sexta-feira, abril 28, 2006


De Encantos:.

Sinto quando você recua. Seus passos, caranguejo-man, voltando... Parei no semáforo, e olhei quem atravessava a rua: alguém em quem eu podia apostar todas as fichas, com a certeza de que jamais iria me deixar. Tem a metade de sua vivência, seus olhos reluzem com sonhos e brilhos de conquistas e esperanças, sua voz nem sai... porque ele ouve. Foi isso o que me atraiu naquela figura. Que aquela hora, andava calmamente na faixa de pedestres, com o mesmo ar sonhador e desatento, peito aberto e desafiador, mundo-da-lua, coração na boca... Por que as pessoas crescem e deixam de confiar na intuição? Quanto mais vivem, mais se distanciam de tudo - ultramarinos. Duvido que hoje você consiga sequer ouvir o barulho do mar numa concha, encontrada ao acaso. Talvez nem saiba distinguir as várias formas, e sugerir para cada uma, uma história de amor. Sei, eu também queria ainda ter o fervor daquele caminhante. Foi isso o que me aproximou dele: sua fé interior, que deposita no outro. E eu, tão sedenta, carente, exaurida... precisando de alguém que acreditasse em mim... Naquele momento de parada silenciosa, onde só Beatriz destoava do silêncio, com Wanessa de Camargo em sua voz, pedi para que o Deus que está em cada um de nós tirasse você de mim. Retirasse você de nossa vida. Recolocasse sua espécie do mangue, eu não faço parte de siriu nenhum... gosto de vôo, paixão, amor, aceleração. Conquistas e prêmios. Eu ainda quero vitórias, e perco meu tempo planejando muita coisa. Mas não amor e nem relacionamentos. Porque Amor não se coloca em planilha do Excel, se vive. Sente-se. É questão de pele, ardor, acaso, oportunidade única. Em alguma diagonal, nós nos encontramos. Agora eu peço que em outra esquina você se evapore, junto com as especiarias. Porque preciso de uma base firme e segura, não de um editor de planilhas. Eu amo; você finge. Eu, verdade. Você, coleção de coisas que nunca nem sequer tentou fazer. Não, querido, não quero milhões de receitas. Prefiro ir, uma a uma, testando, comendo, aprovando e melhorando a qualidade - depois coloco no meu livro forjado especialmente para as minhas receitas feitas e vivenciadas. Eu vivo. Você, zipa tudo e aciona a memória do computador. Obrigada, mas eu não guardo nada... consumo tudo, até que se perca dentro de mim... feito o fogaréu, no filme Como água para chocolate. Não quero mais mortos-vivos. Nunca quis ser funerária, nem sequer preparadora de cadáveres. Desculpe, mas eu quero Vida. Quero tudo que me pertence: inclusive, Amor todos os dias. ELE, como sempre, termina por mim: dificulta-me pensar que se ama por motivos. Ama-se por insinuações. Não me interessa o porquê; quero sempre o sabor de saber ter você todos-os-dias, no meu Universo de encantos e desencantos. Não importa qual o transeunte, o único que reina soberano dentro de mim é Tu, beijo-meu, pra sempre Tua...Mar. Veleiro. Bússola. Meu Norte, TAD.

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