.:Tambores do silêncio:.
Nunca tive medo dos fantasmas. Depois de tudo, vivo com eles cada dia. Quando me olho num espelho, os olhos de minha mãe me devolvem aos olhos e minha boca se curva com o sorriso que seduziu o meu bisavô para que eu tivesse meu destino.Como vou temer o atrito dessas mãos que se desvanecem, que se detêm sobre mim com um amor desconhecido? Como vou ter medo daqueles que moldaram minha carne, deixando seu rasto para viver bem mais além da morte? Menos ainda poderia temer a esses fantasmas que roçam meus pensamentos ao passar. Todas as bibliotecas estão cheias deles. Posso pegar um livro das estantes empoleiradas e me atrapalharão os pensamentos de alguém morto há muito tempo, mas ainda vive em sua mortalha de palavras. Por suposto, não são os ordinários e acostumados fantasmas que turvam o sonho e aterrorizam o desperto. Olhe para atrás e acenda uma lanterna para iluminar os cantos apartados na escuridão. Escute as pisadas que ressoam detrás quando caminha só. Continuamente, os fantasmas revolteando e passando através de nós, ocultando-se no futuro. Olhamos no espelho e vemos as sombras de outros rostos olhando através dos anos; vemos a silhueta da memória, erguida com firmeza no umbral vazio da porta. Por sangue e por eleição, criamos nossos fantasmas, perseguimo-nos a nós mesmos.Cada fantasma sai espontaneamente dos terrenos confusos do sonho e o silêncio.Nossa mente racional diz: “Não, não é assim”. Mas outra parte, uma parte mais antiga, sempre repete suavemente na escuridão: Sim, mas poderia ser. Vamos e vimos pelo mistério, tratando de esquecer. Mas quando uma rajada de ar passa por uma habitação e agita meu cabelo, creio que é...
Diana Gabaldon, da série Outlander.
Diana Gabaldon, da série Outlander.

0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial