De soslaio, pousou os olhos nele. Como era inalcançável, mesmo agora. Carapaça espessa, mesmo depois de anos, nunca chegava a baixar a guarda totalmente. E o que ela tinha medo era de que as feridas dele jamais fossem reversíveis nem reparáveis. Porque tudo o que queria era poder pertencer àquele mundo que ele havia construído para si. E nós ainda tão grudados um ao outro, eu meio viva, ele morto em parte... quando amamos, quanto de nós encontramos no outro..., pensava ela, enquanto ele ainda segurava sua mão, esperando respostas. Era maciço, um homem de verdade, ninguém duvidaria! E riu alto, assustando-o, que também sorriu. O brilho que surgiu no olhar dele fez seu coração paralisar de tanta dor. Olhando detidamente para ele, agora que havia deitado em seu colo, sentiu que nada por fora indicaria o homem que jazia por dentro. Seu sobretudo impecável, o terno bem cortado, a aparência de solidez e elegância, só o olhar ostentava um véu de melancolia... Jamais havia sentido essa necessidade absoluta de alguém, como poderia ir sem Ele? O capricho do Acaso. Ou seria o destino? Ei, moço lindo, diz pra mim, do que depende o desenrolar dos acontecimentos? Acha que existe algo a que a gente não possa fugir?
Nesse exato momento, tenho 30 e poucos anos, dos quais não me arrependo de nenhum. Não gosto de julgar ninguém, e se perguntam quem fez, não sei quem fui mais gordo. Como a vida é tecelã imprevisível, não atiro a primeira pedra, mas posso jogar a última pá de terra. O que importa é que a vida, esta sim, está sempre certa. O resto? Detalhes...
quinta-feira, agosto 09, 2007
RECOMEÇO.
De soslaio, pousou os olhos nele. Como era inalcançável, mesmo agora. Carapaça espessa, mesmo depois de anos, nunca chegava a baixar a guarda totalmente. E o que ela tinha medo era de que as feridas dele jamais fossem reversíveis nem reparáveis. Porque tudo o que queria era poder pertencer àquele mundo que ele havia construído para si. E nós ainda tão grudados um ao outro, eu meio viva, ele morto em parte... quando amamos, quanto de nós encontramos no outro..., pensava ela, enquanto ele ainda segurava sua mão, esperando respostas. Era maciço, um homem de verdade, ninguém duvidaria! E riu alto, assustando-o, que também sorriu. O brilho que surgiu no olhar dele fez seu coração paralisar de tanta dor. Olhando detidamente para ele, agora que havia deitado em seu colo, sentiu que nada por fora indicaria o homem que jazia por dentro. Seu sobretudo impecável, o terno bem cortado, a aparência de solidez e elegância, só o olhar ostentava um véu de melancolia... Jamais havia sentido essa necessidade absoluta de alguém, como poderia ir sem Ele? O capricho do Acaso. Ou seria o destino? Ei, moço lindo, diz pra mim, do que depende o desenrolar dos acontecimentos? Acha que existe algo a que a gente não possa fugir?
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