Dá pra me escutar, cãozinho? Preciso que você vá aparecer em outros sonhos. Perdi o caminho pra casa, passei a rua, e vim parar aqui, nesta feira de caruaru, ouvindo Onildo Almeida dizer Tem louça, tem ferro velho, sorvete de raspa de juá, gelado de cana, planta de palma e mandacaru. Bonecos de Vitalino, de tudo que há no mundo tem na feira de Caruaru". Só não há alguém que me diga como faço pra chegar a casa que é meu lar. Sei, você tenta, e me confunde ainda mais. Quero rapadura, pra carregar o doce dentro de mim. Pimenta pra dar cheiro, pimenta pra tempero, pimenta pra dar cor, outras só pra dar calor, eu preciso me cozinhar novamente, passear na feira de São Joaquim pra me ver virar gente, eu parecida com os bonecos de Dona Izabel, do Vale do Jequitinhonha. Quero ir pra Minas, Carmo do Rio Claro, ah, quanta doçura por lá, voltava forrada de bordado de mamão e doce de abóbora com coco de Teresa de Carvalho, que é pra durar o ano inteiro. O que fica mesmo é este partir-andar-doer-chorar, noites dias de velas acesas, uma estrela me guiando e nada mais me prende aqui. Eu, costela assando, sal grosso o tempo inteiro sendo jogado, o tempo na vala me abrasando, espeto de araucária ainda ferindo.
Talvez tudo seja apenas o inconformismo da espera, tanto tempo pra saborear um autêntico churrasco!
Nenhum comentário:
Postar um comentário