quinta-feira, junho 01, 2006


Sem cores, com vida:.

O Caso do Pintor Daltônico
"Um pintor de 65 anos sofre um acidente de carro e, repentinamente, torna-se totalmente daltônico. No dia seguinte ao acidente, ao ir trabalhar em seu ateliê, antes repleto de pinturas coloridas e luminosas, depara-se com um mundo feito de cinza, branco e preto. As coisas passam a ter uma aparência desagradável, suja, para ele. Do nado, as pessoas viraram estátuas cinzentas animadas, e o pintor passa a não suportar sua própria aparência no espelho. Até os alimentos que ele antes ingeria, agora parecia repulsivo, devido a seu aspecto cinzento, morto, tendo que fechar os olhos para poder comer. Para o pintor, o mundo passou a ser algo parecido com um filme em preto-e-branco, tridimensional, com a diferença que os filmes são representações do mundo, enquanto a vida dele era real. No acidente o pintor perdeu não somente a percepção das cores, mas acabou perdendo também sua memória das cores. Sacks narra ao mesmo tempo a destruição do mundo colorido do pintor, e o surgimento de uma nova realidade para seu paciente, “Um mundo sem cores”, um mundo de uma pessoa que parecia nunca as ter conhecido. O pintor voltou a pintar, inspirado pela visão de um nascer do sol (em preto e branco); e foi assim que suas pinturas continuaram sendo produzidas – porém, todas em preto-e-branco. "O sol nasceu como uma bomba, como uma enorme explosão nuclear. Senti que se não pudesse continuar pintando, também não ia querer continuar vivendo", é o que paciente relata, ao fim.

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Nos livros de Sacks percebemos que não é preciso ir longe, fazer uma grande viagem, ou mesmo cruzar oceanos, para descobrir um mundo sempre surpreendente, pois este é existente dentro do "pequeno" espaço da cabeça de algumas pessoas consideradas diferentes. Não dá para pensar em evolução sem pensar em adaptação, aliás, em muitas adaptações – como as que fazem os pacientes deste neurologista. Se eles conseguem sair de situações abismais, se adaptando ao “seu novo eu”, ou às suas limitações, o que dirá o que se pode fazer, mentalmente, uma pessoa normal, se em vez de lamentar-se, sair do seu próprio umbigo e resolver se modificar, para poder ver o mundo evoluir?

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