terça-feira, novembro 16, 2010


souvenir.

Cada um deveria observar cuidadosamente em que direção o seu coração o leva; e logo escolher tal caminho, com todas as suas forças”.

Li isso há pouco, antecedendo um capítulo de um livro bonito. Gosto de histórias entremeadas com poesias, ditados e história. Esse falava sobre uma mulher que abriu mão de seu amor, pra ficar com alguém que poderia salvar sua família da falência. 16 anos depois, reencontra esse amor, agora médica, e ele um cantor de sucesso, muito rico. E o único óbice foi o tempo, pois ela descobriu que tinha ELA, e poucas semanas de vida. O livro terminou, mas o ditado acima ainda permanece. Pelo menos, em mim.

Tentei silenciar, pra saber se ando vivendo no caminho que meu coração anda. Tenho medo de descobrir que não. E minha mente interrompe várias elucubrações, porque é melhor não saber, em algumas situações. Já sentiu algo parecido?

Claro que não. Você é perfeito, sensato, prático, insensível e nada romântico. Acostumado a viver sem amor, sem carinho, sem nada que o faça mais frágil. Porque acima de tudo você é forte. Como um carvalho. Perto de você, sempre me senti segura.

Não, isso não é uma crítica. É um fato. E eu não minto. Pelo menos, pra você. Devo ter uma medalha reservada no além, por conta deste ato heróico. Porque é um fardo, às vezes muito engraçado. Não mentir significa abrir mão de qualquer jogo. De toda máscara. Revelar-se integralmente. E ainda assim, ser acusada de algo que jamais pensou ou faria.

Minha preocupação ainda é com o rumo que meus pés tomaram. Será que meu coração está muito longe? Ainda tenho chance de alcançá-lo? Acha que é tarde demais tentar seguir o ditado, “escolher o caminho do amor, com todas as forças?” Não gosto muito dessa frase – “nunca é tarde demais” -, já te falei?

Lembra alguém que esqueceu de si, e quer viver em pouco tempo, tudo aquilo que reprimiu. Aí, tenho vontade de dizer, bem-feito, quem mandou não ouvir seu coração!, e penso que devo ser mais compreensiva. Porque hoje eu sei que meu coração não está feliz.

Estou querendo te dizer, desde que comecei a escrever, que uma parte de mim está ressentida... não sou de ficar em cima do muro. É, já aprendi que em nossa sociedade atual, esse comportamento não leva muita vantagem. Apenas não sei ser diferente, é isso.

Queria muito que você continuasse. Que você persistisse, onde disse que não retornaria. Isso quebraria regras, confundiria as pessoas, deixaria seu coração mais feliz. Queria que você vencesse, onde muitos ousaram confabular para sua queda. Queria você herói, em vez de oportunista e objetivo. Nada de rei, apenas homem.

Não me interessa o que você disse, o que afirmou. Há promessas que você não cumpre, e daí? É sua vida. É seu coração. Acho que sou eu que adoro quebrar comportamentos arrogantemente implantados dentro de mim. Quando todos esperam que eu aja de um jeito, pinto de outra cor. Apenas para me surpreender.

É isso, então. Sabe, de algum modo, está muito difícil ficar longe de você. Difícil é pouco. Quase insuportável. Prefiro ficar em silêncio, porque não quero mais me machucar. Nem entrar em histórias, nas quais somente eu acredito ou me comprometo.

Ah, o que eu quero, mesmo-mesmo, é que você me deixe dizer depois: “NÃO FALEI, NÃO FALEI, NÃO FALEI”, ao menos uma vez. Depois, tem que me dizer: eu estava errado, e pode também completar com o quanto sou boa, querida, e... gostosa. É, pode falar isso também. Isso me faria sorrir!

Parece que há razões que o próprio coração desconhece. Acho que alguém já disse algo assim. É, meu coração sempre me leva, para onde você estiver feliz. Feliz de verdade.

No final, talvez você imagine que só desejar não baste. Mas eu aprendi que basta, quando é o momento certo de receber.

segunda-feira, novembro 15, 2010


COMER, AMAR, REZAR.

Não vou dizer que o filme é excelente, porque não foi para mim. E o livro, não consegui terminar até o momento (tem partes excessivamente chatas rs rs). Mas tem uma parte que me chamou a atenção: o email que ela enviou para o David, terminando o relacionamento. Requer muita coragem a gente colocar um ponto final, naquilo que podemos levar pela vida afora, apenas enfatizando reticências...

"Já estávamos separados, era oficial, mas ainda havia uma réstia de esperança de que talvez, um dia (talvez depois das minhas viagens, talvez depois de um ano separados), pudéssemos tentar de novo. Nós nos amávamos. O problema nunca foi esse. Só não conseguíamos descobrir como parar de tornar o outro desesperadamente, alucinadamente, desgraçadamente infeliz. Na primavera anterior, David havia proposto a seguinte louca solução para os nossos problemas, só meio brincando:
- E se a gente simplesmente reconhecesse que nosso relacionamento é ruim, e mesmo assim ficasse junto? Se admitisse que a gente enlouquece um ao outro, que está sempre brigando e quase nunca transa, mas não consegue viver um sem o outro, por isso agüenta tudo? Daí a gente poderia passar a vida inteira junto... infelizes, mas felizes por não estarmos separados. Que o fato de eu ter passado os últimos dez meses considerando seriamente essa proposta seja um testemunho de como eu amo desesperadamente esse cara.
A outra alternativa que ainda não havíamos descartado, é claro, é que um de nós pudesse mudar. Ele poderia se tornar mais aberto e mais afetuoso, sem se afastar de qualquer pessoa que o amasse por medo de que ela fosse lhe devorar a alma. Ou eu poderia aprender a... parar de devorar a alma dele. Com David, eu muitas vezes havia desejado conseguir me comportar mais como minha mãe faz em seu casamento - independente, forte, auto-suficiente. Alguém que se vira sozinho. Alguém capaz de existir sem doses regulares de romantismo ou elogios do solitário fazendeiro que é meu pai. Alguém capaz de plantar alegremente jardins de margaridas entre os inexplicáveis muros de pedra do silêncio que meu pai às vezes constrói ao redor de si mesmo."

E, agora, a pergunta para mim é: Quais serão as minhas escolhas? O que eu acho que mereço nesta vida? Onde posso aceitar fazer sacrifícios, e onde isso não será possível? Por fim, o email:

Estamos em novembro. Não nos falamos desde julho. Eu lhe pedira para não entrar em contato comigo enquanto eu estivesse fora, sabendo que meu apego a ele era tão forte que seria impossível me concentrar na viagem se também estivesse acompanhando o que ele estava fazendo. Mas agora, com esse e-mail, estou entrando de novo na sua vida. Eu lhe digo que espero que ele esteja bem e que estou bem. Faço algumas brincadeiras. Sempre fomos bons de brincadeiras. Em seguida, explico que acho que precisamos pôr um ponto final nesse relacionamento. Que talvez seja hora de reconhecer que nunca vai dar certo, que não é para dar certo. O tom não é excessivamente dramático. Deus sabe que já houve drama suficiente entre nós. A mensagem é curta e simples. Mas há mais uma coisa que preciso acrescentar. Prendendo a respiração, escrevo: "Se você quiser procurar outra pessoa na sua vida, é claro que eu lhe desejo tudo de bom." Minhas mãos estão tremendo. Assino com "um beijo", tentando manter o tom mais descontraído possível. Tenho a sensação de que alguém acaba de golpear meu peito com um bastão.

Lembro-me de algo que li certa vez, algo em que os zen-budistas acreditam. Eles dizem que um carvalho é criado por duas forças ao mesmo tempo. Evidentemente, há a pinha onde tudo começa, a semente que contém toda a promessa e o potencial e que se transforma na árvore. Todo mundo pode ver isso. Mas são poucos os que conseguem reconhecer que existe outra força em ação aí também - a futura árvore em si, que quer tanto existir que faz a pinha nascer, usando seu desejo para fazer a semente brotar do nada, guiando a evolução da inexistência à maturidade. Pensando assim, dizem os zen-budistas, é o carvalho que cria a pinha da qual ele próprio nasceu.
Penso na mulher em que me transformei recentemente, na vida que estou vivendo agora, e em quanto eu sempre quis ser esta pessoa e viver esta vida, liberta de toda a farsa de fingir ser qualquer outra pessoa que não eu mesma. Penso em tudo que suportei antes de chegar aqui, e pergunto-me se fui eu - quero dizer, esse eu feliz e equilibrado, que agora cochila no convés de um barco pesqueiro indonésio - quem empurrou para a frente o meu outro eu, mais jovem, mais confuso e com mais dificuldade, durante todos estes anos difíceis. O eu mais jovem era a semente, cheia de potencial, mas foi o eu mais velho, o carvalho que já existia, que passou o tempo inteiro dizendo: "Isso... cresça! Mude! Evolua! Venha me encontrar aqui, onde eu já existo inteiro e maduro! Preciso que você cresça dentro de mim!" E talvez tenha sido esse eu atual e totalmente atualizado que passou quatro anos pairando sobre aquela moça casada soluçante no chão do banheiro, e talvez tenha sido esse eu que sussurrou amorosamente no ouvido daquela moça desesperada: "Volte para a cama, Liz..." Já sabendo que tudo ficaria bem, que tudo, no final, nos faria nos encontrar aqui. Bem aqui, bem neste momento. Onde eu sempre estive esperando, em paz e contente, sempre esperando ela chegar e se juntar a mim.

desejo

ORIGAMI é a arte japonesa de dobrar o papel (do japonês ori (dobrar) + kami (papel)). Geralmente, parte-se de um quadrado, e como os papeis estão em formato a4, começo aqui o exercício da paciência: TRANSFORMAR RETÂNGULO EM QUADRADO, o que desde já aviso - é um saco!

Mas, origami para que? Para conseguir um desejo. Dizem que o TSURU é uma ave sagrada do Japão. Diz a lenda que ele vive mil anos e tem o poder de conceder desejos. Se uma pessoa dobrar mil Tsurus, e fizer seu desejo a cada um deles, seu desejo será atendido.

Se eu conseguir aprender como fazer UM desses, mil será tarefa fácil!