quarta-feira, agosto 16, 2006


Entabulando:.

Burlesco, mas não se diz "em alto e bom tom", pois que o em não acompanha a expressão. Dislate que devo ter dado azo muitas vezes, em minha senda de escritora-malabarista e claudicante. Descobri ontem que posso ser uma pessoa estóica, e que, possivelmente, a noção de estóica no livro pernicioso que me acompanha pelas madrugadas macula o que o meu dicionário insignificante diz, eis que os dois são contraditórios e desconexos. Pra contentar-me, prefiro ficar com aquilo que me define, apesar de jamais confessar qual é... Sim, sou aquela pessoa que precisa de um espelho, pra poder ver o reflexo daquilo que não; felizmente também, daquilo que jamais quer ser. Porque, quando isso ocorre, há uma situação inusitada, como se a síndrome de Pollyanna me atingisse: eu chego a me adorar, pois me pareço tão boa moça boa. Devo estar me maculando de defeitos, e ainda ser a minha pior inimiga: custo a acreditar em muitos elogios, e pessoas-muito-perfeitas que encetam minha imagem por demais astuciosa e pomposa. Portanto, para os desavisados navegantes deste oceanoMar, "esta é a pior maneira de entrar na minha praia". Gosto, e demais da conta, de pessoas que são claras - transparecendo nos olhos que também possuem um lado escuro. A luz queimou, e não adveio o escuro, sinal de que me escamoteio tão perfeitamente que ando irreconhecível para mim mesma. Pode parecer disparatado tudo isso, porém detestaria ver que me perdi novamente de mim, ao contemplar uma pessoa que dentro de si é vazia, pois que insatisfeita e esburacada; aparentando sempre aos outros um humano querido e de bem-com-a-vida. Portentosa qualidade é o meu norte: sou mais que fiel e leal a mim mesma. Por isso, se acordar e ver que alguém ligou a TV e está assistindo, sem se ligar em detalhes e sorrisos, a ponte de Madison é bombardeada. Realmente, sou beligerante, não costumo correr riscos com meu coração: imaginem se me ligo a pessoa já plugada desde a mais tenra madrugada em conexão diferente da minha? Acredito piamente que o que nos liga ao outro, no final das contas, é a comunicação, o prazer de conversar e o silêncio gostoso de interagir. Sou uma pessoa de finais, passando a régua, o que importa e é crucial num relacionamento, é este poder ser partilhado tão intimamente, que através de ações diferentes, haja manifesto amor presente. A cena que melhor descreveria isso seria o final do filme Nothing Hills, com a Julia Roberts. O personagem que seria a minha cara é do outro filme do ator-de-olhos-azuis, Amor a segunda vista, com a Sandra Bullock. A correlação entre os dois? Bem, o amor propicia o prazer de expor-se inteiramente, e ser aceita como se é, sem que o outro tente mudar nem a cor do esmalte que aparece ocasionalmente em minhas mãos. Final das coisas: Sou nesse momento girassol em tempestade, pois o Sol anda escondido... mesmo assim, sou movida pelo sentimento e pelo encontro. Duas cadeiras e uma varanda, eis que é simples o que peço. Com direito a ficar Sem Platão, e igualmente sem Prozac, haja vista que o tal Lou Marinoff anda me tachando a cada linha relida. Prefiro me imaginar como me vejo em seus olhos. Porque é assim que me encontro plena e unitária.

Carta ao vento.
Recados dados, que tudo atinja o alvo, mesmo que desviada a rota.
É. Sem lastro, o navio anda ao léu...

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