terça-feira, fevereiro 14, 2006


Caixa Aberta:.

O primeiro me chegou
Como quem vem do florista
Trouxe um bicho de pelúcia
Trouxe um broche de ametista
Me contou suas viagens
E as vantagens que ele tinha
Me mostrou o seu relógio
Me chamava de rainha
Me encontrou tão desarmada
Que tocou meu coração
Mas não me negava nada
E, assustada, eu disse não.
O segundo me chegou
Como quem chega do bar
Trouxe um litro de aguardente
Tão amarga de tragar
Indagou o meu passado
E cheirou minha comida
Vasculhou minha gaveta
Me chamava de perdida
Me encontrou tão desarmada
Que arranhou meu coração
Mas não me entregava nada
E, assustada, eu disse não.
O terceiro me chegou
Como quem chega do nada
Ele não me trouxe nada
Também nada perguntou
Mal sei como ele se chama
Mas entendo o que ele quer
Se deitou na minha cama
E me chama de mulher
Foi chegando sorrateiro
E antes que eu dissesse não
Se instalou feito um posseiro
Dentro do meu coração...
Rainha ou Mulher?

Luz Dos Olhos
Ponho os meus olhos em você
Se você está
A dona dos meus olhos é você
Avião no ar
Guia para esses olhos sem te ver
É como o chão do mar
Eu ligo o rádio à pilha e a TV
Só pra você me escutar
Que a nova música eu fiz agora
Lá fora a rua vazia chora
E eu te chamo
Eu te peço vem
E diga que você me quer
Porque eu te quero também
Pois meus olhos vibram ao te ver
São teus fãs um par
Pus nos olhos vidros pra poder
Melhor te enxergar
Luz dos olhos para anoitecer
É só você se afastar
Eu pinto os lábios para escrever
A sua boca
Que a nossa música eu fiz agora
Lá fora a Lua irradia a glória
Porque eu te amo
E eu berro vem
E grita o que você quiser
Que eu vou gritar também
Pra eu te dar minha mão nessa hora
Levar as malas pro fusca lá fora
Eu vou guiando
Eu te espero vem
E siga onde vão meus pés
Que eu te sigo também
Porque eu te chamo
Eu peço vem
E diga que você me quer

Depois disso, então, nunca me deixe, acredite em mim, acredite em nós dois, acredite que nos fundimos, que somos como a água e a lua. que somos uma só saliva, com apenas um gosto de fruta madura, volte para nossa casa, volte para nossa cama, volte para o corpo que te pertence. Lute por isto, cale minha boca com seu beijo, prenda meu corpo com seu peso, me ponha dentro de você, faça que eu goze das delicias do amor, depois me chame de seu menino, de criança que saiu de dentro de você, e mande, ordene que eu fique quieto, e que te escute, e diga apenas que sou seu homem e que você me ama, pois é minha mulher, eu te amo.


"(...)Tem mais alguma coisa para lavar?
Tem, sim, o encardido da alma,
um grão de esperança lava.
Pode ir brincar, Beatriz".
(Adélia Prado)

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