Sem falar:.
Há pessoas a quem o arranhar das paredes impressiona; e outras que se não impressionam. Mas o arranhar das paredes é sempre igual. A diferença vem das pessoas. Mas se há diferença entre este sentir... haverá diferença pessoal no sentir das outras coisas? E quando todos pensem igual duma coisa é porque ela é diferente para cada um (...) Depois de comer, quantas pessoas se sentam em cadeiras de balanço, ajeitam-se nas almofadas fecham os olhos e deixam-se viver? Não há luta entre o viver e a vontade de não viver.
"Não posso querer ser nada. Àparte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. (...)Tenho sonhado mais que o que Napoleão fêz. Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo. Tenho feito filosofias em segrêdo que nenhum Kant escreveu. Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda, ainda que não more nela; serei sempre o que não nasceu para isso; serei sempre só o que tinha qualidades; serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta, e cantou a cantiga de Infinito numa capoeira, e ouviu a voz de Deus num poço tapado. Crer em mim? Não, nem em nada.
Pedaços de Para Além Doutro Oceano de C[oelho] Pacheco e Tabacaria. Tudo de Fernando Pessoa.
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Gritos no silêncio: Eu creio em tudo. Crédula, toda coração, nasci em local errado. Sinto e antevejo a muito... O que resta do choro, quando as lágrimas já se foram? Apenas a sinceridade da alma, que ressoa alto o que fingimos o dia inteiro não ouvir ou desconhecer... quando as palavras falham, continuo recorrendo a Portugal. Pessoa. Fernando, que não amou, porque teve medo de sentir-se sem proteção, em ruínas...
"Não posso querer ser nada. Àparte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. (...)Tenho sonhado mais que o que Napoleão fêz. Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo. Tenho feito filosofias em segrêdo que nenhum Kant escreveu. Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda, ainda que não more nela; serei sempre o que não nasceu para isso; serei sempre só o que tinha qualidades; serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta, e cantou a cantiga de Infinito numa capoeira, e ouviu a voz de Deus num poço tapado. Crer em mim? Não, nem em nada.
Pedaços de Para Além Doutro Oceano de C[oelho] Pacheco e Tabacaria. Tudo de Fernando Pessoa.
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Gritos no silêncio: Eu creio em tudo. Crédula, toda coração, nasci em local errado. Sinto e antevejo a muito... O que resta do choro, quando as lágrimas já se foram? Apenas a sinceridade da alma, que ressoa alto o que fingimos o dia inteiro não ouvir ou desconhecer... quando as palavras falham, continuo recorrendo a Portugal. Pessoa. Fernando, que não amou, porque teve medo de sentir-se sem proteção, em ruínas...

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