MEIA PALAVRA BASTA.
Ou o costumeiro "a bom ente, meia pa ba". Frase proverbial, este dito recomenda a concisão no falar, nem sempre aceita pelos latinos, cuja exuberância vai além da fala, estendendo-se também aos gestos. Entretanto, seus dois registros mais famosos foram feitos por dois autores espanhóis: Fernando Rojas (1465-1541), na célebre comédia A celestina, Miguel de Cervantes (1547-1616), em Dom Quixote, mas com a variante "A buen entendedor, breve hablador". Os franceses também excluíram o verbo do ditado, sendo corrente entre eles a expressão "À bom entendeur, demi mot". Exemplos de que não parecemos bons entendedores são nossas leis, inclusive nossa constituição. No Brasil há leis definindo, para efeitos de comercialização, o que é ovo e que tipo de multa deve levar um carroceiro na cidade de São Paulo!
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CONVERSA MOLE PRA BOI DORMIRSignifica assunto sem importância, esta frase nasceu quando o boi era tão importante que dele só não aproveitava o berro. Tratado quase como pessoa, com ele os pecuaristas conversavam, não, porém, para fazê-lo dormir. Nas touradas, quando o boi ainda é touro, até sua fúria compõe o espetáculo. Na copa de 1950, o Brasil venceu Espanha por 6 a 1 e quase 200 mil pessoas cantaram touradas em Madri, de Carlos Alberto Ferreira Braga, o Braguinha, que termina com este verso: "Queria que eu tocasse castanholas e pegasse um touro a unha/ caramba, caracoles/ não me amoles/ pro Brasil eu vou fugir/ isso é conversa mole/ para boi dormir".
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DISCUTIR O SEXO DOS ANJOSA origem desta frase situa-se no ano de 1453 durante a tomada de constantinopla pelos turcos. O último soberano do império Romano do Oriente, Constantino XI, comandava a resistência aos maometanos enquanto autoridades cristãs mantinham acaloradas discussões teológicas num concílio, uma das quais era se os anjos tinham ou não sexo. Não puderam chegar a conclusão. O imperador foi morto juntamente com milhares de cristãos e os novos conquistadores ali se estabeleceram sob as ordens de Maomé I. A cidade é conhecida também pelo nome de Bizâncio e Istambul. Daí dizer-se de uma discussão estéril que é bizantina. Já com a arte bizantina não acontece o mesmo. Marcada por simbolismos diversos e carregada de ornamentações, representa grande patrimônio cultural. Na arquitetura, seus dois exemplos mais famosos são a Catedral de São Marcos, em Veneza, e a de Santa Sofia, em Istambul.
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Acho que fica fácil para você, querida e cansativa Anônima, juntar as peças e montar o quebra-cabeças do que quero dizer, quando argumento que "é inútil conversar contigo". A fim de trazer alguma luz a seu caminho, abaixo explico pacientemente o que quis dizer na resposta para seu recado (pra que não crie novamente cenas em cima de palavras minhas).
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EROS, AMARGO E DOCE, É INVENCÍVELEsta frase, constantemente citada, foi extraída de um verso da célebre poetisa grega Safo (625-580 a. C.), que vivia em Lesbos, de onde se originou o vocábulo lesbianismo para designar a homossexualidade feminina, dada a figura lendária da mais notável habilidade daquela ilha. Muito antes de psicólogos, psicanalistas e sexólogos, a literatura reconheceu as forças arrebatadoras e inconscientes do desejo, moldadas nas mais diversas contradições, tal como se pode ver na frase famosa. Precursora das lutas feminista, Safo, que na verdade era bissexual, casou-se e teve uma filha, a quem comparou a um ramalhete de crisântemos. Como eram nove as musas, Platão (428-348 a.C.) escreveu que ela era a décima.
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MISTURASTE ALHOS COM BUGALHOSFrase que sintetiza confusão, é de uso corrente na linguagem coloquial desde os tempos dos primeiros cultivos do alho, erva de que se aproveita o bulbo, principalmente como tempero. Os namorados, entretanto, procuram evitar pratos com tal condimento, já que o beijo fica mais adequado ao trato com vampiros e não com os amados, dado ao cheiro pouco agradável advindo de sua metabolização no organismo. Com o sentido de coisas desconexas e trapalhadas, foi registrada por João Guimalhões Rosa num de seus contos: "O senhor pode às vezes distinguir alhos de bugalhos, e tassalhos de borralhos, e vergalhos de chanfalhos, e mangalhos... Mas, e o vice-versa?" Com sua escrita plena de complexidades e sutilezas, o maior escritor brasileiro do século XX misturou muito mais do que alhos com bugalhos, criando novas palavras ao manter alho como sufixo de diversas outras, aproveitando a coincidência fonética de ‘bugalho’, do celta bullaca (conta grande de rosário, noz), rimar com alho, além de designar coisa parecida na forma.
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PARIS VALE UMA MISSAQuem pronunciou esta frase pela primeira vez, inaugurando o significado que carregaria pelos séculos seguintes, foi Enrique IV (1553-1610), rei de Navarra e posteriormente da França. Por achar que Paris valia uma missa, abjurou o protestantismo duas vezes, tornando-se católico por conveniência. Primeiro, para casar-se com Margarida de Valois, a rainha Margot (1553-1615), a quem posteriormente repudiou. Escapou do massacre da noite de são Bartolomeu, tonou-se rei da França, voltou ao protestantismo e depois tornou a abjurá-lo por motivos políticos. Morreu assassinado. Paris valeu-lhe outras tantas missas, mas por sua alma. O significado da frase é que vale qualquer sacrifício quando o objetivo é essencial.
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Ficou para mim "
tudo em pratos limpos". Ou seja, essa expressão se origina e quer dizer (consoante se segue). "O primeiro restaurante foi aberto na frança em 1765. Estabeleceu-se desde o início que a conta seria paga após a pessoa comer, ao contrario do que depois veio a acontecer com os lanches rápidos. Quando o dono ou o garçom vinha cobrar a conta e o cliente ainda não havia feito a refeição, os pratos limpos eram a prova que ele nada devia. A frase passou a servir de metáfora na resolução de conflitos. Quem gostava de pôr tudo em pratos limpos, com "a alma lavada e enxugada", era o personagem Odorico Paraguaçu, criado por Dias Gomes em O bem-amado e vivido por Pelópidas Gracindo, mais conhecido como Paulo Gracindo (1911-1995)".
Já deletei meu orkut (que não conseguia mais abrir, pela sua presença, querida Anônima. Já fiz muita oração pedindo pra que Deus lhe dê "discernimento" para seguir seu caminho, eis que eu jamais fiz parte dele. Agora, o que resta (sinceramente) é te falar, "
Vá pentear macaco".
Ah, quase esqueci de deixar a explicação para tal frase. Ops! "
Esta frase, proferida como ofensa, é adaptação brasileira de um provérbio português: "Mau grado haja a quem asno penteia". Na tradição de Portugal, pentear burros e jumentos seria tarefa menor, quase desnecessária. Provavelmente o verbo significava escovar, um luxo para animais de carga. Mas no século XVIII, o animal já havia sido substituído por bugio em Portugal e por macaco no Brasil, tal como aparece em documentos de 1756 assinado pelo rei Dom José (1714-1777), que deve ter penteado muitos macacos, já que quem exercia o poder era o marquês de Pombal (1699-1782), que, inclusive, transferiu a capital do Brasil de Salvador para o Rio de Janeiro. A expressão está registrada por Luís da Câmara Cascudo (1898-1986) em Locuções tradicionais do Brasil".
Se tiver tempo, folheie Luís Cascudo, discorre bem sobre superstições (inclusive sobre seu Estado). Não perca seu tempo com meus pensamentos, "eu sou teimosa", AMO, CONTINUO AMANDO E SOU MESMO LEAL AQUELE QUE AMO. Nada me fará descumprir uma promessa, mesmo que seja muitas vezes "um nó górdio" não mentir a esta pessoa. Se ele merece, se eu sou louca por persistir naquilo que sigo como princípio... não me interessa. VIVER É ÓTEEEEEEMO,FILOSOFAR CANSA.
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Todas as explicações das locuções (frases utilizadas) pertencem a Deonísio, catarinense maravilhoso, autor de um livro estupendo sobre tais.