segunda-feira, março 20, 2006


Feliz Aniversário:.

Atrasado. Não como sempre, mas como aí o relógio anda pra trás, conta como se o dia também fosse assim... Deve estar correndo por aí, faz tempo que a gente não pára e se costura, vê se arruma um tempo agora na Páscoa e vem pra cá (traz o livro junto, senão não vale!) Ah, seu presente? Óbvio que enquanto essa sua cadela não encomendar a cã da minha filha, que, inclusive já tem nome (Nina Carolina), não tem nada. Beatriz manda beijos, abraços, pede DINOVO a cã dela, e diz que "a gente sempre acredita" que após o aniversário tudo passa, o inferno astral pra trás. Depois me conta se o Acaso te fez feliz. Como eu quero: em todos os campos!

"Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos. Eu ainda creio nisso: um amor, várias paixões, inúmeras ilusões e atalhos que nos perdem... Depois dos trinta, sempre. Parcialmente provido.

Não contaram pra nós que amor não é acionado, nem chega com hora marcada. Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se contaram pra você isso, da laranja que não existe, é gente que não gosta do Fábio Jr., não é fã. A gente nasce inteiro, ou quase, às vezes já inicia com partes perdidas. Completar, no sentido de "amar sem precisar", de olhar para a pessoa ao lado e se imaginar assim, aos oitenta anos.

Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável. Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um": duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável. Eu afirmo que não existe amor sem afinidade, e é um pé-no-saco a convivência com alguém que não se confunde, em nenhum tema, com a gente. Aqueles que tudo interpretam, literalmente, e quando a gente diz: "sai do sol", respondem: "Como, se estou no mundo?" Deve ser a praga da vida ter ao lado uma pessoa que não entende metáforas, não visualiza fantasias, não viaja no nosso pensamento. Principalmente, nem sequer sabe o que se passa dentro dos olhos da gente...

Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos. Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são caretas, que os que transam muito não são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto. Temos sorte de uma coisa: ninguém faz a gente acreditar em nada, sem a gente provar de tudo. Qualidade ou defeito, o contraditório é o que nos move.

Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas. Ah, também não contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém. Aí aqui você termina e vê o quanto é importante a gente não precisar de nenhum maluco pra dizer tudo isso pra gente. Num divã, em análise, em livro, ou auto-ajuda. Nascemos com isso criado dentro das células da barriga.

"Com o tempo você vai percebendo que para ser feliz com outra pessoa, você precisa em primeiro lugar, não precisar dela. Percebe também que aquela pessoa que você ama ou acha que ama, e que não quer nada com você, definitivamente, não é a pessoa da sua vida. Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você. O segredo é não correr atrás das borboletas... é cuidar do jardim para que elas venham até você. No final das contas, você vai achar, não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você..! Minha avó dizia uma coisa: há na vida duas chances de ser feliz - há aqueles que precisam amar menos do que serem amados; outros necessitam amar demais, e receber de menos. O que ela não previa é que existe a exceção: eu amo na exata medida do tamanho da minha alma. E nem me interessa se recíproco, se longe... O amor é incondicional. Não há mera possibilidade de ajuste ou estratagema com o coração - sim, eu li "A arte da guerra", e não bolei ainda resposta para aqueles seres infelizes, que boicotam-se a si...

Ah, pra que tudo isso? Só pra dizer que "quando cai uma chupeta do céu", acredite, ela muda pra sempre as três vidas que a viram. Vira a mesa, nos revira. E faz do lúdico o nosso caminhar. Aí então eu sonhei com botas. De caminhar. Passou: havaianas, pra três decadas depois.

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