quinta-feira, agosto 17, 2006


Pérolas baças:.

.:Olympia, do pintor Manet. O quadro que, segundo Paul Gauguin, por Mario Vargas Llosa, impulsionou-o a se retirar de sua vida burguesa de rentável e próspero trabalhador na bolsa de valores, para se decidir por ser pintor, com todas as loucuras e idiossincrasias que isso poderia acarretar. Até a sua morte, o neto famoso da ilustre Flora Tristàn detinha uma foto desta ilustração: dizia que era sua ambigüidade que o fazia cativo. Uma hora a achava uma mulher de bordel, em outra distinta burguesa... Quando conheceu a mulher, viu que esta na realidade era tudo, menos a formosa pintura. Nem chegava aos pés de seu retrato iluminado - e acreditou que os pintores enxergassem de dentro para fora. Só assim seria possível Manet ter pintado esta tela, tendo como musa a mulher que Paul conheceu. Bem, eu sempre quis pintar, mas sem a preocupação e selvageria de encontrar obra-prima ou a loucura fixa de Van Gogh - logicamente, por isso, tudo o que eu fiz não tem nada de belo, apenas de eloquente para mim. Cada peça traduz um momento. Símbolo, certamente. Também deve ser por isso que, quando li todo o livro do Llosa, e fui buscar uma a uma todas as telas que ali este maravilhoso contador de histórias refletia pausadamente, agradeci por não ter visto antes de ler. Como poderia Llosa ter visto tudo aquilo que ele incandescentemente colocava, diante deste quadro abaixo?

.:Não, seria incapaz de colocar suas palavras aqui - assim, quem quiser terá que ler o livro - porém, por sorte, já terão dentro de si a imagem de um dos quadros de Gauguin, assim, não poderão desfrutar do imaginário que agoniza e se oculta dentro de nós. Devo estar a cinco braças de tudo isto - ainda muito arraigada a corrente ideológica ocidental, querendo missa de réquiem no funeral, com direito a canto gregoriano em latim... Ou apenas meus olhos se cansaram de ler sobre esta obsessão que possuía este pintor, a procura pelo "bom selvagem", pelo encontro de algo que não existe ou sequer existiu, pela labuta loucura em sempre tentar se apoderar de mulheres de catorze anos, imaginando assim se deparar com o selvagem dentro-de-si. Talvez, quem sabe, uma parte de mim considere-o egoísta e realmente selvagem demais, ostensivamente demonstrando isso em suas telas. Sua avó teria se inflamado por sua prisão, já que detestava a maneira que os homens se apropriavam das mulheres através dos sexos. O ideal por qual um tanto lutou, geração posterior veio e vivenciou, com o mesmo espírito intróito. Pra finalmente chegar a questão: dizem que, através dos ancestrais, podemos nos visualizar integralmente - o que buscávamos, vivemos.

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