quarta-feira, junho 17, 2009


CARMIN DRAGOA

A ROTA PARA O REENCONTRO DE SI – DE VOLTA PARA CASA

Todos que, de alguma maneira, anseiam em encontrar qualquer coisa, devem se ater a preparação para a viagem: tenham em mente que o trajeto rumo ao desconhecido será difícil, penoso, cansativo, haverá milhões de vozes querendo lhe desviar os passos para a direita, e outros lhe zurrando do outro lado, direção oposta. Talvez haja noites em que até a voz que seu coração emite se comunique em código estrangeiro, não permitindo que saia do caos e confusão. Assim, numa explicação moderna, superficial e eficiente, a moralidade da sociedade contrapondo-se a doutrina de sua religião, em oposição aos desejos de seu coração, e despertando certa razão e culpa por "desistir" de tudo aquilo que já conquistou. Para que empreender outro caminho, se por toda a vida andou numa rota só? Não é verdade que tudo leva a Roma? O importante aqui é a diferença: qual é o fim e os meios que utiliza; e se o outro caminho detiver Amor, não haverá bandeira inimiga que o afaste da sina...
Do que precisará, viajante, primeiramente, é conscientizar-se de que, ao empreender qualquer mudança, não deves levar adiante fardo a mais do que o necessário – a culpa não terá nenhuma utilidade, porque você sempre agiu com humildade e generosidade. A postos, frente ao mar, lembre-se de que o instrumento primordial é, antes da rota, a bússola. Não há como ir adiante, sem saber para que lado seguir... e a cada dia mais tenho seguido o conselho de Upanixade: Deixar a mente repousar no coração. Encontro em você a motivação para lutar com mais intensidade, mais paixão.

Uma bússola, em italiano, é uma pequena caixa, composta por uma agulha magnética na horizontal, suspensa pelo centro de gravidade, que sempre apontará para o eixo norte-sul, e permitirá uma viagem segura e principalmente, mostrará a direção correta. Por mais profundo que eu anseie em conhecer os mares nunca antes navegados, "loucos são aqueles que permanecem morando eternamente neste lugar sombrio"... não padecendo totalmente dessa malfadada doença, um pezinho ali, já sabendo como entrar e sair me satisfaz. O que deve ser pontuado e sublinhado aqui é que a bússola não precisa ser nada mais ou menos do que composta por uma agulha, para indicar a direção do norte magnético, e um imã, que deverá ter uma função primordial: magnetizar a agulha, e esta sem o imã, não seria nada, pois magnetizada, roda à "procura" do Norte sempre que movimentada. Sem seu imã, ou uma pedra de magnetita – coisa secular, a agulha, em dado momento, perderia seu magnetismo, e no meio do caminho ficaria. Portanto, conclusão: somente há a possibilidade de Fim, se houver o Meio de junção dos dois, unidos, para acharem a direção correta... O essencial, portanto, diante do paroxismo da Espera e Encontro, é a junção de dois, promovendo o bem comum a todos. Se é coisa impossível, que recorra-se a santos ou novenas. Num dado momento, a oportunidade surge, e o Agir, aí sim, é humano, e deve estar pronto. O equilíbrio numa mochila, no coração a abertura da completa redenção.

Para que "essa caixinha perfeita", chamada bússola, se desoriente, permita-se que tudo seja escrito simbolicamente: TADA. D. Júlia, na novela do Silvio de Abreu, diz que Athena (que lapso, que pena), foi nome escolhido para simbolizar prosperidade e justiça. Que não se permita, em nossa rota, semelhante desatino, Athena é deusa que emerge da cabeça de seu pai, gerada sem mãe, justa além da conta, racional sem qualquer emotividade, não perdoa desenganos, lágrimas ou erros humanos. Nike é a deusa da Justiça, marca do tênis que gostaria de usar, pra caminhar em nosso plano, suave e compassiva. Macia e durável, como o produto que hoje personifica. TADA é o fim de nossa empreiTADA, que utilizar-se-á de todos os meios corretos e virtuosos, e metaforicamente, por dentro de você, transmute-a em "Te amo demais de Amor". Porque amar algo é fácil – amo sorvete, nem sei se viveria sem por muito tempo. Livros, amo-os tanto que os persigo. Amar algo é fácil. Amar de amor é mais; um "jet'aime" duplicado, implica em saber preparar as asas do parceiro, amortecer sua queda, ensinar-lhe o caminho do Norte, magnetizá-lo de força e carinho, e sem que seja necessário nenhuma retribuição, deixando que esse companheiro livre, leve e solto tenha sempre a possibilidade de voar pra casa, de voltar pro Leste, de ousar nunca mais sair da gaiola. Porque amar de amor implica também em renúncia. Antes de tudo, induz a um comprometimento: fazer de tudo para que o outro seja feliz. Apenas isso – feliz porque magnetizado de amor.

Não funciono sem meu imã – agora me sento, exatamente nessa hora, pra poder discorrer vinte e cinco laudas. Após ter virado e desvirado minha cabeça em mil pedaços, me fragmentado em razões, e tentado me fazer de cruzada. O que eu sinto, chegando aqui, é que o imã deve estar perto da agulha. Para lhe apontar o Norte. Para dizer que tropeços existem, pela possível desvinculação, e o que mais importa é o que sentimos. Do fundo. Aquilo que emerge do nosso Coração. De uma agulha desorientada, desmagnetizada, em pleno oceano sem fim...

TADA.

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