domingo, setembro 25, 2005


O mito:.

Casamentos entre seres humanos e Sereias raramente acabavam bem, embora muitos povos do litoral, principalmente no Nordeste da Escócia e na Cornualhia , tenham afirmado que entre seus antepassados se encontravam Sereias. Na Idade Média algumas distintas famílias francesas chegaram a falsificar suas árvores genealógicas para poderem afirmar serem descendentes da Sereia Melusina, mulher de Raymond, um parente do Conde de Poitiers. A história de amor de Melusina também teve um final trágico. Segundo a lenda, uma das condições do casamento era a de que ele jamais poderia vê-la aos sábados, sob qualquer circunstância. Melusina, continua a lenda, com suas próprias mãos construiu um majestoso castelo e o nomeou Lusinia. Eles tiveram vários filhos, embora cada um deles tenha apresentado alguma forma de deformidade. Um dos filhos mais jovens, por exemplo, possuía presas de javali ao invés de dentes, e ficou conhecido como Geoffrey "Le Grand Dente", conhecido também por seu temperamento violento. Raymond e Melusina viveram felizes por muitos anos. Um sábado, porém, induzido pela maledicência de seu pai e irmãos, Raymond espreitou sua mulher durante o banho e teve uma inacreditável visão: da cintura para cima Melusina ainda era a bela mulher de sempre, mas da cintura para baixo ela estava transformada com uma calda de peixe (em algumas versões era uma calda de serpente). Mesmo chocado pela visão, Raymond não mencionou nada a respeito. Certo dia, Melusina e Raymond foram informados que dois de seus filhos, Geoffrey e Fromont haviam lutado e que Fromont buscou refúgio em um monastério próximo. No entanto, Geoffrey, num acesso e raiva, colocou fogo no monastério, matando não só seu irmão como centenas de monges que lá se encontravam. Raymond, irado pela notícia, culpou Melusina pelo temperamento incontrolável de Geoffrey. Durante a discussão ele demonstrou saber a verdadeira natureza de Melusina, acusando-a de ter contaminado a nobre raça humana. Imediatamente após as palavras de raiva, Raymond implorou por perdão, mas já era tarde demais. Melusina o lembrou que ele havia quebrado seu voto. Melusina partiu, transformada, e Raymond nunca mais a viu.

De acordo com as lendas Francesas, Melusina pode ser vista nos arredores de Lusinia e outros castelos onde nobres e reis vivem, chorando e gritando sempre que algo trágico está para acontecer para família. Ela se tornara um arauto da morte. Melusina, simbólica, evoca paixão, numa mescla entre erotismo e prosperidade, de abundância ( "primeiramente Melusina lhe dá muitos filhos"). "Melusina, chorando, sempre é vista por um cavalheiro em viagem em uma floresta. Ali, se banhando, nua, persuade o cavalheiro a se casar com ela, mas apenas se nunca a observasse tomando banho". Ele casa com a dama e tem muitos filhas, "Presina, Paulina e Palestina". Mas não conseguindo conter sua curiosidade, a observa por uma fechadura. Então ela o percebe e "se transforma em dragão voando pelos ares da torre do castelo". Melusina nos remete a uma outra lenda, a da " Dama do Castelo de Esperver ". Ela chegava tarde à missa e não podia assistir à consagração da hóstia. Como o marido e os criados a tinham, à força, retida por um dia na igreja, no momento das palavras da consagração, ela voou, destruindo parte da capela e desaparecendo para sempre. Essa estória nos parece a de uma pré- melusina. Melusina é criada na ilha de Avalon, a mesma das lendas do Rei Artur. Isso nos dá mais um ponto a favor da origem céltica da lenda. O tema da caçada ao javali, animal psicopompo e visivelmente celta, faz parte igualmente da lenda. O próprio Raimodin encontra nessa caçada, três mulheres muito belas, entre as quais a própria Melusina. Dizem que a amília francesa Lusignan, um ramo Plantagenetas se diz "filhos da mulher-demônio' por conseguirem prestígio na Côrte de Ricardo Coração de Leão.

A lenda Francesa de Melusina (ou Melusine) se tornou tão popular que em meados de 1500 o historiador francês Jean d’Arras recebeu ordem do Duque de Berry para registrar toda informação possível sobre Melusina. Jean d’Arras levou anos pesquisando e coletando material para seu maior trabalho: Chronique de Melusine, se tornando o mais antigo texto escrito sobre o mito de Melusina. Após sua morte, seu outro trabalho também foi publicado: Le Liure de Melusine en Francoys. O trabalho de Arras aumentou a popularidade do mito e não demorou para que numerosas versões da lenda de Melusina fossem publicadas em diferentes línguas. Neste espaço mítico, as famílias nobres reivindicam o mito como sua própria gênese. Por tudo isso se criou a tese de que para amar, há que se perder. E é no reencontro que o amor se torna amplo e vivenciado em seu aspecto dragão-serpente, pois fruto da fênix.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial