quarta-feira, agosto 01, 2007


Dos cadernos-de-história.

Epikindhinos (perigoso).

(...) algo estalou dentro dela. Não era a arrogância dele, suas palavras irônicas ferindo-a profundamente, e se instalando 'para sempre' em algum lugar do seu coração. Fechou os olhos, e grossas lágrimas escorreram pelo seu rosto, como se tivessem formato e dimensão. Apenas a tristeza era imensa: reconhecia, tacitamente, que ele não a amava. Como ela. Nem a desejava tão fortemente, ela que estava disposta a abrir mão de todo rígido código de conduta que sempre pautou a vida. Abriu a porta com força, e ele alcançou seu braço, pedindo que não o deixasse desse modo, que não houvesse raiva ou mágoa.

Balançou a cabeça, e engasgando, tornou a pedir se ele tinha certeza da decisão que estava tomando, porque no momento eles tinham tempo para descobrir até onde ia a paixão e o sentimento que os unia. Notou que ele emudeceu e virou o rosto, sussurrando ainda olhando para o outro lado, "apenas não quero correr riscos".

- Qual é o risco de se descobrir a extensão daquilo que a gente sente?

- Caramba, pra que tudo isso? Você não entende, MESMO. Eu não preciso saber o que eu sinto, isso eu sei. O risco é eu permanecer muito tempo com você, e ter a certeza de que jamais conseguiria deixar que você saísse do meu lado. Melhor parar agora, enquanto eu consigo ir. Enquanto eu acho que posso esquecer, apagar, deletar tudo isso.

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Tenho prazer em ser vencida quando quem me vence é a razão, seja quem for seu procurador. Fernando Pessoa escreveu isso, mas lembre-se de tudo o que ele não foi. De tudo o que não conseguiu. Porque a presunção da verdade, a expectativa de se imaginar dono da razão, qualquer que seja ela, nos apequena, nos menospreza, nos enfraquece. Nos faz sofrer tamanha dor. "Netti, netti", com algo dentro de nós que não foi vivido, não saimos do lugar. A semente insiste em brotar, a despeito do tempo, lugar, momento, escolha ou vontade sua, minha ou de outros.

I've never seen such a terrible thing as that falling man".

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