domingo, janeiro 29, 2006


Ana de Amsterdam:.

Só Anas devem ser malucas pra toparem decisões que modificam nossa vida e transfiguram nossa alma. O que adveio depois que li este pedaço de poesia no blog do Carpinejar, fiquei pensando na frase do velho, parodiando o mar. Porque Anas, nesses somatórios de vida e encruzilhada, reparem bem na firmeza da mão que segura a sua. E daquilo que povoa ao redor dos dois. Talvez a questão seja: se tiveres Carolina, ah, dá uma olhada na conta-corrente do Amor. Maria, vê como anda a cozinha. Bárbara, olha o carro que está ali, parado, à espera dos dois. O resto, bem, se olhares nos olhos do outro e sentires o que o Fabricio coloca - se aventura. Porque eu, depois de naufragar em águas de São Paulo, imundas e pífias, ainda sonho com o mar de Catarina. Santa e bela, que rogai por nós.

Sou Ana do dique e das docas
Da compra, da venda, da troca de pernas
Dos braços, das bocas, do lixo, dos bichos, das fichas
Sou Ana das loucas
Até amanhã
Sou Ana
Da cama, da cana, fulana, bacana
Sou Ana de Amsterdam

Eu cruzei um oceano
Na esperança de casar
Fiz mil bocas pra Solano
Fui beijada por Gaspar

Sou Ana de cabo a tenente
Sou Ana de toda patente, das Índias
Sou Ana do oriente, ocidente, acidente, gelada
Sou Ana, obrigada
Até amanhã, sou Ana
Do cabo, do raso, do rabo, dos ratos
Sou Ana de Amsterdam

Arrisquei muita braçada
Na esperança de outro mar
Hoje sou carta marcada
Hoje sou jogo de azar

Sou Ana de vinte minutos
Sou Ana da brasa dos brutos na coxa
Que apaga charutos
Sou Ana dos dentes rangendo
E dos olhos enxutos
Até amanhã, sou Ana
Das marcas, das macas, da vacas, das pratas
Sou Ana de Amsterdam

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial