sexta-feira, maio 26, 2006


De Marte:.

Às vezes eu mesma fico atabalhoada com a demora em perceber e unir as peças de algum quebra-cabeças real. Talvez por imaginar que nada tenha interesses desiguais aos meus, ou ocultos porque todos sinceros, ou que todos possam conter dentro de si uma certa ingenuidade que ainda carrego. Não costumo cavar problemas sem encontrá-los, à primeira e imponente vista. Certo, hoje em dia confiança é difícil, temos 40 escritórios de advocacia que trabalham para o PCC (será esse o número que eu ouvi em algum telejornal?). O dinheiro é atraente demais. Para alguns. Não, felizmente (ou infelizmente, para meus herdeiros), ficar rica dessa maneira não é minha praia. Mas posso dizer que, nesse momento, caiu a ficha, e despertei para o fato de que engenheiros lendo psicologia seriamente, são somente de dois tipos: os que participam e se contém dentro de algum distúrbio/síndrome/neurose/patologia; e aqueles que convivem com alguém que amam, portadores de algum tipo de transtorno, como DDA, Síndrome de Toilette, TOC. Nessa pressa em olhar detalhes, admito que o centro ficou para trás - e eu pensei que Um antropólogo em Marte fosse alguma obra de ficção, daquelas que eu abomino. Hoje, livro na minha mão, fico pensando em como o destino, e alguém lá em cima têm um jeito muito especial de unir pessoas e coisas, em momentos que passam por semelhantes situações. E uma mente inquieta levou ao mundo da lua, que nos trouxe à Marte, e eu retornei aqui, realmente acreditando em meus sonhos, e alçando vôo como cisne para Budapeste.

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Trecho de ANTROPÓLOGO em Marte:..
(...)A anatomia veio "naturalmente", ele disse, mas teve grande dificuldade com a escola de medicina, não apenas por seus tiques e toques, que foram se tornando mais elaborados com os anos, mas por estranhas resistências e obsessões, que obstruíam o ato da leitura. Tinha que ler várias vezes cada linha. Tinha que alinhar cada parágrafo para colocar os quatro cantos em simetria no seu campo visual. Além desse alinhamento de cada parágrafo, e às vezes de cada linha, eu era assediado pela necessidade de "equilibrar" sílabas e palavras, de colocar em simetria a pontuação em minha cabeça, de conferir a frequência de determinada letra, e de repetir palavras, frases ou linhas para mim mesmo.

1 Comentários:

Blogger Igor Taam disse...

Um antropólogo em Marte é muito bom, especialmente o caso do pintor daltônico. Gostei muito desse livro.

5:58 PM  

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