terça-feira, maio 02, 2006

Mensagem ao Mar:.


A garrafa foi atirada ao mar num quente fim de tarde de Verão, algumas horas antes de a chuva ter começado a cair. Como todas as garrafas, era frágil e quebrar-se-ia se deixada cair a alguns metros do chão. Mas quando devidamente selada e atirada, ao mar, como aconteceu com esta, tornava-se num dos objetos mais navegáveis de que o homem tinha conhecimento. Era capaz de flutuar em segurança sob o efeito de furacões e tempestades tropicais e de balouçar-se no topo das mais perigosas e turbulentas marés, Era, de certa maneira, o abrigo ideal para a mensagem que levava dentro, uma mensagem que fora enviada, para cumprir uma promessa. Como o de todas as garrafas deixadas ao capricho dos oceanos, o seu rumo era imprevisível. Os ventos e as correntes exercem uma grande influência na direção de qualquer garrafa; as tempestades e os detritos podem também alterar o seu curso, De vez em quando uma rede de pesca apanha uma garrafa e transporta-a uma dezena de quilômetros na direção oposta à qual ela se dirigia. O resultado é que duas garrafas deitadas ao oceano simultaneamente podem ir parar a um continente de distância uma da outra, ou até a lados opostos do globo. Não existe maneira de prever para onde uma garrafa poderá viajar, e isso faz parte do seu mistério. Este mistério tem intrigado muita gente desde que existem garrafas, e algumas pessoas têm tentado aprender mais sobre o assunto. Em 1929, uma equipe de cientistas alemães decidiu seguir o trajeto de uma determinada garrafa. Foi lançada ao mar no sul do Oceano Índico, com um bilhete lá dentro, pedindo à pessoa que a encontrasse para registrar o local aonde ela chegasse à costa, e para a atirar novamente ao mar. Em 1935 já tinha dado a volta ao mundo e viajado aproximadamente vinte e cinco mil quilômetros, a distância mais longa alguma vez registrada oficialmente. Há séculos que mensagens em garrafas são objeto de crônicas, e algumas incluem nomes dos mais famosos da história. Ben Franklin, por exemplo, utilizou garrafas com mensagens para compilar um estudo básico sobre as correntes da Costa Leste em meados do século XVIII - informação que ainda é utilizada hoje em dia. Mesmo atualmente a marinha norte-americana usa garrafas para obter informações sobre marés e correntes, sendo freqüentemente utilizadas para seguir o curso da direção dos derrames de petróleo. A mensagem mais célebre alguma vez enviada numa garrafa dizia respeito a um jovem marinheiro, Chunosuke Matsuyama, que em 1784 ficou detido num recife de coral, sem comida e água, depois do seu barco ter naufragado. Antes de morrer, gravou o relato do que acontecera num pedaço de madeira e selou a mensagem numa garrafa. Em 1935, 150 anos depois de ter sido posta a flutuar ao mar, chegou à costa na pequena aldeia no Japão onde Matsuyama tinha nascido.

Direto do livro lido, assistido, relido e jamais retido... Nicholas Spark, Carta de Amor. A minha mensagem ao Meu Mar Dentro-de-Mim é que a história do pão e manteiga está entranhada por aqui, como essa garrafa, em Theresa. Aspas para a história do Pão e da manteiga: "Minha esposa e eu, enquanto estivemos juntos, tinhamos um pequeno segredo, contido numa frase só decodificada para nós... por onde quer que fossemos, sempre que estivéssemos juntos, e algo, de repente, nos separasse, como um poste, pessoa, placa ou qualquer outra coisa, como uma simples viagem, ela ou eu sorríamos e dizíamos - pão e manteiga". O mistério dos desejos humanos - no dia que nos conhecíamos, foi essa a marca que nos imprimimos devido a uma fatalidade - seríamos tal e qual "pão e manteiga". Quando meu amor morreu, suas últimas palavras foram: Querido, lembra, pão e manteiga. É por pouco tempo..."

Bem, isso me sustenta agora. Me faria praticar jogging. Sei que a manteiga não vive sem o pão. Então, daqui um pouco, mais um passo... e eu vou estar junto novamente. Com meu Pão. Porque a manteiga derretida aqui sou eu.
Sertebale.

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