segunda-feira, março 06, 2006


Tentações:.

"Fazendo esta série pude, enfim, comprovar que todas as mulheres que retratei se afastam completamente da norma. Por exemplo, como já assinalei na introdução, abundam os amantes muito mais novos do que elas. Dir-se-ia que também são frequentes as angústias, depressões e obsessões: como se muitas delas se tivessem abeirado dessa terra de ninguém a que a sociedade chama loucura. Mas isto não quer dizer que as mulheres famosas sejam necessariamente lunáticas, nem que as protagonistas destes quinze capítulos nada tenham a ver com as suas contemporâneas. É mais ao contrário: os seus soçobros são um reflexo da sua época. Não esqueçamos que durante muitos séculos as mulheres que não se adaptavam ao estreito papel do feminino eram condenadas à alienação (...). Por isso não, claro que não, é óbvio que estas mulheres não foram normais. Assim que espreitamos vidas concretas, em quotidianidade oculta e silenciada, descobrimos que a realidade tem pouco a ver com os anais oficiais, com a ortodoxia social, com a história que o poder nos contou. E não se trata só de mulheres, mas também de muitíssimos homens que ousaram sentir, desejar e agir à margem das convenções. Fazendo esta série vi com mais clareza do que nunca que cada vida é uma aventura, um desvio das limitações do correcto. Talvez seja isso, em conclusão, a coisa mais importante que eu aprendi: que a normalidade é o que não existe.

Histórias de Mulheres, Rosa Montero. Mulheres retratadas no livro: Agatha Christie, Mary Wollstonecraft, Zenobia Camprubí, Simone de Beauvoir, Lady Ottoline Morrell, Alma Mahler, María Lejárraga, Laura Riding, George Sand, Isabelle Eberhardt, Frida Kahlo, Aurora e Hildegart Rodríguez, Margaret Mead, Camille Claudel, as irmãs Bronte... É dela também o Rei transparente, a Louca da Casa e paixões.

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Da série de Receitas que vou fazer pra você.
BADEJO COM CHAMPANHE E UVAS

Jonathan Swift dizia que o peixe, para ser bem saboroso, deveria nadar três vezes: uma na água, outra na manteiga e outra no vinho. Aqui, esquecemos a manteiga, mas, para compensar, usamos champanhe. Ervas, uvas e castanhas se somam aos ingredientes afrodisíacos deste elegante prato de badejo, peixe de carne firme e doce sabor.

4 filés de badejo (cerca de 250 gramas cada)
Sal e pimenta branca a gosto
2/3 xícara de champanhe seco
2 colheres de sopa de suco fresco de limão
2 cebolas pequenas picadas
1/2 colher de chá de raspas de casca de limão
1/2 xícara de creme de leite
2 colheres de chá de estragão fresco, cortadinho
1 xícara de uvas champagne ou verdes
sem sementes, cortadas ao meio
2 colheres de sopa de avelãs, cortadas bem finas
1 colher de sopa de cebolinha verde, cortadinha

Tempere os filés de peixe com sal e pimenta a gosto e ponha-os numa frigideira média. Numa tigela pequena, misture champanhe, cebola, suco e raspas de limão. Regue os filés com a mistura e leve ao fogo médio. Quando ferver, reduza o fogo e cozinhe por mais 5 minutos. Remova o peixe com uma escumadeira ou espátula e ponha em uma travessa rasa que vá ao forno. Em fogo alto, reduza o caldo pela metade. Tire então do fogo, junte o creme e bata até incorporar. Regue o peixe e cubra com as uvas e as avelãs. Leve ao forno bem quente para dourar, por 2 ou 3 minutos. Salpique cebolinhas verdes e sirva.

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Quando a minha bisavó paterna era viva, costumava recitar sozinha, em voz alta, pelo menos uma vez no dia em que eu estivesse por perto: O destino de uma pessoa é como a linha e uma pipa. Uma extremidade fica aqui, na Terra, a outra presa no céu. Não há como se esconder dele. Eu quero fundear, espraiar, sem ter que novamente funambulizar. José Saramago dizia que "é limitado julgar os outros, baseado no quesito melhor ou pior. Não ter pressa não é incompatível com não perder tempo. Porque quando encontramos nossa paixão, paramos de nos entendiar. Nem sempre estaremos felizes, satisfeitos, entusiasmados. Muitas vezes angustiados. Mas paramos de devanear em "viver outra vida", porque no presente temos tudo aquilo que nos completa. É uma espécie de sossego mental, com o coração fazendo maratona. Depois do início, do encontro, a coisa mais difícil e a tenacidade e a persistência. Seis pontes ligam Buda a Pest; não há como BudaPest não se reencontrar...

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Passei os olhos ontem pelo filme "paixões paralelas". Estava passando em algum canal de TV, e como já tinha assistido, "e muito bem", não havia atenção. Assim, sem mais nem menos, o que não percebi quando o vi naquela primeira vez, que movi céus e terra para assisti-lo, percebi: Demi Moore em suas duas vidas usava libélulas de brilhantes no cabelo. Sim, eram libélulas. Uma, lindíssima, no cabelo, ostentada atrás. Toda cena que eu via achava uma libélula. Parecia "a série onde está Wally". Lembrei do filme, ruinzinho, "Mistério de Libélula", que tanta angústia e lágrimas havia liberado. Não, não foi o filme... eram as libélulas. Lembranças de você. Mais? Nem eu sei o porquê de tudo. Apesar de tentar...

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