.:Bruges:. e O Tratado mágico do Quadrado de Auto-ajuda. Pelos quatro cantos, em cada recanto, uma espera, uma viagem, um sorriso e um abraço. Só pra você... mesmo que isso me faça ficar rubra de marré-de-si, toma lá, pra ti, enquanto eu despetalo o livro da Joan Didion, O ano do pensamento mágico, e tento te aconchegar, ao vento...::::::
A viagem:.
Dia desses, li um livro que comparava a vida a uma viagem de trem. Uma comparação extremamente interessante, quando bem interpretada. Interessante, porque nossa vida é como uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques, de pequenos acidentes pelo caminho, de surpresas agradáveis com alguns embarques, e de tristezas com os desembarques. Quando nascemos, ao embarcarmos nesse trem, encontramos duas pessoas que, acreditamos que farão conosco a viagem até o fim: nossos pais. Não é verdade. Infelizmente, em alguma estação, eles desembarcam, deixando-nos órfãos de seus carinho, proteção, amor e afeto. Mas isso não impede que, durante a viagem, embarquem pessoas interessantes, que virão a ser especiais para nós: nossos irmãos, amigos e amores. Muitas pessoas tomam esse trem a passeio. Outras fazem a viagem experimentando somente tristezas. E no trem há, também, outras que passam de vagão em vagão, prontas para ajudar a quem precisa. Muitos descem e deixam saudades eternas. Outros tantos viajam no trem de tal forma que, quando desocupam seus assentos, ninguém sequer percebe. Curioso é considerar que alguns passageiros que nos são tão caros acomodam-se em vagões diferentes do nosso. Isso nos obriga a fazer essa viagem separados deles. Mas não nos impede de, com grande dificuldade, atravessarmos nosso vagão e chegarmos até eles. O difícil é aceitarmos que não podemos sentar ao seu lado, pois outra pessoa estará ocupando esse lugar. Essa viagem é assim: cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas,embarques e desembarques. Sabemos que esse trem jamais volta. Façamos essa viagem da melhor maneira possível, tentando manter um bom relacionamento com todos, procurando em cada um o que tem de melhor,lembrando sempre que, em algum momento do trajeto poderão fraquejar, e, provavelmente, precisaremos entender isso. Nós mesmos fraquejaremos algumas vezes. E, certamente, alguém nos entenderá. Tomara! O grande mistério é que não sabemos em qual parada desceremos. E fico pensando: quando eu descer desse trem sentirei saudades? Sim. Deixar meus filhos viajando sozinhos será muito triste. Separar-me dos amigos que nele fiz, do amor da minha vida, será para mim dolorido. Mas me agarro na esperança de que, em algum momento, estarei na estação principal, e terei a emoção de vê-los chegar com sua bagagem, que não tinham quando embarcaram. E o que me deixará feliz é saber que, de alguma forma, eu colaborei para que essa bagagem tenha crescido e se tornado valiosa. Agora, nesse momento, o trem diminui sua velocidade para que embarquem e desembarquem pessoas. Minha expectativa aumenta, à medida que o trem vai diminuindo sua velocidade... Quem entrará? Quem sairá? Eu gostaria que você pensasse no desembarque do trem, não só como a representação da morte, mas, também, como o término de uma história, de algo que duas ou mais pessoas construíram e que, por um motivo ínfimo, deixaram desmoronar. Fico feliz em perceber que certas pessoas como nós, têm a capacidade de reconstruir para recomeçar. Isso é sinal de garra e de luta, é saber viver, é tirar o melhor de "todos os passageiros". Páginas da Vida, nos trilhos de histórias individuais...
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Âncoras e navios:. A vida se transforma rapidamente... e filhos não são navios. Mas são "como um navio"... Ao olhar um navio no porto, imaginamos que ele esteja em seu lugar mais seguro, protegido por uma forte âncora. Mal sabemos que ali está em preparação, abastecimento e provisão para se lançar ao mar, ao destino para o qual foi criado, indo ao encontro das próprias aventuras e riscos. Dependendo do que a força da natureza lhes reserva, poderá ter que desviar da rota, traçar outros caminhos ou procurar outros portos. Certamente retornará fortalecido pelo aprendizado adquirido, mais enriquecido pelas diferentes culturas percorridas. E haverá muita gente no porto feliz à sua espera. Assim são os FILHOS. Estes têm nos PAIS o seu porto seguro até que se tornem independentes. Porém, por mais segurança, sentimentos de preservação e de manutenção que possam sentir junto aos seus pais, eles nasceram para singrar os mares da vida, correr seus próprios riscos e viver suas próprias aventuras. Certo que levarão consigo os exemplos dos pais, o que eles aprenderam e os conhecimentos da escola, mas a principal provisão, além das materiais, estará no interior de cada um. A CAPACIDADE DE SER FELIZ que visualizaram nos olhos de seus pais. Sabemos, no entanto, que não existe felicidade pronta, algo que se guarda num esconderijo para ser doada, transmitida a alguém. O lugar mais seguro que o navio pode estar é o porto. Mas ele não foi feito para permanecer ali. Os pais também pensam que sejam o porto seguro dos filhos, mas não podem se esquecer do dever de prepará-los para navegar mar a dentro e encontrar o seu próprio lugar, onde se sintam seguros, certos de que deverão ser, em outro tempo, este porto para outros seres Ninguém pode traçar o destino dos filhos, mas deve estar consciente de que na bagagem devem levar VALORES herdados como HUMILDADE, HUMANIDADE,HONESTIDADE, DISCIPLINA, GRATIDÃO E GENEROSIDADE. Filhos nascem dos pais, mas devem se tornar CIDADÃOS DO MUNDO. Os pais podem querer o sorriso dos filhos, mas não podem sorrir por eles. Podem desejar e contribuir para a felicidade dos filhos, mas não podem ser felizes por eles. A FELICIDADE CONSISTE EM TER UM IDEAL A BUSCAR E TER A CERTEZA DE ESTAR DANDO PASSOS FIRMES NO CAMINHO DA BUSCA. Os pais não devem seguir os passos dos filhos e nem devem estes descansar no que os pais conquistaram. Devem os filhos seguir de onde os pais chegaram, de seu porto, e, como os navios, partirem para as próprias conquistas e aventurasMas, para isso, precisam ser preparados e amados, na certeza de que: “QUEM AMA, EDUCA”. E, amando, segue sempre o caminho do coração. Para mostrar àqueles que vêm atrás o que de mais importante vivemos neste mundo, do lado de cá - o amor. “Mas como é difícil soltar as amarras.” Alguns, não conseguem soltar-se de seus filhos; outros passam a vida inteira explicando que nasceram com asas, e precisam voltar - e seus pais insistindo em ampliar o ninho, abrindo asas, colocando correias fortes... De algum modo, sempre haveremos de reclamar do modo como nos criaram - e imaginaremos que, perfeitos, criaremos filhos seguros e magníficos. Ledo engano: nascem querendo a educação que nunca ousamos sonhar, brincam com coisas que jamais quisemos. E pensam... diferentes. Nem o nome os satisfaz, apesar de você passar boa parte da vida tentando acertar ao menos nisso.
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Perfume de Tulipa:.
No filme “Perfume de Mulher”, há uma cena inesquecível, em que um personagem cego, vivido por Al Pacino [um homem wonderfull!!!], tira uma moça para dançar e ela responde: “Não posso, porque meu noivo vai chegar em poucos minutos ...” “ Mas em um momento se vive uma vida!” - responde ele, conduzindo-a num passo de tango. E esta pequena cena é o momento mais bonito deste filme. E me lembra sempre que "algumas pessoas vivem correndo atrás do tempo",mas parece que só o alcançam quando morrem enfartados... ou algo assim. Para outros, o tempo demora a passar: ficam ansiosos com o futuro e se esquecem de viver o presente, que é o único tempo que existe. Tempo todo mundo tem, por igual.Ninguém tem mais,nem menos. São exatamente as mesmas 24 horas por dia. A diferença é o que cada um faz do seu tempo. Precisamos saber aproveitar cada momento, porque, como disse John Lennon, “A vida é aquilo que acontece, enquanto fazemos planos para o futuro.” Se eu pudesse dizer o que nunca te direi, tu terias que entender aquilo que nem eu sei!*
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*Fernando Pessoa.
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Espere o Momento certo:. Sei, A vida. Nunca é do jeito que a gente gostaria que fosse nesse exato momento. Sei, você deve ter defeitos, ser ansioso e irritado. E mentiroso também. Ninguém com gêmeos em ascendência consegue ficar sem lorotas grandiosas pra inventar... Não esqueça de que meu caminho é por campos de girassóis-geminianos. E, principalmente, com esse "monte de auto-ajuda" que está quase me afogando ao ler. E àqueles que - coitados - estão conseguindo ler até aqui. Ainda tem coisa pior: saiba que sua vida é a maior empresa do mundo. E você pode evitar que ela vá a falência. Há muitas pessoas que admiram, torcem e vibram por você - apenas - e talvez - ainda não podem se manifestar. Ou são mudas, não esquente... Gostaria que você sempre se lembrasse de que ser feliz não é ter um céu sem tempestade, caminhos sem acidentes, trabalhos sem fadigas, relacionamentos sem desilusões. Apesar de que, uma dessas coisas ocorrendo em nosso mundo já é motivo de muito sorriso. Ser feliz é encontrar força no perdão, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros. Não é apenas comemorar o sucesso, mas aprender lições nos fracassos. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar o autor da sua própria história. "Páginas da Vida, novamente por aqui. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. E chorar, pela morte... Mas jamais desista de si mesmo: esse seria o último ato. Jamais desista das pessoas que você ama. Jamais desista de ser feliz, pois a vida é um obstáculo imperdível, ainda que se apresentem dezenas de fatores a demonstrarem o contrário. "Pedras no caminho? Guarde todas, um dia construirá um castelo..." Ou terá que fazer uma operação na vesícula ou nos rins, pra retirada das pedras... Não tem problema - lembre-se que não dói, não se faz grandes incisões, e existe coisa bem pior: parir gêmeos, por exemplo. Porque não há anestesia pra dor passar... Talvez algumas pessoas precisem ir, pra empurrarem outras a viverem. A arriscarem-se. Ou apenas a amar, mesmo que recebendo mordidas. No meio deste lodo de auto-ajuda, que me lembra salgadinhos pingo d'ouro, vomitado durante uma viagem de ônibus de 1.200km, eu lembro que hoje o nosso cão, ciumento, lindo e tão gato-peludo, quase foi açoitado. E a mesma pessoa que provocou o clima de inferno, trouxe o céu para ele. Acho que deve ser assim que as pessoas que amam de verdade agem: Beatriz ama o cão-irmão-amor dela; e quando brincam de esconde-esconde, umas vezes ela é cachorra, em outras ela tenta ensiná-lo a ser gente. Como às vezes ele foge, ela puxa pelo rabo, pescoço, ou pêlos do corpo - e leva algumas mordidas. Fortes. Doloridas. Que a fazem chorar, e gritar no instante, pra depois parar rapidamente e entrar na frente - defendendo o cão que mordeu seu rosto mais uma vez. Ela não liga se não tem uma calça que não haja um buraco feito pelos dentinhos camaradas do seu amigo; compartilha todos os brinquedos, inclusive o último urso de pelúcia. Dança com ele pulando ao lado, e gritam à noite, pela casa, fazendo um auê geral. Brigam por pirulitos, e, geralmente, aí é que ela leva a mordida fatal - no rosto, no braço, na bochecha... E logo vem alguém querendo "bater" no cão-tão-dela, porque ele a fez chorar. E ela é que briga pra ninguém gritar com ele - porque ele chora. Ele ouve; ele sente. Não pode fazer mal ao meu amor-cão; ele apenas quer beijar, e esquece que tem dentes... Gibran também dizia que "amor não fere, apenas toca de leve, como a queimadura de um pingo de vela no dedo. Passa tão rápido. O que jamais amortece é o amor. Mesmo que doa, fira, queime - o amor não fenece, apenas faz sorrir. Deve ser por aí; é coisa que eu ainda não aprendi - porque guardo tudo. Cada quadradinho que me fizeram; para um dia contar uma outra história. E dar outro final. Não deveria ser assim, e quem sabe um dia eu também aprenda a brigar por aqueles que me mordem. Hoje, eu ainda compro focinheiras. Ou tranco pra fora da casa. Não se preocupem com o Freddye: Beatriz não deixa ele permanecer longe - porque o choro dele faz cair lágrimas dos olhos dela. E ela chorando, consegue mover o mundo de muita gente. Inclusive o meu.
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Depois de tudo isso, se você ainda não tinha decidido se abria o guarda-chuva ou pulava na lagoa, reconsidere tudo. Nenhuma das alternativas irá te trazer festa ao seu coração - ora, está frio. Ora, nem está chovendo... Sim, isso mesmo: se decida por você, e realize seu sonho, nem que seja pra poder viver aqueles momentos tão bem fotografados que a dita-falecida Nanda teve com o lindo-e-horrível namorado. Sei, a vida não pára - e o amor pede passagem. Eu sempre concedo passagem, porque o que me importa é viver por um tempo sendo Nanda, do que passar uma temporada ousando me fantasiar de Martha, a malvada, e seu marido-fardo encargo... Coisa horrível, se morre por dentro sem-amor-diário.
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