quarta-feira, maio 17, 2006


Com brincos de pérola:.

Jan [Johannes] van der Meer Van Delft, pintor Barroco Holandês - mais conhecido compo "Vermeer" -, nasceu em Delft, Holanda, Países Baixos, em 31 de outubro de 1632, e viveu toda sua vida nos Países Baixos, onde morreu e foi enterrado, em Delft, em 15 de dezembro de 1675. Entre 1652-1654 estudou pintura com Karel Fabritius, aluno de Rembrandt, e em 1663 entrou para a guilda de São Lucas, que presidiu em 1662-1663, e 1670-1671. De suas 35 telas conhecidas, só duas são assinadas: "A alcoviteira" (1656) e "O astrônomo" (1668), e calcula-se que cerca de 20 estejam perdidas. A ausência de assinaturas e a abundância de telas apócrifas dificultam a apreciação cronológica da obra de Vermeer. Os temas que aborda são interiores com uma ou duas figuras e paisagens urbanas. Nos jogos de luz e sombra vê-se certa influência italiana. A composição é geométrica, com seus elementos simetricamente equilibrados. Os elementos típicos da obra de Vermeer já apontam em "Moça lendo uma carta" (c. 1657): o quarto fechado, a luz que entra pela janela, tapetes orientais e cortinas luxuosas. A luz é usada com mestria para ressaltar uma expressão, aprofundar ou criar uma atmosfera. Intimista, Vermeer retratou cenas da vida burguesa, repletas de símbolos e intenções morais. Em "A leiteira" (1656-1660), manifesta seu colorido particular: fusões de azul e amarelo, objetos pontilhados de dourado. Apenas duas magníficas cenas urbanas, "A ruela" (c. 1658) e "Vista de Delft" (c. 1660), não foram inspirados em interiores.

A "Moça com Brinco de Pérola" é uma das mais famosas pinturas na história. Considerada a "Mona Lisa" holandesa, pouco se sabe sobre sua real inspiração. Isso porque a vida de seu criador, o holandês Johannes (ou Jan) Vermeer, é envolta em mistério. Sabe-se pouco da história íntima deste pintor: em Delft, na Holanda, casou-se aos 20 anos, com Catarina, uma jovem rica, e morreu aos 43 anos. Essa névoa biográfica foi suficiente para que a escritora Tracy Chevalier escrevesse o romance "Moça com Brinco de Pérola", editado pela Bertrand Brasil, no Brasil, em 2002, e retrata uma fantasia sobre o que teria levado Vermeer a realizar sua obra-prima, que se estima ter sido criada por volta de 1665. "Moça com Brinco de Pérola" está exposta na Mauritshuis, em Haia, a antiga residência do conde Maurício de Nassar, o líder da invasão holandesa em Pernambuco (1636 -1644). Foi justamente nesse período que Albert Eckhout pintava telas sobre o Brasil, por encomenda de Nassau.

O livro gerou um filme, dirigido pelo estreante Peter Webber, uma adaptação fiel à publicação, que apresenta um Vermeer (Colin Firth, de "Shakespeare Apaixonado") angustiado pelas pressões da sogra, a comerciante de suas obras. Naquela época, pintar era um trabalho artesanal realizado por encomenda. A libertação de Vermeer somente ocorre quando surge a nova criada, Griet, de grandes olhos amendoados (Scarlett Johansson - encontros e desencontros), que de fato consegue ter uma grande semelhança com a modelo original. Histórias de amor impossível são mais que clichê na cinematografia mundial, e o filme não foge à regra: os dois mantêm uma paixão platônica, pois ele é casado, e ela, cortejada pelo filho de um açougueiro, Pieter. Entretanto, e esse é o grande mérito do filme, a reconstrução da cidade Delft do século XVII faz com que o espectador consiga entrar na visualidade da obra do pintor, que retratava, de fato, mais empregados em ambientes internos do que seus mecenas. Uma das maiores discussões sobre a sua obra é se o pintor utilizava lentes para realizar seu trabalho, pois segundo o artista inglês David Hockney, em seu livro "O Conhecimento Secreto" (Cosac & Naify, 2001), Vermeer usava sim lentes: ele "parece encantado com os efeitos ópticos da lente e tentou recriá-las na tela". Assim, nas suas obras, há detalhes desfocados, enquanto outros são maiores do que vistos a olho nu, o que só poderia ocorrer se o artista usasse lentes. O diretor Webber assume como real tal proposta, e mostra Vermeer com a câmara escura (precursora da fotografia), num dos momentos de sedução com Griet. No filme, é um pequeno detalhe, mas ele atesta a sofisticação visual na obra do holandês, essa sim perfeitamente transposta para a tela de cinema. Numa das cenas do filme, quando Griet se vê autoretratada afirma: "Você olhou dentro de mim", enquanto sua mulher contesta: "É obsceno".


Opiniões distintas. Eu adorei o livro, não vi "ainda" o filme, mas o quadro - "esse olhar misterioso tão encantador e ao mesmo tempo ingênuo", nos remete a muitíssimas interprestações. Talvez a vida de Vermeer sido bem mais melancólica que a projetada no cinema ou em livros, pois sabe-se que Vermeer morreu pobre, e que a viúva Catarina doou seus quadros ao conselho municipal, em troca de uma magra pensão. Pior: depois de sua morte, em 1675, o pintor foi esquecido e só renasceu para História em 1866, quando seus quadros voltaram a ser admirados pelo brilhante uso da luz e pelas composições inteligentes e cores transparentes. Vida de Artista Brilhante é vivida no futuro.

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