domingo, dezembro 18, 2005


Sonhos...

Sonhava com uma casa assim: cheia de amor, teria varanda, um lugar mágico pra onde querer ir, todos os dias. Junto dele sempre surgia alguém: era moreno, não via seu rosto, mas sua mão aparecia pousada sobre um cachorro. Seu lugar predileto era perto de uma árvore, e lembro que por diveras vezes ali chorou. Em algumas pela perda de alguém de sua família, nas mais recentes as lágrimas caíam por alguém que lhe havia machucado o coração. No sonho, eu procurava falar ao seu ouvido que era hora dele partir, de procurar outro porto, de me encontrar. Era hora dele ser amado; por inteiro. Era hora dele se apaixonar. Mas teria que ter coragem - pra cortar laços, pra viver sozinho, pra me perder uma vez, e pra voltar atrás e vir atrás, quando percebesse a falta e o amor que sentia. Seus olhos, um dia, encontraram os meus... Eu nunca esqueci desses sonhos - eram constantes. E provocaram muitas risadas, atos hilariantes, porque quando encontrava uma pessoa interessante eu logo perguntava: "tem cachorro? Tem sítio? Tem alguém que morreu na família? Perdeu alguém por amor?" Lógico, aos poucos... pra não imaginarem a louca que sou em crer em "sonhos meus". Mas sonhos são uma espécie de antecipação de realidade, e um dia lá estava, aqueles olhos nos meus. Não era do tamanho que eu cria, nem tinha a coragem de um leão. Pelo contrário: tímido, silencioso, pra dentro. Calado. O que ele falava, mais da metade ficava trancado, e eu tinha que acessar o tradutor... Porque tudo naqueles olhos cujo rosto parece sempre estar feliz e alegre me diziam a tristeza que já sentira.

Eu não sonho mais com ele. Porque no momento em que eu precisei de compreensão, ele foi racional como um dicionário, e colocou um ponto final sem minha permissão. Me deu uma rasteira, e não pediu desculpas pela decepção. Não é uma questão de ego; apenas de sentimento. Porque ainda sinto sua tristeza, seu mundo e seu olhar, dentro de mim. O que foi é que ele fechou a porta, na minha cara, me mandou pra rua, e esqueceu de retirar-se de dentro de mim. De repente, estava na chuva, carregando alguém pra sempre, sem poder saber pra onde ir. Claro que guardo mágoas - detesto pessoas que não confiam em mim cegamente. Detesto pessoas que de repente se soltam da minha mão, e me deixam na praça, sem eira-nem-beira. Detesto mais ainda esse momento, porque eu sei o que essa pessoa representa, e o sentimento que ela é. O que eu peço pro Papai-Noel esse ano é fazer com que essa pessoa comece também a acreditar em magia, amor e visão. Sonhos e paixão. Quero que ela saiba quem eu sou, do mesmo modo que eu a vi. E prometo ser boazinha, sem muito sermão e dificuldades, para esta estrela cintilante voltar a brilhar no meu firmamento. Não há tempo, nem vida sem amor...

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