terça-feira, setembro 27, 2005


Mulher-Pomba:.

Magrite, René. Surrealista.


Palova,
Eis a figura que define nossa espécie: mulher-pomba. Alguém que embarca, já sabendo que irá embora... Algum dia. Eu, que só posso falar por mim mesma, apesar de conhecer seus labirintos, digo que o medo não é de se apaixonar, como ELE coloca aqui. Lógico, babei pelo texto dele, amei cada linha, mas foram as entrelinhas que me engolfinharam. Por causa da amigdalite crônica, lembra? Não, não é a gripe que me pega, mas sempre algo mais além, dolorido, mais "embaixo". Não é o medo de sofrer que me paralisa, muito menos o de me apaixonar - amo sobrevoar pela cidade, feito pomba, arrulhando baixinho... Escolho a frase certa do texto Dele: Medo de que ele seja o homem certo na hora errada, a hora certa para o homem errado. Medo de se ultrapassar e se esperar por anos, até que você antes disso e você depois disso possam se coincidir novamente. Esse é o meu medo - de embarcar em algo, e de repente sabedora de que meu coração está em outro navio. De repente me ver sobrevivendo, por querer chegar a praia com vida, mesmo sem coração. Por isso alço vôo rápido quando surge alguma dúvida no meio do mar - pelo medo de não poder mais voar, se deixar-me ficar muito tempo na posição de acomodada na viagem. Eu preciso do meu coração sempre apaixonado, pra poder viver voando.

Ps.: Aproveitei e embarquei no conselho do Millôr - fui comprar o livro Dele, Como no céu, pra me aprofundar. Pagar pra me devorar. Aproveito e incluo- novidades para Novembro. Tudo com N... lembrando a frase:"o novo com cheiro de velho".

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