terça-feira, junho 09, 2009


thecia.


Tem pessoas que supervalorizam a família. O sangue. Genealogia. Eu costumo equilibrar. Tem pessoas que a vida me concedeu, e eu escolhi, que são mais importantes que aquelas, as quais não pude opinar. Às vezes, família é serpente. E como nos enganamos, estereotipando tudo – imaginamos que aquela indefesa mulher, já idosa, apenas por estar sempre alheia a tudo, passiva e totalmente submissa, jamais nos atraiçoaria. Mas, são esses pequenos detalhes que nos mostram a força de uma tempestade. Tudo o que está represado há muito tempo, em algum momento, vai explodir. Eu só não faço questão de estar por perto. Não, não é insensibilidade – apenas discernimento. Eu tinha um tio que todo ano levava para mim e para minha irmã, ovos na Páscoa. Às vezes, eram os únicos, uma época difícil, éramos pobres. Ele aparecia logo cedo, alegre, cheiroso, sorridente, parecia fazer aquilo de coração. Recentemente, soube que ele tinha uma amante naquela época, convenientemente instalada perto de nossa casa. Éramos apenas um álibi. Muda alguma coisa o gesto que ele fazia para mim? Devo considerar as doces lembranças ou a realidade, ao tratá-lo hoje? Para mim, isso só me alerta quanto ao futuro – o passado já se foi, e como costurado, ficará."

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