domingo, setembro 30, 2007

ROSA DO MEU JARDIM.

Aqui estou eu, mordiscando a tampa desta caneta, tal qual criança, em dia de muita expectativa. Sou tão corajosa e forte, não? Mas como você, bem lá no fundo, uma quantidade de coisas me assusta, principalmente quando não consigo compreendê-las. Entenda bem, quis fugir disso tanto como você. Nossa diferença é que eu sempre volto atrás quando vejo que, o que tenho pela frente, não me fará feliz. Já sei, estou dando voltas como um redemoinho, mas olha, agora serei precisa como um relógio suíço. Daqueles que nem eu, ou você, utilizamos. Inutilidade de se apressar algumas coisas? Talvez você ainda se lembre do quanto não gosto de falar de coisas que eu não sei explicar pela lógica e racionalidade. Por via das dúvidas, paciência comigo querido, cada um encontra inspiração no mundo que melhor conheceu, ou no qual convive. Antes de julgar uma pessoa, temos que passar três luas usando seus sapatos.

Esta noite caiu uma chuva forte. E o que me fez acordar não foi o barulho do trovão, mas o sonho que tive com nós dois. Foi tão triste, e ao mesmo tempo tão profundo, que melancolicamente está preso dentro de mim, não deixando nada me distrair da mensagem que passou. Eu, que caminho por metáforas, e planto tudo em entrelinhas, acordei querendo colo e abraço. Coisa ridícula para alguém que costumeiramente, aprendeu a matar um leão por dia. Antes de você ir, que tal uma história e café feito na hora? Minha avó, quando estava lavando roupa, costumava me contar coisas de sua terra... e por lá havia um camponês que, após semear sua horta e ver nascer os primeiros brotos, ficou com tanto medo de que alguma coisa não desse certo que, para protegê-los das intempéries, comprou uma boa lona de plástico à prova d'água e vento, e colocou-a por cima. Para manter longe as larvas e pragas, vaporizava grande quantidade de inseticida. Era um trabalho ininterrupto, nem por um só momento da noite ou do dia ele deixava de pensar na horta, e na maneira de defendê-la. Até que, um belo dia, levantando a lona, teve a desagradável surpresa de encontrar tudo morto e bolorento. Se tivesse deixado os brotos livres para crescer, alguns teriam morrido de qualquer maneira, mas outros teriam sobrevivido. Ao lado das plantas semeadas, trazidas pelo vento e pelos insetos, outras teriam crescido, algumas poderiam ser ervas daninhas, e o camponês as extirparia, porém outras poderiam ser flores que, com suas cores, iriam alegrar a monotonia da horta.

Está entendendo, Vida Minha? É assim que as coisas funcionam - é preciso haver generosidade na vida, e neste caso, você tem que viver pra criar coragem e desativar essa rigidez excessiva que impõe a certas barreiras. Porque isso "desnutre a vida", querido. Termino aqui, pra não transformar o simples em complicado. Não tenha medo, as coisas que nos acontecem jamais têm um fim em si mesmas, não são gratuitas. Cada encontro, cada pequena ocorrência, guarda em si uma significação. O que verdadeiramente importa é nossa capacidade de mudança, de reconhecer um erro e mudar de rumo, de retroceder a qualquer momento, para acertar a direção. Uma parte de mim está contigo, parada, em silêncio, ouvindo o meu coração, em prontidão. Quando ele enfim falar, prometo que me levantarei e irei até aonde ele me quiser levar. Mesmo que isso me custe muitos arranhões. Tu não és pra mim um planeta, mas uma constelação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário