sexta-feira, dezembro 21, 2007


Desvelo.

Para o ano que vem, quero contar uma estória. Contar as coisas do passado, do jeito - quem sabe? -, do Rubem Alves. “Contar é muito dificultoso. Não pelos anos que já se passaram. Mas pela astúcia que têm certas coisas passadas de fazer balanço, de se remexerem dos lugares. A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos; uns com os outros acho que nem não se misturam. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo coisas de rasa importância. Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras de recente data. Assim é que eu acho, assim é que eu conto. O senhor mesmo sabe; e se sabe, me entende. Toda saudade é uma espécie de velhice”.

Quiça Possa contar estórias sem respeitar o tempo e sem respeitar o espaço. Juntar aquilo que aconteceu longe, e o que se passa em meninice. Alinhavar junto com o que se sonha passar na velhice. Só o espaço e o tempo da saudade, coisa do desejo...

Estória tecida sobre uma trama de fios invisíveis. Os olhos magicamente transformando as palavras... um relato de amor. O único objetivo, sentir saudade, apontar para as ausências, seduzir... O que valerá é a lógica do desejo, aquilo que o amor ajuntou, chamando das distâncias do tempo e das lonjuras do espaço. A verdade não se encontra naquilo que foi dito mas no como foi dito. É neste como que se aninham os mundos.

Contar uma estória como Rubem Alves é fazer exercício de saudade. E também de esperança. O que se deseja é reencontrar, no futuro, uma amostra de felicidade que se experimentou no passado.

Talvez esteja aí o fascínio da escrita.
Talvez aqui o sonho impossível para eu começar...

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