sábado, agosto 04, 2007


Suspiro. Pra Expirar...

É comum, o homem que eu amo. Desses que passam na rua sem se notar. Mas resplandece em meus braços. E sorri, quando lhe afaga, sem aviso, no meio da tarde, a lembrança dos meus lábios nos seus lábios. O meu gosto. Então, roça, em pensamento, a minha pele, arranha com a barba a minha nuca, percorre-me, penetra-me. E deixa que se lhe aflore o desejo, e permaneça, sabendo que me terá, quase sempre, à hora certa. Quando queira. Embora me saiba um pouco além do alcance imediato de suas mãos. Assim que o avistei, à minha espera, em algum ponto naquela Parada, hesitei. Tive ganas de dar meia volta, e partir, medo-medo-medo, medo assim. Mas ele já me vira e se aproximava sorrindo. Penso sempre nele nessa hora. Às vezes, desse dia, lembro dos olhos verdes, que para mim são mais cinza-mutante, o jeito exclusivo de andar e abraçar. Mão forte na minha mão. Esse o instante quando percebi a sua boca. E sem dizer palavra, me deixei beijar. Ah, aquela boca daria um romance. Mas como, não sendo escritora, não saberia escrevê-lo, tratei de aproveitar. E pelos próximos três dias, vesti-me daquela boca. Duro foi ter que desvesti-la, à hora de regressar. Quanto havia ainda de sonho por trás da boca minha sem batom e dos seus olhos cinza-mutante, quase cansados. E quanto de desejo! Duas noites sem dormir, feira por fazer... À hora em que, casquinha de sorvete à mão, lambia lenta e delicadamente as bolas. Deliciando-me em dobro. A relembrar outros jogos de língua. Em tardes distantes.

E por vir.


Quase-tudo da Márcia Maia.

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