Profundeza de emoção:.

A cada estação,
repasso nossa história.
E contemplo o quanto
Afoguei-me Em Ti,
Atirei-me ao fundo do mar,
mal soube que jamais voltarias...
(...) perdi-me para sempre
nas profundezas do oceano
e não mais regressei.
Quando o fogo-fátuo
das manhãs claras de Inverno
me fazia lembrar de ti,
recolhia-me no anoitecer,
pensando que eras apenas uma ilusão.
E sempre o foste, não é verdade?
(...) eu sempre esperei, por ti,
à noite e todos os dias,
mas tu nunca voltaste.
(...) e perdi-me dentro de mim mesma.
(...) Alguém secou minhas lágrimas
abandonando o meu rosto à suavidade
de uma mortalha de linho branco e suave
que só senti quando pela primeira vez
me embalaste nos teus braços
e me disseste que querias ver comigo
o pôr-do-sol naquele fim de tarde,
e em todas as tardes da tua restante vida.
(...)Ainda sinto o sangue
que brotou então de minhas entranhas.
E zanguei-me contigo
por não seres aquilo que eu procurava,
e por eu não ser aquilo que desejavas.
Mas a vida era mesmo assim
e o fio de prata de Ariadne
tinha-nos unido para todo o sempre.
(...) percorri o labirinto do tempo,
procurando-te sem cessar.
Envolvi-me em mil deleites
só pela ilusão de te ter.
Submergi (...).
E ali estávamos.
Como sempre estivemos.
Olhar em olhar.
(...)Desfiz o encanto, e abracei teu corpo,
dando-te vida e trazendo-te,
mais uma vez, para junto de mim,
confundindo o tempo.
(...) Abraçei-me nas asas deste amor
que jamais morre
e deixei-me ser tua
para todo o sempre.
(...) Tornei-me ave de fogo,
como uma Fênix renascida,
e decidi que falaria contigo desse amor
que jamais morre e que é eterno,
como eterna é a doce chama
a que sempre chamaste Alma,
e que ainda habita o teu interior,
feito concha onde se fabricam pérolas
através da dor.
E era esse azul enevoado
da chama no teu coração
que eu queria alimentar,
(...) E pedi-te um abraço
que selasse nosso amor para todo o sempre,
mas parecia que algo te impedia
e que dizia para não me abraçares,
e, de repente, lembrei-me de novo
dos abraços que nunca me deu,
e de como mais uma vez
as areias do tempo não cessavam de cair,
e que tudo se repetia, mais uma vez,
e, desta vez, era contigo.
(...)
Disse-te que estarias sempre comigo,
e que guardaria o teu coração
num frasco de alabastro branco,
como o mármore das igrejas,
e que serias sempre habitante
das profundezas do meu ser.
E isso acalmou-te.
(...)
Foi então que o espírito do tempo chorou
e entrou no teu corpo
e cortou as últimas amarras,
que te prendiam ao navio da vida.
E morreste-me, naquele dia.
E contigo, todo o meu ser.
(...)
Subitamente dei-me conta
que ninguém O poderá substituir,
pois Ele sou eu,
e eu sou Ele.
::::::
Afoguei-me em ti é o livro que dá início à carreira poética de Joma Sipe, e traz toda uma série de poemas.

1 Comentários:
Oi!
Comentei um post seu lá no meu blog...
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