domingo, janeiro 29, 2006


Cada panela e sua tampa:.

Lavando louça, e atendo um pedido especial. Lógico, entro, vejo quem é. Adoro poder atuar de intercâmbio entre panelas e tampas. Enquanto a página não se mostra, e nada se revela, já tenho mil páginas abertas, assuntos e profiles interessantes, notícias que se mostram boas. Fico feliz por ele. Às vezes, e agora quase indo guardar o que já deve estar completamente seco, a gente se imagina encaixando-se naquilo que de pronto sabemos que não serve pra nós. É como, ouso confessar, me chamarem para comer suíno. Cordeiro ou Cabrito. Presente maldito, porque não entra, não engole, e fatalmente eu vou chorar ou me enfezar - com certeza irei embora. O depois é mais estranho: porque eu odeio perder, assim, de pronto, qualquer coisa. Mas pessoas não são coisas, e os outros deveriam se ater a isso - cada um tem sua tampa em algum lugar. Não adianta insistir naquilo que não nos convém - o importante é apostar no coração. Se ele apontar para o lado daquele que você já nem reparava; isolado, ali tem. Geralmente a gente procura onde há sinos e badalos tocando, pra provar superficialidade e curtir sobremesa. O boom do amor ocorre sem extravagâncias: vem embalado em caixas simples. Traz consigo apenas um perfume. Fatalmente, o desejo de cuidar daquilo que se mostra...Sem aquelas frases bonitas e bem-feitas, inteligentes mas com sabor de outros e de muitos. Se o outro foi capaz de se mostrar autêntico e transparente, então, nem tudo está perdido. Ou somente o coração.

O vocabulário egípcio traz a raiz MR, MRJ. Parece estranho, os egipcios não usavam vogal. Mas eles escreviam assim, e na hora de pronunciar, a vogal aparecia. E o fato é que MR se pronunciava "amer", "amor". Escrita com hieróglifos a palavra MR era representada por uma espécie de pá ou cavadeira de camponês abrindo a terra. Há um sentido agrário de fecundação cósmica. Amor, então, era como um ato de cultivar a terra. Não parece, portanto, que seja um ato aleatório. Uma semente jogada ao acaso pode até brotar. É forte a vontade de vida e fértil no imaginário de cada um. Mas o ato de amar, mais produtivo e fecundante, implica a ação, o investimento, o semear cavando e movendo a terra. E para grafar a palavra amor, os egípcios usavam seu alfabeto especial, e não o popular, porque sabiam também que o amor é coisa para iniciados.

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