quinta-feira, novembro 03, 2005


sonho.:.

Palova, querida...

Os sonhos a que tu se referes com certeza estão na padaria. Os meus encaixotei, por um período, cansada demais de ver tudo dar em nada, não querendo mais subir degraus, joguei a escada. Se tiver que escalar, volto atrás. Se tiver que me pronunciar, digo com a poesia de Helena Kolody que minha alma se afogou em tantos sonhos meus. Agora, o que se há de fazer, se não consigo sobreviver só de realidade? Ontem sonhei, e Ele estava no sonho. Aquele, aquele, que sempre aparece e desaparece. No meu sonho ele rezava. E olhava por mim. Ah, seus olhos...

De grinalda branca,
Toda vestida de luar,
A pereira sonha. *

E depois vem o desalento.
Pela espera. Pelo sofrer...

Estou cansada, tão cansada de sonhar
Uma ventura humilde e pequenina,
Que não faria mal a ninguém
E a vida insiste em negar.
Meus pés afundaram o caminho do trabalho,
Na mesmice da tristeza e na mesmice da alegria.
Fartei-me de monotonia,
No labor de cada dia.
Se, ao menos, eu pudesse
Não sofrer
E não pensar...
Estou cansada, tão cansada de viver.*
:::
Meus olhos estão olhando
De muito longe, de muito longe.
Das infinitas distâncias
Dos abismos inferiores.
Meus olhos estão a olhar do extremo longínqüo
Para você que está distante de mim.
Se eu estendesse a mão, tocaria sua face.
:::
Muito briguei eu comigo,
tive raiva,
me insultei.
E, de incontido desgosto,
em meu próprio ombro chorei.*


Curitiba tem isso: poetisas que escrevem na praça, outras que já perfumaram a cidade, como Helena. Tem frio e partes de sonho. Quisera eu poder apertar um botão e modificar algumas estruturas de nossa realidade. Seria bem vindo um passeio por lá...

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