terça-feira, junho 21, 2005


Um ano junto ao mar:.

"O problema é que acabamos vivendo por coisa nenhuma.(...)Nunca somos livres como queremos quando permanecemos no que é familiar. Sair de um casamento é também uma escolha sadia, querida; não se esconder debaixo dos lençóis como tantas esposas fazem, encolhendo-se, com medo de perder a segurança. Tantas mulheres acham que amor é sentir-se dependente. Às vezes ter um marido pode ser um tipo de álibi para uma mulher. Você bateu uma porta, mas abriu-se outra, e como! As pessoas sempre evoluem na solidão, e só depois de se desiludirem são orientadas para a verdade.

E ela continuava: eu fugi a vida toda. quando era pequena, fugia para o mato; único lugar em que eu podia ser eu mesma. Depois fugi para a Europa, coisa inusitada para uma mulher de vinte e um anos. Mudei de nome e me tornei quem eu queria ser. Temos de ser nós mesmos. Seja como for, não o ser é mortal. E tudo isso não vale um tostão se você não transformar em ação.

(...)Depois disso, aprendi a prestar atenção em mim - nos meus instintos, notar quando me sinto ansiosa, tirar o pedregulho de meu pé antes que se forme a bolha. Tirar o osso de galinha de minha garganta, em suma: cuidar de meus sentimentos e emoções e trabalhá-los, não fugir deles. Saber menos e imaginar mais é oferecer expectativas. Passei a dispensar a busca incessante em favor de deparar-se com respostas. Nas palavras de Picasso, "eu já não procuro, eu encontro". Não estou mais desesperada para conhecer tudo o que vai acontecer; agora tendo a esperar para ver, modo muito mais satisfatório de ser, que não tem muita especifidade e em troca favorece a experiência, em detrimento de análises. Preciso viver um pouco cada dia, saudar o sol quando ele se levanta, me deliciar na sua luz, beber café, ter idéias novas, meditar, rir, arriscar algumas aventuras, amar. Preciso tentar ser suave, nào dura; fluida, não rígida; terna, não fria; encontrar mais do que procurar. Fui abraçada pelo mar, testada por seus elementos, esvaziada de ansiedade, limpa com pensamentos novos. Nesse processo, recuperei a mim mesma.

(...)Agora eu posso abraçar um marido e estabelecer um relacionamento verdadeiro. Como eu, ele também entrou numa nova trilha. O que a vida nos oferece é toda a extensão do caminho, inacabado, esperando por nós, pela criação de nossa vida em conjunto."

Joan Anderson, Pensamentos de uma mulher inacabada

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