quinta-feira, junho 22, 2006


Quatrilho:.

Quatro lavadeiras, quatro mulheres-surreais, ramos de uma mesma videira. Sobreviventes de uma mesma família, o elo que as liga é a tradição, o sobrenome, a mesma história-que-assusta os corações... O pesar de perder o Grande amor por acreditar em Segurança. Todo dia se debruçam no rio, cada qual a seu tempo, e escoram-se em pedras, lavando as roupas de toda uma geração... Enquanto lavam, esfregam lembranças, tentam desaguar as lágrimas, fingem olhares e sorrisos, alma em desalento. Não é pecado ser triste. Não há culpa em chorar, nem ter dias-cinzas pela margem da vida-inteira. A vida é feita de escolhas; a felicidade é nossa opção. Sim, chorem, se debrucem, consolem-se nas águas do rio. Deixem que as folhas do Jacarandá levem a história-que-se-foi, não voltará. Olhem para cima, não há cor, mas há flores dentro de cada uma. Janelas esperando serem abertas. O amor se foi, mas o coração está ali, apertado, amargurado. Liberte-o. Não é crime chorar. Toda mulher pode, sim, lamuriar-se... porque há dentro delas uma força que após cada tempestade, troveja alto e as ergue, maior que sua dor. Uma janela. Para cada uma das 4 lavadeiras. Para sonharem, e colorirem todos os dias a tristeza de seu semblante.

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