
Em frente a madona negra de Breznichar, na Boêmia, prostou-se, ajoelhando-se, e tentou perguntar o que lhe assolava a alma - A resposta, pairava em seu íntimo, e vinha através de outra pergunta. Essa era a maior dificuldade desses enigmas e misteriosas coincidências: viver sob uma livre e liberta decisão, sem influência de nada, a não ser do seu coração. O que mais você ama? ressoava na nave...pairava no ar, como as mãos das dançarinas de flamenco, de rosa caribe, na noite anterior. E de algum lugar, ouviu o sussurro terno de uma voz, que lhe acariciou coração. Precisamos saber quando ousar e deixar tudo seguir seu curso. Como as águas do rio Danubio... Há coisas que não importam muito: porquê, como e onde. O problema de muitas pessoas é que todas sabem, no seu interior, o que é importante no momento, mas nunca sabem escolher. Porque esquecem de viver o presente. Aquilo que importa: o Agora. A coisa mais difícil da vida é escolher o que importa. Saiba o que ama, pra poder saber escolher seu caminho.
Quando o coração espera, o que mais a vida nos traz? Maria das correntes, também aprisionada em dúvidas e esperanças? Levantou-se, e acendeu uma vela, pela luz que Ela havia fornecido. Foi quando viu, ao lado, um papelzinho dobrado. Abriu-o, e dentro, o seguinte: pra agradecer, conchas, estrelas-do-mar, favo de mel, lua brilhante. Porque o que foi atado, será desatado. O que foi lançado ao chão, será levantado. Esta é a promessa de Nossa Senhora de Breznichar". Dobrou novamente, colocou no mesmo lugar, para outra pessoa poder se encontrar, e saiu, sorrindo, intimamente feliz. Sabia o que lhe esperava - porque naquele momento já era feliz. Muito amada. Amando sempre. Principalmente, conhecia agora o que lhe era importante. A escolha já havia sido feita. Tudo começava como numa história melosa e ao mesmo tempo, estranha, onde à certa altura, havia se apaixonado por um monge... que havia encontrado numa ilha exótica, que estava à beira-mar reencontrando seu passado e clamando por seu nome... A cada passo, em direção ao outro, uma concha encontrada. A cada certeza, uma estrela-do-mar. E para as dúvidas que os assolaram, e o medo que também os contaminava, havia o mar e o sussurro das ondas... assegurando que era hora de serem feliz... o momento certo.
Não seria ela a rebelde que se recusaria a dançar sob a luz das estrelas, nos braços de quem sempre amou. Um amor que pairava em seus sonhos, e quando realidade, tinha-a assustado tanto, que com asas aos pés, em fuga, tentou via mar, uma saída... mas as ondas a trouxeram de volta. Era agora uma sereia desencantada, apaixonada e seduzida pelas palavras... atos que segundo a lenda da praia, pertencia a ela. No desencontro de si, o encontro de sua alma.
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