Quando o mistério é muito impressionante, a gente não ousa desobedecer. Por mais absurdo que aquilo possa parecer. Quando a gente anda sempre para frente, não pode mesmo ir longe... Assim eu comecei a compreender, pouco a pouco, meu pequeno principezinho, a tua vidinha melancólica. Muito tempo não tiveste outra distração que a doçura do pôr-do-sol. Se alguém ama uma flor da qual só existe um exemplar em milhões e milhões de estrelas, isso basta para que seja feliz quando a contempla. Ele pensa: "minha flor está lá nalgum lugar". Eu não soube compreender coisa alguma! Devia tê-la julgado pelos atos, não pelas palavras. Ela me perfumava, me iluminava... Não devia jamais ter fugido. Deveria ter-lhe adivinhado a ternura sob os seus pobres ardis. São tão contraditórias as flores! Mas eu era jovem demais para saber amar.Do livro "O pequeno príncipe", Antoine de Saint-Exupéry.
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Até hoje só encontrei três pessoas que vissem, em vez do chapéu, a jibóia engolindo o elefante. Portanto, o livro ainda é indigesto para a maioria. Mas é especial para o menininho que, esses dias atrás, resolveu soterrar de vez sua flor. Não peço perdão de nada, mas posso arrumar muitas desculpas para o caso dele. Esse amarelo menininho é capaz de compreender muitas coisas, até mesmo livros de crianças, porém tem medo de tudo. O amarelinho mora longe, longe, no país ineventado da nuvem grande, onde passa fome e frio - de amor e consolo. Tudo isso porque um dia perdeu sua flor, e a criança que um dia se foi. Talvez um dia possa eu fazer algo deslumbrante para poder dedicar alguma coisa a este menino-amarelo que iluminou os meus dias.
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