segunda-feira, março 13, 2006


Promenade:.

Olhe em volta, o mar a frente, o vento forte que ouriça-nos. Silêncio. Ele fala. Sussurra pelas frestas, ventríloquo, penetra com milhões de vozes meu ser. Revela-me segredos, amores trágicos, traições dramáticas. Chora. Ri. Aos 16 anos, eu estava tão ansiosa em encontrar o amor que o vi em lugar errado; aos trinta, errei ao seguir um estranho. O passado pode ser uma ilha, cercda pelo tempo, muitas vezes perdemos a barca, amargamente. O beijo do Sol para o perdão... todos os dias acordei, esperando que as coisas ficassem diferentes, mas iguais, elas permaneciam. Às vezes devemos dar uma mãozinha para a mágica transformar nosso cotidiano. Uma espécie de empurrão, o começo de uma história. Libertando aromas, verões, lugares... Foi assim que dei vazão ao Oceano de dentro. Pra encontrar quem estava além.


Buda+Pest.
Sou sujeita a uma espécie de química diferente: posso profetizar futuros, mas o que quero é saborear o presente que, abençoado, vislumbro. Aos poucos se avizinha, misterioso, deixando no ar vapores luminosos. Farol que me guia? Um brinde, um adeus, um olá... O que nos prende? Seis pontes. Coisas simples do dia-a-dia. O que nos impede? Nada, se for com você, lanço âncora ao mar. Pois o que sei e não sei são coisas tão parecidas... Quem distingue o mar do que nele se reflete? A diferença entre a chuva que cai e a solidão que sente-se por dentro, nos correndo? Talvez, com a idade, eu esteja vendo beleza onde jamais esperei encontrar. A felicidade me orienta, me concede sinais e estrelas-guias. Muitas vezes eu ouvi você chorar, por dentro, sua face era a tristeza, e não conseguia te alcançar. Os passos até você demoraram a se içar: eram necessárias pontes e cabos de aço. Construí seis, pois você é pássaro fugidio, e com medo, pode dizer que não acha o caminho. Coloquei cabos, pra nossa segurança. Nunca mais barganharei com aquilo que não posso perder, não abro mão dos meus sonhos e do meu Amor, e jamais deixarei, pelos meus dedos, escorrer nossa história... você. A única preparação é compreender. Mas só se você não agarrar o momento.

Aperto os olhos, tentando entrar em seu mundo, libertar sua mente, segurar sua mão. As palavras são delicadas: às vezes precisamos delas para desabafar a mágoa, supurando no peito. Se não desabafamos, gangrena e nos mata. Às vezes as palavras podem despedaçar sentimentos. Às vezes as palavras são pontes. A chuva cai, e há uma pergunta no ar. O amor age à sua maneira oblíqua, empre enverendando-se entremeio a coisas que nos são tão difíceis de largar. Sonhos custam caro, um amor custa nossa vida. E eu me agito, porque agora toda esperança. E me calo, porque falar é dissipar tudo o que há no ar. Amar alguém completamente é também abrir mão de nossa identidade. Porque exige, antes, fusão. Quando eu me deitar ao seu lado, assusta-me que saberei que "voltei para casa". Sei que conseguirei compreender o que nunca expliquei: quem eu sou, por que, e quais deuses assombravam meus sonhos. Antevi a praia, estou atenta. À espera. Porque tudo termina onde podemos recomeçar seguros. E a incompreensão de tudo se transforma em oferenda. Bençãos pela maré que me fez avistar você, ainda em alto-mar.

Tudo tem energia, e pode nos ensinar algo. Aquela pluma que, solta, se espraia abaixo de seus pés. O livro que aleatoriamente abrimos, procurando abrigo. As imagens que sorrateiramente avistamos, para tentar nos segurar... Tudo precisa de uma gigantesca energia para se manter. Até os átomos necessitam disso, para serem percebidos e poderem ser tocados. O que nos tange agora é absorver esta energia, e transformá-la em "Para sempre, com amor". Que as súplicas e queixas fiquem para trás, e os agradecimentos, pela manhã, se tornem firmes e fortes. Uma lei Universal é mais forte do que qualquer outra...A decisão agora é sua: Hic et nunc.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial