quarta-feira, maio 31, 2006


Fala Sério:.

O que uma falha na comunicação ocasiona... Surrealidades do meu cotidiano, aventuras de Beatriz numa cidade grande. Entramos no local indicado, eu e a menininha mais linda do mundo, num antiquário chique e maravilhoso, cujo proprietário deve ser o mais elegante senhor, e delicado anjo que vive na terra. Enquanto eu me esbaldava em procurar o que queria, ela se esparramava no tapete com cabeça de animal, peludo, e olhava as gravuras selecionadíssimas, em preto-e-branco, que o anjo-vovô mostrava com paciência. Sei que quando fui ao encontro deles sua cara era uma moldura fixa, seu olhar me enquadrava no rol das piores mães do mundo. O que teria havido ali, naquela sessão de contar histórias? Sei bem o que a pequena é capaz de contar, mas na pressa em falar, esquece detalhes dignos de talhar qualquer doce-de-leite. Ele me perguntou porque "raios" eu tinha escolhido um nome tão horroroso pra minha filha? Como eu a deixava ter contato com cães raivosos? Por que eu a perdia sempre nas Americanas? O que estava acontecendo comigo, que parecia tão normal e querida, a primeira vista, e agora já era a bruxa malvada que literalmente engolira criancinhas. Bem, resumo da prosa: ele perguntou o nome pra querida menininha, que detém a maior imaginação mexicana já vista, em tenra idade. Ela rapidamente disse, e o que ele ouviu, e eu também ouviria (se não soubesse de onde originava-se aquilo) foi: Zéffina Joana. Você tem animalzinho pra cuidar? Eu tenho, mas ele me mordia, fazia buraco em mim, e aí ele foi para os drogados, com meu vovô. Concordei que eu também ficaria apavorada só com esse começo...

Bem, a pequena troca algumas letras: como o V pelo R, então "ramos" traduzir o que ela contou: "O meu nome é Safira Joana" (por causa da Safira, da Belíssima, que eu falei pra ela que era a mulher mais linda para aquela idade, certa noite); o cachorro era um mestiço - presente de algum amigo ao vovô dela; e como era fihote, arranhava e mordia tudo, inclusive ela. "Mas não forte", como ela dizia. O destino do presente era uma instituição - AA, porque fazemos trabalho voluntário, e precisávamos de algum cãozinho para eles aprenderem a se doar. Ela uviu "drogados" em algum momento, e resumiu tudo. O senhor entendeu que o cachorro e o avô eram malucos drogaditos, que tinham sido internados em hospício. E ela contou tudo isso séria, meticulosa, com detalhes de cor, casa, inclusive a roupa que o avô foi para tal lugar. No final, ganhou mais um vovô, um presente encantador, e eu consegui um belo desconto. Tem razão minha avó: "Deus realmente escreve por linhas tortas, o que temos a fazer é confiar, e continuar no caminho. No final, tudo se esclarece."

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