terça-feira, maio 03, 2005


Dragões e Princesas Desencantadas

"Como poderíamos ser capazes de esquecer os antigos mitos que estão no início de todos os povos? Os mitos a respeito de dragões, que no último momento se transformam em princesas... Talvez todos os dragões da nossa vida sejam princesas que estejam esperando para nos ver uma vez belos e bravos. Talvez tudo que existe de terrível seja, bem no fundo, algo indefeso, que precisa da nossa ajuda...

Os dragões representam tudo o que tememos, e que nos ameaça nos engolir; partes negligenciadas de nós mesmos que podem demonstrar imenso valor. Quando levados a sério, e até mesmo amados por nós, estes dragões responderão, fornecendo enorme energia e grande significado para a nossa jornada". Quem sabe, quando o dragão sai da caverna, o sinal que vê não é presságio de uma linda princesa esperando para lhe amar?

Acordar e descobrir que estamos sozinhos, balançando num navio, sem nenhum porto à vista, é terrível. Não precisamos de 'verdades' não examinadas, e sim de um mito vivo, de uma estrutura de valor que oriente as energias da alma de forma condizente com a nossa natureza. Os deuses estão perto, mas é difícil agarrá-los; contudo onde o perigo é grande, a libertação fica mais forte". E eu não desejo mais nada, e assim sou livre, enamorada...

Não é uma questão de viver sem o mito, e sim com qual mito, pois somos sempre guiados por imagens, consciente ou inconscientemente. O caminho da Individuação, do conhecimento de si, é a alternativa viável: ela é a imposição evolutiva de cada um de nós, de nos tornarmos a nós mesmos o mais completamente que formos capazes, dentro dos limites que nos são impostos pela nossa sina: separar quem somos, daquilo que adquirimos.

Oya é um Mito. Ela está ligada à água, tempestade e chuva. Relacionada ao ar em movimento, que rasga os telhados das casas e faz as árvores caírem, sua essência, entretanto, é o fogo, o fogo em movimento, o raio. (...) Associada ao silêncio, Oya "fala" fogo. Ou, tendo vindo de um lugar distante, ela não conhece a língua de onde está. Como divindade da floresta e dos caçadores, está ligada aos animais e espíritos das matas. Pode transformar-se num animal, evocando a idéia do perigo mortal para o caçador. Está ligada ao primeiro ancestral, semi-animal, da humanidade. É responsável pela caça abundante. Como rainha dos mortos, os quais controla, é responsável pelo ritual de 'assentamento' dos ancestrais masculinos no tronco da árvore akoko.

Como princípio dinâmico do movimento, representa nesse contexto o elo entre as gerações passadas e futuras. (...) Ligada como é aos ventos e folhas, o Deus da medicina é seu amante. Como esposa de Ogum, é uma mulher-guerreira. Como esposa de Oxóssi, o caçador, ela é em parte animal, em parte mulher. Como esposa de Xangô, é possessiva e dedicada. É o fogo que traz o Poder. Bela, até vaidosa, desperta o ciúme das outras mulheres, embora prefira viver isolada fora da cidade. Lá no silêncio e em segredo, ela tudo observa e percebe. Como o rio Oya, é sensual e apaixonada..."

Enquanto relia Oya, encontrei dragões... e mesmo quando dormia, dragões voaram até em sonhos... Estamos ou não ligados a algo infinito? Ou encarnamos algo essencial, ou nossa vida é desperdiçada. Era essa a frase final. Só não entendo ainda porque a princesa era transformada em dragão aos olhos do Príncipe.

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