quarta-feira, março 22, 2006


Impensável:.

"(...)Certos estavam os franceses do Chienlit, naqueles dias atônicos do final da década de 60, com seu slogan desafiador: "Seja Realista, peça o Impossível!". A vida é mesmo feita de conservação, e, principalmente, de transformações. Discernir entre o que se deve ser conservado e o que deve ser transformado pode impedir paixões desenganadas, trágicas, fatais. Às vezes, é preciso prudência, às vezes tudo que a vida exige é ousadia. Não é preciso se privar do prazer, só ficar atento ao risco, como Ulisses, que tapou os ouvidos com cera, e mesmo sabendo do risco das sereias, seguiu adiante, em sua Odisséia. Às vezes, no entanto, a despeito dos perigos, é preciso ousar e entregar-se à sedução da paixão. Mesmo sob o risco de arremeter contra os recifes e naufragar. Quem não se lembrará da imagem contundente, comovente mesmo, do solitário estudante chinês, de braço erguido à frente do tanque, paralisando, por breve momento, mas com infinita coragem, a marcha das tropas sobre a Praça da Paz Celestial em Pequim? É preciso, de regra, respeitar a lei e a autoridade. Mas quando uma e outra não forem respeitáveis, é preciso valer-se do direito de resistência, que é a paixão que se ergue, acima da lei, pela justiça e liberdade." Sonho em ver um Estado de Direito com um direito plantado em fortes vigas constitucionais, de respeito e dignidade ao cidadão. E se cada um seguir o seu coração, certamente estará optando pela escolha certa. Não nos permitamos a imolação de nossos sonhos e ideais na fogueira de leis humanas e desleais com aquilo que vai por dentro de nós. Ninguém sabe a chaga que fica ao renunciar àquilo que nos sustentava...


Um belo pedaço estava num livro de direito. Nas últimas páginas, nas ousadas linhas de Barreto, onde ele defendia uma liberdade plena: de escolhas e opções. Pra quando a gente envelhecesse, pudesse saber que viveu sempre movido a paixão.

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