sexta-feira, maio 12, 2006


Raconte moi une histoire mamy:.

Mãe, todo mundo tem uma. Filhos, muitos ainda não o tem. A história começa como num conto-de-fadas, você apaixonada, com seu príncipe marido ou qualquer outro genérico (hoje em dia tudo é muito moderno)... Do amor que viveu, uma semente pousa, suavemente, no seu ventre. Devo crer que mais da metade das mães deste mundo tiveram marido, contaram com apoio e felicidade geral da família, foi um presente aguardado e planejado... porém, algumas vezes a semente vem, sem avisar... E desprograma sua vida, inunda seu cotidiano de novidades que você nem sequer sonhava em conhecer. Quando resolve sair, esse bebê vai te provocar dor. Dói amamentar, é um suplício ouvir alguém se esgoelar de tanto chorar e muitas vezes, não sabermos porquê. Tão pequeno, e já se torna seu centro: você só irá se ele puder te acompanhar. Ele quer colo. E você também... Muitas vezes, pela madrugada adentro, você chora: cadê sua vida, sua identidade, seu nome? Mãe agora é tudo. Percebe, num repente, quando estiver embalando-o, que está segurando no colo uma grande parte de sua vida. Sim, amor incondicional. Aquela pessoa tão pequena e dependente faz parte de você - e acredita que você vai fazer o mundo dela colorir. Não existe sentimento mais gostoso para vivenciar - esse amor-agape, de mãe para filho... Que importam as cicatrizes no corpo, na alma e no coração, que surgiram com ele, se você reconhece o Amor em seus braços? Ser mãe não é profissão, é dom. Vocação Natural.

E o bebê, num tempo que nem se lembrará, de um momento para outro estará maior. Exigindo sua atenção 24 horas por dia, amparando sua queda, nos primeiros passos, esperando seu sorriso, nas primeiras palavras, querendo colo, quando chora. Mãe-professora, mãe-vigilante, mãe-cozinheira, mãe-lavadeira. Aí começa a entender que quando amamos incondicionalmente, esquecemos de nos amar primeiro, sem pensar... Porque sempre tem alguém ali, na frente... com os bracinhos abertos, esperando para tascar um beijo, remexer no seu cabelo, bagunçar toda a casa...

Mais um pouco, e... Cadê a criança-de-colo? Dois anos e meio já se foram, o jardim de sua casa com certeza não tem mais flores [devidamente arrancadas pela querida criança], seu carro não tem espaço, porque a cadeira do bebê ocupa quase que tudo, por inteiro... Quando ela dorme, você quer desmaiar na cama. Se ela vai para escola, você carrega-a junto a si... Suas paredes agora tem novo visual, seu guarda-roupa, nova organização. Seu horário é indefinido. Sua vida não lhe pertence integralmente. Muito menos sua alma, que tem a missão de exemplo e responsabilidade. Alguém depende de você. Amor. Paciência. Atenção e... todas as noites, ao colocar na cama, invariavelmente, você, mamãe, se transformará em uma contadora de histórias. Porque a meiga e teimosa criança lhe pedirá, fazendo beicinho: Conta uma história, mamãe, pra eu dormir mais rápido? E o rapidinho demorará anos-luz, porque de um personagem, caimos em outra história, que leva ao ponto de um porquê, e a querida e sonolenta menina agora já desperta, quer saber tudo, daquilo que você está contando. Mas o pior ainda está por vir... Um dia, na frente da TV, ela vai te olhar e suplicar: "Mamãe, dança comigo Calipso, canta a lua me traiu?". E num dia do ano, os anjinhos aparecem, sorridentes, indagando: Mamãe, o que você quer de presente?.

Talvez um dia de mulher sem filhos. Todas as vinte e quatro horas do dia serão minhas: eu poderei fazer o que quiser delas. Um feriado justo. Porém, o coração longe...não sei se consigo me desvencilhar por tantas horas dos meus amores. Que crescem, já apontando asas, olhando o céu na expectativa de alçar vôo e conquistar o mundo. Como não se pode dizer isso, a frase Nada que não seja do meu caminho e destino convém. Porque tudo cai exatamente onde deve frutificar. Quando meu bebezinho nasceu, passava muito tempo sentada, quieta, segurando-a, tocando seus minúsculos pezinhos de boneca, seu rostinho inacreditavelmente belo, tentando imaginar com quem ela era parecida, imaginando de que cor seriam seus olhos. Ela era tão linda, tão perfeita, um verdadeiro milagre!!! Tinham-me dito que eu sentiria um amor total por minha filha: sabe Deus que ninguém pode dizer que eu não fora avisada. Mas nada poderia ter-me preparado para aquela intensidade, aquela sensação de que "eu mataria qualquer pessoa que tentasse tocar num fio de cabelo preto cacheado de sua cabecinha cheia de idéias e fantasias". Eu posso entender que o Pai dela não queira falar comigo, nem queira devolver meus livros, comprados com o meu dinheiro, emprestados com todo carinho - bem, falando a verdade, eu não posso, mas me esforço... Mas, realmente, não posso entender como ele consegue deixar esse anjo de criancinha, linda e perfeita, sem nem ao menos se preocupar com o frio, meias, casacos... Doença, gripe, comida... Simplesmente as mães viram pães. E como tal, tem que compartilhar tudo. Se ela chora, eu também choro. Se ela fica triste, meu coração desfalece. Se ela procura um pai, em parques e shopping, para substituição daquele seu que veio com defeito, a busca me atinge. Sendo pães, eu pedi então, pra auxílio na busca e encontro, uma máquina de fazer isso. Sim, aquela que você joga tudo, e sai de lá, pronto, o pão pra família partilhar. E enquanto escrevo, eles é que se divertem, acionando botões, e pondo tudo para funcionar... O cheirinho chegando... Hummm... ás vezes devemos andar no presente, e deixar para Deus o futuro que nos dará. Muitos pães, pra todas as mães que cumprem duas funções - bem, temos dois dias no Ano pra ganhar presentes. Já penso em fondue...

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