sexta-feira, julho 20, 2007

de 2005.

Quando uma mulher se entrega totalmente às grandes paixões, lembra Afrodite, e a energia desta Deusa. Numa versão de seu mito (Odisséia, Homero, livro 8), contam que ela contrai núpcias com Ares, o deus da Guerra; e em outra com Hefaístos, o divino ferreiro.

Em um dos seus templos, em Dodona, chegou a ser adorada como esposa de Zeus. Na parte que falam de sua traição (ou suas traições), colocam Hermes como "aquele que arriscaria qualquer coisa para deitar-se com essa deusa dourada".

Hoje em dia, ser Mulher e reverenciar Afrodite dentro de si está cada dia mais difícil, e recriminado. "Somos ocidentais" em nossa maneira de vivenciar o Prazer Sexual, restringindo tudo aquilo que "cheira" ou "lembra" esse ato, que antes de ser preconceituadamente rotulado, é extremamente prazeroso. Nesses momentos deveríamos lembrar de viver inteiramente no aqui e agora.

E há um quê de Zen nisso. Nenhum passado, nenhum futuro, apenas o incandescente presente no qual um olhar é a eternidade; uma carícia, o momento de graça. Longe de se tornar libertina, nos tornamos Deusas. Do Amor. Prazer associado com Sagrado, jamais profanado. Com isso deveríamos nos margear: o limite entre o profano e o sagrado está no Templo que seguramente somos. Como Altares, devemos nos prostar diante de nosso Deus Amor...

O poder maior do Ato Amoroso, encontro de Duas Almas Destinadas, foi descrito por alguém, assim: “(...) e ela trouxe-me apaixonadamente para si. Não podia suportar o sofrimento no meu olhar; queria afagar-me até o esquecimento. Explorou o proibido ao toque, dissipando assim todas as nossas couraças. Sentir verdadeiramente, era isso a emoção; não apenas excitação sexual... era uma espécie de derretimento, como se fôssemos enormes icebergs descongelando; e assim se mesclando, moldando-nos... todas as nossas defesas esvaiam-se pelo chão, deixando-nos totalmente desarmados e abertos. E quando voltei a si, perguntei-me o que estaria ali perto de meus olhos, curvada e cheia de vida, no escuro, e o que dizia aquela voz... O que era ela? Uma vida forte, estranha, selvagem, que ofegava com a minha na escuridão até aquela hora. Foi tudo tão maior que nós próprios que eu me calei. E depois de uma noite assim, permanecemos por horas ambos quietos, pois tínhamos conhecido as imensidões da paixão. Sentiamo-nos pequenos, semi-temerosos, infantis e perguntando-nos, como Adão e Eva, quando e qual foi o momento que havia nos feito perder a inocência, e assim, perceber a magnificência do poder que nos expulsara do paraíso para a grande noite e o grande dia. Foi para cada um de nós, uma iniciação e uma saciação, este Ato de Entrega e Paixão".

"Fome de Pele" - era esse o nome. Conhecer o nada que éramos, conhecer o tremendo dilúvio vivente que nos impelia sempre, deu-nos a serenidade dentro de nós mesmos. Daqui para frente podíamos deixar-nos carregar pela vida, fluir com os deuses, e sentíamos uma espécie de paz, cada um no outro. Havia uma verificação do que ambos havíamos tido juntos. Nada poderia anulá-la, nada poderia tomá-la de nós; era quase possível dizer que "unindo-nos" surgiu a 'crença' na vida. E no cotidiano da realidade, essa estrela que ousaramos tocar não se apagava... Era nítida nos olhos Dela, ou nos meus. Suscintava medo e irritação também, porque depois desse Ato, estávamos expostos à Dor. Desviávamos o olhar, com receio de nos aprofundarmos ainda mais em nós e no Outro, tentados a nos fechar novamente, a voltar a cabeça para o intelecto, controlar as coisas, fugir...

Fugir de Nós, Fugir... Sentimentos há muito enterrados emergiam nos olhos e sorrisos que trocávamos, num baile de fantasmas e recordações. Ah, não há como fugir do 'Amor' quando ele entrelaça paixão e compaixão. Afrodite e Kuan Yin ou Kwannon. Passamos então, depois do encontro, a vivenciar a tolerância, a paciência, a abstenção de revidar...

Um ditado judaico diz: "Deus quer o coração". Quando dois corações estão abertos um ao outro, a magia de Eros flui entre eles. Este é o grande dom da Deusa Kuan Yin - a fusão de dois corações em harmonia com a grande fusão sensual de nossos seres físicos.

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