terça-feira, abril 10, 2007


Onze minutos:.

"Quero ter a certeza de que isso é o que você queria, que me esperava, que toda a determinação e vontade do mundo não bastam para impedir que o amor mude as regras do jogo de uma hora para outra. "

Penso que talvez nos apaixonemos sempre no momento em que olhamos o homem de nossos sonhos pela primeira vez, embora a razão naquele momento diga que estamos errados, e passemos a lutar - sem vontade de vencer - contra esse instinto. Até que chega o momento em que nos deixamos vencer pela emoção...

Em todas as línguas do mundo existe um mesmo ditado: o que os olhos não vêem o coração não sente. Pois eu afirmo que nõa há nada mais falso do que isso; quanto mais longe, mais perto do coração estão os sentimentos que procuramos sufocar e esquecer. Se estamos distantes, queremos guardar cada pequena lembrança de nossas raízes, se estamos distantes da pessoa amada, cada pessoa que passa pela rua nos faz lembrar dela.

Os encontros mais importantes já foram combinados pelas almas antes mesmo que os corpos se vejam. Geralmente estes encontros acontecem quando chegamos a um limite, quando precisamos morrer e renascer emocionalmente. Os encontros nos esperam - mas a maior parte das vezes evitamos que eles aconteçam. Entretanto, se estamos desesperados, se já não temos mais nada a perder, ou se estamos muito entusiasmados com a vida, então o desconhecido se manifesta, e nosso universo muda de rumo.

No amor ninguém pode machucar ninguém; cada um de nós é responsável por aquilo que sente, e não podemos culpar o outro por isso. Já me senti ferida quando perdi homens pelos quais me apaixonei. Hoje estou convencida de que ninguém perde ninguém, porque ninguém possui ninguém. Essa é a verdadeira experiência da liberdade: ter a coisa mais importante do mundo, sem possuí-la.

Se tenho que ser fiel a alguém, ou a alguma coisa, em primeiro lugar tenho que ser fiel a mim mesma. Se busco o amor verdadeiro, antes preciso ficar cansada dos amores medíocres que encontrei. A pouca experiência de vida me ensinou que ninguém é dono de nada, tudo é uma ilusão - e isso vai dos bens materiais aos bens espirituais. Quem já perdeu alguma coisa que tinha como garantida termina por aprender que nada lhe pertence. E se nada me pertence, tampouco preciso gastar meu tempo cuidando das coisas que não são minhas, melhor viver como se hoje fosse o primeiro (ou o último) dia da minha vida.

Paulo Coelho - Onze minutos.

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