de lembranças do qual nos banhamos. A maneira como acaricio e adoro suas coisas com os olhos. Nossa vontade de nos deixar levar, sem pressa de ir. Nossa paixão é pela vida ardente, quando tudo já foi dito e feito, só o que falta é percorrer o caminho, nossas vidas com o desenho traçado. Não precisa falar, silêncio. Nenhum de nós conseguiria dizer o quanto ansiamos em sentir o sabor da boca do outro, o toque da carícia do outro, o cheiro do corpo do outro, o calor da paixão do outro. A isso chamam encontro, nós chamamos Ponto de Parada. Foi onde ficamos. Nosso coração é um museu, repleto de galerias preservadas com momentos, as mãos à espera daquilo que nossos olhos anseiam. Que besa sus pies, que besa su mão... Cruza seu limite, me faz chegar...

TEMPERO.

Compartilhamos as mesmas situações, sabemos tudo um do outro, e mesmo assim, ante qualquer palavra jogada, conseguimos desviar o pensamento daquilo que sentimos que é a correta tradução, para perverter e modificar tudo. Fico imaginando se nós não estamos jogando para o adversário, eu, minha maior inimiga, você, seu maior carrasco. Confiar é se jogar para trás, sabendo que outro irá amparar a queda. Qual de nós consegue adiantar esse "pé atrás" que mantemos com tudo, pelo que a vida já nos fez passar? Sei que o passado é mais compreensível do que o presente tão embaralhado por nós, e é mais fácil vislumbrar aquilo que fomos, do que aquilo que nos tornamos. As palavras param, suspensas. Seria tão fácil apenas perguntar. Na velocidade que nossos pensamentos costumam andar, a prioridade deveria ser o sussurro elevado e sensual que sobressai quando nos aproximamos, com medo de ficar. Concentração é fundamental, na próxima curva podemos rodopiar. E se eu garantir que dançamos, sob a pressão dos freios? Você passa veloz na pista cheia, parece que o ar vai arrancar seu capacete. Mantendo o pé no afogador, virando à esquerda, deslizando nas curvas, meu coração suspenso: Quanta proteção, Meu Deus! Ah, moço, você sabe como ninguém ser agressivo, mas em ritmo controlado. Mentalmente relaxado, o constante pulsar só vislumbro em seu pescoço, o brilho no olhar denunciando o que tenta conter. Faço um esforço estonteante para te acompanhar, mas não é a velocidade que é descomedida, pedal a metal. O que atrapalha é a fumaça e o ruído ensurdecedor dos pilotos que chacoalham na pista. Fico concatenando sonhos, decifrando seu sorriso, colando o que você parte, curando aquilo que te machuca. Duas bandeiradas xadrezadas de preto abanadas sobre seu carro, a última volta em êxtase pela vitória... concordo com Walt Whitman: "Ah, rodovia... tu me expressas melhor do que eu mesmo".

O Oceano e o Mar.


Fim de tarde, eu na calçada. Olhando as pessoas passarem, me sinto uma daquelas meninas que aguardavam ansiosamente alguém, sentindo frio na alma quando vislumbravam sua sombra na esquina. E a tarde esfria, o calor aumenta, e sinto uma saudade imensa, saudade grande de noivo, daqueles que aguardam no altar ansiosamente. Mãos frias, suadas, olhar na esquina. Quando você vem, meu bem? E o vento sopra, e não me traz resposta. Penso em ti bem devagar, com um querer imenso, cheio e limpo, fundo e alegre, e quando suspiro, todo o meu corpo sente sede imensa de ti. O poeta já dizia "que o amor embala a outra pessoa dentro de si". Viro o rosto, pra ninguém vê-lo molhado, que bobagens que escrevo, bobagens pra todo mundo me chamar de ridícula, por esse querer tão forte. Hoje me sinto menina, esperando aquele menino teimoso, com a bola na mão, que permanece em frente da imensa porta. Amor teimoso desse menininho, olhar comprido, rosto cheio de desejo em reviver pedaços de seu caminho... e mesmo assim, continua teimando, segurando, retendo... Dono da bola, joga para o alto e deixa o mundo girar. Quando for a hora, você acerta e faz gol. Agora isso parece clichê, soa distante, você esmaecendo feito o papel de fax que teimo em conservar. Em alguma distante esquina eu aguardo por ti, o homem perplexo que pensa em mim, pensando teimosamente em esquecer de nós. Nenhuma explicação exclui explicação contrária. Dia sem assunto, noite cheia de você. Sento na esquina e invento jogos comigo mesma. Jogo simples esse, que faço desde menina, sento aqui e fico mentalizando um carro. Pode ser uma marca, às vezes uma cor, e tudo depois vai depender disso. Aí estabeleço a meta: "Enquanto não surgir, não posso sair daqui". Melhor quando eu desordeno a ordem regrada das coisas, e coloco como explicação o carro que aparecer. E um carro na avenida surge, em nada correspondendo com o que eu chamo, ou tudo se alinhando com o que eu sinto. Uma brasília laranja. Suspiro longo, sinto você perto de mim. Desvio o olhar da rua, fecho os olhos, agora é para alguma coisa que nós queremos, e tanto sonhamos em realizar. Bem-me-quer, mal-me-quer, diga se vai se realizar? O próximo carro. Não, o sexto. Pra deixar mais emocionante. A grande aposta, o elucidador de toda a história, o tráfego recomeça: passa astra, corta pela direita o fusion, o celta vem atrás, 1.0 é assim. S-10 surge zunindo, barulho de escape furado. Atrás, colado, um fusca azul, e no volante podia ser minha avó, segura do que queria, confiante que podia. Sinto que minhas pernas grudam, é brincadeira, bobagem, e me sinto desfalecer quando o carro percorre a rua, faróis baixos. Pode ser que sim, pode ser que não. E a paz surge, companheira, repousa ao meu lado no degrau, significado fácil... Não digo porque nem é preciso. Buzinas, o trânsito pára de novo. Fecha os olhos aí, adivinha qual foi o carro. Nem pense que não. Nem pense que poderia ser um engano. Nem pense que não sei o que está passando, posso ver o que eu quiser no acontecido seu, porque você me aponta, me cerca, me envia e me deixa sem ter para onde ir, sem antes sentir. Dá meia-volta, só agora. A urgência vai deixar de existir em pouco tempo, pra começar de novo o que você pede. Diz pouco. Ou nada. Mas sente. A única maneira de nos guiarmos é seguindo o que sentimos. Você, pelo sol. Eu, quando a chuva cai, e, batendo na calçada, ilumina meu mundo por ora negro, à espera de ti. O segredo é o limão, de menos nem se sente, demais não se consegue comer.

quinta-feira, setembro 13, 2007


CUMPLICIDADE


Eu me enovelo, já percebeu? Você não espeta uma faca, mas já me encolho quando recebo qualquer coisa sua... Sou sempre toda cuidado, preocupação cheia temendo transbordar qualquer coisa, uma revolução contida dentro de mim. O mesmo sol. A mesma lua. Por incrível que pareça, a mesma premonição. As mesmas coincidências. Um dia depois do outro, e quando estou me levantando, decidida a atravessar, você volta com uma intensidade arrebatadora, abrindo uma avenida. Eu, em pó. Depois de todos os "mas" tem vírgula, meu amor? Retira tudo, deixa livre, não corta com travessão. O tempo passando sempre, e nós padecendo. De sede. Vem comigo. Vem, comigo sempre. Vem mesmo não achando, mesmo não podendo, mesmo sentindo que pode, querendo e me chamando como sempre, meu bem. Vem.

SOLITÁRIO


Se eu dirigisse uma escola para criminalistas, ensinaria a todos eles a voar. Eu os faria levantar vôo quando o tempo estivesse ruim, quando os aviões não estivessem em bom estado, quando os pássaros estivessem caminhando no chão. Aqueles que escapassem com vida iriam aprender o significado da palavra SOZINHO. (...) Como acontece com um homem errante, o advogado de defesa é um alvo constante. (...) Há mais outra coisa: o pretenso criminalista deveria ficar ciente da solidão da profissão que escolheu. E das satisfações de ser um renegado (...). O essencial é que o advogado cultive o zelo e os preceitos éticos de sua profissão e de sua consciência, não se acovarde, jamais, sempre que for necessário levar aos atribulados que carecem de amparo a sua boa vontade, a sua ciência e, principalmente, o seu destemor, a sua coragem que, inegavelmente, como apregoava John Kennedy, "é a mais rara de todas as virtudes humanas. Sejam quais forem as armadilhas e os ódios, as perseguições e as vilanias, um dia voltarão para sua oficina de trabalho, donde nunca se desprenderam as raízes profundas de sua fé.

A defesa não pára, F. Lee Bailey.

A CRENÇA NO IMPOSSÍVEL

O VERDADEIRO ADVOGADO, que não será sempre um gênio, como foi "Clarence Darrow", o maior advogado criminal norte-americano de todos os tempos, é e será, eternamente, mais feliz. Sobreviverá, ainda que com inauditos esforços. Acordará, um dia, de seus sonhos e pesadelos, sem que pereça a fé nos seus semelahntes, a sua crença na Justiça, e o seu amor à mais bela e caridosa de todas as profissões: a advocacia. É evidente que esses lidadores do direito não olvidarão, jamais, o amargo sabor da injustiça e das humilhações sofridas, que tanto exultam o coração dos maus e confortam a alma do mercenário. Não esquecerão nunca a Justiça que tardou demais, pois já alguém dissera, alhures, que "a Justiça que tarda não é Justiça, é injustiça". Poderão vender seus amados livros e ter certeza de que nada mais terão a ver com o Direito, entretanto, mais cedo ou mais tarde, como o filho pródigo, retornarão ao lar paterno: aos tribunais, às salas de audiências, à tribuna, ao debate, aos seus processos e arrazoados, ao convívio forense dos bons. (..)Voltarão mais sofridos, mais tristes, mais sós, mas, ao mesmo tempo, retemperados e fortalecidos pela imerecida insída que a alma recebeu plena de coragem. E, milagrosamente, começarão, com a energia de sempre, a luta que só termina com a morte. (...) Sejam quais forem as armadilhas e os ódios, as perseguições e as vilanias, um dia voltarão para a sua oficina de trabalho, donde nunca se desprenderam as raízes profundas de sua fé.

TALES CASTELO BRANCO (Da prisão em flagrante)

RIA-DE-AVEIRO

O valor real de alguma coisa é representado por aquilo que na vida sacrificamos para tê-la. Os egípcios acreditavam que imaginar alguma coisa era o mesmo que torná-la real. E, dependendo da vontade e do sentido, dos desígnios dos deuses e do sentimento, ela ganharia vida, se transformaria em matéria, submeteria o tempo, escaparia a morte. Gosto de pensar que as letras que ficam por aqui, em algum momento se levantam e soam com o vento, soprando entre as folhas das árvores que você contempla, quando resolve pausar pra pensar. Suave, então, se depositam nos seus lábios, e enquanto franze de leve a testa, meu beijo de espera pronuncia o que tanto quer saber: Forever and Ever.

quarta-feira, setembro 12, 2007


NEGRINHO.


Pra Recomeçar, há que se pôr em festa, celebrar o pontapé inicial. Como não sou eu que reinicia (desta vez!), sugeri a amiga a receita dos
Neguinhos. Fiquei pensando que todo recomeço é como essa receita - angustiante. Pese bem: são 3 latas de leite condensado, que levadas ao fogo até serem transformadas no prazeroso brigadeiro demandará MUITA paciência, BASTANTE suor e uma tenacidade incrível (porque eu desde logo já desistiria). Horas ali, mexendo e remexendo, toda sorte de pensamentos ocorrendo, até que, quase ao final muita gente diz caracoles, pero que tudo iso? Porque vem, na última volta, aquela imensa vontade de deixar queimar, de sair dali, de desistir. Mais um pouquinho e sabemos, o esforço será brigadeiro, menos um minuto, e tudo será passageiro. Depois, ainda temos a louça pra lavar. Pode-se argumentar que hoje existe o micro, mas o meu está de mal: duas vezes tocado, e ele fica em silêncio, se recusa a esquentar qualquer coisa, mandando tudo para o fogão. Eu, como preguiçosa que sou, com isso ando unha-e-carne, eu e o forno, tudo assado por aqui, em forma auto-limpante. Meu recomeço (felizmente!) não foi negro. E só o que posso fazer, então, é sorrir à toa, antecipando o prazer de me banquetear. Com os negrinhos. Claro, ajudarei sem pestanejar nos pensamentos, enquanto a amiga labuta à beira do fogão. Neguinho dá um trabalho sô! Eu, muito mais SONHO DE VALSA.

terça-feira, setembro 11, 2007


A BOM ENTENDEDOR,

MEIA PALAVRA BASTA.
Ou o costumeiro "a bom ente, meia pa ba". Frase proverbial, este dito recomenda a concisão no falar, nem sempre aceita pelos latinos, cuja exuberância vai além da fala, estendendo-se também aos gestos. Entretanto, seus dois registros mais famosos foram feitos por dois autores espanhóis: Fernando Rojas (1465-1541), na célebre comédia A celestina, Miguel de Cervantes (1547-1616), em Dom Quixote, mas com a variante "A buen entendedor, breve hablador". Os franceses também excluíram o verbo do ditado, sendo corrente entre eles a expressão "À bom entendeur, demi mot". Exemplos de que não parecemos bons entendedores são nossas leis, inclusive nossa constituição. No Brasil há leis definindo, para efeitos de comercialização, o que é ovo e que tipo de multa deve levar um carroceiro na cidade de São Paulo!

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CONVERSA MOLE PRA BOI DORMIR
Significa assunto sem importância, esta frase nasceu quando o boi era tão importante que dele só não aproveitava o berro. Tratado quase como pessoa, com ele os pecuaristas conversavam, não, porém, para fazê-lo dormir. Nas touradas, quando o boi ainda é touro, até sua fúria compõe o espetáculo. Na copa de 1950, o Brasil venceu Espanha por 6 a 1 e quase 200 mil pessoas cantaram touradas em Madri, de Carlos Alberto Ferreira Braga, o Braguinha, que termina com este verso: "Queria que eu tocasse castanholas e pegasse um touro a unha/ caramba, caracoles/ não me amoles/ pro Brasil eu vou fugir/ isso é conversa mole/ para boi dormir".

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DISCUTIR O SEXO DOS ANJOS
A origem desta frase situa-se no ano de 1453 durante a tomada de constantinopla pelos turcos. O último soberano do império Romano do Oriente, Constantino XI, comandava a resistência aos maometanos enquanto autoridades cristãs mantinham acaloradas discussões teológicas num concílio, uma das quais era se os anjos tinham ou não sexo. Não puderam chegar a conclusão. O imperador foi morto juntamente com milhares de cristãos e os novos conquistadores ali se estabeleceram sob as ordens de Maomé I. A cidade é conhecida também pelo nome de Bizâncio e Istambul. Daí dizer-se de uma discussão estéril que é bizantina. Já com a arte bizantina não acontece o mesmo. Marcada por simbolismos diversos e carregada de ornamentações, representa grande patrimônio cultural. Na arquitetura, seus dois exemplos mais famosos são a Catedral de São Marcos, em Veneza, e a de Santa Sofia, em Istambul.

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Acho que fica fácil para você, querida e cansativa Anônima, juntar as peças e montar o quebra-cabeças do que quero dizer, quando argumento que "é inútil conversar contigo". A fim de trazer alguma luz a seu caminho, abaixo explico pacientemente o que quis dizer na resposta para seu recado (pra que não crie novamente cenas em cima de palavras minhas).

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EROS, AMARGO E DOCE, É INVENCÍVEL
Esta frase, constantemente citada, foi extraída de um verso da célebre poetisa grega Safo (625-580 a. C.), que vivia em Lesbos, de onde se originou o vocábulo lesbianismo para designar a homossexualidade feminina, dada a figura lendária da mais notável habilidade daquela ilha. Muito antes de psicólogos, psicanalistas e sexólogos, a literatura reconheceu as forças arrebatadoras e inconscientes do desejo, moldadas nas mais diversas contradições, tal como se pode ver na frase famosa. Precursora das lutas feminista, Safo, que na verdade era bissexual, casou-se e teve uma filha, a quem comparou a um ramalhete de crisântemos. Como eram nove as musas, Platão (428-348 a.C.) escreveu que ela era a décima.

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MISTURASTE ALHOS COM BUGALHOS
Frase que sintetiza confusão, é de uso corrente na linguagem coloquial desde os tempos dos primeiros cultivos do alho, erva de que se aproveita o bulbo, principalmente como tempero. Os namorados, entretanto, procuram evitar pratos com tal condimento, já que o beijo fica mais adequado ao trato com vampiros e não com os amados, dado ao cheiro pouco agradável advindo de sua metabolização no organismo. Com o sentido de coisas desconexas e trapalhadas, foi registrada por João Guimalhões Rosa num de seus contos: "O senhor pode às vezes distinguir alhos de bugalhos, e tassalhos de borralhos, e vergalhos de chanfalhos, e mangalhos... Mas, e o vice-versa?" Com sua escrita plena de complexidades e sutilezas, o maior escritor brasileiro do século XX misturou muito mais do que alhos com bugalhos, criando novas palavras ao manter alho como sufixo de diversas outras, aproveitando a coincidência fonética de ‘bugalho’, do celta bullaca (conta grande de rosário, noz), rimar com alho, além de designar coisa parecida na forma.

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PARIS VALE UMA MISSA
Quem pronunciou esta frase pela primeira vez, inaugurando o significado que carregaria pelos séculos seguintes, foi Enrique IV (1553-1610), rei de Navarra e posteriormente da França. Por achar que Paris valia uma missa, abjurou o protestantismo duas vezes, tornando-se católico por conveniência. Primeiro, para casar-se com Margarida de Valois, a rainha Margot (1553-1615), a quem posteriormente repudiou. Escapou do massacre da noite de são Bartolomeu, tonou-se rei da França, voltou ao protestantismo e depois tornou a abjurá-lo por motivos políticos. Morreu assassinado. Paris valeu-lhe outras tantas missas, mas por sua alma. O significado da frase é que vale qualquer sacrifício quando o objetivo é essencial.

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Ficou para mim "tudo em pratos limpos". Ou seja, essa expressão se origina e quer dizer (consoante se segue). "O primeiro restaurante foi aberto na frança em 1765. Estabeleceu-se desde o início que a conta seria paga após a pessoa comer, ao contrario do que depois veio a acontecer com os lanches rápidos. Quando o dono ou o garçom vinha cobrar a conta e o cliente ainda não havia feito a refeição, os pratos limpos eram a prova que ele nada devia. A frase passou a servir de metáfora na resolução de conflitos. Quem gostava de pôr tudo em pratos limpos, com "a alma lavada e enxugada", era o personagem Odorico Paraguaçu, criado por Dias Gomes em O bem-amado e vivido por Pelópidas Gracindo, mais conhecido como Paulo Gracindo (1911-1995)".

Já deletei meu orkut (que não conseguia mais abrir, pela sua presença, querida Anônima. Já fiz muita oração pedindo pra que Deus lhe dê "discernimento" para seguir seu caminho, eis que eu jamais fiz parte dele. Agora, o que resta (sinceramente) é te falar, "Vá pentear macaco".

Ah, quase esqueci de deixar a explicação para tal frase. Ops! "Esta frase, proferida como ofensa, é adaptação brasileira de um provérbio português: "Mau grado haja a quem asno penteia". Na tradição de Portugal, pentear burros e jumentos seria tarefa menor, quase desnecessária. Provavelmente o verbo significava escovar, um luxo para animais de carga. Mas no século XVIII, o animal já havia sido substituído por bugio em Portugal e por macaco no Brasil, tal como aparece em documentos de 1756 assinado pelo rei Dom José (1714-1777), que deve ter penteado muitos macacos, já que quem exercia o poder era o marquês de Pombal (1699-1782), que, inclusive, transferiu a capital do Brasil de Salvador para o Rio de Janeiro. A expressão está registrada por Luís da Câmara Cascudo (1898-1986) em Locuções tradicionais do Brasil".

Se tiver tempo, folheie Luís Cascudo, discorre bem sobre superstições (inclusive sobre seu Estado). Não perca seu tempo com meus pensamentos, "eu sou teimosa", AMO, CONTINUO AMANDO E SOU MESMO LEAL AQUELE QUE AMO. Nada me fará descumprir uma promessa, mesmo que seja muitas vezes "um nó górdio" não mentir a esta pessoa. Se ele merece, se eu sou louca por persistir naquilo que sigo como princípio... não me interessa. VIVER É ÓTEEEEEEMO,FILOSOFAR CANSA.

*Todas as explicações das locuções (frases utilizadas) pertencem a Deonísio, catarinense maravilhoso, autor de um livro estupendo sobre tais.

domingo, setembro 09, 2007


DESFILE.

Se duvidas de ti mesmo, JÁ TE VENCERAM. Realmente, UM NÓ GÓRDIO mexer com imagens. Brincar com palhetas de cores. Principalmente, unir o útil ao agradável - mesclando expressões com figuras. Tanto quanto FILOSOFAR demais, coisa que me ENJOA. VIVER é ÓTIMO, saber é preciso, e ser feliz, essencial.

"É UM NÓ GÓRDIO"
Quando se quer referir-se a uma extraordinária dificuldade em determinada questão, diz-se que se trata do nó górdio do assunto. A história desta frase remonta aos tempos de Alexandre, o Grande (356-323 a. C.), senhor de um império que incluía quase o mundo inteiro. Segundo a lenda, quem desatasse o nó com que estava atada a canga ao cabeçalho de um carro feito por um camponês frígio dominaria o Oriente. O carro estava no tempo de Zeus. Do nó, feito com perfeição, não se viam as pontas. Alexandre tentou desamarrar e , não conseguindo, cortou-o com a espada. E desde então esse gesto tem servido de metáfora para designar ações ousadas para resolver problemas.

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SE DUVIDAS DE TI MESMO, JÁ TE VENCERAM ANTECIPADAMENTE
Esta frase é de autoria do famoso dramaturgo e poeta norueguês Henrik Johan Ibsen (1828-1906), que escreveu célebres peças de teatro, várias delas encenadas também no Brasil, como Peer Gynt, Casa de bonecas e O pato selvagem. Depois de muito trabalho e de ele perambular por várias cidades européias, seus escritos tiveram influência decisiva na cultura ocidental, a ponto de seu nome prestar-se ao estabelecimento do ibsenismo, atitude intelectual marcada pela condenação das hipocrisias sociais, que encontraram em seu teatro realista e moderno a sua melhor expressão artística. O dramaturgo teve uma vida atribulada. Ainda que não houvesse a estrutura da casa-grande e da senzala na Noruega, aos 18 anos ele teve um filho ilegítimo com uma das empregadas de sua família.

Explicações das expressões - autoria de Deonísio da Silva,catarinense, ou catarinauta, como diz, de Siderópolis, professor da Universidade de São Carlos.

quarta-feira, setembro 05, 2007


RESPEITO.

Acho que o que mais cansa na vida (pelo menos na minha!), é a tal da "explicação". Dar explicações de tudo. Pormenorizadas. Pessoas que não conseguem compreender com um olhar, com poucas palavras o que nos acontece "por dentro", o que "nos silencia", o que nos contém, confesso: costumam me deixar irritada. Por isso tanta gente procurando relacionamentos que dispensam palavras. Claro que é bom ouvir, bom dizer, bom se comunicar... mas tem dias que a gente não quer dizer nada. Queremos só o direito de "ser a gente" no silêncio, sem o auxílio das palavras, sem muita coisa nos ajudando. Eu creio, sinceramente, que os amores que valem a pena serem cultivados - aqui incluindo o amor e as amizades, são aqueles com as quais a gente se encontra com o outro, e não precisa dizer muita coisa. Basta olharem pra gente e já sabem o que se passa por dentro. Um minuto de conversa, e está tudo atualizado. Um segundo no olhar, e não precisa mais dizer nada, porque os gestos completam o restante. Definitivamente, devo continuar tendo "olho" na ponta dos dedos, porque olhar sem tocar meu amor é covardia, algo impossível; e o toque é tudo que me basta para reconhecer como a pessoa que amo está.

Olhar. Compreender. E respeitar.

Qualquer pessoa que quiser ser meu amigo, hoje, fazendo parte da minha vida, não vai poder nunca se esquecer que 'o amor me encontrou'. Antes dos olhos deste novo amigo olharem os meus, o amor já chegou, ocupou espaço e tomou posse. Então, se quiser ser meu amigo, respeite os meus relacionamentos. Antes de você entrar na minha vida, que você tenha a clareza de entrar sabendo que eu amo alguém. Que o amor aconteceu na minha vida. Claro que posso ser sua amiga, posso lhe estender a mão, mas o que não admito que ocorra é, por um só momento, esquecer-se que o respeito por esse amor é primordial. Se hoje ele está na minha vida, se no momento ele não está, se ontem esteve ou amanhã estará - isso é completamente indiferente para mim. O amor fica, permanece, e independe de "forma física". É a luz que norteia meus passos, que preenche meu coração. Não me peças, jamais, outra escolha. Porque sou completamente fiel e leal a esse amor.

Então, digo em carta aberta (porque eu não quero mais dar explicações!) que, qualquer pessoa que se aproximar de mim, antes de qualquer coisa, se quiser fazer parte da minha vida, vai ter que RESPEITAR ESSE FATO: que eu sou apaixonada, e amo alguém maravilhoso. Para sempre. Depois que esse sonho aconteceu na minha vida, sinceramente, eu só tenho a agradecer a Deus pela benção. Porque a vida faz agora todo sentido e diferença.

Quando o amor acontecer na sua vida, você será capaz de me compreender. Mas por ora, RESPEITE a minha posição. Amigos sempre são bem-vindos, desde que saibam respeitar limites. Respeitar a pessoa que eu Amo. E a quem sou incondicionalmente fiel. Mesmo, e a despeito de.

“Vigie seus pensamentos, porque eles se tornarão palavras;
Vigie suas palavras, porque elas se tornarão atos;
Vigie seus atos, porque eles se tornarão seus hábitos;
Vigie seus hábitos, porque eles se tornarão seu caráter;
Vigie seu caráter, porque ele será o seu destino”.

bien dans sa peau.

Fazia algum tempo que não sonhava com Ele. De algum modo, eu soube que "o sonho era especial", eu sabia que o vento e o mar, para mim, cantavam, e para Ele, eram assombro e temeridade. Sem Ele, não há Vida. Porque minha vida entrelaçada a dele, para a devida proteção. Bandeira Vermelha, aviso de ventania. Sem preocupações, capitão. Tudo ficará bem, porque minha mão na sua mão.

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"Era um local onde "Eu" era "considerada forasteira", já que todos ali pareciam "de casa", tamanha a desenvoltura com que agiam. Uma pequena cidade ficava ali perto, e de lá, em dado momento, chegou a notícia de que um grande furacão, vindo do mar, passava por ali, arrastando tudo o que encontrava pela frente, e que não fosse firme o suficiente. O mar passava, engolindo o que estivesse pelo caminho, e continuava sedento... bandeira vermelha se agitava por todos os lados. Mas ninguém parecia se importar com o que acontecia lá fora - como se ali, onde estávamos, estivéssemos realmente protegidos. De tudo. "Acima do nível do mar", comentava um, mais empolgado, rindo muito. Eu olhava a situação, espantada, algo no meu íntimo se agitava, dizendo que o mar chegaria sim, ali, e iria muito mais adiante, as ondas ultrapassariam o muro que haviam erguido ao redor da casa, aquela proteção não era suficiente. E eu precisa ir, seguir viagem, ouvir meu pressentimento, mesmo que esse fosse contrário a tudo o que eles pensavam e faziam. Senti meu coração se apertar, a tristeza tomando conta do meu olhar, quando me virei e encontrei os olhos dele. Não sabia se poderia contar com seu apoio, tinha tanto medo que ele ficasse contra mim, que novamente não confiasse em mim, e não seguisse seu coração. Olhei demoradamente em seus olhos, e disse o que estava sentindo. Falei que queria subir a montanha que ficava ali, à frente. Ir para o alto, pois a solução era subir. De algum modo, disse baixinho a ele, eu sentia e sabia que o mar também atingiria tudo ali, de modo feroz. Os outros ouviram, e começou o murmúrio, o vozerio, a fofoca e a balbúdia. Não que houvesse clara afronta ao que eu havia proferido, porque eles temiam o que ELE podia fazer. Os conselhos, muito bem dissimulados, começaram a se proliferar. Então me vi dando as costas àquele falatório, e comecei a andar, em direção à montanha. Foi quando senti sua mão na minha mão, e vi Ele à minha frente. Iria comigo, confiava em mim, e isso foi a maior prova de amor que eu podia receber. Quando já estávamos quase no topo, senti a ventania que prenunciava a proximidade do mar. Olhamos para baixo, e vimos a fúria do mar colhendo tudo e todos, as ondas cada vez mais altas, vindo a bater em nossos pés. Ele tentou se agarrar a algo que por ali havia, alguma construção humana, e eu teimava em dizer que não, que aquilo ali parecia forte, mas era frágil frente ao mar em fúria, e que o que nos seguraria era o carvalho um pouco a minha frente, mesmo estando com suas raízes quase que totalmente expostas. Ele teimava em não ceder, mas continuava segurando minha mão, e eu, teimava na idéia do carvalho, que parecia frágil, mas no íntimo eu sentia que era a maior força que havia por ali. A corda que eu trazia na cintura, uma ponta amarrei ao carvalho, sentindo as ondas já molhando meus pés, a outra fiz o que o meu coração recomendava. Minha mão ainda na dele, e o vento soprando mais forte, cada um se agarrando a algo, ambos preparados para segurar e amparar o outro. Quando a primeira onda nos atingiu, com toda sua força, a construção a qual ele se agarrava ruíu. Minha mão na sua mão, segurei bem forte para que a tempestade não o levasse; e ele insistindo para que eu o largasse, que ele havia errado, que errando ele deveria se conformar com as conseqüências e desistir; que eu deveria desistir dele. Que eu deveria ficar firme e me salvar. Eram muitas as palavras, estava ficando irritada, foi quando toquei a corda que estava a minha cintura, e percebi que havia me amarrado bem firme a ele, sem que ele percebesse, ou eu me lembrasse. E a fúria do mar continuava nos atingindo, e ele percebendo que a corda em minha cintura cortava minha pele, fazendo com que eu começasse a chorar de dor. Recomeçou a insistir, muito bravo, que eu deveria desistir. Que ele havia errado. Que ele queria que eu soltasse. As palavras dele conseguiam ser mais ferinas que a corda, mais altas que a ventania que vinha com as ondas. E eu não cedia. Até que ele começou a sussurrar, dizendo que tudo que ele queria era que eu ficasse bem, que ele já não tinha mais chance, que não havia mais remédio. Lembro que levei meu braço para trás, e agarrei bem forte seus cabelos, com toda a força que eu sentia haver em mim. E, nessa hora, percebi que, ele indo, eu também iria. E, de algum modo, quando até eu já me assustava com o tamanho das ondas e a proporção da tempestade, acreditando que não iríamos sobreviver, tudo se acalmou. Foi assim, de repente. Então, Ele estava ao meu lado, de mãos dadas, sorrindo, maravilhoso! E Eu, ao lado, omoplata deslocado, braço na tipóia quebrado, cintura toda enfaixada, engessada, muito machucada, mas também sorrindo, muito, mas muito feliz."

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Quando contei a uma amiga esse sonho, ela começou a rir (muitas coisas se repetem, e meus sonhos costumam ser certeiros, literalmente). E ela disse algo que páira agora mais forte do que a mensagem que o sonho deixou: Ora, você não está com medo de se machucar porque você já está toda machucada. Tem alguma parte de você que não esteja quebrada? Comecei a rir, isso é, em parte, verdade. Mas a dor, que tanto me afligia, já não é mais preocupação. Não dói nada, quando você tem um só propósito: proteger seu amor. Falei para esta amiga que eu deveria ter um "parafuso solto, um parafuso perdido em algum lugar", só eu para me meter em tempestades que não eram minhas, apenas por Amor. A parte mais engraçada é que Beatriz, ouvindo a conversa, veio minutos depois correndo: Não se preocupe mais, mamãe, achei o parafuso que você perdeu. Agora você não tem mais nada solto. Nós duas começamos a rir muito, porque para Beatriz tudo estava mesmo em paz, após ela ter encontrado o parafuso "perdido". A pequenininha disse bem séria: Não estou achando graça, viu? Criança tem uma fé que remove montanhas.

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Ah, a mensagem do sonho. Hummm........ então que levarei 21 anos para cumprir a promessa que fiz. "E seja o Que Deus Quiser".

segunda-feira, setembro 03, 2007


QUEBRA-CABEÇA.


Esse filme, "Premonições", seria bom, se não fosse ruim. Exatamente assim: é uma contradição. Assistível, mas infelizmente, nada memorável. Cenas do final: Na hora em que vai consumar a traição, o homem decide que "uma paixão não vale o inferno de uma vida inteira". E se livrou de padecer nas chamas do além, se bem que foi embora daqui chamuscado. Ou não foi? Quem sabe retorna no corpo do filho que a mulher espera? Se a Sandrinha (íntima, já que assisto a todos os filmes dela rs)não tentasse "evitar" o acidente, o Homem da Vida dela teria seguido viagem e não teria tido sua cabeça decepada... Ou será que, independentemente de todas as ações, tinha que ocorrer, e aí, parado no acostamento, teria uma carreta de combustível passado por cima de seu carro? O padre fala que "esse mundo é cheio de fenômenos inexplicáveis. A noção de que a natureza do horror está no próprio quintal. Todos os dias da nossa vida podem ser um milagre. Nunca é tarde demais para perceber o que é importante na sua vida e lutar por isso." Triunfo do Amor, no final lá está Sandrinha grávida, na casa do lago, RECOMEÇANDO... e de repente, ouve vozes... será que o morto não morreu? Ou a fita que assisti veio faltando a cena final? Frustrante. No mínimo. Prefiro a casa do lago, pelo menos no final a confusão ficou colorida, com direito a corações e beijos melosos. Porque ainda estou sentindo que o filme Premonições acabou, e pra mim nem tinha começado...

JOSÉ DA SILVA

Esses dias, uma surpresa maravilhosa ocorreu. Estava com pressa, entrei na primeira loja para comprar pilhas, e me deparei ouvindo algo que, não só me acalmou durante o restante do dia, mas tem trazido paz para muitos momentos. O CD era do Padre Fábio de Melo, "sou um josé da silva", e é recheado de mensagens maravilhosas. Depois de ouvi-lo, sempre me descubro com uma capacidade extra de doação, amor. De aceitação pelo que a Vida me oferece. De persistência e coragem para modificar todos os dias o que são obstáculos por aqui. Com um sorriso leve nos lábios, descubro muitas vezes, depois de suas palestras, que posso amar, ainda mais, o homem "da minha vida", por ser ele, além de toda aquela singularidade que me conquistou, carrega dentro de si a particularidade humilde de ser "um simples José da Silva". E é conseguindo enxergar seus pontos de sombra, que me surpreendo por suas vitórias. "Apaixonar-se é descobrir os jardins secretos do outro. É enxergar no outro, o que ele não é capaz de ver. É, mesmo a distância, não ser ausente, porque gigante dentro do outro". Meu José da Silva me fez, e me faz, uma pessoa melhor. É como se nosso amor me emprestasse seus olhos, e com eles eu me visse mais bonita, mais corajosa, mais capaz. Um ser humano melhor! Meu simples José é, também, complexo. Costuma fazer de um problema, um furacão... E, por mais que eu teime em dizer o contrário, ele teima em permanecer com sua resposta. Cá comigo, tem razão uma nobre amiga que, de fora, nos classifica como "duas mulas teimosas. Dois cabeças duras. Dois seres humanos maravilhosos." Talvez eu tenha, a princípio, ficado com ciúmes - a defesa deveria ser enfaticamente para o meu lado. Mas, como todos sabem, gosto da verdade, e a ilusão não permanece por muito tempo em minha realidade. Gosto, porque amo, e amo por ele ser exatamente do jeito que é: com defeitos, qualidades... um josé que se perde, que se encontra, que adora fazer tudo sozinho, e sabe, mais do que qualquer um, RECOMEÇAR... pra VENCER.


E todos os amantes já adormeceram
E todas as palavras já se calaram
Já não vive o mundo em que se perderam
Nem as madrugadas em que se amaram

Quero sentir...
Quero ouvir...

SEUS PASSOS DE VOLTA À MINHA PORTA
Pra dizer que me amava quando estava longe
E deixar que a manhã juntos nos encontre
E que passe a ser vida o que hoje é só sonho
E que se acabe os segredos
E que se aumentem os desejos

E assim, enquanto eu te beijo
Que mude o destino, por um minuto
Que meu corpo encontre o seu corpo
Num prazer absoluto...

E assim, enquanto eu te abraço
Me aperte em seus braços, por um minuto
De um jeito que só você sabe!
De um jeito que só eu sei!

JÁ NÃO HÁ RAZÃO PRA NÃO SER PRA SEMPRE
Dessa vez há de ser, tem que ser diferente
Não me deixe sozinha, nem mesmo um pouco
Que esse pouco me deixe cada vez mais louca!