terça-feira, julho 26, 2005


Festa de São Cosme & Damião:.

Esses eram gêmeos que foram martirizados no dia 27 de setembro de 287, na Egéia, Cíclica, Ásia Menor, durante a perseguição do imperador Diocleciano. Foram canonizados pela Igreja Católica e hoje são patronos dos cirurgiões. No Brasil, são defensores da fome, das doenças do sexo e dos partos duplos. No Candomblé os santos Cosme e Damião são sincretizados com Ibeji (Vungi). No dia que lhes é consagrado, 27 de setembro, recebem homenagens promovidas por pagadores de promessa, que deve estender-se por 7 anos. Alguns devotos fazem a festa de mesa, quando 7 crianças (ou outro múltipo de 7), sentam-se em uma mesa com bolo, doces e refrigerantes. No RJ, as ruas enchem-se de crianças em correria à procura de brinquedos e saquinhos de doces, decorados com as figuras dos santos, ofertados por devotos. Nos saquinhos, encontram-se diferentes tipos de doces: cocada, pé-de-moleque, maria-mole, doce-de-leite, balas. Os devotos também costumam destinar alguns doces e refrigerantes para serem colocados em frente às suas imagens num altar, onde também são acesas velas. Na Bahia, Dois-dois é o nome que o povo dá aos santos. Tão populares como São João, ou Santo Antônio, os dois santos têm a sua festa comemorada sobretudo com um grande almoço, o caruru dos santos.

Que conta a história sobre os dois santos? Que são de origem árabe e se fizeram médicos, com grande prática de caridade, a tal ponto que se tornaram inimigos do dinheiro (anargyros). O pró-cônsul Lysias os perseguiu e lhes inflingiu terríveis torturas, sem maiores resultados, até que foram degolados, isso no ano de 287, sendo Diocleciano imperador romano. Que poder extraordinário têm estes dois santos na alma popular baiana para se impôr assim com tanta fé e com tanto entusiasmo? É que ambas as raças, a branca e a negra, trouxeram de cada lado a devoção que aqui encontrou um campo fácil de disseminação. Diz Artur Ramos: "Em vários pontos da Europa, o culto dos gêmeos Cosme e Damião vem de longínquas eras. Nas antigas vilas da Itália, no século XVII, o seu culto tinha evidente signficação fálica. As mulheres esteréis chamavam por Cosme e Damião, que possuíam aliás outros poderes curativos. Havia em várias igrejas, por volta de 1780, larga distribuição, em garrafinhas, de um "óleo santo" de São Cosme e São Damião, que tinha virtudes médicas. Aqueles que se queixavam de algum mal descobriam diante do altar dos santos a parte doente, enquanto uma sacerdotisa fazia friccções com o "óleo santo", pronunciando esta oração: "Per intercessionem beati Cosmi, liberet te ab omni malo. Amen". Nos templos antigos praticava-se a incubação: as pessoas doentes dormiam nos templos consagrados aos santos para obterem a cura de seus males. Tal foi o caso de Cosme e Damião.

No seu dia manda-se rezar a missa, numa igreja de sua preferência, em louvor dos santos. Para isso foi que se pediu esmola, de porta em porta, para se rezar a missa e para a festa. Logo depois, é toda uma azáfama na cozinha e no quarto dos santos. Com as flores mais belas se prepara o santuário; com os requintes mais sutis as comidas da inigualável cozinha baiana. Desde a véspera, os tenros quiabos, bem lavados e enxutos, os camarões secos, o puro azeite, as pimentas e tantos outros temperos entram em função para que saia dali o mais saboroso caruru. Porque se no almoço surgirem o vatapá, o efó, o xinxim de galinha, a frigideira de camarão, o siri mole, não se poderá chamar festa dos santos mabaças, se falta o caruru, com seu acompanhamento indispensável que é o arroz de haussá ou o acaçá. Daí a festa ter também o nome de caruru de São Cosme.

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